Além da vida escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 5
Gaia e Alejandro part. II




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Espanha, 1260 d.c.

–Como pode envergonhar a mim e a sua mãe dessa forma? - meu pai gritou furioso assim que me jogou em minha cama.

–Não aconteceu nada pai, juro por Deus.- disse chorando enquanto o via tirar o cinto de sua calça para me bater.- Pai, por favor.

–Você vai apanhar para aprender a não agir como uma qualquer.- ele disse dominado pela raiva antes de começar a me bater.

– O que pensa que está fazendo? - ouvi Alejandro gritar com raiva assim que entrou no meu quarto.

–Estou corrigindo minha filha, agora saia da frente.- meu pai disse e Alejandro tomou o cinto de suas mãos.

–Acha que vou permitir que machuque minha noiva debaixo do meu teto?- Alejandro questionou enquanto olhava para meu pai com ódio.- São pessoas como você que mancham o legado de nosso povo. Não sei como são as coisas na aldeia onde mora, mas aqui nenhum homem bate em uma mulher, e se bate morre.

–Não, por favor, alteza. Meu pai não fez por mau, a culpa de tudo foi minha. Castigue a mim.- implorei com dor por causa das cintadas que havia levado, mas ainda tive forças para me ajoelhar diante de Alejandro.

Ele me olhou por alguns minutos enquanto eu segurava em sua perna implorando pela vida do meu pai.

–Você tem uma filha muito generosa e boa por interceder por você. E por ela, apenas por ela não irei mata-lo, mas quero que saia de minha casa, agora. Antes que mude de ideia e nem sua filha me convença.- Alejandro disse assim que desviou os olhos de mim e encarou meu pai com ódio.

–Vou sair, mas minha filha vem comigo.

–Gaia não irá sair daqui.

–E sou o pai dela, se vou embora daqui ela também vai.

–E eu já disse que ela fica. Agora saia daqui antes que eu perca muito mais a minha paciência.

–Pai, por favor.- suplique chorando enquanto olhava para ele implorando que fosso embora, por que apesar de tudo ele era meu pai.

–Tudo bem. Mas saiba Gaia que se ele a expulsar, não volte para casa por que você não é mais minha filha.- ele disse com ódio e comecei a chorar.

–Ela não irá ser expulsa. Agora saia.- Alejandro disse furioso e meu pai saiu sem olhar para mim.

Desesperada por ter sido renegada por um pai, me afastei de Alejandro antes de me encolher perto da cama enterrando meu rosto em meus joelhos enquanto desabava no choro.

–Vai ficar tudo bem, Gaia.- Alejandro sussurrou se aproveitando de mim e me encolhi em resposta.- Não vou machucar você, prometo.

–Ela está bem filho? - ouvi o rei questionar entrando no quarto.

–Não se pai, peça para Eva providenciar uma bacia com agua e panos limpos, por favor.- Alejandro pediu sentando em minha frente sem desviar os olhos de mim.

–Claro filho e vou mandar por ela uma boa garrafa de vinho.- o rei disse antes de sair do meu quarto.

Não demorou muito e ouvi alguém entrar no quarto e logo ser dispensado por Alejandro que a cada minuto se sentava mais perto de mim. Quando percebi ele já estava ao meu lado afastando alguns fios de cabelo do meu rosto.

–Gostaria tanto de vê-la melhor. Me permite? - ele implorou suave e levantei meu rosto de meus joelhos para vê-lo.

–Olá.- ele sussurrou amoroso assim que me viu e sorriu encantado.- Um verdadeiro anjo. Posso chama-la de meu anjo?

–Hmm.- murmurei sem jeito, afinal deveria estar com o rosto todo vermelho e borrado por causa do choro.

–Será que eu poderia ajuda-la com seus hematomas? Não quero que sofra por eles.

–Não precisa, posso pedir ajuda a Eva, ou cuidar deles sozinha como sempre fiz.- sussurrei com a voz rouca e ele me olhou sério.

–Não é a primeira vez que seu pai lhe bate? - ele questionou serio enquanto me olhava de uma forma intensa e intima demais.

–Não sou uma filha exemplar.- tentei amenizar a culpa do meu pai.

–Não tente defende-lo, o que ele fez com você, meu anjo foi covardia.- ele disse serio enquanto mergulhava um pano limpo em uma bacia de agua antes de espreme-lo e passa-lo gentilmente em meu rosto.

–E a partir de agora você não está mais sozinha.- ele jurou enquanto olhava em meus olhos e limpava meu rosto com extremo cuidado, como se eu fosse de cristal.

–Não faças promessas que não poderás cumprir alteza.- pedi desviando do seu olhar que me deixava nervosa.

–Eu sempre cumpro minhas promessas meu anjo. Posso? - ele questionou se referindo as machas vermelhas que estavam por meu braço e concordei.

Para minha sorte, meu vestido impediu que minhas pernas e outras partes do meu corpo ficassem vermelhas, pois seria constrangedor ficar sem roupa na frente de alguém que mal me conhecia.

Já foi embaraçoso ser tocada por ele enquanto me olhava com aqueles olhos verdes escuros que pareciam queimar sempre que suas mãos acariciavam minha pele.

–Quer comer alguma coisa, meu anjo? - ele questionou assim que terminou de limpar meus hematomas e passou uma pomada que fez meus machucados arderem.

–Não.- sussurrei com dor e Alejandro me entregou uma garrafa de vinho.

–Tome um pouco, vai ajudar a passar a dor.- ele prometeu e tomei um gole da bebida que desceu queimando.

Era a primeira vez que tomava algo alcoólico na vida e a experiência não foi boa.

–Tome um pouco de agua e se sentirá melhor.- ele disse antes de me entregar um copo de agua que tomei em seguida.

Não demorou muito para o álcool ou o cansaço dominar meu corpo e sem perceber encostei minha cabeça no ombro de Alejandro

–Vou coloca-la na cama, você precisa descansar um pouco, meu anjo.- ele disse antes de me pegar no colo como se eu não pesasse nada.

–Por que vossa alteza foi tão atencioso comigo? - questionei sonolenta assim que senti a macies do colchão sob a minha pele.

–Por que sou completamente apaixonado por você, Gaia. E foi assim que aprendi a demonstrar meu amor pela minha mulher.- ele sussurrou doce enquanto acariciava meu rosto de leve antes de beijar minha testa.- Tenha bons sonhos, meu anjo.

Sonolenta e confusa com suas palavras acabei adormecendo antes de vê-lo sair.

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No dia seguinte assim que acordei questionei a Eva sobre meus pais e ela me informou que eles haviam ido embora na noite passada. Assim que ouvi isso decide me arrumar e ir embora dali, afinal depois do que houve era o certo a se fazer.

–Onde você vai Gaia? - a rainha Tsia questionou confusa assim que me viu aparecer na sala de jantar com uma mala.

–Vou embora majestade, depois de tudo o que houve tenho certeza que não seria uma boa esposa para o seu filho. Mesmo assim gostaria de agradecer por terem me tratado tão bem, mas preciso ir.

–Mas você não tem para onde ir, Alejandro disse que seu pai a renegou.- Belinda disse preocupada e sorri comovida, pois apesar de me conhecer a pouco tempo ela já me tratava como uma amiga.

–Não se preocupem, vou ficar bem.- assegurei antes de dizer adeus.

Mas assim que fui em direção a porta para sair ela foi aberta e passaram por ela o rei Hernandez, o príncipe Raul e Alejandro, ambos estavam suados e com as faces coradas, deviam estar vindo de algum treinamento.

–Onde você vai, meu anjo? - Alejandro questionou confuso assim que me viu com uma mala.

–Vou embora.- disse tentando não olhar em seus olhos.

–Por que você vai embora? Fiz algo que a desagradou? - ele questionou preocupado enquanto se aproximava de mim e me afastei receosa.

Afinal, não queria admitir, mas o jeito que Alejandro me olhava me faria cometer uma loucura em breve.

–Não. Só acho que depois de tudo que houve é melhor eu ir embora.- disse nervosa enquanto não olhava para ele.

–Entendo, mas podemos conversar com a sós.- ele implorou e concordei antes de Alejandro me levar em direção ao escritório da casa.

Receosa por estar sozinha no mesmo espaço que ele, permaneci de pé enquanto Alejandro se sentou no sofá.

–Sente-se aqui ao meu lado.

–Estou bem de pé.- disse nervosa e ele sorriu.

–Não vou tentar me aproveitar de você, Gaia. Se eu quisesse, teria feito isso ontem ou quando nos vimos no jardim. E será uma conversa muito longa para se ter de pé.- ele explicou e suspirei antes de me sentar.

– Eu tinha dez anos quando soube que teria que me casar com você, e isso não me agradou nenhum pouco. Nunca havia pensado em me casar, só pensava em ser o melhor general que o exército Sforza já tinha visto. E casar com alguém que tinha um “alvo” invisível acima de sua cabeça nunca foi meu sonho.- ele brincou e rimos.

–Tudo bem, eu também não queria casar. Não sem amor.- disse e ele sorriu.

–Isso quer dizer, que meu anjo está considerando aceitar ser minha esposa?

–Talvez.... Ou melhor, não.- sussurrei confusa e ele sorriu.

–Sua indecisão mostra que senti algo por mim, só não sabe direito o que é.- ele disse olhando em meus olhos e pisquei confusa.

–Como você...- sussurrei atordoada, afinal essa confusão de sentimentos me dominava desde a noite em que nos vimos pela primeira vez.

–Seus olhos. Mamãe diz que tenho o dom de decifrar as pessoas pelos olhos. Alguns são difíceis, agora você…- ele disse fascinado enquanto olhava em meus olhos de uma forma intensa.

–O que tem eu?

–Seus olhos dizem absolutamente tudo o que se passa em sua mente.

–Tudo mesmo? - questionei curiosa e ele concordou.- Então, meus olhos devem ser entediantes.

–Não. Eles são fascinantes e verdadeiros. Como um livro maravilho que ansiamos lê-lo.- ele disse afastando uma mecha de cabelos dos meus olhos castanhos.

–E o que lhe fez mudar de ideia? O que fez querer se casar comigo? - questionei desviando sua atenção do meu rosto.

–Foi você

–Eu?

–Sim. Como você disse ontem “ Eu nunca fui um filho exemplar”, e quando soube do casamento fique furioso e comecei a investigar com quem teria que me casar. E quando descobri fui atrás de você.- ele disse suave e sorriu ao lembrar do passado.- E no momento em que vi você ali tão pequena e indefesa senti algo que não entendi direito o que era. E essa confusão me fez querer vê-la todos os dias, mas meus pais proibiram. Então, tive que me contentar em vê-la de longe uma vez por mês e duas vezes no mês do seu aniversário. E todas as vezes em que ia vê-la lhe deixava orquídeas.

–Era você?!- sussurrei m meio as lagrimas. Afinal, sempre tive a sensação de ser observada de longe e as vezes conseguia vislumbrar alguém, mas sempre pensei que fosse os homens de Aro.

–Meu anjo, não lhe contei isso para que chorasse. Contei para que soubesse como me apaixonei por você, por favor, não chore.- Alejandro pediu preocupado enquanto enxugava as minhas lagrimas.

–Não estou chorando de tristeza e sim de alegria, por saber que você se preocupava comigo.

–Eu ainda me preocupo e sempre vou me preocupar.

–Faço perfume das orquídeas que você deixa para mim.- comentei enxugando o restante de minhas lagrimas e ele sorriu.

–Verdade?

–Sim.

–Posso sentir o cheiro? - ele pediu e concordei antes de lhe oferecer meu pulso.

Alejandro sorriu suave antes de segurar meu pulso em suas mãos e sentir meu cheiro. Após sentir meu cheiro ele beijou meu pulso fazendo minha pele se arrepiar em seguida.

–Gostaria muito de conhece-la melhor. Apenas, me permita ter uma chance de fazê-la me amar. E se eu não conseguir, não vou insistir para que se casa comigo. A senhorita, permite que esse soldado tente conquista-la? - ele implorou e concordei corando de leve.

Nas semanas seguintes Alejandro me levou para conhecer toda a vila Sforza e também para ver o local onde ele comprava minhas orquídeas.

–Posso lhe perguntar algo? - Alejandro questionou enquanto eu sentia o cheiro de alguns óleos que haviam na botica da cidade queria fazer um perfume diferente dessa vez.

–Claro.- disse fechando um vidro antes de pegar outro na prateleira.

–Por que Aro a quer tanto? - ele questionou e o olhei temerosa.

Não tinha certeza se poderia confiar meu segredo a ele, mas Alejandro já havia dado provas de sua lealdade, então devia lhe dá um voto de confiança.

–Minha bisavó foi uma bruxa muito poderosa. Dizem que foi a única que descobriu o feitiço de imortalidade.- disse e ele me olhou surpreso.- Ela escreveu em um diário todos os seus feitiços que descobriu ou fez na vida, dizem que é um livro mais poderoso do mundo. Mas ele só pode ser lido por alguém que foi destinado para ser seu dono. Tornando-o o bruxo mais poderoso de todos.

Enquanto explicava tirei um livro de capa de couro de minha bolsa e entreguei a ele pedindo que o foleasse.

–Mas não há nada escrito nele.- Alejandro disse confuso e sorri.

–Para os que não são os escolhidos se trata apenas de um livro em branco, mas para mim está cheio de feitiços, símbolos e listas de ingredientes.

–É por isso que ele a quer. Por que você é a única que pode lê-lo.

–Sim. Sou a única capaz de torna-lo imortal e também dizem que ele me quer como sua esposa, afinal sou “singular”.- disse usando a mesma palavra que ouvi quando Ara veio ameaçar meu povo quando era criança.

–Não vou deixar ele encostar em você. Eu prometo.- ele jurou me olhando e sorri.

–Confio em você.

–Que bom. Já sabe qual vai levar? - ele questionou mudando de assunto e sorri.

Assim que saímos da botica ouvi o som musica por perto.

Curiosa pedi a Alejandro que fossemos até lá para vermos.

–Acho melhor não Gaia, está tarde e você deve estar cansada.

–Eu estou bem. E prometo ficar só um pouco.- implorei e ele concordou antes de me levar para o local que estava cheio de pessoas observando as várias ciganas dançarem com suas roupas coloridas e cheias de brilho.

–Quem são elas? - questionei para Alejandro que estava ao seu lado.

Afinal, em meu povoado as mulheres quase não dançavam pois vivíamos em constante ameaça por culpa de Aro e minha, o que me deixou triste.

–Elas são as “amantes”.- ele explicou tenso e virei para vê-lo.

–Por que elas se chamam assim?

–Por que elas são designadas aos meninos quando eles completam quinze anos, para lhes ensinar como agradar suas esposas.- ele explicou meio envergonhado enquanto eu tentava entender do que ele estava falando.

–Alejandro.- uma mulher gritou e verei para vê-la saindo da ronda de dançarinas.

–Olá Safira.- ele disse serio assim que ela se aproximou de nós.

–Esse não é o tipo de cumprimento que gosto.- ela sussurrou sedutora antes de puxá-lo para um beijo na minha frente.

E naquele momento vendo Alejandro ser beijado por Safira entendi o que ele estava tentando me dizer, assim como entendi que ela era a “amante” dele.

Atordoada sai correndo da praça esbarrando nas pessoas pelo caminho.

Não sabia muito bem para onde estava indo, só queria ir para longe dali.


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