Pov. Allegra:

Depois do meu aniversário desastroso decide arrumar minhas coisas e passar um tempo na escola, que mesmo sendo um semi-internato tinha vários quartos para os alunos para quando os responsáveis dos mesmos viajavam e não tinham com quem deixar seus filhos, afinal precisava entender essa história toda por mim mesma antes de ouvir a versão dos meus pais.

–Será que poderíamos conversar? - Alex questionou suave assim que se aproximou do degrau em que estava sentada.

Alex e a irmão praticamente moravam na escola, alguns dos alunos diziam que ele preferia viver no Instituto Dewinter do que ficar em seu palácio.

–Não tenho nada para falar com você. Na verdade, deveria estar no meu quarto.- disse me levantando, afinal já havia passado da hora de nos recolhermos e se a diretora nos visse ligaria para nossos responsáveis.

E tudo que eu não precisava agora era ver meus pseudos pais.

–Amor, por favor, precisamos conversar.- ele implorou angustiado enquanto segurava meu braço e fiquei balançada quando ele me chamou de amor.

–Já disse que não quero falar com você e não sou seu amor. Acho que você deve falar assim para a Belinda e não para mim.- disse me soltando dele e caminhando em direção ao meu quarto, mas logo sento Alex me puxar de encontro a uma parede e colocar sua mão direita sob a minha boca me impedindo de falar.

–Shh.- ele sussurrou baixo enquanto me olhava anos olhos e logo pode ouvir a diretora andando pelo corredor enquanto conversava com sua secretaria, elas estavam checando se não havia ninguém pelos corredores burlando o toque de recolher.

–Apenas, me escute amor.- ele sussurrou tão baixo que só pode ouvir por que estávamos perto um do outro.- Não fique com raiva dos seus pais, tudo que eles fizeram foi por amor a você, se eles mentiram foi apenas por que deviam estar com medo de perde-la. Não jogue fora o amor de duas pessoas que dariam a vida por você. Por que eu sei como é crescer sem o amor de seus pais. Apenas, pense no que lhe disse e não faça nada sem pensar.

Assim que terminou de falar Alex se separou de mim e olhou para o corredor para ver se a diretoria e sua secretaria já haviam saído.

–Pode ir, elas já foram.

–Obrigada pelo conselho, eu acho.- sussurrei sem graça antes de sair correndo da sua frente, afinal estava de pijama, e nem era um pijama decente para se estar na frente do garoto que eu estava afim.

Era nessas horas que me odiava por nunca escutar a minha mãe, quando ela me dizia para comprar pelo menos um pijama da Victoria's Secret cheio de rendas, e não uma coleção de pijamas dos personagens da Disney.

Pov. Lukas:

Não conseguia trabalhar direito pensando em tudo que Allegra havia nos dito antes de sair de casa, quando tentamos lhe contar sem sucesso como realmente a havíamos encontrado. E chegar em casa e saber que um dos seus filhos não estava ali era uma dor que jamais desejaria para alguém.

Por isso decide hoje que tentaria trabalhar no palácio da justiça, que era o local onde o parlamento de Florença ficava.

–Pai? - Allegra chamou entrando no meu escritório.

–Aconteceu alguma coisa amor? - questionei preocupado, afinal a essa hora ela deveria estar na escola.

–Só queria me desculpar por não ter reagido bem ontem quando o senhor e a mamãe me contaram que sou adotada.- ela disse sem jeito e sorri suave antes de segurar a sua mão e leva-la para o sofá que havia em meu escritório.

–Não precisa se desculpar filha.

–Precisa sim pai. Jamais vou poder agradecer o amor e carinho que vocês dedicaram a mim durante todos esses anos.

–Não precisa meu amor, tudo que sua mãe e eu fizemos e ainda fazemos é por amor.- disse amoroso e ela sorriu em meio as lágrimas.

–Obrigada por não ter desistido de mim pai, por não ter me abandonado como meus pais biológicos fizeram. Você e a mamãe foram e são os melhores pais do mundo assim como meus irmãos são maravilhosos.

–Até mesmo o ciumento do seu irmão mais velho? - questionei brincando e ela sorriu.

–Sim. Vou ser eternamente agradecida por ter sido deixada na porta de vocês.- ela disse e me abraçou com força enquanto eu sorria emocionado.- Amo você, papai.

– Também te amo meu filhote.- disse emocionando enquanto abraçava minha filha.

–Senti tanto sua falta meu amor.- sussurrei chorando enquanto abraçava minha filha com saudade e sorri me lembrando da visão que tive desse momento.

–Também senti sua falta pai. Senti falta de todos.

–Que tal se fossemos para casa? - sugeri me soltando dela antes de olhar em seus olhos cheios de lagrimas.- Sua mãe e eu adoraríamos lhe contar a verdade. Lhe contar do jeito que você merecia ouvir, minha princesa. O que me diz?

– Que estou ansiosa para ouvir a verdade de vocês.- ela sussurrou antes de me dá mais um abraço apertado enquanto a enchia de beijos fazendo-a rir.

Pov. Allegra:

–Olha só quem eu trouxe.- meu pai disse assim que entramos em casa.

–Minha filha...- mamãe sussurrou chorando antes de voar para me abraçar com saudade.

Depois que fui abraçada por todos da minha família, meus pais me levaram até meu quarto para a conversa que deveríamos ter dito há muito tempo.

–Nos perdoe Allegra, você merecia saber a muito tempo que não era nossa filha.- mamãe sussurrou suave enquanto segurava minhas mãos.- Só que Lukas e eu nunca a vimos como uma filha adotiva, sempre a vimos como nossa filha. Como se você tivesse sido um fruto do nosso amor.

–E mesmo não sendo, para nós é como se fosse.- meu pai disse suave e sorri em meio as lagrimas.

–Só preciso saber como me acharam.- pedi e os dois se olharam antes de começaram a me contar a verdade.

–Quando você estava com três anos, pedi a Tia Rose para tentar encontrar algo sobre seus pais por que você não podia ter surgido do nada.- meu pai sussurrou suave assim que minha mãe havia terminado de me contar toda a história da minha adoção.

–E o que minha madrinha achou pai? - questionei entre lagrimas.

–Acho melhor você não saber disso querido, é algo muito triste.- minha mãe sussurrou preocupada comigo.

–Eu preciso saber. Por pior que seja mãe, afinal é a minha história.- pedi e ela olhou para o meu pai pedindo com o olhar para que ele não revelasse nada.

–Temos que dizer a verdade amor, por mais cruel que seja.- meu pai disse suave antes de respirar fundo e começar a falar novamente.- Pelas investigações tia Rose, descobriu que seus pais eram dois viciados em drogas, que a trocaram por mais drogas já que não tinham mais dinheiro para compra-las. Mas os traficantes, não queriam uma criança, eles queriam dinheiro, então mataram seus pais e decidiram coloca-la na primeira porta que vissem pela frente. E nós tivemos a sorte de sermos os escolhidos.

–Há meu amor, não chore. Apenas, pense em tudo de maravilhoso que você nos proporcionou e ainda nos proporciona filha.- mamãe disse amorosa enquanto chorava em seu peito.

–Somos seus pais Allegra, e não importo se você não foi gerada por nós, por que em nossos corações você sempre será nossa alegria, a nossa filha.- meu pai disse amoroso antes de nos abraçar.

E ali envolvida pelas duas pessoas que mais me amavam nesse mundo, tive plena certeza da grande sorte que tive em ter sido adotada por Lukas e Lanna.

E seria eternamente grata pelo amor que eles sempre dedicaram a mim.