Carrossel: Órfãos e Perdidos escrita por Gronk Spike


Capítulo 6
Capítulo 5 - O ciúmes de Valéria


Notas iniciais do capítulo

Cheguei com mais um capítulo! Eu queria agradecer bastante a cada um de vocês, em apenas 4 capítulos (junto com Prólogo) a fic já tem mais de 40 comentários, só me resta a agradecer a vocês, obrigado mesmo! E espero que gostem do capítulo de hoje! Boa leitura. :D



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A confusão continuava, e os alunos temiam que aquela algazarra toda pudesse chamar a atenção da diretora. Os órfãos, com exceção de Paulo, eram os que estavam mais preocupados, pois não queriam ir pra sala da diretoria logo no primeiro dia de aula.

Abelardo já estava de saco cheio da tagarelice de Paulo, pelo fato do Guerra não parar de xinga-lo e provoca-lo na frente de todos. Então, em um momento de descuido por parte das pessoas que seguravam Abelardo, o menino se desvencilhou dos braços que o prendiam e correu em direção a Paulo, pronto para soca-lo, porém Daniel foi mais rápido. Vendo o que Abelardo pretendia, o Zapata tomou a dianteira, mas não conseguiu se defender, o soco acertou-o em cheio. Mais gritos estridentes soavam pela quadra, e dessa vez seguraram Abelardo com mais força, enquanto várias pessoas o repreendia pela sua atitude. Majo, sem perder tempo se ajoelha para acudir Daniel, que sangrava pelo nariz. Marcelina fez o mesmo, o que causou certo incômodo em Maria Joaquina.

— Rápido, alguém ajuda aqui — Majo gritava — o Daniel tá precisando de ajuda.

Sem hesitar, Paulo e Davi levantaram o amigo e foram em direção a enfermaria, com Majo, Marcelina e mais um monte de gente em seus calcanhares.

— Paulo, tem como levar ele só? — Davi pergunta.

— Claro, porquê?

— To precisando ir ao banheiro.

— Ah, tranquilo, vai lá que eu levo o Daniel.

Dito isso, Davi rumou ao banheiro, enquanto Paulo levava Daniel a enfermaria. O Guerra se sentia um pouco culpado pelo sangramento do amigo. Afinal, Paulo era quem tinha arrumado confusão, e no fim das contas, o amigo que havia sofrido as consequências.

Não muito longe dali, alguns meninos da sala dos órfãos advertiam Abelardo pela sua atitude.

— Coisa feia, cara — Comentava Mario.

— Isso não se faz, e ainda por cima foi na covardia — Jaime falava.

— E logo no Daniel que é um cara gente boa — Cirilo continuava com os “sermões”

— Tá tá, foi mal, mas minha intenção não era o Daniel, e sim o primo irritante dele, o Paulo — Abelardo se defendia.

— De qualquer forma isso não justifica, ficar arrumando confusão logo no primeiro dia de aula — Adriano, um dos colegas, repreendia.

— Ah, quer saber? Dane-se — Abelardo bufou e se retirou da quadra.

(...)

Ao chegar na porta da enfermaria, Paulo depositou Daniel em uma das camas e saiu de dentro do local.

— Só um pode ficar com ele aqui dentro da enfermaria — A enfermeira comunicou.

— Eu fico! — Maria Joaquina e Marcelina exclamaram ao mesmo tempo.

—Eu falei primeiro — Argumenta Marcelina.

— Mas eu sou a prima dele — Majo se defende porém tendo dificuldade ao falar a ultima parte.

— Meninas, deixem de ficar gritando na porta da enfermaria — Paulo advertiu.

— Cala a boca! — Majo e Marcelina voltaram a repetir juntas virando-se para Paulo.

— Tudo bem — Respondeu ele levantando os braços em forma de rendição. — To indo, se precisarem de algo me chamem, como por exemplo carregar o Daniel ou algo parecido — Paulo completou, mas nenhuma das duas parecia muito atentas ao que ele falava, pois elas apenas se encaravam. Paulo poderia jurar que a qualquer momento sairia faísca daqueles olhares.

“Mulheres” — O Guerra pensou enquanto se afastava.

(...)

Davi havia rapidamente indo ao banheiro e já se encontrava rumando a enfermaria, porém o mesmo não sabia onde era. Pois era novato, e não fazia a minima ideia de onde se localizava as coisas por ali.

“Droga” — Praguejou mentalmente.

Ele continuava andando normalmente, quando esbarra numa garota.

— Me desculpe — Ele falava enquanto a ajudava a levantar — Estou tão distraído procurando a enfermaria que acabei não prestando atenção em você.

— Ah, tudo bem, eu também estava distraída — diz a menina — Mas espera, você não é o Davi? Um dos novatos la da minha sala.

— Sim, sou eu mesmo. Me desculpe, mas acho que não reparei em você na sala de aula.

— Normal, quase ninguém repara na caipira aqui — A garota responde cabisbaixa — Mas ok, sou Margarida.

— Tudo bem Margarida, sabe me dizer onde é a enfermaria? To meio perdido aqui.

— Claro, me segue que eu te levo lá.

(...)

Majo e Marcelina ainda discutiam para ver quem iria ficar no quarto da enfermaria com Daniel. As coisas estavam ficando feias quando Jorge aparece.

— Tá tudo bem por aqui? — Ele pergunta — Ouvi os gritos de vocês.

— Não, Jorge — Majo responde — Essa maluca não quer deixar eu ficar com meu primo na enfermaria.

— Mas é injusto, Jorge — Vez de Marcelina se defender. — Eu que ajudei ele primeiro.

— Gente, vamos resolver isso civilizadamente, vocês revezam, primeiro vai uma e depois a outra — Jorge responde com a maior tranquilidade.

As duas pareceram concordar, e Marcelina acabou indo primeiro.

— Aff — Maria Joaquina bufava

— Ah, não fica assim não — Jorge falava enquanto aproximava-se dela. — A Marcelina não deve demorar muito.

— É, eu espero que não — Majo falou olhando pra baixo — Nem meu primo mais eu posso ver...

— Ah, então você é prima do tipo ciumenta? — Jorge perguntou debochado mas não fazia ideia do que aquela pergunta poderia causar em Majo.

Ela simplesmente nada respondeu, já que na realidade não era prima de Daniel. Apenas ficou calada tentando achar uma resposta, que não veio. Houve um pequeno e constrangedor silêncio entre os dois, até que a voz de Valéria surge pelo local pondo um fim nisso.

— Pelo amor de Deus, cadê o Davizinho? — Ela indaga suspirando — Já procurei por todo o canto e nada.

— Ele disse que iria no banheiro, já deve ta chegando — Majo respondeu.

Dito e feito, após alguns segundinhos, Davi chega ao lado de Margarida, o que aparentemente incomodou Valéria, que só não gritou por causa do olhar que Majo lançou.

— O que significa isso Davi? E por onde você andou?— Ela perguntava abraçando-o — E quem é ela? — Disse essa ultima parte soltando-se do menino

— Bem, eu tava no banheiro, e ela é a Margarida, me ajudou a chegar até aqui, já que eu não conheço nada por aqui, ela é da nossa sala.

— Oi — Margarida diz simpática para Valéria.

— Oi — Valéria devolve secamente.

— Isso são modos Valéria? — Davi sussurava pra ela. Valéria apenas revirou os olhos.

— Nossa, vocês são do tipo família bem unida mesmo hein?! — Jorge pergunta para Majo.

— Pois é — Ela responde com um pouco de dificuldade.

— Bem, vou nessa. Já já o sino bate e eu não quero me atrasar. — Jorge informou se retirando.

Quando apenas sobrou no corredor Majo, Valéria e Davi, o menino finalmente pode falar:

— Que cena foi essa, Valéria? — Ele perguntou — A menina apenas me ajudou a chegar aqui, não conheço nada.

— Não se faça de santinho, Davi — Valéria responde. — Eu conheço bem esse tipo de menina.

Majo já não aguentava mais esse papo dos dois no meio do corredor da enfermaria.

— Dá pra parar vocês dois? — Ela suspira e os dois param — Ótimo, deixem pra discutir depois, esqueceram que o Daniel tá aqui machucado?

— Ah, é verdade — Davi exclamou — E como ele tá?

— Não sei, Marcelina tá com ele aqui dentro.

Após Majo falar isso, a porta da enfermaria se abre e Marcelina sai de lá

— Pronto, já pode ir ver seu primo, nem demorei muito — Ela fala sarcástica.

— Ah não, imagina — Majo devolve o sarcasmo de Marcelina e entra no quarto para ver Daniel.

Ela se aproxima da cama e fala:

— Oi, tá melhor? — Pergunta com um sorriso no rosto.

— Oi, to sim — Daniel responde devolvendo o sorriso.

Maria Joaquina se aproximou mais e Daniel afastou um pouco para ela poder sentar na cama com ele.

— Obrigado por me acudir primeiro la na quadra. — Daniel fala — Marcelina diz que foi ela, mas eu sei que foi você — Ele completa essa ultima parte falando um pouco mais baixo, causando risos em Majo.

— Ah, que isso?! Só fiz o que qualquer amigo faria! — Majo responde sentindo as bochechas corarem.

— Amigo? — Daniel questiona.

— Ah, mais que isso, só fiz o que qualquer primo faria — Majo responde ironicamente usando do segredo deles para responder Daniel, porém na verdade a garota cora mais ainda, e evitava a todo custo o contato visual com o Zapata, por isso, ficou olhando para o chão.

Daniel, cansado desse joguinho, levanta a cabeça de Majo pelo queixo e olha intensamente os olhos esverdeados da morena, olho no olho, sentimentos a flor da pele. Ignorando que estavam na escola e pior, com o segredo em risco, os dois foram se aproximando cada vez mais, só pararam quando Valériai abriu a porta afobadamente com Davi atrás. Daniel e Majo apenas se separaram rápidos e fingiram que nada aconteceu (ou aconteceria), enquanto ouvia Valéria falar.

— Gente, não demorem muito, o sino já tocou, vamos voltar pra sala de aula.

— Hm, tudo bem. Vão indo que eu vou ajudar o Daniel aqui — Majo responde.

(...)

Com um pouco de dificuldade, Maria Joaquina consegue trazer Daniel à sala de aula, o garoto agradece com um sorriso e vai até o seu lugar.

— Tá melhor? — Paulo pergunta para Daniel que apenas assente — Foi mal por ter feito você passar por isso, cara.

— Ah, tudo bem. Só fiz o que qualquer amigo faria, ou melhor, primo — Daniel responde e os dois riem.

Não demorou nem cinco minutos, e uma diretora completamente estressada entra na sala de aula dos órfãos.

— Bem, — Começou ela — Fiquei sabendo, que na hora do intervalo, houve um pequeno conflito entre alguns alunos aqui dessa sala.

Um burburinho havia começado entre os alunos.

— Silêncio! — Vociferou autoritariamente a diretora — Essa história foi chegada aos meus ouvidos, portanto quero que os participantes desse delito, venham na minha sala agora. Senhores Daniel Fernandes, Paulo Fernandes e Abelardo Cruz, me acompanhem por gentileza.

Os três acompanharam a diretora, os órfãos restantes apenas olharam preocupados para Paulo e Daniel.

— O que será que vai acontecer? — Majo pergunta aflita para Valéria e Alicia.

— Coisa boa não deve ser — Alicia responde.

— Ai Alicia, vira essa boca pra lá — Valéria repreende.

— Só falei a verdade, vocês sabem como é a diretora — Alicia responde dando de ombros.

(...)

— Muito bem, me expliquem direitinho como aconteceu — A diretora pediu enquanto observava o rosto de cada um.

Porém os três começaram a falar ao mesmo tempo, e não se conseguia entender nada.

— Silêncio! — Berrou a diretora e os alunos se calaram — Pois bem, agora sim, senhor Daniel Fernandes, comece por favor você.

— Bem, estávamos jogando bola na hora do intervalo e houve um pequeno mal entendido entre o Paulo e o Abelardo, os dois começaram a brigar e a galera toda separou. Porém o Abelardo tentou acertar um soco em Paulo, e eu me pus na frente. — Termina Daniel contando os fatos do seu jeito.

— Senhor Paulo Fernandes, sua vez — Continuou a diretora.

— Esse imbecil do Abelar... — Porém antes de Paulo poder continuar, é interrompido pela diretora.

— Olha o palavriado, senhor Fernandes.

— Tudo bem — Paulo bufou e continuou. — Bem, o Abelardo não quis me passar a bola, e eu tava livre pra fazer o gol diretora, a senhora entende a gravidade do assunto? De resto, foi como o Daniel contou.

Daniel se segurou para não rir, o assunto sério e Paulo comenta sobre o lance do jogo, só podia ser ele mesmo.

— Eu só não toquei pra ele porque eu não o vi — Argumentava Abelardo — Aí ele vem e começa a me empurrar, só me defendi.

— BASTA! — berrou mais uma vez a diretora — Então quer dizer que toda essa confusão e um garoto sangrando foi por causa de um lance de futebol?

Os três assentiram sem graça.

— Olha, só vou dar um recadinho para vocês, arrumem mais encrenca e vão pegar uma suspensão, agora sem mais papo, vão embora daqui para sala de aula.

Sem perder tempo, eles se retiram da sala dela e como um foguete vão pra sala de aula.

— Eu mereço... — A diretora murmurava enquanto abanava-se com um leque.

(...)

O resto das aulas passou normalmente, sem grandes emoções. Os órfãos já arrumavam seus materiais para irem para casa, até que Marcelina se aproxima de Daniel.

— E ae, Dan? — Marcelina pergunta — Tá melhor?

— To sim, obrigado pela preocupação e pela ajuda Marcelina, mas agora eu tenho que ir.

Marcelina apenas assente e Daniel vai saindo quando seus amigos chegam do seu lado para debocha-lo.

— “Oi Dan, tá melhor?” — Paulo imitava Marcelina e Daniel apenas ria.

— “To sim, obrigado pela preocupação” — E Davi imitava Daniel.

— Só vocês mesmo — Daniel comentava ainda rindo.

— Mas falando sério, que intimidade hein?! — Paulo ironizava

— Pois é, já tá chamando de “Dan” — Davi diz rindo.

(...)

Por outro lado as meninas...

— Aff, essa Marcelina não deixa o Daniel em paz. — Maria Joaquina bufava

— Ciúmes? — Valéria debochava da amiga.

— Não, Valéria — Majo se defendia — Apenas quero saber porque da Marcelina está tão interessada nele. Sem falar que você é suspeita pra falar de ciúmes...

— Como assim? — Valéria se fez de desentendida.

— Nem adianta, to falando daquele showzinho ridiculo que você deu ao ver o Davi chegar com a Margarida na enfermaria.

— Que história é essa? — Alicia pergunta rindo da cara de Valéria.

— Longa história, depois eu te conto — Maria Joaquina responde enquanto as três andam para fora da escola...

(...)

Os órfãos caminhavam em direção à mansão, após mais um dia tentando reescrever suas histórias, e no fim das contas, até que tinha sido um bom primeiro dia de aula...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e obrigado mais uma vez a todos que vem comentando desde o começo e favoritando. Lembrando que sugestões sempre são bem vindas! Me perdoem qualquer erro ortográfico e até a próxima! :D