Carrossel: Órfãos e Perdidos escrita por Gronk Spike


Capítulo 5
Capítulo 4 - Primeiro dia


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo aqui! Obrigado a todos que vem comentando, de verdade mesmo. E bem, nesse capítulo rola o primeiro dia dos nossos queridos protagonistas numa nova escola, espero que gostem. Boa leitura! xD



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Algumas semanas haviam se passado desde o dia da festa de fim de ano, e a relação entre os órfãos e Helena era a melhor possível, e só crescia cada vez mais. Como Helena havia dito, ela teria que matricula-los em uma escola, para o bem deles, ou senão iam acabar chamando a atenção da rua e de seus moradores.

Enfim tinha chegado o primeiro dia de aula. Desanimados e contrariados, os jovens arrumavam-se em seus respectivos quartos. Já arrumados e com as mochilas prontas, eles descem as escadas rumo à sala de estar.

— Caramba, vai começar o inferno — Paulo comenta enquanto confere sua mochila.

— Querido, reclame menos e faça mais — Valéria diz debochada.

Já preparados para sair, os jovens se dirigem em direção à porta, porém a voz de Helena surge interrompendo-os.

— Vocês e essa mania de saírem sem se despedir de mim — Ela fala com um sorriso estampado no rosto.

Os órfãos rapidamente correm para abraça-la.

— Ah, e não se esqueçam — Helena voltou a falar — Vocês agora estão com meu sobrenome, devido o fato de eu ter que falsificar os documentos, vocês estão com o sobrenome Fernandes, por isso caso alguém pergunte... já sabem.

Os órfãos assentiram e enfim zarparam rumo a escola. O colégio não era muito longe da mansão, então podiam ir a pé mesmo, sem grandes dificuldades.

— Escola Mundial, aí vamos nós — Daniel murmura.

(...)

Ao chegarem na frente da escola, depararam-se com o lindo local que era, era de fato uma escola bem grande, com as paredes bem pintadas e alunos a toda hora entrando e saindo de lá. Eles logo afastaram esses pensamentos, pois sabiam que tinham coisa mais importante para se fazer. Eles dirigiam-se à sala da diretora, ainda maravilhados com a beleza de tudo aquilo. Após acharem o local desejado, ficou aquela indecisão de quem bateria na porta da sala.

— Ah, vai você, Alicia — Valéria dizia — Afinal, você sempre foi a mais corajosa de nós.

— Eu não — defendia-se Alicia — melhor ir o Daniel, já que todos o veem como “líder” — Ela termina fazendo aspas na última palavra dita.

— Olha, acho melhor... — Daniel iria argumentar, porém é interrompido pela voz de Paulo.

— Ah, querem saber?! — Ele falava já impaciente — Deixa que eu faço isso, vocês são muito cheio de frescura.

Mas ao invés de bater na porta, Paulo a abre de uma vez, causando pânico em seus amigos.

— Paulo! — Todos falam baixinho repreendendo a atitude de Paulo, porém agora já era tarde demais.

— Com licença, diretora — Paulo fala enquanto entra com seus amigos na imensa e organizada sala da diretora.

— Posso saber por que não bateram na porta antes de entrar? — A voz autoritária da mulher soou pelo local causando arrepios nos jovens.

— Ah, nos desculp... — Daniel tentou se desculpar, porém antes de poder terminar, a voz da mulher se fez presente mais uma vez.

— Tudo bem, deixem de papo furado e me digam logo o que querem, eu não tenho o dia todo. — Ela termina analisando cada rosto presente ali.

— Nossa, será que ela é sempre chata assim? — Alicia sussurra pra Valéria que apenas ri.

—Bem, viemos pegar nossos horários, somos novos por aqui. — Majo fala ainda um pouco sem graça.

— Ah, já sei, vocês devem ser os primos Fernandes. — A diretora responde enquanto procura algo em uma de suas gavetas.

— Sim, somos nós — Davi diz.

— Bem, tomem aqui — A mulher diz entregando um pequeno pedaço de papel a cada um deles — e agora saiam, porque eu tenho muito a fazer.

Sem contraria-la, os órfãos se retiram imediatamente da sala da diretora.

— Caramba, mas como ela é chata e irritante hein?! — Paulo exclama e seus amigos concordam.

— Sim, insuportável, a Alicia até comentou comigo — Valéria fala rindo.

Eles dão uma bela olhada para o papelzinho em suas mãos, e quando vão começar a procurar pela sala, uma voz conhecida surge pelo local deixando-os surpresos.

— Galera! — A tal voz exclama bem empolgada — Não acredito.

Os órfãos se viram em direção à voz e dão de cara com Cirilo. Que estava aparentemente bem animado. E isso de fato também animou os jovens, que já chegariam com a vantagem de um amigo. Cirilo aproximava-se deles cada vez mais.

— O que estão fazendo por aqui? Não me digam que vão estudar aqui também? — Ele pergunta ainda com a mesma empolgação de antes.

— E o que faríamos aqui e ainda por cima fardados? — Paulo pergunta irônico — É óbvio que vamos estudar aqui.

— Isso vai ser demais! — Cirilo exclama — Mas em que sala vocês estão?

— Nessa aqui — Daniel responde entregando a Cirilo o seu pedaço de papel.

Os olhos de Cirilo se arregalaram ainda mais e brilhavam.

— Está tudo bem, Cirilo? — Valéria pergunta rindo da reação do garoto.

— Vocês são da minha sala! — Ele fala com um grito e ignorando a pergunta de Valéria — Venham comigo.

Os jovens apenas se entreolharam rindo e seguiram Cirilo até a sala onde estudariam.

(...)

Ao entrarem na sala de aula, não se surpreenderam com os olhares dos alunos veteranos em cima deles, afinal, eles eram novos por ali, e provavelmente, qualquer outro novato também teria todos aqueles olhares. Mas, se por um lado os órfãos não se mostraram surpresos, por outro, a surpresa de Jaime era imensa. Tinha passado a vida praticamente inteira jurando que a mansão onde os órfãos moravam era abandonada, e muito menos suspeitava que os jovens fossem estudar na Escola Mundial. Cirilo aproximou-se de alguns de seus amigos para apresentar os órfãos.

— Galera, esses são Daniel, Davi, Paulo, Maria Joaquina, Valéria e Alicia. — O garoto diz apontando para cada um respectivamente.

Após os órfãos terem conhecido grande parte dos amigos de Cirilo, Abelardo passa por ali bufando e xingando-se mentalmente por ter que estudar não só na mesma escola, mas também na mesma sala que Paulo.

— É, pelo visto, sujou a vizinhança, não vou aguentar por muito tempo conviver no mesmo canto que um animal como você — Abelardo fala enquanto passa por Paulo.

— Como é que é?! — Paulo indaga já alterado — Quero ver você falar isso quando eu quebrar sua cara de novo.

Abelardo apenas ignorou e sentou-se em uma cadeira bem afastado dos outros.

— Calma, Paulo — Daniel o segurava — Não vai arrumar encrenca logo no nosso primeiro dia de aula.

— É, e você viu como é a diretora — Valéria argumenta e Paulo fica mais calmo já soltando-se de Daniel.

— Ok, tudo bem, mas se essa babaca continuar provocando...

— Espera, vocês já brigaram antes? — Mário, um dos amigos de Cirilo, pergunta a Paulo.

— Sim, e quebrei a cara dele.

Mario ri enquanto é acompanhado por Paulo.

— Mas espera, onde vocês moram? — Mário volta a questionar, ele estava achando estranho tudo aquilo.

— Eles estão morando naquela mansão lá da minha rua — Cirilo responde pelos órfãos.

— Ué, mas você sempre nos disse que era abandonada.

— Era o que eu achava, Mário — Cirilo defendia-se — Mas pelo visto eu estava enganado.

— Pois é, porque nossa tia sempre morou lá — Alicia responde.

A conversa continuou por mais alguns minutos, até que o professor chegou.

— Vejo que tem gente nova por aqui — O professor comenta enquanto pega um pincel em sua bolsa. — Poderiam vir até aqui na frente para apresentarem-se para toda a turma?

Um pouco contrariados, os órfãos foram até a frente da sala. Enquanto há a apresentação, Mário chama a atenção de Jaime na sua frente.

— O que é, Mario? — Jaime pergunta virando-se

— Não é muito estranho tudo isso?

— Tudo isso o que?

— Esses primos. Tipo, sempre que íamos jogar bola lá na rua do Cirilo, ele nos dizia que a mansão era abandonada, e do nada tem pessoas morando lá

— Ah, não tem nada de estranho, eles tavam viajando, você não ouviu?

‘ — É, mas mesmo assim é muito suspeito.

— Que nada — Jaime falou dando de ombros enquanto voltava a olhar pra frente.

— Bem, é raro seis primos se mudarem pra mesma escola e pra mesma sala, mas mesmo assim, sejam bem vindos — O professor fala enquanto termina as apresentações.

(...)

A aula ocorria normalmente, até que Maria Joaquina deixa cair uma caneta, ela rapidamente tenta pegar de volta, porém alguém é mais rápido e faz isso pela garota. Maria Joaquina o olha de cima e abaixo e percebe que o garoto é muito bonito. Ele entrega a caneta de volta.

— Você é a novata, certo? — o rapaz pergunta — Sou Jorge. Jorge Cavalieri.

— Sim, sou eu. Muito prazer, sou Maria Joaquina. — Majo responde sorrindo.

— O prazer é todo meu, e bem, seja bem vinda, Majo. Posso te chamar assim? — Jorge fala enquanto a encara nos olhos.

— Claro! — Majo responde rindo.

Daniel apenas observava de longe, de certa forma, incomodado por aquilo, mas não sabia dizer o que era. Davi, que sentava atrás dele, o cutucava.

— O que foi, Davi? Já falei que não vou dar cola — Daniel responde virando-se

— Não é isso.

— Fala logo o que é então.

— É que eu percebi você olhando todo enciumado para aquela cena da Majo com o cara ali. — Davi comenta rindo

— Não é nada disso, Davi. Deixa de ficar inventando coisa.

— Debocha do Paulo por causa dos ciúmes pela Alicia, mas ta aí todo enciumado por causa da Majo — Davi diz ainda rindo e debochando do amigo.

Daniel apenas revira os olhos e volta a se concentrar em sua atividade.

(...)

O sino soava, indicando que era hora do intervalo, os órfãos rapidamente arrumavam o material para saírem quando Cirilo se aproxima dos meninos.

— Aí, não querem jogar bola com a gente? — Cirilo pergunta animado.

— Claro, vamos lá Paulo e Davi — Daniel responde acompanhando Cirilo, quando é barrado pelas meninas.

— Espera, não vão lanchar? — Valéria indaga olhando pra eles.

— Que nada, eu pelo menos vou é me divertir. — Paulo diz dando de ombros.

— Nossa tia não vai gostar se souber disso, não é, Paulo? — Alicia comenta rindo ironicamente

— Ah, dane-se, to indo — Paulo fala dirigindo-se a quadra.

— E você, “Davizinho”? — Alicia pergunta ainda sarcástica e imitando Valéria.

Davi apenas revira os olhos e acompanha Paulo e Daniel

— Para, Alicia — Valéria repreendia a amiga dando uns tapinhas no braço dela — Só eu posso chamar o Davizinho assim.

Alicia apenas ri enquanto vai em direção ao refeitório. Após um lanche bem rápido, as meninas foram em direção à arquibancada da quadra, para verem os meninos jogarem. Rapidamente uma das colegas delas se aproxima.

— Oi, vocês são as novatas não é? Sou Marcelina — Se apresenta a menina — Sejam muito bem vindas.

— Muito Obrigada, Marcelina — As três responderam em uníssono.

Depois de algum tempo, mais algumas meninas da sala delas chegaram e entraram na conversa de Marcelina e das órfãs.

— Nossa, nunca imaginei que fosse fazer amizade tão fácil assim — Valéria comenta baixinho com Majo e Alicia.

As duas apenas assentem concordando.

— Meu Deus como vocês têm primos gatos — Marcelina comenta pras meninas enquanto assiste ao jogo dos meninos — Principalmente aquele Daniel.

O comentário pareceu incomodar Majo, que apenas fez uma cara emburrada.

— Acho que alguém está com ciúmes aqui — Alicia murmura debochadamente pra Valéria, que apenas ri.

Dentro da quadra, as coisas estavam complicadas. Paulo estava no time de Abelardo. O Guerra suplicou com todas suas forças para não ficar no time do seu “rival”, mas foi em vão, já que os times haviam sido escolhidos de forma justa, então só restava ao Paulo lamentar-se.

Em uma jogada rápida, Paulo estava livre no canto da quadra, gritando para que Abelardo o passasse a bola. O garoto driblou praticamente o time adversário inteiro e na hora “H” não tocou para Paulo, ao invés disso Abelardo tentou o chute, e falhou miseravelmente.

— Porra cara, eu tava livre ali esperando tu tocar pra eu marcar o gol — Paulo reclamava se aproximando de Abelardo.

— Deixa de ficar chorando e vamos jogar, eu nem te vi — Abelardo se justifica

— Óbvio que viu, deixa de ser “fominha” e toca a bola — Paulo falava empurrando Abelardo, que insatisfeito, devolvia os empurrões.

Logo um tumulto se formou por ali, alguns separavam Paulo e outros, Abelardo.

— Parece que esses dois ainda vão brigar muito — Mário comenta rindo enquanto segura Abelardo.

(...)

— Que confusão é aquela ali? — Carmen, uma das garotas com quem as órfãs estudavam e tinham virado amigas, falou enquanto olhava para o tumulto que havia se formado.

— Me deixa adivinhar. — Alicia fala fingindo pensar — Briga entre o Paulo e o Abelardo, isso já virou rotina — Ela termina revirando os olhos.

Logo Valéria, Majo e Alicia se aproximaram daquela confusão toda.

— Ei, parem de brigar — Alicia falava em um tom audível.

— Esse imbecil que não passa a bola — Paulo esbraveja

— Esse idiota que só sabe reclamar — Abelardo devolve.

Alicia apenas revira os olhos e pensa: “Ai ai, pelo visto, teremos um longo ano...”


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Notas finais do capítulo

Bem galera, comentem o que acharam desse capítulo (e os fantasminhas também :3) e como eu sempre digo, se quiserem me sugerir algo, fiquem a vontade. Obrigado mais uma vez a todos, me perdoem qualquer erro ortográfico e até a próxima :D