Carrossel: Órfãos e Perdidos escrita por Gronk Spike


Capítulo 4
Capítulo 3 - A festa de fim de ano


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo aqui! nem demorei tanto kk xD. Queria agradecer bastante a todos que vem comentando e favoritando. Como eu disse, vocês incentivam o autor. Bem, esse capítulo ficou um pouco longo, o maior até agora da fic. Boa leitura!



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Tudo ocorreu muito rápido, quando Alicia menos percebeu, Paulo já havia socado o rosto do tal garoto. Socos, pontapés, gritos de Alicia e Cirilo tentando separar em vão, era isso que se via no meio da rua. Paulo e o menino não se separavam e as coisas só pioravam. De repente, Daniel e Davi surgem como um raio para afastar Paulo.

— Me soltem — Berrava o Guerra — me deixem acabar com a cara desse palhaço.

O garoto com quem Paulo brigara, apenas tossiu um pouco de sangue e riu debochado.

— Sem brigas, Paulo. A gente mal chegou e você já está nos pondo em encrenca — Daniel comentou essa última parte um pouco mais baixa.

— Foda-se, me deixem quebrar a cara desse desgraçado — Paulo lutava para se soltar, mas Daniel e Davi não cediam.

O garoto que brigava com Paulo apenas se virou e retirou-se, porém antes de ir disse:

— Tchau, Alicia. A gente se vê por aí.

A Gusman apenas revirou os olhos.

— Como sabiam que o Paulo estava brigando e chegaram aqui tão rápido? — Alicia questiona para Daniel e Davi, que já haviam soltado Paulo. O Guerra estava mais calmo.

— Não sabíamos — Davi diz simplesmente

— Apenas estranhamos sua demora e viemos atrás — Daniel completa.

— E cadê a Valéria e a Majo? — Ela volta a indagar.

— Ficaram por lá, disseram que iam ver alguma coisa no quarto — Davi diz tranquilamente enquanto observava a rua.

Cirilo, que até então estava calado vendo tudo, se apresentou para os órfãos.

— Vocês são os primos que chegaram de viagem, não é?

— Sim, somos — Daniel responde — Sou Daniel.

— Sou Davi. — O mesmo se apresenta.

— E eu Alicia, e acho que o Paulo você já conhece.

Cirilo assente

— Sim, o Paulo eu conheci na lanchonete. Bem, meu nome é Cirilo e não liguem para o cara que brigou com o Paulo.

— Você o conhece? — Daniel pergunta

— Sim, o nome dele é Abelardo. Nós estudamos juntos, e ele é bem chato, só ignorem.

— E põe chato nisso — Paulo murmura sendo repreendido por Alicia.

— E, aliás, onde vocês estudam? — Cirilo questiona estranhando.

A pergunta pareceu deixar os órfãos nervosos, pois apenas se entreolharam e nada falaram.

— É..é.., nossa tia ainda está vendo isso — Daniel argumenta livrando os órfãos.

— Ah, então ok. Nos vemos por aí, tchau — Cirilo diz se afastando.

— Que menino curioso — Alicia fala baixinho vendo Cirilo se distanciar.

— Ah, deixa ele. Qualquer um estranharia — Davi fala dando de ombros.

Os órfãos voltaram para a mansão com Paulo reclamando dos ferimentos causados pela briga, Alicia hora ou outra o advertia. Ao chegarem, Daniel e Davi logo se sentaram no sofá da sala de estar, enquanto Alicia empurrava Paulo para a cozinha.

— Que foi? — Indaga Paulo — Será que poderia parar de me empurrar?

— Fica quieto e anda, vou dar um jeito nesses machucados.

Paulo deu um sorriso sarcástico.

— Preocupada comigo?

— Cala essa boca, senão eu mudo de ideia — Alicia responde esbravejando.

Paulo ri enquanto senta-se numa cadeira da cozinha. Alicia pegou um kit de primeiro socorros que achou em um dos armários da cozinha e começa a cuidar dos ferimentos de Paulo, que sempre reclamava.

— Que ceninha ridícula foi aquela, Paulo? — Alicia pergunta focando nos machucados.

— Eu estava apenas te defendendo — o Guerra responde emburrado.

— Mas quem disse que eu estava precisando de defesa? Eu estava apenas conversando, C-O-N-V-E-R-S-A-N-D-O. — Ela responde pausadamente.

— Ah, que seja. Você não pode ficar por aí falando com estranhos.

— Primeiro de tudo, ele que veio falar comigo. E segundo, eu estava te procurando.

— E quem disse que eu preciso que me procurem? — Paulo volta a falar sarcástico.

— Ninguém, mas eu fui. Porque se não, você ia nos por em confusão, e acabou que foi isso o que aconteceu. — Alicia murmura essa ultima parte.

Paulo apenas deu de ombros.

— Tanto faz...

— E vê se na próxima vez não arruma encrenca, não vou ficar cuidando dos teus ferimentos. — Alicia comenta ainda focada nos machucados causados pela briga.

— Eu não pedi pra ninguém cuidar dos meus ferimentos.

— Ah é? — Alicia indaga indignada — Então tchau.

Ela fala largando os objetos em cima da mesa e sai andando, porém antes que pudesse sair da cozinha, Paulo a puxa pelo pulso, jogando-a contra seu próprio peito.

— Brincadeirinha — Ele fala olhando-a diretamente nos olhos — Adoro quando você cuida de mim.

Alicia perdeu a fala e sua respiração começou a falhar, ela devolve o olhar intenso de Paulo. As bocas levemente abertas, sentindo o hálito um do outro. Os olhos se fecharam a espera do grande momento, que infelizmente para ambos, não veio. A porta da cozinha é escancarada e Valéria e Maria Joaquina entram eufóricas, conversando algo que Alicia e muito menos Paulo, puderam identificar. O Guerra e a Gusman se separaram imediatamente, e coram ao pensar no que quase tinham acabado de fazer. Por outro lado, Majo e Valéria não tinham percebido o que tinham interrompido, e só foram se dar conta, quando ouviram Paulo suspirar fortemente. Alicia se afastou de Paulo e guardou o kit de primeiros socorros, tentando ignorar o que quase tinha acontecido.

— Tá tudo bem por aqui? — Majo pergunta

— Pelo visto não — Valéria diz — Olha esses ferimentos do Paulo. Espera, você tava brigando?

Paulo apenas assentiu dando de ombros. Valéria corre de volta à sala de estar gritando o nome de Helena.

— Fofoqueira — Paulo murmura — Não se pode nem mais brigar em paz que a Valéria vai ir contar.

Majo apenas observava a cena e notou Alicia ainda corada, se aproximou da amiga e perguntou:

— Tá tudo bem com você?

— Sim — Alicia responde baixinho assentindo.

— Ok, então... — Majo estranha, mas acaba acreditando na amiga.

De repente, Helena entra pela cozinha acompanhada de Valéria, Davi e Daniel. Ela se aproxima de Paulo e observa os machucados dele.

— Pelo amor de Deus, Paulo — Ela comenta ainda analisando — Já arrumou encrenca no primeiro dia aqui?

— É, mas foi por uma boa causa. — Ele responde saindo da cozinha. Helena apenas suspira e todos voltam pra sala de estar.

— Ah, eu ia me esquecendo — Daniel começou — Helena, não queremos lhe preocupar, mas hoje cedo quando eu e o Davi separamos a briga de Paulo, aquele menino chamado Cirilo, nos veio perguntar onde estudamos, apenas dissemos que você ainda estava analisando onde estudaríamos, mas e agora? O que faremos?

Helena parece pensativa e senta-se no sofá com os órfãos.

— Não tem outra forma, terei que matricula-los em alguma escola. — Helena responde

— Mas você precisa dos nossos documentos, como vai fazer? — Alicia pergunta confusa.

— Só daria certo falsificando — Davi comenta indiferente.

— É isso que infelizmente terei que fazer — Helena diz ainda pensativa.

Os órfãos se entreolharam surpresos.

—Mas é pelo bem de vocês, crianças. Não posso deixar vocês ficarem sem estudar.

— O dinheiro não pode suprir ausência das pessoas, mas pode falsificar documentos para estudarmos — Valéria comenta sarcástica fazendo todos ali presentes rirem.

— Estamos sendo verdadeiros criminosos, praticamente uma máfia — Paulo comenta também irônico fazendo todos novamente rirem.

Helena se retira e os órfãos ficam conversando mais um pouco na sala de estar, até que algumas batidas na porta interrompem. Eles ficam um pouco assustados, mas Daniel vai até lá e atende a porta com cautela, deparando-se com Cirilo. O Zapata convida o menino pra entrar e o mesmo faz. Cirilo acaba conhecendo os outros órfãos que ainda não havia conhecido.

— Mas então, Cirilo — Majo fala — O que veio fazer aqui?

— Bem, vim fazer um convite pra vocês. — Ele fala animado

Os órfãos ficam eufóricos e o menino prossegue:

— Todo fim de ano, meu pai faz uma festa aqui na rua pra celebrar a passagem de ano, já virou meio que uma tradição por aqui. E eu queria convidar vocês pra comparecerem.

Os órfãos se animam mais ainda e um burburinho começa pela sala.

— Tudo bem, Cirilo. Quando será? — Daniel pergunta

— Daqui a uma semana. — Ele responde — Vocês são meus convidados especiais, praticamente a rua toda participa.

— Pode deixar, estaremos lá — Valéria responde.

Após mais um pouco de conversa, Cirilo se retira e os órfãos comentam animadamente sobre a festa, seria praticamente a primeira vez que iriam numa, afinal, no orfanato era bem difícil. Depois de algum tempo, Helena retorna à sala.

— Quem era? — Ela pergunta curiosa

— Era aquele menino, o Cirilo — Responde Maria Joaquina.

— E ele veio nos convidar pra uma festa. — Davi diz

— Ah, já sei qual é — Helena diz — Todo fim de ano tem uma festa aqui na rua.

— É, ele nos contou, organizada pelo pai dele. Mas e você? Não participa? — Daniel perguntou para Helena

Ela nega com a cabeça.

— Mas por quê? — Valéria indaga

— Não gosto muito de festas, muito barulho e eu prefiro ficar em paz aqui em casa, mas todo fim de ano eu ouço a movimentação da festa. — Ela responde.

— Mas você nos deixará ir, não é? — Valéria implora e os órfãos a olham piedosamente.

— Hm, tudo bem, eu deixo. Mas agora subam para seus quartos e vão dormir que já está bem tarde. Todos subiram animadamente e quase não conseguiram dormir por conta da festa.

(...)

Uma semana havia se passado desde que os órfãos chegaram à mansão. Helena tinha sido como uma verdadeira tia pra eles, ou talvez até mais. Com tanto pouco tempo de convívio, já tinham criado um laço que parecia de família. Helena havia comprado roupas para os jovens poderem ir à festa, e os presenteou com um celular para cada um, para poderem se comunicar melhor. Mas ela logo avisou que não ficaria mimando-os. O grande dia havia chegado, era dia de festa, e os jovens estavam bastante animados e eufóricos, queriam aproveitar cada minuto dessa nova vida e estava sendo muito bom para cada um deles. Os meninos já se encontravam arrumados na sala de estar jogando conversa fora e esperando as meninas descerem.

— Caramba, mas como menina demora a se arrumar — Paulo comenta bufando.

—É, nisso eu tenho que concordar — Davi diz rindo.

— Elas só querem ficar bonita, deixem de implicância — Daniel adverte

— Mas pra quê? — Paulo indaga — Não vou deixar nenhum engraçadinho chegar perto da Alicia mesmo.

Daniel e Davi fazem o famoso “hm” e debocham de Paulo.

— Ah, então o Paulo Guerra está com ciúmes?! — Davi exclama ainda caçoando.

— É, parece que sim — Daniel comenta.

— Que ciúmes o que? — Paulo gagueja — Só não quero ela conversando com estranhos, é apenas preocupação.

Daniel e Davi iriam responder, mas as meninas descem no mesmo momento. Estavam lindas, e os meninos praticamente babavam.

— Sobre o que tavam conversando? — Majo pergunta enquanto desce as escadas.

— Hm, nada demais não é Paulo? — Daniel debocha mais uma vez

A resposta de Daniel só deixou as meninas mais confusas e curiosas.

— É, nada demais. Agora vamos logo pra essa festa que eu to muito ansioso — Paulo comenta indo para a porta de entrada.

Seus amigos o acompanham, porém antes de saírem, Helena chega.

— Vão sem se despedir de mim? — Ela pergunta fingindo estar magoada.

Os órfãos rapidamente correm e abraçam-na. Era incrível, tinham passado tão pouco tempo juntos e já haviam criado um laço.

— Vão, aproveitem a festa e não cheguem muito tarde em casa — Helena diz enquanto separasse deles e sobe as escadas.

— Então vamos aproveitar — Daniel comenta eufórico sendo acompanhado pelos amigos.

(...)

A festa estava bastante animada, e os jovens aproveitavam como podiam. Grande parte dos convidados não os conhecia, e hora ou outra os encaravam ou perguntava-os quem eram eles. Os órfãos como sempre respondiam com a mesma resposta, sempre sendo evasivos e conseguindo fazer com que os moradores da rua acreditassem neles. Um pouco afastado dali, Cirilo organizava algumas caixas quando um de seus amigos aproxima-se dele.

— Cirilo, quem são eles? — o amigo pergunta apontando para os órfãos — Eu nunca tinha visto eles por aqui antes

— São primos, chegaram de viagem faz mais ou menos uma semana, e tão morando com a tia naquela casa — Cirilo responde apontando para a imensa mansão.

— Ué, mas você sempre me dizia que aquela casa era abandonada — O garoto responde enquanto comia sem parar.

— Era o que eu achava, Jaime. — Cirilo responde — Mas pelo visto, eu estava enganado.

Jaime deu de ombros e voltou a “roubar” mais alguns salgadinhos.

(...)

A festa continuava com o mesmo ânimo de antes, porém Davi e Valéria sentaram-se um pouco afastado de todos para poderem conversar.

— Nossa, eu nunca respondi tantas vezes a mesma coisa na vida — Valéria diz suspirando.

— É, eu também não. Mas é necessário — Davi fala enquanto toma um refrigerante.

— Ai ai Davizinho, o que será da nossa vida agora daqui pra frente? — Valéria pergunta com o olhar distante, enquanto apoia a cabeça no ombro de Davi.

— Não sei, Valéria. É esperar pra ver, mas enquanto eu estiver com nossos amigos e, principalmente com você, sempre estarei feliz. — Davi responde com um sorriso e os dois se encaram.

Valéria retribui o sorriso e os dois vão se aproximando. Não era novidade pra nenhum dos órfãos que Valéria e Davi se gostavam, afinal, foram os que mais conviveram juntos no orfanato, e até tentaram esconder o que sentiam um pelo outro, mas era inevitável. Os olhares continuavam intensos, e cada um se perdia no olhar do outro. A boca levemente entreaberta de cada um denunciava o desejo que ambos estavam sentindo. Os olhos se fecharam e quando iam para o momento perfeito, gritos vindos da festa os “acordaram”, eles levantaram assustados e foram até o barulho dos gritos. Davi viu Paulo, Alicia e Abelardo discutindo, então havia entendido tudo, se aproximou para separar uma possível briga.

(...ALGUNS MINUTOS ATRÁS...)

Paulo não desgrudava de Alicia, e a Gusman não parava de reclamar, porém Paulo apenas sorria debochado. Em um momento de descuido, Paulo perdeu Alicia de vista, ele xingou-se mentalmente e voltou a procura-la. Por outro lado, Alicia aproveitava um pouco a festa sem Paulo para vigia-la. Ela chegava perto da mesa de bebidas quando a voz de Abelardo a interrompe.

— Tá sozinha? — Ele pergunta

— Você de novo? — Ela revira os olhos enquanto devolve a pergunta do garoto

—Sim, eu de novo — Abelardo responde sorrindo — Pelo menos aquele chato não está por aqui.

— Tá falando do Paulo? — Alicia pergunta

— É, deve ser. Não sei o nome dele — Abelardo responde se aproximando mais de Alicia.

— Opa, melhor ficar um pouco longe — Alicia diz afastando-se — Não quero mais confusão, afinal não estou aqui não faz nem uma semana direito.

— Relaxa, enquanto aquele insuportável não estiver por aqui... — Abelardo fala, porém quando vai prosseguir, Paulo chega interrompendo.

— Ufa, até que enfim te achei Alicia. — Paulo fala mais aliviado, porém ao ver Abelardo, já se irrita — Porra, você de novo por aqui?

— Cara, melhor me deixar em paz, não quero ter que quebrar sua cara novamente — Abelardo fala enquanto toma sua bebida.

O sangue de Paulo ferve e ele grita com Abelardo

— Como é que é?! Eu que quebrei tua cara naquele dia...

Os gritos eram muito altos, e logo chamou a atenção de alguns convidados. Por sorte, Davi e Valéria chegam a tempo.

— Ei, sem briga, Paulo — Davi fala enquanto o segurava.

— Me solta, Davi — Paulo esbravejava — Esse imbecil aqui que fica me provocando.

Majo e Daniel logo chegam.

— Paulo, já chega de confusão. Vamos pra casa — Daniel falava enquanto empurrava Paulo.

Os órfãos andavam em direção à mansão. Rapidamente viram os fogos de artifícios pelo céu estrelado, era sinal de que um ano novo chegava, e com ele, novas aventuras para os jovens, que no fim das contas, haviam se divertido na festa...


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Notas finais do capítulo

Obrigado a todos que leram, espero que tenham gostado e comentem o que acharam (principalmente os fantasminhas, todo comentário aqui é bem vindo :D) e claro, se tiverem alguma sugestão, podem dizer que eu analiso com carinho, obrigado mais uma vez a todos e até a próxima xD