Carrossel: Órfãos e Perdidos escrita por Gronk Spike


Capítulo 40
Capítulo 39 - Confissão


Notas iniciais do capítulo

Olá meus queridos leitores! Como estão vocês? Eu estou bem, graças a Deus, apenas um pouco triste pela reta final da fic, afinal já trago aqui pra vocês o penúltimo capítulo!

Apesar disso, no capítulo passado chegamos na marca de 400 REVIEWS na fic, muito obrigado! Só tenho que agradecer a vocês, porque a fic não seria nada sem os leitores, obrigado mesmo!

Bem, como eu disse anteriormente, trago aqui o cap 39, vulgo penúltimo! Espero que gostem e boa leitura! :D



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Os alunos ficaram estáticos por longos minutos, mas logo um burburinho começou pela sala, no qual a diretora não conseguiu conter. Ninguém ali presente queria acreditar que os órfãos haviam feito aquilo.

Maria Joaquina olhou indignada para Jorge. Então era isso que ele tava planejando? A garota já havia aguentado tudo vindo dele, tapas, xingamentos, chantagens, mas expulsar seus amigos era passar de todo e qualquer limite.

De supetão, a menina se levantou afobada e tentou falar algo, mas sua língua parecia travada. Jorge a olhou ameaçadoramente e Majo entendeu o recado, seus amigos já estavam encrencados, se ela fizesse ou dissesse algo pra diretora, só complicaria mais ainda as coisas.

— Algum problema, Maria Joaquina? Quer nos dizer algo? —A diretora perguntou olhando-a.

Maria Joaquina olhou mais uma vez pra Jorge e viu que ele ainda a observava cruelmente, ameaçando-a apenas com o olhar.

— Não, senhora diretora — Ela respondeu e voltou a se sentar.

Se por um lado Majo não disse nada, por outro Natasha levantou-se rapidamente e ignorou que Jorge a estivesse olhando, ela não poderia deixar os órfãos serem falsamente acusados daquele jeito.

— Diretora, a senhora tá cometendo uma injustiça — A ruiva começou — Não foram eles quem fizeram isso.

Jorge continuou a olhando, mas parecia não surtir efeito algum, pois Natasha nem sequer devolvia o olhar do garoto. Jorge ficou furioso por aquilo.

— Como assim, senhorita Cavalieri? — Olívia indaga sem entender — Eles foram pegos em flagrante.

— Mas não é muito estranho só a Maria Joaquina não ter feito isso? E mais, porque o Daniel auto se doparia? — Natasha volta a defender os órfãos e o burburinho na sala se intensifica mais.

— Silêncio! — A diretora brada e capta a atenção de todos — Ora, senhorita Cavalieri, isso é realmente estranho, mas e se o Daniel tivesse se dopado pra incriminar outra pessoa?

— Mas não faz sentido — Nat fala praticamente gritando.

— Baixe o seu tom pra falar comigo — A diretora adverte — E caso encerrado, eles estão expulsos da Escola Mundial.

Bem contrariados e indignados, os órfãos arrumaram o material escolar e tentaram se retirara da sala, porém Olívia voltou a falar.

— E ah, não se esqueçam de avisar a tia de vocês sobre a expulsão, ela precisa vir aqui, pra analisarmos aquela papelada toda e etc. Agora vão. — A diretora diz e finalmente os órfãos começam a caminhar em direção a saída da escola.

Aquele, com certeza, era um dia pra se esquecer, com exceção do dia do incêndio no orfanato, os órfãos não conseguiam imaginar um dia pior que aquele desde que haviam chegado na mansão de Helena.

Maria Joaquina, na sala de aula, se sentiu muito culpada e fraca pela expulsão dos amigos, a garota se xingou mentalmente de impotente, por não conseguir ter falado nada para Olívia.

As últimas aulas foram bem conturbadas e os alunos mal conseguiam se concentrar, estavam todos muito atônitos pelos recentes acontecimentos.

Quando o sino soou indicando o fim do dia letivo, Natasha arrumou seu material apressadamente e saiu correndo pelos corredores da escola, ela precisava urgentemente ajudar os órfãos, porém não demorou muito e a garota foi parada por Jorge, que a puxou pelo braço.

— Me solta, Jorge — Ela mandou se debatendo, porém o Cavalieri era mais forte.

— Ei, que ceninha ridícula foi aquela em sala de aula? — Ele perguntou ignorando a ordem dela.

— Ceninha ridícula? Eu só tava tentando impedir que uma injustiça fosse cometida — Natasha diz, finalmente conseguindo se soltar.

— E porque isso agora? Você tá do lado deles? Pensei que fosse minha aliada — Jorge a questiona, cruzando os braços.

— Eu realmente sou sua aliada — Ela diz mentindo — Mas é você que vem me excluindo do plano, nem me contou que ia fazer isso. Nunca mais me diz nada, só fala com o Abelardo e a Margarida, como quer que eu me sinta?

— Eu fiquei te evitando porque você tava estranha esses últimos dias, muito distante, sempre com um sorriso na cara, feliz pelos cantos, achei que você não se interessava mais — Ele justifica.

— E nem o direito de ficar feliz eu tenho? — Ela rebate incrédula — Tudo bem então, tchau.

Ela virou-se e tentou ir embora, mas Jorge a segurou pelo pulso, novamente.

— Ei, espera Nat — Ele pede com a voz mais mansa — Me desculpa, vai, é que eu só fiquei meio nervoso. Você quer voltar a fazer parte do plano? Então ok, mais tarde vai ter uma reunião lá em casa, comigo, com o Abelardo e a Margarida, você está convidada, vamos debater a respeito do que fazer daqui pra frente.

— Tudo bem, eu vou comparecer a reunião — Nat diz com um sorriso, poderia arrancar alguma informação importante nessa reunião.

Após tudo isso, enfim os dois se despedem e Nat caminha rumo à saída da escola. Jorge começou andar, mas imediatamente foi parado por Abelardo e Margarida.

— Pode conversar com a gente? — Abelardo indaga e Jorge alterna o olhar entre os dois aliados.

— Sejam breve — Ele responde suspirando.

Abelardo e Margarida se entreolharam antes de começarem a falar.

— Olha, você não acha que dessa vez pegou pesado demais com eles? — Margarida se pronuncia.

— É, dessa vez passamos de todos os limites — Abelardo reforça o que Margarida tinha dito.

Jorge revirou os olhos, muito irritado com os dois, não sabia de onde tirava paciência pra lidar com eles.

“Ai, Meu Deus, dai-me paciência com esses dois” — O Cavalieri pensou.

— Deixem de serem medrosos — Jorge começou — Primeiro de tudo, Abelardo, você roubou o celular da Carmen, isso é muito pior do que incriminar alguém, então para com esse mimimi.

— Ei, fala isso mais baixo — Abelardo pediu olhando para os lados.

— Segundamente, eu não me arrependo do que fiz, se não quiserem continuar com o plano, podem pular do barco, eu continuo firme e forte — Jorge continuou, ignorando o comentário do outro.

Abelardo e Margarida não tinham voz nem autoridade para baterem de frente com Jorge, por conta disso, tudo que fizeram foi assentir e concordar com o mauricinho.

— Perfeito! — Exclamou o Cavalieri — Assim que eu gosto. E ah, mais tarde vai ter uma reunião lá em casa com os aliados do plano, aproveitando que meus pais não estão em casa, ou seja, compareçam.

— Que horas vai ser? — Margarida perguntou.

— Eu mando uma mensagem pra vocês avisando, agora tchau— Jorge fala rindo irônico e passa pelos dois, indo rumo à sua mansão.

Abelardo e Margarida voltaram a se entreolhar e suspiraram. Encontravam-se um pouco arrependidos pelo o que haviam feito.

(...)

Natasha caminhava em passos largos em direção à casa de Laura, a “gorduchinha” havia saído da escola há um tempo e poderia já está esperando a ruiva em sua casa, visando isso, Nat praticamente começou a correr.

Não demorou muito e a Cavalieri parou em frente à casa dos Gianolli, ela tocou a campainha e esperou ansiosamente alguém atender. Em poucos minutos, a própria Laura abriu a porta, bem sorridente por sinal, e permitiu a entrada da garota.

As duas caminhavam bem empolgadas em direção ao quarto de Laura, enquanto conversavam animadamente.

Adentrando o quarto da Gianolli, Nat pôde reparar o quão organizado e arrumado era, também não era pra menos, já que Laura sempre se mostrou uma pessoa bem tranquila e responsável.

Afastando aqueles pensamentos, Natasha focou no que realmente a importava, a câmera digital de Laura, aquela podia ser uma ótima oportunidade para gravar a conversa de Jorge com Abelardo e Margarida na mansão dos Cavalieri.

— Então, Nat, aqui tá a câmera — Laura diz limpando-a levemente com um pano e entrega para a ruiva.

— Obrigada, prometo que logo mais eu te devolvo — Nat agradece.

— Bem, eu ainda não sei pra que você precisa, mas está aí — Laura insiste mais uma vez.

— Já disse, é pra um negócio, bobagem minha — A ruiva volta a dizer.

— Ok, mas você sabe usa-la, né? — Laura pergunta.

— Sim — Nat diz — Mas agora preciso ir, até mais Laurinha.

— Espera, espera — Laura a interrompe — O que você achou da expulsão dos primos lá na nossa sala? Eu achei muito estranho e não imaginava que eles pudessem fazer aquilo.

Natasha suspirou pesadamente, enquanto soltava um riso fraco e olhava para a câmera em suas mãos.

— Eles não fizeram aquilo, Laura, eu sei disso — Nat os defende.

— O quê? Mas como assim? Eles não foram pegos em flagrante? — A menina questiona sem entender nada.

— Sim, foram, mas aquilo era uma armação, alguém armou pra cima deles e eu vou provar isso — A ruiva fala — Agora tchau, eu preciso ir e obrigada mais uma vez.

Natasha sai em disparada mais uma vez no dia, deixando uma Laura completamente confusa e perdida em pensamentos para trás.

“O que será que ela quis dizer com isso?” — Ela indagou para si mesma.

(...)

Muito abalados e inconformados, os órfãos enfim chegaram em casa. Apesar daquele momento conturbado, eles já desconfiavam quem havia aprontado aquilo pra cima deles.

Helena estava sentada no sofá da sala, quando estranhou ver todos eles — Sem contar com Majo — Adentrar a mansão, afinal, eles haviam chego um pouco mais cedo do que o normalmente chegavam.

— Gente, chegaram tão cedo? O que houve? — A mulher perguntou desconfiada.

— Fomos expulsos da escola mundial — Valéria diz sem rodeios, enquanto sentava-se ao lado dela.

Helena levantou com os olhos arregalados, pois fora pega completamente desprevenida e ficou bastante surpresa.

— O quê? Mas como assim? O que vocês fizeram? Cadê a Majo? — Helena os bombardeou de pergunta.

— Calma, a Majo não foi expulsa, deve tá lá na escola ainda — Alicia respondeu.

— E nós não fizemos nada — Davi diz em defesa dele e de seus amigos.

— Fomos vítima de uma armação — Daniel fala com um ar sério.

— De uma armação? Como assim? Me expliquem isso que agora eu to confusa demais — Helena pediu sem entender nada.

Os órfãos suspiraram e logo sentaram-se ao redor de Helena, para poderem explicar melhor o que tinha acontecido.

— Você lembra que eu fui dopado ontem na final do campeonato, não é? — O Zapata a questiona e Helena assente, ainda confusa.

— Claro que eu me lembro, como poderia esquecer? — Ela rebate — Mas o que isso tem a ver?

— Então, a diretora acabou descobrindo isso — Paulo continuou.

— E passou revistando a mochila de cada aluno presente na sala de aula, a procura de alguma pista ou vestígio — Valéria o acompanhou.

— Só que o improvável aconteceu — Daniel volta a dizer — Ela achou soníferos e seringas nos pertences de cada um de nós, com exceção da Majo, o que é bem estranho.

— Mas nós não fizemos nada disso, ou seja, alguém colocou aquelas coisas nas nossas mochilas pra nos encrencar — Alicia fala.

Helena ouvia tudo atentamente e ficou boquiaberta ao terminarem o relato.

— Meu Deus, isso realmente é sério — Ela comenta espantada — e também é estranho que a Majo tenha sido a única a não ser incriminada.

— Exatamente — Daniel concorda.

— Mas essa diretora é meio maluca — Prosseguiu Helena — Porque você se auto doparia e ainda deixaria os vestígios do crime na própria mochila?

— Foi isso que um dos alunos argumentou — O Zapata diz.

— Mas como você pode ver, não adiantou muito — Valéria responde dando um sorriso torto.

— Mas então, o que vamos fazer? — Davi indagou focando o olhar em Helena.

A mulher ficou calada por alguns minutos, como se estivesse pensando no que fazer, numa solução para aquele problema, até que finalmente se pronunciou.

— Já sei! — Ela exclama — Vou ir falar com a diretora, é o máximo que podemos fazer agora, vou tentar argumentar com ela e desfazer o mal entendido.

Os órfãos se entreolham, sabendo que aquilo não seria uma boa ideia, pois conheciam muito bem como era a diretora Olívia, dificilmente ela cederia.

— Mas vocês tem alguma ideia de quem armou isso pra cima de vocês? — Helena indagou e os órfãos suaram frio, não poderiam dizer e meter Helena nessa confusão toda, por isso optaram por negar.

— Não, nem fazemos ideia — Daniel respondeu balançando a cabeça para os lados.

— Então tudo bem, fiquem aqui que eu vou só pegar minha bolsa e ir até a escola de vocês — A mulher diz e começa a subir as escadas rumo ao seu quarto.

— Ou no caso, ex-escola — Valéria murmurou sarcástica, causando risos entre seus amigos.

Helena desceu as escadas apressadamente e se despediu deles bem rápido, logo em seguida saindo da mansão e zarpando rumo à escola mundial.

Os órfãos procuraram esquecer aquilo um pouco, por mais difícil que fosse, eles tinham que tentar. Visando isso, eles decidiram ir para seus respectivos quartos, porém ao começarem a caminhar em direção as escadas, a porta da mansão é aberta, e por ela, entra Maria Joaquina, com uma feição bastante triste e cabisbaixa. Era nítida a angústia no rosto da garota, o que acabou deixando seus amigos bem preocupados.

— Tá tudo bem, Majo? — Alicia perguntou fitando-a.

— Preciso falar com todos vocês urgentemente — Ela ignora a pergunta da amiga e diz decidida, enquanto alternava o olhar entre todos eles.

(...)

Helena andava em passos apressados em direção à escola mundial, por mais que, na verdade, os órfãos não fossem seus sobrinhos, ela nutria um sentimento muito forte por eles, algo que não conseguia explicar, só sabia que os seis supriam a falta que seu filho Eduardo e seu marido Renê a causavam.

Com o ritmo acelerado, não demorou muito e a mulher chegou em frente ao colégio, ela cumprimentou rapidamente o porteiro com um aceno de mão e um sorriso, e se pôs a entrar no local. Um pouco perdida, ela achou a sala da diretora Olívia. Deu uma leve batida na porta e pôde ouvir um “entre” da mulher, que permitia a sua entrada.

Helena reparou bem a sua volta e notou o quão organizada e limpa era a sala de Olívia, fazendo jus a mulher. Ela caminhou, dessa vez em passos lentos, até uma das cadeiras da sala e sentou-se, um pouco desconfortável. Ela começou a se ajeitar, como se estivesse procurando a melhor posição.

— Hm, pelo visto a senhorita já ficou informada a respeito da expulsão dos seus sobrinhos — Olívia comentou com um sorriso, provavelmente sarcástico, deduziu Helena.

— Sim, e vim desfazer essa injustiça que a senhora cometeu — Helena diz séria, sem nem sequer desviar os olhos da diretora.

— Injustiça? — Olívia indagou se levantou de sua cadeira, em seguida começando a caminhar em círculos.

— Sim, e das grandes, meus sobrinhos não fizeram isso — Helena os defende. Dessa vez, como a diretora estava trás de Helena, a mulher não conseguiu vê-la.

— Ora essa, seus sobrinhos foram pegos em flagrante e a senhorita quer dizer que eu estou cometendo uma injustiça? — Olívia brada irritada, enquanto volta para sua cadeira.

— Diretora, isso não é o suficiente, qualquer um pode ter armado pra cima deles, não é estranho o fato do Daniel ter os objetos dentro da mochila dele? E a Maria Joaquina? A única que não foi incriminada — Helena se exalta, dessa vez se levantando.

— Olha, senhorita Fernandes, contra fatos não há argumentos, eles foram pegos no flagra e estão expulsos, eu não vou voltar atrás com a minha palavra — Olívia diz decidida.

Helena suspirou derrotada, não havia conseguido convencer a diretora e sua dúvida agora era apenas o que fazer daqui pra frente com os órfãos, já que haviam sido expulsos bem na reta final do ano letivo.

(...)

Na mansão, os órfãos se entreolharam confusos, mas viram a aflição no rosto de Maria Joaquina, por isso logo voltaram e sentaram-se no sofá da sala de estar, esperando que ela falasse.

— Então Majo, estamos esperando — Daniel diz fitando-a.

— Foi o Jorge quem incriminou vocês — Majo diz sendo direta e os órfãos ficam enfurecidos, só confirmando o que eles já suspeitavam.

— Tsc, como imaginávamos — Paulo diz irritado.

— E tem mais — Maria Joaquina volta a falar — Preciso confessar pra vocês.

— Então nos conte — Alicia pediu curiosa.

— Ele vem me chantageando por todo esse tempo e fazendo coisas horríveis, já me deu tapa, já me xingou, já aprontou muito pra cima de vocês, inclusive foi ele o responsável por te dopar, Daniel — Majo diz, sem graça.

Os órfãos só ficaram mais irritados ainda, Jorge estava passando completamente dos limites.

— Mas que babaca, eu passei mal de verdade — Daniel comenta indignado.

— E o Jorge é meu meio irmão — Majo confessa outra coisa.

Alicia e Valéria não se surpreenderam muito, mas por outro lado, os meninos ficaram boquiabertos.

— O quê? Tem certeza? — Davi indagou confuso.

Maria Joaquina suspirou e contou tudo pra eles a respeito de ser meia irmã de Jorge, deixando-os bem surpresos.

— Mas Majo, pelo o que você contou, o Jorge tava te chantageando por todo esse tempo e ameaçava contar nosso segredo caso você não cumprisse o que ele mandava, certo? — Valéria perguntou.

— Sim — Majo confirma.

— Então porque resolveu nos contar tudo isso? — A Ferreira voltou a questionar.

— Porque eu já cansei de tudo isso, o Jorge é um completo babaca e passou de todos os limites, isso precisa acabar e eu não sabia o que fazer, por isso resolvi conta-los logo tudo, as palavras do Daniel ficaram na minha cabeça — Majo desabafa.

O Zapata sorri satisfeito, por ela ter o escutado.

— Olha, Majo, no fundo estamos muito felizes por você ter nos contado tudo isso — Daniel diz sorridente.

— Sério? — Ela indaga sem entender.

— Claro — Alicia afirma — Porque você mostrou que confia na gente e que nunca nos esqueceu.

— E mais — Daniel continua — Você é praticamente a heroína de nossas vidas, porque se não fosse por você, estaríamos no orfanato nesse exato momento.

— Galera, vocês não sabem o quanto eu senti a falta de vocês — Majo fala quase chorando e os seis se abraçam.

Os órfãos estavam como nos velhos tempos, só eles e mais ninguém ali, unidos, como uma verdadeira família.

— Mas então, e agora o que vamos fazer? — Valéria perguntou quando o abraço coletivo havia terminado.

— Eu tive uma ideia — Daniel diz e rapidamente ganha a atenção de todos — E se nós fôssemos até a escola e confessássemos pra diretora que somos órfãos? Assim o plano do Jorge iria por água abaixo, afinal, o que ele faria?

— É uma ótima ideia — Paulo admite se jogando no sofá — Assim nós não ficamos mais nas mãos dele.

— Só que de quebra, nós ganhamos problemas com as autoridades — Alicia murmura.

— Antes isso do que ficar sendo chantageado pelo Jorge — Diz Davi.

— Então tá decidido, é isso que a gente vai fazer — Maria Joaquina diz convicta e os órfãos sorriem felizes, por estarem unidos novamente.

(...)

Na mansão dos Cavalieri, Nat se encontrava muito pensativa em seu quarto, Jorge havia mudado bastante desde que ela havia se mudado pra Alemanha e a garota não gostava desse “novo” primo. Por isso tinha que desmascara-lo o quanto antes, pois assim ele provavelmente mudaria novamente.

Suspirando, ela começou a caminhar pelo seu quarto, enquanto olhava fixamente para a câmera de Laura em suas mãos.  Uma batida na porta soou pelo local e a garota sussurrou um “entre”, logo em seguida vendo seu primo entrar. Ele parecia mais calmo, com um sorriso brando e gentil no rosto. Ele aproximou-se lentamente dela.

— E aí, tá tudo bem? — Ele perguntou e Nat assentiu.

— Jorge, eu não vou poder participar da reunião hoje — A ruiva anuncia com uma voz bem baixa, porém audível.

— E porque não? — Ele indagou confuso, sentando-se na cama dela.

— É que eu tinha combinado de sair com minhas amigas e não posso furar com elas, me desculpa — Ela pediu com um sorriso.

Jorge até que ficou satisfeito, pois Nat tava bem estranha e poderia acabar atrapalhando em algo.

— Tudo bem, então vou me preparar, Abelardo e Margarida já devem estar chegando — Jorge declara e se retira do quarto dela, indo em direção ao seu.

Natasha observou atentamente e quando Jorge havia sumido de sua visão, ela foi até a sala em passos lentos e com bastante cuidado, depositou a câmera digital em um lugar muito bem escondido e discreto do local, seu plano era poder gravar tudo que Jorge e seus comparsas dissessem.

“Me desculpa por estar fazendo isso, primo” — Nat pensou consigo mesmo quando terminou de depositar o objeto e se retirar de onde estava.

(...)

Na mansão de Helena, os órfãos conversavam euforicamente na sala de estar, como nos velhos tempos, só eles e mais ninguém. Helena até havia chegado faz um tempo, mas todos preferiram não contar pra mulher o plano que haviam elaborado.

Valéria e Davi aproveitaram para contar aos amigos que estavam juntos, e os outros comemoram contentes por eles. O clima era bom, até que uma batida na porta se faz presente e Daniel corre para atender, se deparando com Cirilo.

— Ah, oi Cirilo, e aí, tudo pronto pra festa? — O Zapata perguntou gentil.

— Sai, eu não quero conversa com vocês, jamais imaginei que fariam isso — Cirilo diz com uma cara de poucos amigos.

— O quê? — Paulo brada indignado — Você realmente acha que foi a gente que fez aquilo?

— Vocês foram pegos em flagrantes — Cirilo responde o óbvio — Só vim avisar que vocês não estão mais convidados pra festa, além do mais o Daniel e a Valéria foram demitidos, meu pai ficou incrédulo ao descobrir tudo.

Paulo, mais do que irritado, tenta partir pra cima de Cirilo, mas é parado por Daniel.

Cirilo, com medo que o Guerra fizesse algo, sai sem se despedir e volta para sua casa.

— Deixa Paulo, é normal que ele desconfie assim de nós, afinal, o plano do Jorge era justamente esse, que tenham ódio da gente. Agora estamos sozinhos nessa, como nos velhos tempos — O Zapata fala acalmando o amigo.

(...)

Abelardo e Margarida ficaram completamente maravilhados ao chegarem na mansão dos Cavalieri, era muito grande e bonita, deixando-os boquiabertos. Eles foram logo recepcionados pelo mordomo, que os levou até Jorge, que já o esperavam na sala de estar.

— Olá, meus queridos aliados — Jorge cumprimenta com um sorriso sarcástico.

— Uau, Jorge, sua casa é realmente incrível — Margarida elogia, ainda olhando ao seu redor.

— E põe incrível nisso — Abelardo a acompanha.

— Obrigado — Ele agradece — Agora se sentem, porque temos uma importante reunião pela frente.

Os dois sentam-se como foram ordenados pelo Cavalieri, mas logo percebem a ausência de Nat, deixando-os bem confuso.

— Ué, cadê sua prima? Achei que viria pra reunião também — Abelardo questiona sem entender.

— Ela até iria participar, mas teve que sair — Ele explica — Mas enfim, com ou sem ela, vamos iniciar.

— Jorge, você não acha que pegamos pesado com eles ao incrimina-los? — Margarida insiste no mesmo papo de antes.

— Eu já disse que não — O mauricinho volta a repetir — E mesmo que tivesse, agora é tarde, eles já foram expulsos.

— E como você conseguiu as seringas e os soníferos? — Margarida pergunta.

— Ligando pra farmácia, ué — Jorge responde o óbvio, enquanto mostra o celular pra eles.

— E porque poupamos a Majo? Por mim ela teria sido expulsa logo também — Dessa vez quem questiona é Abelardo.

— Eu já disse, precisamos de um deles por perto, ou nunca vamos descobrir o que eles escondem — Jorge responde na maior de cara pau, quando na verdade já sabia de todo o segredo dos órfãos.

— Mas chega desse papo, até porque o Jorge nos chamou aqui pra debater a respeito do que fazer daqui pra frente e não ficar remoendo o passado — Margarida intervém, dando um fim naquele assunto.

— Exatamente — Jorge prossegue — Bem, eu tava pensando no seguinte...

O papo dos vilões se estendeu por longos minutos, sem sequer imaginarem que tudo que estavam falando, encontrava-se sendo filmado pela câmera de Laura, posto naquele local por Natasha.

(...)

No dia seguinte, a primeira coisa que Natasha fez ao acordar, foi ir em direção à sala de estar e recolher a câmera de Laura com muito cuidado, para que ninguém percebesse. A garota assistiu atentamente a cada frase dita no vídeo e sorriu, finalmente tinha provas concretas e suficientes contra o primo.

Ela ficou mais contente ainda ao saber que Jorge estava no banho e havia deixado seu celular jogado sobre a cama. A ruiva adentrou o quarto do primo vagarosamente e pegou o aparelho em suas mãos, guardando-o no bolso logo em seguida, a ligação para farmácia era mais uma prova contra ele.

O Cavalieri, ao sair do banheiro e não encontrar seu celular na cama, ficou muito desconfiado, pois tinha certeza que havia deixado o objeto naquele lugar. Depois de secar-se e se arrumar, ele desceu as escadas muito confuso e encontrou sua prima já arrumada para a escola, e com um sorriso bem grande estampado no rosto.

— Nossa, acordada tão cedo? — Ele indagou.

— Pois é, to com um bom pressentimento hoje — Ela respondeu e se levantou, logo em seguida se retirando da sala.

Jorge a observou com muita atenção e ficou se perguntando se ela tinha ligação com o sumiço de seu celular.

(...)

Na mansão dos órfãos, todos acabaram acordando bem cedo, pois com o plano em mente, eles não poderiam se atrasar. Mesmo expulsos, isso não impedia deles irem até a escola, e sem falar que Majo ainda estudava lá. Após estarem bem dispostos e alimentados, todos se reuniram na sala.

— Bem, estão todos preparados? É hoje... — Daniel diz com um semblante preocupado.

— Sim, estamos — Todos começam a responder em uníssono.

— Seja o que Deus quiser... — Valéria comenta murmurando.

— Galera, independente do que acontecer, estaremos sempre juntos, mesmo que nos separem, estaremos ligados pelo coração, isso ninguém jamais irá nos tirar — Daniel diz convicto e todos se abraçam novamente, pois aquele poderia ser o último dia de suas vidas juntos.

Em pouco tempo eles zarparam para a escola, todos os alunos estranharam os órfãos chegando na escola, afinal eles haviam sido expulsos. Mesmo bem nervosos, todos eles adentraram a sala da diretora, que ficou confusa ao vê-los.

— Isso é algum tipo de complô contra mim? — Ela indagou irritada — Saiam da minha sala, não quero conversa com vocês.

— Diretora, a gente tem uma séria confissão pra fazer — Majo diz e a diretora os olha, com desprezo.

— Eu já disse que não tenho nada pra falar e nem ouvir, agora saiam da minha sala — A mulher ordena novamente e abre a porta do local, indicando para eles saírem.

Daniel suspira fortemente e fecha os olhos antes de poder dizer.

— Nós somos órfãos...


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Notas finais do capítulo

Eita amigos! Que complicado hein?! Será que o plano dos órfãos vai dar certo? Reta final a todo vapor!

E a Nat finalmente tem provas concretas contra o primo! Veremos no próximo se dará certo!

E pois é queridos leitores, falando em próximo, o próximo já é o último capítulo da fic...

Mas eu quero que saibam desde já que sou imensamente grato a todos vocês, sem exceção, obrigado mesmo!

Espero que tenham curtido o penúltimo capítulo, me perdoem qualquer erro, e quem não viu ainda, dá uma passadinha lá na minha outra fic, eu ficaria muito agradecido! :D

Perdoe-me por qualquer erro e até o último capítulo! :D



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