Carrossel: Órfãos e Perdidos escrita por Gronk Spike


Capítulo 39
Capítulo 38 - A cartada final


Notas iniciais do capítulo

Fala meus queridos leitores, tudo bem com vocês? Então, chego aqui com mais um capítulo pra vocês, dessa vez o 38, vulgo antepenúltimo capítulo!

Nele, temos algumas surpresinhas, e pra recompensar um pouco da minha demora, trouxe um capítulo longo pra vocês =)

Ah, antes de mais nada, eu queria dar um aviso. Seguinte, como todos sabem, essa fic já está chegando ao fim (só vamos até o capítulo 40) Maaas, eu queria informa-los que estou com um projeto de fic nova! Inclusive já postei aqui no Nyah, caso gostem da minha escrita e talz, deem lá uma conferida, acho que vocês vão curtir! (Deixarei o link dela nas notas finais!)

Mas chega de enrolação, até as notas finais e boa leitura! :D



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Alicia continuou a correr por algum tempo, até que achou Paulo do lado de fora da escola, juntamente com os outros órfãos — Com exceção de Maria Joaquina — E Helena.

A Gusman pôde notar o olhar triste e distante de Paulo. Ela tentou se aproximar, mas o Guerra recuou, sempre fugindo dela.

— Então, cadê a Majo? — Alicia perguntou tentando desviar daquele clima pesado que se encontrava ali.

— Ela foi pra casa do Jorge — Valéria respondeu — Pelo menos foi o que ela me disse por mensagem.

Daniel se sentiu incomodado por aquilo. Maria Joaquina havia o beijado momentos antes e agora já tinha corrido para os braços do Cavalieri. Porém o Zapata preferiu não comentar nada.

— E você, Helena? Tá aqui há quanto tempo? Eu nem lembro de ter te visto no jogo — Alicia fala pensativa.

— Eu vi tudo pela arquibancada, aliás, já dei até os parabéns pros garotos — Ela diz sorridente — E eu só não fui na enfermaria ver como que o Daniel estava, porque já tinha ido muita gente, mas graças a Deus que tá tudo bem agora.

— Bem, então vamos pra casa? — Valéria indagou e todos concordaram, logo em seguida começando a caminhar pela rua.

Durante todo o trajeto de volta para a mansão, todos ali presentes repararam no semblante triste e chateado de Paulo, que não falou nada por todo o caminho.

Eles também não deixaram passar despercebido o olhar preocupado de Alicia sobre o Guerra, o que só causava mais dúvida em todos.

Em pouco tempo chegaram em casa, Helena rapidamente abriu a porta dando passagem para todos eles entrarem. Coincidentemente, logo após adentrarem a mansão, eles escutam algumas batidas na porta, o que faz todos eles se entreolharem.

— Alguém de vocês pode atender? — Helena pediu — Eu to cansada, vou tomar um banho e ir deitar.

Davi não perdeu tempo e correu rumo à porta, abrindo-a e dando de cara com Natasha.

— Nat? Tá tudo bem? — O garoto perguntou sem entender o motivo da visita dela.

— Ah, tá sim — Ela garante com um sorriso, procurando mostrar que realmente estava tudo bem — Será que eu poderia entrar? Tenho uma coisa importante pra mostrar pra vocês.

Mesmo ainda bem confuso, o Rabinovich deu passagem para que a ruiva passasse. Quando todos a viram, logo também ficaram sem entender nada.

— Eu sei que vocês devem tá se perguntando o que eu to fazendo aqui, mas preciso que escutem isso — Natasha se pronuncia e tira o celular do bolso, mostrando a mesma gravação que havia mostrado para Valéria algumas horas antes.

Com exceção de Valéria, todos os órfãos ficaram completamente surpresos e boquiabertos ao escutarem tudo aquilo.

“Então quer dizer que o foi o Abelardo quem enviou aquela mensagem para o celular do Paulo?” — Alicia se perguntou por meio dos pensamentos, caindo na real.

— Isso tem que acabar, o Jorge tá jogando muito pesado — Daniel diz furioso com o mauricinho.

— Sim, tem que acabar urgentemente, eu já estou pensando em algo para desmascarar ele — Nat responde e só agora percebe a ausência de Maria Joaquina — Ué, cadê a Majo?

— Foi pra casa do Jorge — O Zapata diz preocupado — Sabe se lá o que ele pode fazer com ela...

— Então é melhor eu ir pra casa, ele não vai fazer nada pra ela comigo lá — A ruiva fala e se despede de todos, logo em seguida indo rumo à mansão do primo.

Os órfãos ficaram extremamente pensativos a respeito daquilo, tentando achar uma solução para aquele problema.

Paulo, por outro lado, estava tão distraído e avoado que não reparou — E nem fez questão — No que Nat havia dito, seus pensamentos ainda estavam focados no beijo de Abelardo e Alicia.

— Então, o que vamos fazer? — Valéria perguntou alternando o olhar entre os amigos.

— Ainda não sei, mas temos que agir rápido — Daniel responde com o olhar distante, enquanto dava um longo suspiro.

(...)

Majo chegou à casa de Jorge com muito medo, ela nem conseguia imaginar o que o garoto poderia fazer naquele momento, pois sabia que ele estava morrendo de fúria.

Com bastante cautela, ela entrou no quarto dele, deparando-se com Jorge sentado em sua cama, com os cotovelos apoiados na perna e o rosto entre as mãos, era nítido o nervosismo do Cavalieri.

— Jorge, tá tudo bem? — Majo indagou quase que num sussurro.

Ele nada respondeu, um pequeno silêncio se fez presente, até que o garoto se levantou vagarosamente e começou a se aproximar de Majo, do mesmo jeito que antes, bem lentamente.

— E você ainda pergunta? — Ele rebate retoricamente — É óbvio que eu não estou bem. Sabe o que eu devia fazer? Eu devia era te dar um tapa.

Maria Joaquina viu a mão de Jorge levantar e vir em direção ao seu rosto. A garota fechou os olhos esperando pelo impacto, que não veio. Ela abriu os olhos sem pressa e viu que Jorge havia desistido.

— Mas não vou fazer isso — Ele diz convicto e Majo se sente mais aliviada.

— Não? O que vai fazer então? — Ela pergunta, temendo a resposta.

— Não queira nem imaginar — Ele diz de forma macabra, enquanto sorri — Mas eu já me cansei de vocês, hora da cartada final.

A garota engole em seco, tentando processar tudo aquilo, nem sequer imaginava o que Jorge poderia fazer, pois dele esperava de tudo.

(...)

Na mansão dos órfãos, todos desistem de tentar pensar em algo e começam a se retirar da sala, tinha sido um longo dia, e descansar naquele momento seria muito útil.

Paulo caminhava em direção ao seu quarto sozinho, ainda se encontrava triste e desolado, não queria ter que acreditar nos seus olhos, no que havia visto.

De repente, ele é parado por uma mão, que o puxa pelo braço, fazendo-o ficar cara a cara com a pessoa que estava o puxando.

— Eu acho que a gente precisa conversar — Alicia diz com uma feição séria.

— Não temos nada pra conversar, eu não quero te ouvir — Paulo diz decidido.

— Me escuta, por favor — Alicia implora — Só te peço isso.

— Você tem cinco minutos — O Guerra fala conferindo as horas em seu celular.

— Obrigada por me deixar explic... — Alicia tentou dizer, mas foi interrompida por Paulo.

— Quatro minutos... — Paulo volta a dizer olhando para o aparelho.

— Olha, você sabe que eu não quis aquele beijo, foi à força — Ela argumenta.

— Disso eu já não sei — Paulo murmura.

— Outro fato, é que na gravação da Nat, deixou bem claro que quem roubou o celular da Carmen foi o Abelardo, ou seja, ele nos queria prejudicar, você não pode cair nas armações dele assim, Paulo — Alicia se justifica novamente.

O menino ficou um pouco pensativo, de fato, aquilo era verdade. Mas era muito difícil acreditar em algo quando seus próprios olhos haviam presenciado tudo.

— Olha, Alicia, eu gosto muito de você — Paulo começou — E você sabe disso, afinal, o tanto que eu corri atrás de você não foi pouco. Eu queria muito acreditar no que você me disse, mas meus olhos viram, é inevitável, desculpa.

Dito isso, ele vira as costas e entra em seu quarto. Aquilo chegava a doer mais no garoto no que em Alicia.

A Gusman desabou no chão, segurando-se para não chorar, precisava ser muito forte naquele momento.

“Será que eu perdi o Paulo pra sempre? Não, isso não pode acontecer, eu sei o quanto ele batalhou por mim, agora é minha vez de correr atrás” — Alicia sentenciou decidida, não poderia deixar o amado escapar de seus braços daquela maneira.

(...)

No quarto de Davi, as coisas estavam um pouco apimentadas para o garoto e Valéria. Ambos se encontravam beijando-se vorazmente na cama do Rabinovich, sentados um de frente para o outro.

Os dois se sentiam muito feliz e acharam que aquele momento poderia ser perfeito para ficarem um pouco juntos.

O ar se fez ausente e eles se separaram ofegantes, mas Davi, não querendo perder o ritmo, desceu os beijos para o pescoço de Valéria, deixando a garota completamente arrepiada e suspirando.

— Melhor ir com calma, Davi, você tá muito apressadinho, hein?! — A menina indaga o empurrando bem levemente.

— Desculpa, é que eu tava com muita saudade desses nossos momentos assim — Ele responde enquanto acaricia o rosto dela.

— Pode acreditar que eu também — Valéria diz e dá um rápido selinho no garoto.

Davi sentou se apoiando na cabeceira da cama e Valéria vai até o garoto, sentando-se de costas para ele. O Rabinovich aproveitou e passou os braços pela cintura de Valéria, abraçando-a por trás.

— Vem cá, fui só eu que reparei o quão a Alicia e o Paulo tavam estranhos? — Valéria perguntou, mudando o assunto.

— Pior que não, eu também reparei — Davi diz suspirando — Só não sei o que aconteceu, vai ver os dois brigaram novamente.

— É o mais provável — Valéria concorda — O mais estranho, era que o Paulo tava com uma cara triste, chateada. Não é normal pra quem tava se gabando por ter marcado o gol do título.

— Sim, nem parecia o Paulo que nós conhecemos — Davi comenta.

— Vou tentar conversar com a Alicia depois, saber o que está se passando — Valéria diz.

— Val, a gente vai contar pros nossos amigos que estamos juntos? — Davi questiona, trocando novamente o assunto.

— Ah, não vejo problema, eles são nossos melhores amigos mesmo — A menina diz, dando de ombros.

— Exatamente, sem falar que não é novidade pra ninguém que nós nos amamos — Davi diz rindo e Valéria o acompanha.

— É verdade — Ela sussurra.

— Nossa, a hora passou voando, acho melhor irmos dormir, amanhã temos aula bem cedo, isso sem contar com a festa do Cirilo — Davi diz se levantando.

— É, você tem razão —Valéria fala — Bem, boa noite Davizinho.

— Boa noite, Valéria — Os dois se despedem com um rápido beijo e a menina se retira do quarto.

Davi deitou-se em sua cama com um sorriso estampado no rosto, finalmente sua vida estava entrando nos eixos.

(...)

Maria Joaquina acabou chegando em casa um pouco tarde, a garota se encontrava bem exausta e sabia que iria acordar indisposta para a aula no dia seguinte.

As palavras de Jorge ainda a atormentava, nada vinha na mente da Médsen, o que tornava tudo mais complicado ainda.

Ela começou a subir as escadas, e quando virou o corredor que dava na direção de seu quarto, deparou-se com Daniel, que estava encostado na parede, com os braços cruzados, parecia que a esperava há um bom tempo.

— Ai que susto! — Ela exclamou levando a mão ao peito e Daniel deu um riso discreto — O que você quer?

— Conversar — Ele responde sútil — Acho que não terminamos aquela nossa conversa de hoje mais cedo.

— Ah é verdade, você ia me dizer algo e foi interrompido pela galera entrando na enfermaria — Ela fala recordando-se do momento — Então, o que queria?

— Majo, eu volto a insistir, o Jorge tem te feito algo? — Ele pergunta.

— Eu já disse mil vezes que não, para de perseguir o Jorge, que chato — Ela defende o Cavalieri, mesmo a contragosto.

— Você tá muito distante de nós, seus amigos, parece até que se esqueceu de tudo que já passamos naquele orfanato — Daniel argumenta, e Maria Joaquina sorri, lembrando-se dos momentos.

— Eu não esqueci, jamais — Ela garante — É só que algumas coisas mudam, é natural da vida.

— Tudo bem, nisso eu concordo — Daniel volta a dizer — Mas lembre-se, sempre que estiver em apuros, você pode pedir ajuda.

O Zapata termina e se retira do local, deixando Majo perdida em seus pensamentos, aquelas palavras ficaram martelando a mente da garota por um longo tempo.

“... Lembre-se, sempre que estiver em apuros, você pode pedir ajuda.”

(...)

No dia seguinte, na mansão dos Cavalieri, Jorge acordou bem cedo, antes de todos da casa, mas apesar disso, negou quando Nat o chamou para ir à escola e disse que iria depois, porque tinha algo mais importante para fazer, tudo fazia parte de seu plano.

Como normalmente em todas as terças-feiras, seus pais saíram bem cedo de casa, pois tinham um importante compromisso e só voltariam bem tarde da noite.

Com só Jorge e os funcionários em casa, o Cavalieri fez uma rápida ligação, encomendando uns produtos. Bem sorridente, ele recebeu o entregador em casa e pagou pela encomenda, enquanto voltava para dentro da mansão.

Calmamente, ele foi até seu quarto, onde depositou todos os produtos em cima da cama. Com muita cautela, ele abriu as sacolas e observou atentamente a cada objeto que ali se encontrava.

“É órfãos, chegou a hora de vocês” — Ele pensou com um sorriso cruel no rosto, ao mesmo tempo em que olhava as sacolas.

(...)

O clima na escola mundial era o melhor possível, logo quando os órfãos chegaram, puderam notar que por todos os lados haviam cartazes e pôsteres os parabenizando pelo título do campeonato. Mesmo ainda bem triste, Paulo se maravilhou com aquilo.

— Fala, campeões, dormiram bem? Espero que sim, o dia de ontem foi mágico — Jaime cumprimentou os meninos, quando eles se aproximaram dos outros.

— Eu dormi feito um bebê — Davi diz sorridente, lembrando-se de sua noite com Valéria.

— Paulo sempre dorme bem, principalmente depois do gol do título, tsc — O Guerra fala dele mesmo na terceira pessoa, enquanto se gaba.

— Apesar do mal estar de ontem, dormi tranquilo — Daniel diz respirando fundo.

— Menos mal, porque ainda hoje tem a comemoração que o pai do Cirilo organizou, depois das aulas — Jaime os lembra.

— Sim, tá faltando algumas coisas serem feitas, mas é o de menos, tá praticamente tudo pronto. — Cirilo diz.

— Vou procurar me divertir muito nessa festa, pra ver se eu esqueço a Alicia um pouco — Paulo murmurou para si mesmo.

(...)

Do outro lado do pátio, as meninas faziam o mesmo, falavam a respeito da grande final do dia anterior.

— Foi um jogo muito sentimental, ainda bem que os meninos da escola mundial venceram — Laura diz sorridente.

— Pois é, e coincidentemente, todos os gols foram marcados pelos meus primos — Valéria diz se gabando.

Maria Joaquina, que nem prestava atenção na conversa, percorreu os olhos por todo o local, procurando por Jorge, que incrivelmente ainda não havia chego, o que de certa forma era raro, pois o Cavalieri quase nunca se atrasava.

— Nat, cadê seu primo? — Majo perguntou curiosa.

—Ah, ele já deve tá chegando, eu perguntei se ele vinha comigo mais cedo, mas ele negou, disse que tinha algo mais importante para fazer. —A ruiva respondeu.

Aquela resposta só assustou a garota mais ainda, pois ela temeu que essa coisa importante fosse algo que Jorge estivesse planejando contra seus amigos, um calafrio rapidamente se fez presente no corpo da garota, arrepiando-a por inteiro.

Quem estava muito mal — E não passou despercebido por ninguém — Era Alicia, por mais que a menina fosse forte, foi inevitável e ela não conseguiu segurar o choro de noite, chegando a acordar com várias olheiras.

— Alicia, tá tudo bem? — Marcelina perguntou vendo o estado dela.

— Tá, tá sim, só to meio cansada, dormi meio mal — A menina mente, forçando um sorriso.

Jorge chegou logo em seguida, e por coincidência, o sino soou, indicando o começo das aulas.

(...)

Durante as aulas, um barulho de salto alto batendo contra o chão de mármore se fez presente, indicando que a diretora Olívia se aproximava. A mulher, com seu costumeiro leque, entrou na sala de aula dos órfãos com um sorriso bem aberto no rosto, aparentava estar feliz, o que espantou todos no local.

— Podemos ajudar, diretora? — O professor perguntou gentil.

— Ah, claro professor Carlos, só vim aqui dá algumas palavrinhas com eles — Olívia diz ainda sorridente.

Os alunos ficaram em total silêncio e esperaram pelo discurso da mulher.

— Eu só vim parabenizar os jogadores pelo título e as líderes de torcida pela belíssima coreografia, vocês estão de parabéns, com certeza essa conquista já está marcada na história da escola mundial — A mulher diz com muita empolgação.

Uma rápida salva de palmas começa no recinto, os alunos nunca haviam visto a diretora tão contente daquele jeito.

— E minha promessa será cumprida, cada jogador terá um ponto na média final — Olívia anuncia, e os gritos se intensificam.

— Agora sim o Jaime passa de ano — Valéria comenta debochada, causando risos em todos os alunos.

— Hahaha, engraçadinha — Jaime ri sem graça e fecha a cara.

— Bem, é só isso que eu tinha pra dizer, boa aula para todos — A mulher termina e se retira da sala, dando continuidade as aulas normalmente.

— Caramba, eu nunca tinha visto a diretora feliz assim — O Palilo comenta com seus amigos.

— Da última vez que ela tava feliz assim, foi porque tinha expulsado alguém da escola — Mário diz rindo.

(...)

O intervalo chegou e como no começo do dia, o clima ainda era bem agradável, os alunos, como de costume, foram jogar futebol na quadra da escola.

Porém Paulo, naquele dia, havia optado por não jogar, estava completamente sem ânimo e só seria um peso na equipe. Visando isso, ele sentou-se na arquibancada e passou a assistir o jogo, mesmo que estivesse com o olhar bem distante.

Jorge observava tudo aquilo atentamente, não fazia ideia do porque Paulo estar para baixo daquele jeito, mas já se sentiu satisfeito. Com cautela, ele aproximou-se de Abelardo e Margarida, deduziu que algum deles poderia saber de alguma coisa.

— Aí, vocês sabem o porquê daquilo ali? — Jorge indagou apontando para Paulo.

— Daquilo o quê? — Abelardo rebateu sem entender.

Jorge revirou os olhos. Como tinha se aliado a dois burros?

— Daquele olhar triste, desolado do Paulo — O Cavalieri respondeu já sem paciência.

— Eu não faço ideia — Margarida responde sem interesse, enquanto olhava as unhas.

— Ah, ele tá assim porque me viu beijar a Alicia ontem, deve ter ficado com ciúmes da prima — Abelardo diz.

Jorge logo começa a sorrir, mais do que satisfeito por aquilo, até que não tinha aliados tão burros assim.

— Mandou bem, Abelardo — Jorge comenta, deixando o garoto confuso.

— Mandei bem? Por quê? — Ele indaga sem entender.

— Nada não, esquece — O Cavalieri diz — É o seguinte, venham comigo que eu tenho uma importante missão para vocês.

— Uau, mais uma? Estou dentro — Abelardo comemora.

— É, eu também, já não aguentava mais de tédio — Margarida se pronuncia.

— Então beleza, me sigam — Jorge diz e começa a caminhar, sendo seguido de perto pelos dois.

(...)

Natasha caminhava sozinha pelos corredores da escola mundial. A menina estava bem distraída, pois não parava de pensar no que fazer para ajudar os órfãos, afinal, eles já haviam sofrido demais nas mãos de seu primo.

— Tenho que fazer algo e é urgente, Jorge precisa ser logo desmascarado — Ela fala para si mesmo.

Ela continua a caminhar, sem rumo, enquanto mais ideias vinham à sua cabeça.

— Bem, toda terça o tio e a tia tem aquele compromisso importante, isso facilita minha vida, preciso pensar em algo...

— Falando sozinha, Nat? — Uma voz surge pelo local e a ruiva se vira, deparando-se com Laura.

— Laurinha? Tá aí há muito tempo? — Nat perguntou com medo que ela tivesse escutado tudo.

— Que nada, cheguei agora, mas e aí? Tava falando o quê? — A outra insiste.

—Ah, nada demais... — Nat mente, mas até que uma ideia surge em sua mente — Vem cá, Laurinha, será que você poderia me emprestar aquela sua câmera digital que tem uma imagem ótima?

— Aquela que eu usei ontem pra gravar o jogo dos meninos e a dança das líderes de torcida? — Laura pergunta tentando se lembrar.

— Sim, essa mesmo — Nat confirma.

— Pra quê você precisa dela? — A menina indagou desconfiada.

— Ah, nada demais, só uma coisa que eu preciso fazer e como a sua câmera tem uma imagem boa, achei que você poderia me emprestar, mas se não puder, não tem proble... — Nat tenta falar, mas Laura a interrompe.

— Ah, eu te empresto sim — Laura diz sorridente — Depois das aulas passa lá em casa que eu te dou ela.

— Obrigada, Laurinha, prometo que vou zelar e te devolver rápido — Natasha agradece também sorrindo e as duas se retiram de lá.

(...)

— Então, Jorge, pra que você chamou a gente aqui pra dentro da sala de aula? — Abelardo questiona confuso.

— Olhem isso — Jorge ignora a pergunta do garoto e mostra para os dois as sacolas que ele tinha encomendado mais cedo, cheias de seringas e soníferos.

— Ué, porque você trouxe isso pra escola? — Margarida pergunta sem entender.

— Lembram que o Daniel passou mal ontem? — Jorge indaga e os dois assentem, ainda sem entender nada — Então, fui eu quem o dopei, colocando sonífero na garrafa de água dele.

— O QUÊ? — Ambos arregalam os olhos em sinal de surpresa, não imaginavam que Jorge iria fazer aquilo. Pelo menos não sem avisa-los antes.

— Porque você fez isso? — Margarida perguntou.

— É, o menino passou muito mal — Abelardo argumenta.

— Deixem de reclamar — Jorge intervém — Principalmente você Abelardo, porque se ele não tivesse passado mal, você não teria entrado no lugar dele.

— É, faz sentido — O outro diz pensativo.

— Mas eu ainda não entendi o porquê das seringas e dos soníferos — Margarida diz apontando para as sacolas.

— Não tá óbvio? — Jorge pergunta alternando o olhar entre os dois, que negam com a cabeça — Simples, nós vamos incriminar todos os primos do Daniel, junto com ele mesmo.

— O QUÊ? — Novamente surpresos, os dois gritam em uníssono.

— Vão arregar? — Jorge provoca.

— Você sabe que eu não gosto que duvidem de mim — Abelardo diz decidido, enquanto tomava a sacola da mão do Cavalieri — Então, como vai ser?

— Seguinte, a Margarida coloca seringas e soníferos nos pertences da Valéria e do Davi. Você Abelardo, coloca na mochila do Paulo e da Alicia. E por fim eu coloco nas coisas do Daniel — Ele explica.

— Ué, mas e a Maria Joaquina? — Margarida pergunta confusa.

— Ela nós não vamos incriminar, pois precisamos de pelo menos um deles por perto — Jorge justifica e eles rapidamente cumprem o plano, colocando os soníferos e as seringas nos pertences dos órfãos.

— Perfeito, agora é só eu fazer uma denúncia anônima pra diretora e acabou a linha pra eles — Jorge diz mais para si do que para seus aliados.

(...)

O intervalo terminou em pouco tempo, e logo todos os alunos se puseram a caminhar em direção à sala de aula, tinham ainda mais longas aulas pela frente.

Não se passaram nem cinco minutos e a diretora Olívia voltou a entrar na sala de aula, dessa vez seu semblante não estava nada bom.

— A senhora já nos parabenizou, diretora — Jaime comenta irônico e todos riem.

— Silêncio — Ela esbraveja e todos se calam, se perguntando onde estaria aquele bom humor de mais cedo. — Durante o intervalo, eu recebi uma denúncia anônima, de que o aluno Daniel Fernandes fora dopado na final do campeonato de ontem.

O silêncio reinava na sala, todos não faziam ideia de como a diretora havia descoberto aquilo.

— É inadmissível, inaceitável que uma escola como a nossa tenha que passar por esses problemas, vamos ficar muito mal falados lá fora, a escola mundial vai perder seu prestígio, pais com medo não colocarão mais seus filhos aqui, outros tirarão. Em todos esses anos como diretora, eu nunca havia passado por isso antes, é incrível que vocês se superam a cada dia — A mulher continuou — Só quero que saibam, eu vou achar o culpado, ou os culpados.

Jorge levantou a mão discretamente e a diretora apontou para ele, como se estivesse dando permissão para ele falar.

— Diretora, que tal a senhora revistar a mochila de cada um aqui presente? Assim o meliante não tem escapatória — Jorge sugere sutilmente e a mulher parece achar a ideia muito boa.

— Ótima ideia, Jorge Cavalieri — Ela elogia — Todos abrindo suas mochilas.

Olívia foi passando por cada um, revistando atentamente cada mochila. Todos da sala ficaram boquiabertos quando a mulher achou seringas e soníferos na mochila dos órfãos — Com exceção de Majo — Ninguém queria acreditar naquilo.

— O QUÊ? — Todos eles começaram a gritar, sem entender nada — Não, diretora, nós não somos culpados.

— Vocês ainda querem se defender? Foram pegos em flagrantes — A mulher diz furiosa.

Todos os alunos estavam suando frio, se perguntando o que Olívia iria fazer. Apenas Jorge mantinha um sorriso na cara, um sorriso debochado, irônico, mas acima de tudo, satisfeito, seu plano havia dado mais do que certo.

— O que mais me surpreende, é que o próprio aluno que foi dopado, tinha vestígios do ato em seus pertences, pelo visto esqueceu de tirar quando chegou em casa, não é? — A diretora permaneceu irritada.

— Diretora, o que a senhora vai fazer? — Daniel perguntou temendo a resposta.

— Não é óbvio? — Olívia perguntou com um sorriso sarcástico — Vocês estão expulsos da Escola Mundial.


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Notas finais do capítulo

Expulsos! Pois é queridos leitores, Jorge passou de um limite que já não havia mais!

Será que nossos amados órfãos conseguirão escapar dessa? Reta final da fic cada vez mais pegando fogo!

Espero que tenham curtido, perdoem-me por qualquer erro. Obrigado a todos e até o próximo! :D

PS: Link da nova fic: https://fanfiction.com.br/historia/681647/The_Kingdom_Os_Sete_Pecados_Capitais/