Carrossel: Órfãos e Perdidos escrita por Gronk Spike


Capítulo 36
Capítulo 35 - Uma nova aliada


Notas iniciais do capítulo

Olá olá! Demorei novamente, eu sei, porém estou na mesma situação de antes, felizmente consegui tirar esse final de semana pra postar mais um capítulo, peço desculpas pela minha demora e agradeço a todos que comentaram no capítulo anterior!

Mas enfim, aqui está o capítulo 35 da fic, estamos cada vez mais nos aproximando do fim, segurem os forninhos e boa leitura! :D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/637658/chapter/36

Ao amanhecer, Maria Joaquina acordou bem indisposta e cansada. A garota levantou-se lentamente e seguiu até o banheiro de seu quarto, ela logo se olhou no espelho e passou a mão pelo rosto vermelho, que ainda doía pela tapa desferido por Jorge.

Após um longo suspiro, ela finalmente criou coragem e saiu do quarto, dando de cara com suas melhores amigas, que a olhavam preocupadíssimas.

— Estão me vigiando agora? — Majo indagou um pouco rude e tentou passar por elas, sem sucesso.

— Deixa disso, Majo — Valéria ralhou.

— É, a gente só quer saber se tá tudo bem com você. Sumiu e não apareceu mais ontem — Alicia completou.

— Eu to ótima, não tem porque se preocuparem — Majo garantiu — Agora me deem licença.

Quando a garota tentou novamente passar pelas amigas, Valéria imediatamente notou o rosto machucado de Majo.

— Ei, espera —Valéria a impediu — O que é isso no seu rosto?

— É, tá bem vermelho — Alicia diz desconfiada — O que aconteceu?

Majo começou a suar frio e tentou rapidamente arrumar uma resposta. Não poderia dizer nunca para elas que havia tomado um tapa de Jorge.

— Eu nem reparei nisso — Ela mentiu — Deve ser só uma alergia ou algo assim, nada demais.

— Alergia? — A Ferreira questionou com os olhos semicerrados.

— Nada demais? — A Gusman acompanhou a amiga.

— Que isso gente? Não confiam mais em mim não? Eu hein... — Majo bradou.

— Em você até sim... — Alicia murmura.

— No Jorge que não... — Valéria prosseguiu.

Maria Joaquina respirou fundo antes de começar a defender o canalha do Jorge.

— Vem cá, o que deu em todo mundo pra ficar desconfiando do meu namorado? Já chega, eu já disse que tá tudo bem, agora me deixem em paz — Majo terminou e se retirou, deixando suas amigas para trás.

Alicia e Valéria se entreolharam muito preocupadas, porém ao mesmo tempo bem desconfiadas. Não era normal Majo agir daquele jeito.

Perdidas em pensamentos, as garotas nem repararam na aproximação de Davi, que havia chegado no local.

— Tá tudo bem com vocês duas? — Ele perguntou alternando o olhar entre ambas.

— Ah, claro que sim — Alicia responde piscando os olhos e saindo do transe.

— É, tá tudo bem — Valéria confirma.

— Então, será que a gente podia conversar? É rapidinho — Davi fala para Valéria.

A Ferreira olha rapidamente para a amiga, como se pedisse um conselho. Alicia não pensou duas vezes e a olhou como se dissesse: “Vai lá”

Valéria assentiu e virou-se novamente para o Rabinovich.

— Claro, vamos — Ela responde e os dois saem do local, dessa vez, deixando a Gusman sozinha.

Alicia pensou em também sair dali, mas ao virar-se, teve uma surpresa. Paulo estava parado em sua frente e em questão de segundos, agarrou-a pela cintura.

— Cadê meu beijo de bom dia? — O Guerra pediu dengoso e Alicia riu.

— Calma, Paulo, é melhor termos cuidado — Ela advertiu olhando para os lados — Alguém pode nos ver.

— Ah, vai Alicia, é só um beijinho, saudades de te beijar — Paulo continuou no mesmo tom.

— Mas a gente não se beija há algumas horas, apenas — Alicia fala como se fosse óbvio.

— Pra mim é uma eternidade — Ele afirmou e a Gusman voltou a sorrir.

— Vai ganhar o beijo só porque foi romântico — Alicia diz debochada e os dois se beijam.

No começo, foi só um selinho — E essa era realmente a ideia da garota — Mas do jeito que Paulo era, ele rapidamente tentou aprofundar o beijo. A Gusman até se levou pelo momento no começo, porém logo um raio de lucidez caiu sobre ela.

— Melhor a gente parar, Paulo — Ela fala cessando o ato — Vai que alguém nos flagra aqui.

— É, verdade — Ele concorda — Porém mais tarde eu quero mais.

Ele se despede e dá um ultimo selinho em Alicia, que sai muito contente em direção ao seu quarto.

(...)

— Então, Davi, algum problema? — Valéria perguntou calmamente enquanto sorria.

— Eu só queria saber como que a gente fica depois do beijo — Ele diz — Você sabe que eu gosto de você, quero ficar contigo, juntos.

— Eu até queria também, Davi — Valéria diz e começa a morder os lábios — Mas não dá.

— Ué, e eu posso saber o por quê? — Ele questiona curioso.

— Porque a Margarida tá envolvida nisso — Ela responde aflita.

— Margarida? Dane-se ela, eu gosto é de você — Davi anunciou decidido.

A garota sorriu com as palavras, mas se manteve firme.

— Eu fico muito feliz em ouvir isso, mas eu peço que primeiro você esclareça tudo com a Margarida, aí depois nós podemos ficar juntos. Sabe, eu não me sinto bem sabendo que ela também gosta de você — Valéria explica.

— Tudo bem, se é por você, eu faço isso — Davi garante e Valéria sorri.

Os dois dão um rápido selinho e se abraçam logo em seguida.

(...)

Em pouco tempo, os órfãos chegaram ao colégio, para a sorte de todos, era uma sexta-feira. O clima entre eles era variado.

Davi e Valéria estavam convivendo amigavelmente, apesar dela ter pedido para o menino esclarecer tudo com Margarida, ambos se sentiam muito bem em relação um ao outro.

Paulo e Alicia eram, talvez, o mais felizes. O clima entre eles não poderia ser melhor e os dois não viam a hora de ficarem a sós. Apesar de que eles combinaram que na frente das outras pessoas, fingiriam sempre brigar.

Maria Joaquina e Daniel eram os piores. Por mais que Majo não quisesse tratar o garoto daquele jeito, ela tinha que fazer isso, afinal, ela estava zelando a vida de seus amigos — E inclusive a de Daniel também — Já o Zapata, não fazia ideia do porque dela estar agindo daquela maneira, mas tinha decidido interrogar Jorge novamente.

Talvez a maior surpresa do dia inteiro, tenha sido o fato que a diretora chamou todos os jogadores do time da escola mundial para sua sala. Mesmo bem confusos e com medo, eles se dirigiram até a sala da mulher, que mantinha uma feição misteriosa no rosto.

— Mandou nos chamar, diretora Olivia? — Jaime, como capitão, se pronunciou.

— Sim, Jaime Palilo, tenho um recado muito importante para vocês. Sentem-se — A mulher ordenou e apesar da sala não ser muito grande, todos conseguiram se acomodar.

— Estamos esperando... — Paulo murmurou e logo recebeu uma fraca cotovelada de Davi, que o repreendia.

— Bem, como todos devem saber — Começou a diretora — A final do campeonato está chegando.

— Sim, é nessa segunda-feira — Jaime a interrompe e recebe um olhar mortal da mulher.

— Sem interrupções, senhor Palilo — Ela advertiu e o menino assentiu, engolindo em seco.

— Desculpe — Ele sussurrou.

— Como eu ia dizendo, a final está chegando, e como todos vocês devem saber, estamos na final do campeonato por dois anos seguidos. E, acredito eu, que ninguém aqui quer ser vice mais uma vez, quer? — Olivia perguntou sorrindo.

Os jogadores do time rapidamente negaram com a cabeça, e o sorriso da mulher só fez crescer.

— Como eu imaginava — Ela sussurrou — Visando isso, eu resolvi fazer algo, para que incentive, motive vocês pra essa final.

Os meninos logo começaram a se animar e um burburinho soou pelo local.

— Que tipo de incentivo, diretora? — Daniel perguntou gentilmente.

— Simples, eu decidi que se a escola mundial for campeã, cada jogador do time terá um ponto na média final — Ela declara.

O burburinho que já havia se iniciado, só fez aumentar, os alunos não conseguiram conter o ânimo.

— Tá falando sério, diretora? — Jaime indagou empolgado.

— E eu sou mulher de brincadeira, Jaime? — Olivia rebateu e mandou que todos se retirassem de sua sala.

Bem eufóricos, eles saíram da diretoria. Sem dúvidas, todos estavam bem animados, porém, de longe, Jaime era o que estava mais feliz, já que não era novidade pra ninguém que as notas do garoto eram as piores da sala.

As meninas logo se aproximaram dos garotos, elas estavam muito curiosas a respeito do papo que eles tiveram com a diretora.

— E aí, o que ela queria? — Alicia indagou interessada.

— Não é da sua conta, Alicia, deixa de ser intrometida — Paulo diz brigando com ela falsamente, como ambos haviam combinado.

— Só podia ser o Paulo mesmo, pra ser grosseiro desse jeito — A Gusman rebateu, também fingindo está irritada.

— Calma, gente, não precisam brigar — Interviu Daniel — A diretora só queria avisar que se vencermos a final, cada jogador terá um ponto na média final.

— Mas que injustiça —Alicia bradou — E as outras pessoas que apoiaram a equipe?

— Deixa de chorar, Alicia, somos nós jogadores que estamos dentro da quadra vencendo — Paulo continuou a falsa briga.

— Ah, mas é até bom o Paulo ganhar ponto, é um burro mesmo — Alicia também prosseguiu.

Quem estava mais do que feliz em ver aquilo, era Jorge. O Cavalieri observava tudo ao longe e jurava que a briga dos dois era cem por cento real, que os dois realmente estavam discutindo.

“Eu sou um verdadeiro gênio, consegui separar os dois facilmente” — Jorge pensou enquanto sorria.

Porém seu sorriso logo se desfez ao ver Abelardo e Margarida postando-se em sua frente.

— O que vocês querem? — Ele perguntou entediado.

—Conversar com você — A menina diz.

— Então digam logo — Jorge manda e começa a caminhar, sendo seguido por ambos.

— Jorge, a gente quer saber se realmente foi útil eu e a Margarida termos feito aquilo — Abelardo continuou — Sabe, o que eu fiz foi um crime. Afinal, pra que serviu isso?

— Mas vocês são insistentes, hein?! Já falei pra terem calma, na hora certa vocês descobrirão. Tudo que eu posso dizer é que foi muito útil o que vocês fizeram, isso eu garanto, me ajudou bastante — Jorge afirma.

Mesmo bem confusos, os dois assentiram, e tudo que vinham em suas mentes, era pra que Jorge havia precisado daquilo.

(...)

O dia na escola havia sido bem cansativo e os órfãos comemoram muito quando as aulas acabaram.

Antes de poder ir trabalhar, a primeira coisa que Daniel fez foi ir até a casa de Jorge, o Zapata estava decidido e iria interrogar o garoto mais uma vez.

Já bem irritado, ele chegou à mansão dos Cavalieri e foi recepcionado pelo mordomo, que o levou até o quarto de Jorge.

— Ora, mas que surpresa agradável, Daniel — O mauricinho diz irônico e Daniel revira os olhos, sem paciência.

— Jorge, porque a Maria Joaquina tá estranha daquele jeito? — Daniel ignora o comentário do garoto e pergunta diretamente.

— Estranha? Como assim? Eu não reparei nada — Ele se faz de desentendido e Daniel suspira.

— Tem certeza? — O Zapata insiste.

— Tenho sim — O loiro garante —Aliás, eu queria te pedir desculpas.

— Pelo o quê? — Daniel indagou desconfiado.

— Por ter persistido em algo inexistente, agora eu sei que você e seus primos não escondem nada, eu fui muito tolo em pensar aquilo, me desculpa mesmo — Jorge fala falsamente e mantendo o cinismo, tudo que ele queria era despistar Daniel.

O Zapata arqueou a sobrancelha e fitou o garoto seriamente, não acreditando totalmente em suas palavras.

— Hm, tudo bem — Daniel murmura, mas sem certeza do que estava falando.

— E ah, pode deixar que eu vou tentar descobrir o porque da Majo está assim, é o mínimo que eu posso fazer como namorado dela — Jorge assegura e Daniel continua desconfiado.

Após mais algumas palavras trocadas, o Zapata se despede e sai da mansão do mauricinho, que solta todo o riso preso que estava segurando.

“Que idiota, caiu fácil no que eu disse” — Jorge afirmou por entre os pensamentos, enquanto continuava a rir.

(...)

Maria Joaquina encontrava-se em seu quarto lendo um de seus livros favoritos, era pelo menos uma distração na vida da garota, no meio de tantos fatos conturbados...

Em certo momento, uma mensagem chegou no celular da garota, atrapalhando sua leitura. Ela rapidamente pegou o aparelho e leu o que estava escrito, era uma mensagem de Jorge.

“Vem pra minha casa agora, rápido”

Majo ignorou a mensagem e continuou a sua leitura, só que dentro de poucos minutos, o celular novamente vibrou.

Vai ficar me ignorando? Ok, bom saber que você quer voltar pro orfanato com esse bando de idiota”

A garota suspirou fundo e levantou-se lentamente, decidindo que faria o que Jorge tinha mandado, ou as coisas poderiam ficar feias para o lado dela e de seus amigos.

(...)

Daniel voltava para a mansão, desolado, não conseguira arrancar nada de Jorge, o que tornava as coisas mais complicadas ainda, só restou ao garoto ir trabalhar.

O Zapata ficou completamente surpreso ao deparar-se com Natasha, que estava parada em frente à mansão.

— Nat, o que você tá fazendo aqui? — Daniel perguntou confuso.

— Eu preciso falar com você, urgentemente — Ela anuncia e Daniel fica curioso.

— Tem que ser agora? É que eu to meio atrasad.. — O menino tentou dizer, sendo interrompido pela ruiva.

— Sim, tem que ser agora, é a coisa mais importante que eu vou fazer na minha vida — Ela diz séria e Daniel fica preocupado.

— Bem, então vamos entrar — Ele pede e os dois adentram ao casarão, dando de cara com os outros órfãos, que se encontravam no sofá da sala de estar.

— Que bom que quase todos estão aqui presentes — Nat comentou reparando a ausência de Majo, que estava na casa de Jorge — Assim fica mais fácil eu contar logo tudo, já que tem a ver com todos.

Daniel só ficou mais confuso ainda e o restante dos órfãos não entenderam nada.

— Pois então nos diga logo — Alicia pediu um pouco enciumada, ela não gostava da amizade tão próxima que a Cavalieri tinha com seu namorado.

— Seguinte, eu já sei que vocês são órfãos — Natasha manda diretamente e todos eles levantam de supetão, completamente pegos de surpresa.

— Como é? — Paulo exclamou.

— Isso é algum tipo de piada? — Valéria indagou tentando contornar a situação.

— Não precisam mais fingir, gente, eu já sei de tudo — Nat volta a insistir e os órfãos se veem sem saída.

— Tudo bem, Natasha, você nos venceu — Daniel confessa — Somos sim órfãos, porém acima de tudo irmãos! Há algum tempo, fugimos de um incêndio que ocorreu no nosso orfanato e viemos parar aqui, Helena nos acolheu e vivemos essa mentira até hoje. Mas e agora que você sabe de tudo isso, vai nos denunciar? Se quiser, vai em frente.

— Não, galera, eu não vou fazer isso — A ruiva garantiu —Tudo que eu quero é pedir desculpas pra vocês, porque fui eu que descobri o segredo e contei tudo para o Jorge.

Se antes a reação dos órfãos havia sido surpresa, agora eles estavam morrendo de raiva, praticamente soltavam fumaça pelo nariz.

— Mas porque você fez isso? — Davi questionou.

— E pra quê? — Valéria o acompanhou.

— E como descobriu? — Alicia continuou, não dando fim ao interrogatório.

— Eu descobri naquela festa que vocês organizaram, dopei o Paulo e fiz ele confessar tudo — Nat diz completamente sem graça, ruborizando.

— O quê? — Paulo berrou inconformado — Por isso eu acordei com dor de cabeça daquele jeito?

Natasha apenas assentiu, ainda envergonhada.

— E eu achando que você era minha amiga, que burro que eu fui — Paulo gritou mais uma vez.

— Olha, Nat, estamos profundamente decepcionados com você, jamais pensei que seria capaz disso — Daniel diz um pouco enfurecido, ele tentava manter a calma.

— Mas, por favor, me escutem, vocês nem sabem o motivo pelo qual eu fiz isso — Natasha implorou.

— E tem um motivo? — Davi ironizou também chateado.

— Sim, tem — Nat responde — É que eu devia algo ao Jorge, e ele me disse que se eu descobrisse o que vocês escondiam, nós ficaríamos quites.

— E o que foi que o Jorge te fez? — Valéria perguntou.

— É uma longa história — A ruiva começou — Há bastante tempo, quando eu tinha por volta de doze anos, eu comecei a namorar com um cara chamado Alison, meus pais diziam que eu era muito nova pra isso, mas eu não liguei — Ela deu uma pausa — O fato é que eu gostava muito dele, só que o Alison me escondia algo, ele era usuário de drogas, e quando menos percebi, eu já estava envolvida naquele mundo horrível, foi complicado demais pra mim. Não to me fazendo de coitadinha nem nada do tipo, só quero que vocês me compreendam, que vejam meu lado.

— Sim, mas onde o Jorge entra nessa história? — Daniel pergunta confuso.

— Não só ele, mas a família dele inteira me ajudaram muito na minha reabilitação, o Jorge era um amor de pessoa, sempre atencioso e amigável, não sei o que aconteceu pra ele mudar assim. Enfim, só sei que depois que eu melhorei, eu terminei com o Alison e me mudei pra Alemanha, tentar recomeçar minha vida lá, eu só queria esquecer que um dia eu usei drogas e me vi completamente em dívida com o Jorge — Natasha terminou o desabafo totalmente aliviada, era como se tirasse um imenso peso das costas.

Os órfãos se entreolharam completamente comovidos pela história de Nat, nunca imaginariam que ela havia passado por tudo aquilo.

Até que uma ideia veio à cabeça de Daniel.

— Olha, tive uma ideia — Ele anunciou e rapidamente recebeu toda a atenção — A gente tá bem desapontado com você, mas se nos ajudar a desmascarar o Jorge, nós a perdoamos.

Todos os outros órfãos pareceram gostar da ideia, menos Alicia, que mantinha um pé atrás em relação à ruiva.

— E como vamos saber se podemos confiar nela? — A Gusman perguntou — Já nos apunhalou uma vez, não seria difícil fazer novamente.

— Galera, se eu quisesse prejudicar vocês, eu já teria denunciado — Natasha argumenta — Mas não, eu vim aqui apenas pedir desculpas.

— É, faz sentido — Davi concorda.

— Mas por mim tudo bem, eu aceito a condição de vocês, vou tentar desmascarar o Jorge e reverter o que eu fiz. — Nat diz com um sorriso.

Os órfãos, mesmo tendo relutado um pouco, foram até a garota e a abraçaram, mostrando-a que ela tinha amigos verdadeiros ao seu lado.

— Fico muito feliz que tenham me dado essa chance, vou provar que não sou essa pessoa má que muitos pensam — Nat declara.

(...)

— Já sei, você me chamou aqui só pra eu ficar longe do Daniel — Majo comenta enquanto chegava na casa do Cavalieri.

— Nossa, tá ficando esperta essa minha meia irmã — Jorge ironiza com um sorriso debochado.

A garota revirou os olhos e sentou-se em um canto qualquer do quarto do menino.

— Mas falando sério agora, você tem dado suspeita pro Daniel? — Jorge perguntou fechando o semblante.

— Claro que não — Majo responde sem entender — Nem pra ele e nem pra ninguém lá da mansão, mas porque a pergunta?

— Porque seu namoradinho veio aqui em casa tirar satisfações comigo, perguntando se eu sabia a causa do seu comportamento estranho — Jorge diz.

— Estranho, eu não dei suspeitas pra ninguém, inclusive to tratando ele bem mal — Majo comenta.

— É bom mesmo — O garoto diz — Porque você já sabe, um passo em falso e eu destruo a vida de vocês.

— Tá, Jorge, eu já sei disso — Ela fala já cansada daquele papo.

— É, mas eu sempre falo pra não correr o risco de você esquecer, agora fica quietinha aí no seu lugar — Ele ordena e começa a mexer em seu celular.

(...)

Na parte da tarde, quando Natasha já havia ido embora da mansão, Paulo e Alicia finalmente conseguiram um tempo para ficarem juntos, sozinhos.

Daniel e Valéria estavam trabalhando, Davi se encontrava trancado em seu quarto e Majo nem sequer estava na casa. Era o momento perfeito que os dois queriam e precisavam.

No jardim da mansão, ambos se encontravam deitados na grama, apenas observando o céu.

— Você mandou muito bem hoje na nossa falsa discussão — Paulo a elogia e a garota esboça um sorriso.

— Você também — Ela devolve — Acho que convencemos todos.

— Mas sabe — Paulo diz mudando de assunto — Fiquei decepcionado pelo o que a Nat fez, nunca esperava isso dela.

— É, eu me surpreendi também — Alicia confessa — Por isso devemos saber quem são nossos amigos.

— Mas você acha que a gente pode confiar nela agora? — O Guerra retruca.

— Ah, sei lá, vai saber... Ela me pareceu muito arrependida e tem uma história bem comovente, veremos daqui pra frente... — A Gusman diz com o olhar perdido nas nuvens.

— Mas vamos esquecer isso um pouco — Paulo pede — Eu vim foi pra passar um tempo com você.

— Hm, to gostando de ver — Ela diz rindo.

Os dois rapidamente se sentam de frente um para o outro e começam a se beijar, dessa vez, por incrível que pareça, bem calmamente, para poderem curtir o momento, e o clima agradável ajudava bastante.

Eles se separam ofegantes, trocam um último selinho e passam a observar um ao outro, enquanto sorriem.

— Sabia que você é linda? — O Guerra fala retoricamente e passa uma mecha de cabelo da garota para atrás da orelha.

— Se você diz... Obrigada — A Gusman fala rindo e Paulo a acompanha.

— Queria te perguntar uma coisa, posso? — Paulo indaga e Alicia assente — Como você se apaixonou por mim?

— Poxa, pergunta complicada — Ela admite — Bem, primeiro de tudo você foi a primeira pessoa que me encorajou a ser quem eu sou, isso ainda lá no orfanato, você levantou minha autoestima de um jeito incrível e inexplicável. De resto foi aos poucos, eu percebi o quão você era bonito e se preocupava com os amigos e apesar das nossas brigas, isso só me aproximou mais ainda de você. Mas e você? Como teve certeza que estava apaixonado por mim?

— Isso foi fácil — Paulo garantiu — Primeiro de tudo, você é muito linda, a mais bela que eu conheço. Segundo que você era totalmente diferente das outras meninas e isso me admirava e mesmo com todas nossas discussões, eu jamais deixei de me encantar por você, nunca gostei de uma pessoa como gosto de você.

Alicia sorriu com aquelas palavras e o deu um rápido beijo.

— Nunca mesmo? Mas e a Majo e a Valéria? — Alicia perguntou brincalhona.

— Ah, eu gosto delas sim, mas é como amigas claro, já que elas sempre estiveram ao nosso lado o tempo todo, mas com você é algo diferente, indescritível — Paulo responde novamente.

— Nossa, quantas palavras bonitas, agora eu já sei de onde você tirava inspiração pras cartas — Alicia comenta e os dois riem.

Ambos ficaram mais um tempo ali, conversando e namorando, aproveitando o pouco momento que tinham a sós...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Pois é meus queridos leitores, que triste o passado da Nat, não? Agora sabemos o porque dela ter ajudado o Jorge no plano dele.

Aliás falando nisso, Nat se aliou aos órfãos! Será que sai boa coisa daí?

O momento final Paulicia foi bem fofinho, espero que tenham curtido :D

Peço desculpas mais uma vez pela minha demora! Perdoem-me também por qualquer erro, espero que tenham gostado e até o próximo!