Carrossel: Órfãos e Perdidos escrita por Gronk Spike


Capítulo 35
Capítulo 34 - Reconciliação


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu demorei muito (mais de 10 dias!) Por isso peço mil perdões a cada um de vocês. Mas sabem como é né?! Começo de ano pra mim é um terror, espero que me compreendam...

Mas enfim, cá estou eu com mais um capítulo! Que por sinal, é o maior da fic até agora (considerem como uma forma de recompensar vocês, por eu ter demorado tanto kk) Nele, temos algumas surpresinhas, espero que gostem e boa leitura! :D



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No dia seguinte, a primeira coisa que Davi fez antes de poder ir pra escola, foi conversar com Valéria. Ele sabia que a garota se encontrava bem irritada com ele, mas o Rabinovich não poderia deixar que aquele beijo de Margarida afetasse o relacionamento deles, que até então estava indo tudo muito bem.

Quando Valéria saiu de seu quarto, bem cabisbaixa por sinal, logo foi surpreendida pela mão de Davi, que a segurou pelo braço. A garota fitou o menino e arqueou a sobrancelha, como se perguntasse o que ele queria.

— Podemos conversar? — Ele perguntou sério.

— Não — Valéria diz ríspida e se solta.

— Qual é, Valéria? Você vai deixar a Margarida destruir nosso relacionamento desse jeito? — Davi indagou incrédulo.

— Não foi só ela — Valéria murmurou — Afinal, uma pessoa não beija sozinha, não é Davi?

— O quê? Você tá insinuando que eu quis aquele beijo? Foi aquela louca que veio pra cima de mim e me beijou — Davi argumentou.

— Olha, Davi, é sempre a mesma desculpa, eu já cansei, e aliás, você não me deve satisfações de nada, pode beijar a Margarida o quanto quiser, agora com licença... — Ela termina e se retira.

Davi fica sozinho no local. Ele deu um longo suspiro antes de também sair de lá, enquanto se lamentava pelos pensamentos.

(...)

Em pouco tempo, os órfãos chegaram ao colégio. Do lado dos meninos, Jaime recepcionou-os com bastante empolgação.

— Galera, papo sério agora — Jaime anunciou — A final tá chegando e a gente tem que se preparar muito pra esse jogo, não podemos perder.

— É, o Jaime tá certo — Mário concorda — E o pior de tudo, é que se perdermos, vai ser a segunda derrota consecutiva na final.

— Prometo que vou dar meu máximo na final — Daniel sussurrou desanimado.

— É, eu também, e sem pressão, se for pra vencer, a gente vai, mas se não for, não vai — Paulo bradou um pouco rude. Ainda se encontrava irritado pela discussão com Alicia.

— Nossa, quanto otimismo, Paulo — Davi ironizou e o Guerra deu de ombros.

— Então, já sabem o esquema — Jaime continuou — No fim de semana, quero todo mundo aqui pra treinar.

Todos assentiram e foram em direção à sala de aula.

(...)

Pra variar, as primeiras aulas passaram-se arrastando, mas para felicidade de quase todos os alunos, a próxima aula seria justamente educação física.

Os meninos se divertiram muito jogando e logo depois da atividade, sentaram-se na arquibancada, para poder acompanhar a partida das meninas, que se encontravam bem desanimadas — Exceto por Alicia, que adorava jogar — Paulo aproveitou pra descontrair um pouco.

— Vai ser engraçado as ver jogando, é uma pior que a outra — O Guerra caçoou rindo muito.

— O que você tá falando, Paulo? A Alicia joga muito bem e você sabe disso — Davi o lembrou e Paulo revirou os olhos.

— Alicia é exceção, fora ela só tem perna de pau nesse time das meninas — Paulo não parava com a zombaria.

Davi desistiu de tentar argumentar e suspirou.

(...)

Tudo corria muito bem durante a partida, só que em certo momento, Valéria e Margarida — Que se encontravam em equipes opostas — Se estranharam após uma forte dividida e começaram a sair no tapa. Pra falar a verdade, Valéria que havia agredido a menina, a Ferreira estava morrendo de raiva e aquilo foi à gota d’agua. Margarida, que não entendeu nada, apenas se defendeu e retribuiu os tapas de Valéria.

Logo um tumulto se formou em volta das duas, e como um raio, Davi correu para separa-las.

— Para com isso, Valéria — Davi ordenou.

— Me solta, Davi — Valéria bradou tentando se soltar.

— Segura bem essa doida, Davi — Margarida pediu enquanto passava a mão pelos ferimentos — Eu não fiz nada e ela partiu pra cima de mim com esses tapas.

— Você não fez nada? E essa entrada forte que você deu em mim durante o jogo? Foi pra me machucar — Valéria esbravejou novamente.

— Eu não fiz de propósito, sua louca — Margarida se defendeu.

— Já chega as duas — O professor se pronunciou pela primeira vez — Querem saber? Pra diretoria, agora.

— Mas professor, eu não fiz nad... —Margarida tentou argumentar, sendo interrompida pelo homem.

— Sem mais, Margarida. Vão logo.

Contrariadas, ambas vão até a sala da diretora Olívia, onde recebem um sermão gigantesco da mulher. E como castigo, as duas ficaram sem intervalo.

(...)

Durante o intervalo, os meninos encontravam-se conversando na arquibancada da quadra, sobre a briga de Valéria e Margarida.

— Caramba, que treta foi essa, hein?! —Cirilo indaga ainda sem acreditar.

— Valéria colocou aquela garota no lugar dela, gostei — Jaime apoia à amiga.

Davi, já cansado daquele papo, interviu.

— Gente, vamos logo jogar, deixem isso pra lá — O Rabinovich insistiu e todos pareceram concordar.

— Ué, mas cadê o Paulo? — Daniel perguntou confuso.

— Ele disse que ia atrás da Carmen — Davi respondeu.

— O que ele quer com minha namorada? — Mário perguntou enciumado?

— Isso eu não sei, mas vamos logo — Davi voltou a responder e todos foram jogar. Mesmo com uma pulga atrás da orelha, o Ayala também foi.

(...)

Paulo, naquele dia, havia decidido que não iria jogar com seus amigos no intervalo da escola, pois tinha uma coisa mais importante a se fazer, descobrir o porquê de Carmen ter o enviado aquela mensagem.

Não demorou muito e o Guerra encontrou-a cabisbaixa, sentada em uma das mesas do refeitório do colégio.

— Podemos conversar? — Ele perguntou postando-se a frente dela.

A Carrilho apenas assentiu.

— Porque você me enviou aquela mensagem? — Paulo foi direto ao ponto e Carmen arqueou a sobrancelha, não entendendo a pergunta.

— Do que você tá falando? — Ela rebateu confusa.

— Disso — Paulo respondeu e retirou seu celular do bolso, logo em seguida mostrando-a mensagem.

A garota ficou completamente sem reação ao ler aquelas palavras. Então quer dizer que o bandido queria apenas prejudicar seu namoro? Isso significava que o criminoso só podia ser alguém próxima a ela, pensou a menina.

— Paulo, não fui eu que te mandei isso — Ela se defendeu.

— Como não? Tá aqui, é seu número — Paulo fala sem entender.

— Sim, mas não fui eu quem enviei, roubaram meu celular ontem — Carmen explica e Paulo fica chocado.

— Caramba, eu não sabia, desculpa — Ele pediu — Mas e você? Tá bem?

— Sim, eu to — Ela garantiu — Só que o Mário teve que brigar com o bandido.

— O que só me espanta é uma coisa — O Guerra falou pensativo — Quem enviou isso pra mim, queria prejudicar alguém.

— Exatamente — Ela concorda — Então só pode ser alguém próximo da gente.

— Verdade. Vou ficar de olho — Ele se despede dela e vai à procura de Alicia, já que aquilo era uma boa noticia, ele finalmente poderia ficar com a Gusman.

Em pouco tempo ele a encontrou, estava sentada em sua cadeira na sala de aula, com os fones de ouvido e os olhos fechados. Paulo sorriu ao vê-la daquela forma e se aproximou, tocando-a pelo ombro.

Alicia abriu os olhos bem devagar e assustou-se ao ver quem era.

— Paulo? — Ela indagou retirando os fones — O que você quer?

— Eu descobri aquele negócio da mensagem — Paulo diz — Não foi a Carmen quem enviou, ela foi roubada ontem.

Por entre os pensamentos, Alicia vibrou de felicidade — Não pelo fato da amiga ter sido roubada, mas sim porque poderia ficar com Paulo — Porém ela sabia que isso poderia ser mais uma das pegadinhas do garoto, por isso se manteve firme.

— E como eu vou saber se você está falando a verdade? — Ela o desafiou.

— Simples, vá lá na Carmen e comprove tudo — Ele respondeu fitando-a.

— Que ridículo, eu não vou fazer isso — Alicia declara e quando tenta ir embora, Paulo a segura pelo braço.

— Alicia, faz isso, por favor — Ele implorou — Se eu tiver mentindo, eu quero que você nunca mais olhe na minha cara.

A Gusman suspirou fundo.

— Tudo bem — Ela se deu por vencida — Mas se for mentira...

Paulo riu satisfeito e viu a menina se distanciar, a procura de Carmen.

(...)

Na partida de futebol dos meninos, as coisas estavam um pouco complicadas. Abelardo ainda se sentia irritado por Mário ter lhe dado uma surra no dia anterior, e como vingança, passou a dar fortíssimas entradas no Ayala durante o jogo. Mário estranhava as intensivas trombadas no garoto sobre si, mas nada fez, pois achou que fosse coisa normal da partida.

Porém Mário perdeu a paciência após Abelardo chuta-lo forte nas pernas e sair sorrindo cínico.

— Aí seu babaca, não sabe jogar sem ficar machucando os outros não? — Mário indagou ficando de frente para Abelardo, que mantinha o sorriso debochado.

— Você que é um fraco — Abelardo caçoou.

Temendo que uma briga novamente acontecesse ali na quadra, Jaime correu em direção aos dois e os separou.

— Sem briga, galera — O Palilo vociferou para os dois, que haviam se distanciado um pouco.

Em certo momento, Mário observou bem o rosto de Abelardo e viu um ferimento no queixo do garoto, exatamente no mesmo local onde ele havia socado o bandido.

“Será que... Não, é impossível o Abelardo ser o ladrão, ele era bem diferente, deve ser coisa da minha cabeça” — Mário refletiu pelos pensamentos.

O clima começou a ficar um pouco mais calmo e eles logo voltaram a jogar, dessa vez sem Abelardo, que achou que já tinha dado o suficiente para o Ayala.

(...)

— Posso falar com você? — Alicia questionou com um sorriso para Carmen, que estranhou o fato de quase todo mundo querer falar com ela naquele dia.

— Claro... — Ela respondeu.

— Bem, desculpa pela indelicadeza, mas é verdade que você foi assaltada? É que o Paulo me contou e eu fiquei sem acreditar — Alicia diz sem rodeios.

— Sim, é verdade — Carmen afirma.

A Carrilho continuou falando algo, porém Alicia mal prestou atenção, estava muito feliz por dentro, pelo fato de que não havia sido a garota a enviar a mensagem para Paulo, eles poderiam finalmente ficar juntos.

— Sinto muito, Carmen — Foi tudo que Alicia disse, antes de se retirar correndo atrás de Paulo.

Por sorte, ela o encontrou no bebedouro. A Gusman esperou que o garoto terminasse de beber água e o surpreendeu com um sorriso, quando ele virou-se.

— Alicia? — Ele exclamou — E então? Você falou com a Carmen?

— Sim, e você tava certo — Alicia respondeu.

— E agora? Vai me dar uma chance? — O Guerra indagou empolgado.

— Paulo, não dá pra falar sobre isso aqui na escola, alguém pode desconfiar — A Gusman o repreende.

— Tá, você tem razão, então quando vamos conversar melhor a respeito disso? — Ele volta a insistir.

— Mais tarde, em casa, depois das aulas — Ela responde dando uma piscadela e se retira, deixando um Paulo muito sorridente para trás.

(...)

Após sair do jogo, Abelardo sentou-se ao lado de Margarida, na arquibancada, e notou-a um pouco avoada.

— Ué, não vai mais jogar? — Ela pergunta sem fita-lo.

— Não — Ele responde — Cansei de jogar com esses otários. Mas e você? Porque tá tão distraída?

— Ah, eu tava só pensando um pouco. Foi muito estranho o Jorge ter pedido pra gente fazer aquilo — Ela confessa suspirando.

— É, eu concordo — Abelardo opina — Aquilo que eu fiz foi um crime, então espero que tenha sido realmente útil e não uma brincadeira sem graça do Jorge.

Margarida olhou-o pela primeira vez no dialogo e assentiu com um semblante bem triste, mostrando que estava bem preocupada com tudo isso.

(...)

Natasha estava vivendo um imenso conflito interno. A garota ainda se sentia muito culpada pelo o que havia feito e não via uma saída, tudo que vinha em sua mente era pedir desculpas aos órfãos, mas sabia que eles não aceitariam.

Caminhando um pouco pelo colégio, a ruiva avistou ao longe Paulo, o garoto estava muito feliz e sorridente. O sorriso era tão contagiante, que Nat riu junto. Ela aproximou-se devagar do Guerra.

— É, pelo visto alguém tá muito feliz hoje — Ela comenta se postando ao lado dele.

Paulo apenas olhou-a e sorriu, confirmando.

— Posso te fazer uma pergunta? — Nat indagou.

— Claro — Ele assentiu.

— Como eu faço pra me redimir de um erro? — Ela voltou a perguntar, esperançosa para que o amigo pudesse a ajudar.

— Que tipo de erro? — Paulo devolveu sem entender.

— Ah, é que cometi um erro com algumas pessoas e posso ter, no fim das contas, destruído a vida deles, to me sentindo muito mal por isso — Nat confessou tristemente.

Paulo arregalou os olhos em sinal de surpresa, não fazia ideia que ela responderia aquilo.

— Nossa, isso é complicado mesmo — Ele comentou — Mas acho que você deve primeiro falar a verdade pra eles, a verdade é sempre a melhor escolha.

—Tudo bem, mas e depois? — A ruiva indagou novamente.

— Depois você tem que se desculpar e tentar reconquistar a confiança deles — Paulo respondeu.

— Mas e se eles não quiserem me desculpar? — Ela questionou receosa.

— Bem, aí eu já não sei, depende do que você tiver feito. Mas afinal, o que foi que você fez? — O Guerra indagou completamente curioso.

Natasha engoliu em seco e começou a pensar em algo.

— Ah, nada demais — Ela desconversou — Foi lá na Alemanha, você não os conhece.

Paulo arqueou a sobrancelha, confuso. Mas no fim acabou acreditando nela. Quem ficou bem apreensiva foi à ruiva, que quase havia deixado tudo escapar.

(...)

Após as aulas, os órfãos rapidamente voltaram para a mansão, e como de costume, bem calados.

Não demorou muito e Jorge mandou uma mensagem para Majo, mandando-a ir para sua casa naquele exato momento. Temendo o que o Cavalieri pudesse fazer caso ela não cumprisse sua ordem, Maria Joaquina logo se arrumou e foi para a casa do garoto, sendo prontamente atendida pelo mordomo da residência.

Silenciosamente, ela entrou no quarto do garoto, que esboçava um sorriso irônico.

— Então, o que queria comigo? — Ela perguntou bufando de raiva.

— Nada — Ele responde tranquilamente, com uma cara de cínico.

Majo revirou os olhos, indignada.

— Ah, não vai me dizer que me chamou aqui pra nada? Eu ia conversar com minhas amigas — Majo exclama irritada.

— Eu só te chamei aqui, porque te quero longe do babaca do Daniel — Jorge prosseguiu — Quanto mais distante vocês estiverem, melhor.

O sangue da garota ferveu e ela só não partiu pra cima do garoto, pois ficou com medo das consequências.

“Não tenho mais porque esconder isso dele, é melhor eu contar logo, é o momento perfeito” — Majo pensou e virou-se para o garoto.

— Jorge, eu preciso te contar algo — Ela anunciou e Jorge pareceu pouco se importar, mantinha os olhos fixos na tela de seu celular.

— É algo importante? Porque se não for, nem precisa perder seu tempo — Ele comentou e a garota suspirou.

— Nós somos meio irmãos — Majo não quis saber de rodeios e foi direta.

Jorge arregalou os olhos, em sinal de surpresa, e levantou-se de supetão.

—Você bebeu? — Ele indagou debochado, não queria acreditar nas palavras da menina.

— Não, é apenas a pura verdade. O meu pai também era o Miguel Médsen. Meu nome completo é Maria Joaquina Médsen — A garota explica.

— Diz que você tá brincando, por favor — Ele suplica.

—Eu bem que queria, mas é a verdade — Majo afirma.

O Cavalieri passa as mãos pelo cabelo, extremamente nervoso. Ele começa a derrubar algumas coisas de sua estante, revoltado. O que acabou assustando Maria Joaquina.

— Calma, Jorge, não é o fim do mundo — Ela comenta.

— Calma? Você quer que eu tenha calma? — Ele indaga irônico — Maria Joaquina, seu pai me abandonou, preferiu ficar com você e agora você quer que eu tenha calma?

— Jorge, ele não te abandonou, ele só não sabia que tava esperando um filho da Rosana — Majo argumenta.

— Não importa, eu me sinto abandonado — Ele esbraveja completamente furioso, causando espanto na garota.

— E o que você vai fazer? — Ela perguntou com medo.

— Primeiro de tudo, isso — Jorge fala e acerta um tapa no rosto de Maria Joaquina, que cai no chão com dor e começa a chorar, mais amedrontada ainda.

— Não precisava disso — A garota soluçou.

— Precisava sim, minha meia irmã — Ele bradou — E agora se prepara, porque você e aquele bando de órfãos vão sofrer mais ainda.

Jorge completou com um sorriso macabro no rosto, fazendo Maria Joaquina estremecer por dentro.

(...)

Na mansão dos órfãos — Mais precisamente na cozinha — Paulo e Alicia conversavam escondidos. A garota finalmente tinha uma resposta e o Guerra estava totalmente ansioso.

— Olha, Paulo, eu pensei muito sobre sua proposta, e resolvi aceita-la — Alicia esclarece, um pouco sem graça.

Paulo nunca esteve tão feliz em sua vida, ele corre em direção à garota e dá um forte abraço nela, que prontamente retribui.

— O que me espanta — Alicia continuou após cessarem o abraço — É que quem roubou o celular da Carmen, queria não só prejudica-la, mas a nós também.

— Bem, isso é verdade — Paulo concorda preocupado — Porém quem mais saberia do nosso segredo?

— Isso que me intriga, só quem sabe são nossos amigos e a Helena — A Gusman fala pensativa.

— Você tá insinuando que...

— Não, nem pense nisso — Alicia o interrompe — Nenhum deles faria isso, somos como irmãos, eu daria a vida por eles e com certeza eles fariam o mesmo por nós. Não foi nenhum deles.

—É, tem razão — Paulo comenta — Mas temos que ficar de olhos bem abertos.

— Mas vamos mudar de assunto um pouco — Alicia pede — A gente tem que combinar como vai levar esse namoro, porque não sei você, mas eu preferiria que ficasse só entre a gente, sabe como é né, nossos amigos iriam nos zoar e tal.

— É, concordo, sem falar que fica mais fácil de esconder nosso segredo também — Paulo diz.

—Acho que tive uma ideia pra ninguém suspeitar do nosso namoro — Alicia comenta — E se na frente dos outros a gente fingíssemos uma briga? Tipo, sempre que estivermos com as outras pessoas, a gente xinga, discute, mas de brincadeira claro, só pra ninguém suspeitar.

— Ótima ideia — Paulo exclama — Mas quando estivermos sozinhos... Eu quero te beijar muito!

— Então vem fazer isso agora, porque pelo o que eu to vendo, não tem mais ninguém aqui — Alicia provoca e Paulo se aproxima dela, começando um beijo selvagem, do jeito que os dois gostavam.

— Esperei tanto por esse dia, fico feliz que tenha me dado uma chance — O Guerra sussurra após o beijo.

Alicia apenas assentiu e sorriu em resposta, mostrando que também estava muito feliz.

(...)

Desde que Jorge havia acertado um tapa em Maria Joaquina, a garota ficou extremamente abalada, não só fisicamente, mas principalmente psicologicamente, nunca pensou que ele faria aquilo.

A garota lamentou mais ainda por não poder ficar com Daniel, e tudo que ela podia fazer, era se recordar dos momentos que havia passado com o garoto.

FLASHBACK ON

Seria mais um dia qualquer no principal orfanato da cidade. Crianças brincando, se divertindo e até algumas delas sendo adotadas.

Porém para a pequena jovem de olhos verdes, chamada Maria Joaquina, seria um pouco diferente.

Por mais que fosse triste, naquele mesmo dia era aniversário — Se é que se podia chamar assim — da morte de seus pais. A garota completava quatro anos sem seus progenitores. Na opinião de Maria, quatro longos anos.

A menina desceu as escadas completamente sem ânimo e cabisbaixa, o que passou despercebido por quase todos. Menos por Daniel, que era muito perceptível — Principalmente se tratando de Maria Joaquina — Mesmo já tendo doze anos, Majo nunca havia superado totalmente a morte de seus pais, aliás, quem superaria?

Após sentar-se à mesa, juntamente com seus amigos, Majo percebeu o olhar preocupado de Daniel sobre si. A garota sorriu meigamente, como se dissesse que estava tudo bem. O Zapata ficou um pouco mais aliviado, porém algo ainda o afligia.

(...)

A desconfiança do garoto voltou novamente, quando na parte da tarde, Maria Joaquina isolou-se no quarto das meninas e se recusou a brincar com seus melhores amigos. Confuso, Daniel foi atrás da garota e bateu na porta do quarto.

— Vai embora quem quer que esteja aí, eu quero ficar sozinha — Ela bradou um pouco rude.

— Calma, Majo, sou eu, o Daniel — O garoto disse e esperou uma resposta positiva da amiga.

— Vai embora, por favor, Daniel — Majo voltou a repetir.

— Maria Joaquina, não é bom se isolar assim. O que aconteceu? Vem brincar com a gente lá embaixo — O Zapata insistiu.

Um pequeno silêncio se estabeleceu, mas logo foi quebrado pelo barulho da porta se abrindo. Daniel esboçou um sorriso, ficando feliz em saber que a garota o havia escutado.

Porém seu sorriso logo se desfez ao vê-la chorando.

— Eu disse pra ir embora — Ela esbraveja pausadamente e volta a fechar a porta, na cara do amigo.

Surpreso pela atitude de Maria Joaquina, Daniel soltou um longo suspiro e voltou para onde seus outros amigos estavam.

— E aí, cara. Onde você tava? —Paulo perguntou estranhando o sumiço do amigo.

— Ah, tinha ido ao banheiro — Daniel mente. Não queria ter que dizer que havia notado o comportamento estranho de Maria Joaquina.

(...)

Horas se passaram e nada parecia ajudar Maria Joaquina. À noite em pouco tempo chegou e com ela uma forte chuva. Não conseguindo dormir, a garota desceu as escadas e encontrou a sala completamente vazia e escura, sendo preenchida apenas pelo gostoso barulho que a chuva causava. Ela aproximou-se lentamente do sofá e sentou-se.

Nem a chuva, que era uma grande aliada da garota nesses momentos, conseguia acalma-la e logo ela voltou a chorar, não se importando com nada a sua volta.

Daniel, em certo momento da noite, levantou-se com sede e foi em direção à cozinha, só não esperava se deparar com a garota por lá.

— Maria Joaquina? — Ele indagou pegando a garota de surpresa.

— Daniel, o que você tá fazendo aqui? — Ela devolveu atordoada.

— Eu é que te pergunto, o que você tá fazendo aqui? Não é hora de tá acordada — Ele rebateu confuso.

Maria Joaquina mordeu os lábios, nervosa, e resolveu contar logo tudo para o garoto, talvez assim fosse mais fácil, sempre era bom dividir com alguém.

— Olha Daniel, senta aqui que eu vou te explicar tudo — Ela pediu e o garoto assentiu, sentando-se ao lado dela.

— Tem a ver com o seu comportamento de hoje mais cedo? Dos gritos comigo, do isolamento e dos choros repentinos? — Daniel perguntou curioso.

— Sim — Ela respondeu sem graça —Inclusive eu queria te pedir desculpas por ter te tratado mal, nem sei onde eu tava com a cabeça.

— Tudo bem — Daniel diz tranquilo —Agora começa a explicar.

Maria Joaquina suspirou fortemente antes de começar a contar tudo. O garoto ficava chocado a cada palavra proferida pela menina. Eram amigos há tanto tempo, como ele não adivinhou que ela estava triste por causa dos pais? Daniel se sentiu muito mal por aquilo.

— Caramba, Majo, me desculpa mesmo — Ele pediu quando a garota terminou — Eu nem fazia ideia, desculpa por ter sido um péssimo amigo.

— Não, Daniel, você não tem que pedir desculpas de nada. Eu que tenho, pois fui muito idiota em te tratar daquele jeito sendo que você não tinha nada a ver com o problema. Eu sou muito boba, eu sei, já se passaram quatro anos da morte deles e eu não consigo superar — Majo desabafa.

— Ei, não diz isso — Ele a repreendeu — É muito normal não superar a morte dos pais, afinal foram eles que cuidaram da gente a vida inteira e os amamos mais que tudo, você não é boba por sentir saudades deles, eu também sinto dos meus.

— É, mas você não teve os pais mortos, foi apenas abandonado — Majo faz um comentário desnecessário e Daniel suspira.

— É, eu sei que morte não é o mesmo que abandono, só que na morte, não há opção nem escolha, ela vem pra todos. Agora o abandono é diferente, foi uma decisão que minha mãe tomou e isso me dói muito — Daniel declara triste e deixa uma lágrima escorrer por seus olhos.

Majo reflete um pouco a respeito das palavras do amigo e cai na real, dando-se conta que havia sido muito injusta e egoísta. Ela passou os dedos pelas lágrimas do garoto, secando-as.

— Me desculpa — Ela pediu — O mínimo que eu posso dizer agora é que ficarei do seu lado para sempre.

Daniel sorriu com as palavras dela.

— E você, vai ficar do meu também? — Ela questionou sorridente.

— Sim, eu prometo — Ele responde.

Os dois se aproximam e se abraçam.

— Eu prometo — Daniel voltou a repetir, mas dessa vez sussurrando.

Os dois cessaram o abraço e olharam-se profundamente, se perdendo nos olhares. Por mais que ambos fossem bem jovens, eles já sabiam diferenciar os sentimentos e tinham noção que o que sentiam um pelo outro era muito mais do que amor de amigo.

Daniel, delicadamente, passou sua mão pelo rosto da garota, alisando o local.  Majo fechou os olhos, em deleite. Sem medo da reação de Maria Joaquina, o Zapata colou os lábios nos da garota, dando um selinho meio desajeitado, afinal, era o primeiro beijo de suas vidas. Mesmo sem jeito, Majo sentiu borboletas no estomago e viu que não tinha dúvidas, ela realmente gostava do garoto.

Os dois separaram-se um pouco sem graça, enquanto que as palavras de Daniel martelavam a cabeça de Maria Joaquina.

“Eu prometo...”

FLASHBACK OFF

Quando as lembranças de Majo acabaram, foi inevitável, ela logo começou a chorar novamente, se sentindo muito culpada pelo sofrimento dos amigos.

“Ele prometeu sempre estar ao meu lado, mas agora eu não estou do lado dele, como eu sou um lixo” — Majo vociferou por entre os pensamentos, enquanto mais lágrimas insistiam em cair.

(...)

Valéria se encontrava sentada no sofá da sala de estar, ainda sentia algumas dores pelos tapas desferidos por Margarida, porém nada muito sério.

Davi desceu as escadas e logo a avistou, ele aproximou-se e iniciou uma conversa.

— Olha, Valéria, porque você brigou ridiculamente com a Margarida daquele jeito, hein?!

— Ah, então você tá preocupado com ela? — Valéria caçoou — Pois devia mesmo, porque eu acertei cada tapa nela.

— Não é isso, Valéria. Deixa de ser infantil — Davi falou — Eu só to perguntando por que você fez aquilo, afinal você não é de brigar.

— Sabe, me deu vontade — Ela continuou irônica e tentou ir embora, mas o garoto a impediu.

Valéria suspirou profundamente antes de responder.

— Quer saber a verdade, Davi? Então pronto, foi ciúmes, satisfeito? Não aguento mais ver a cara daquela vadia — A Ferreira praticamente cuspia as palavras.

Ela até continuou o discurso, porém Davi não prestou mais atenção, pois a partir do momento que ele havia admitido que era ciúmes, um sorriso se formou entre os lábios do Rabinovich.

Sem perder mais tempo, Davi a puxou para um beijo, assim calando-a. No começo Valéria relutou, se debateu. Mas ela amava o garoto, e não demorou muito para se entregar por completo.

Davi aprofundou o beijo e agarrou-a mais firmemente. Valéria não ficou para trás e segurou o menino pelo pescoço. Era como se existissem apenas os dois no mundo, nada mais importava para eles.

Porém o maldito ar se fez ausente, causando assim a separação deles. Davi ainda deu um último selinho na amada, antes de finalmente poder dizer.

— Você sabe que eu te amo.

Valéria sorriu com as palavras e ambos ficaram se olhando um pouco, admirando a beleza um do outro.

(...)

Daniel refletia em seu quarto. As recentes atitudes de Maria Joaquina não correspondiam com o que a garota era. Ele sabia que algo estava acontecendo, só não sabia responder o que era.

Ele virou-se na cama, enquanto dava um longo suspiro de desânimo, nada útil vinha em sua mente, tornando o mistério cada vez mais difícil.

“O Jorge só pode ter feito algo com ela, é a única explicação — Ele pensou — Mas se ele realmente tiver feito algo, eu juro que mato aquele mauricinho”.

O Zapata levantou-se e começou a andar em circulo, pensando no que faria.

— Já sei, amanhã vou bota-lo contra a parede de novo, ele não me escapa — Daniel comentou com um sorriso e deitou-se novamente, dessa vez, mais aliviado.


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Notas finais do capítulo

Pois é, caros leitores, Jorge acertou um tapa na nossa querida Maria Joaquina, tá merecendo morrer...

Talvez tenha sido uma surpresa para muitos, porém o primeiro beijo Maniel havia ocorrido no orfanato! (Aliás, espero que tenham gostado do flashback)

Natasha se mostrando cada vez mais arrependida....

Bem, no meio disso tudo, acho que as boas notícias é que o Paulo e a Alicia começaram um namoro e que teve beijo Daléria, agora é esperar pra ver :D

Mas enfim, espero que tenham gostado, me perdoem novamente pela demora e por qualquer erro no capítulo! Até o próximo! xD