Carrossel: Órfãos e Perdidos escrita por Gronk Spike


Capítulo 33
Capítulo 32 - E agora?


Notas iniciais do capítulo

Olá galera, como estão? Espero que todos estejam bem! Apesar da enorme demora (no qual eu peço desculpas) cheguei com mais um capítulo! Aliás, nesse capítulo de hoje, descobriremos o que a Natasha fará agora que está com o segredo dos órfãos em mãos!

A propósito, obrigado a todos que sempre comentam e me apoiam! Boa leitura! xD



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/637658/chapter/33

A festa em poucos minutos terminou. Os órfãos viram o estado de Paulo e ficaram muito preocupados, mal sabiam o que tinha ocorrido com o Guerra.

Os alunos foram se retirando aos poucos. Pelo celular, Nat avisou a Jorge que precisava falar com ele urgentemente e o garoto respondeu que em casa eles conversavam melhor.

Com exceção de Paulo, os meninos e meninas ajudavam a recolher tudo da festa, inclusive Maria Joaquina, que mesmo desanimada, procurou ajudar os amigos para ver se conseguia se distrair um pouco.

(...)

Na mansão dos Cavalieri, Natasha chegou muito animada e alegre, fazendo seu primo se perguntar o motivo de tanta empolgação. Os dois não perderam tempo e rumaram até o quarto do garoto, chegando lá, Jorge pediu explicações.

— E aí, Nat, o que você tinha pra me dizer de tão importante? —Ele indagou curioso.

— Eu descobri o que os seis escondem — A ruiva mandou na lata e Jorge ficou em pânico. Depois de longos meses, ele finalmente havia descoberto o segredo dos seis, mal podia esperar para ouvir.

— Você tá falando sério ou é algum tipo de piada? — Jorge perguntou ainda incrédulo.

— E eu brincaria com algo desse tipo, Jorge? —Nat retrucou — É claro que eu to falando a verdade e mais que isso, eu tenho provas.

O Cavalieri observou atentamente a garota tirar do bolso da calça o celular. Ela rapidamente selecionou o vídeo gravado e entregou para Jorge.

O garoto analisava friamente cada palavra dita por Paulo, sua excitação era muito grande em ouvir o que ele mais queria. Sua cara ficou completamente pálida e sem reação quando ele escutou o Guerra dizer que todos eles eram órfãos. Diante daquilo, Jorge deixou o celular da prima cair acidentalmente.

Natasha resmungou algo que Jorge não escutou e se abaixou para buscar o aparelho.

— E aí, gostou? — Ela questionou com um sorriso.

— Então quer dizer que todo esse tempo eles enganaram a escola inteira dizendo que eram primos, quando na verdade eram órfãos? — O Cavalieri perguntou-se mais para si mesmo do que para a garota, enquanto ignorava a pergunta feita pela mesma.

— Parece que sim — Nat comentou com um sorriso de lado — O que eu não sei, é como eles conseguiram levar a mentira tão longe assim.

— É, de fato é estranho. E mais, então quer dizer que a Helena não é coisa nenhuma tia deles? — Jorge indagou-se mais uma vez.

— Não ganho nem um “obrigado”? — Natasha perguntou ironicamente para Jorge, que se sentou em sua cama.

— Sério, Nat, agora não é hora pra isso, você sabe que eu sou muito grato. O que eu to pensando, é que a Maria Joaquina me fez de idiota por todo esse tempo — Jorge revela pensativo.

— Não só ela, todos eles — Nat enfatizou e seu primo assentiu.

— Como você fez o Paulo confessar tudo isso? — Jorge perguntou interessado.

Natasha nada respondeu e tirou do seu bolso o frasco que tinha usado contra o Guerra.

— Nossa, você ainda tem isso? Pensei que tivesse parad... —Jorge não conseguira completar.

— Eu não uso, Jorge — Nat interviu — Quer dizer, não uso pra mim. Foi com isso que eu fiz o Paulo confessar tudo.

— Você namorar aquele babaca do Alison até que teve suas vantagens — O garoto diz sarcástico e Nat ri.

— Mas o que você tá pensando em fazer? Contar tudo para as autoridades e devolve-los para o orfanato? — A ruiva perguntou muito curiosa em relação aos futuros planos do primo.

— Não, isso tá fora de cogitação, pelo menos por enquanto — Jorge murmurou — O que eu vou fazer, é devolver todo o sofrimento que eu passei pra eles.

— Traduza, ainda não entendi — Nat pede mais uma vez.

— Simples, eu não vou deixar eles ficarem juntos, não mesmo — O Cavalieri responde convicto —Sejam como amigos ou como casais, porque agora sim faz todo o sentido os ciúmes excessivos que eles sentiam um pelo outro.

Natasha estremeceu com a resposta do primo, perguntando-se o que ele iria fazer agora que tinha o segredo dos órfãos em mãos.

(...)

No dia seguinte, Paulo acordou muito mal. Uma forte dor de cabeça incomodava o menino e ele nem conseguia direito abrir os olhos.

Após um longo suspiro, Paulo levantou-se de supetão e foi se arrastando em direção ao seu banheiro. Chegando lá, ele logo se espantou com seu visual, estava completamente bagunçado, tanto seu cabelo quanto sua cara.

O pior era que o menino não se lembrava de absolutamente nada, tudo que vinha em sua mente era o momento em que havia virado a bebida.

— O que será que aconteceu comigo? — Ele sussurrou para si mesmo com a voz muito rouca e fraca.

(...)

Naquele dia, Jorge havia recusado a carona do motorista e disse que iria para a escola a pé, juntamente com sua prima, pois assim pensava melhor a respeito do que fazer contra os órfãos.

Como no dia anterior, Nat observou o garoto pensativo.

— Jorge, você vai contar pra Margarida e pro Abelardo o que descobriu? — Natasha perguntou tirando Jorge de seus pensamentos.

— Não — Jorge respondeu de maneira direta.

— Ué, mas por quê? Eles não eram seus aliados? — A ruiva voltou a questionar sem entender.

— Não exatamente — O Cavalieri diz cínico — Eu só os usei no meu plano, eles foram como dois peões no meu jogo de xadrez.

— Continuo sem entender — A garota confessa.

—Caramba, Nat, você é inteligente pra descobrir o segredo deles, porém bem burrinha pra me entender, hein?! — Jorge falou irônico e a ruiva o deu a língua — O que eu quis dizer é que eles foram apenas duas cobaias que eu tive para tentar descobrir o segredo dos seis, agora que eu sei, eles só vão me servir para destruir os órfãos, mesmo não fazendo ideia do que eles escondem.

— Então eu não conto pra eles? — Nat perguntou.

— Isso mesmo, o segredo fica só entre a gente — Jorge respondeu e ambos chegaram à escola.

(...)

Durante todo o dia na escola, Majo novamente passou mal, aquilo ainda a atormentava. Na hora do intervalo, a garota correu para o banheiro, Valéria e Alicia acompanharam a amiga, mesmo sem entender nada.

No local, as duas se entreolharam e decidiram que era o momento certo para colocarem Majo contra a parede.

— Majo, já pode nos contar o que tá acontecendo — Alicia diz de forma autoritária.

Maria Joaquina abriu a boca para falar a mesma desculpa dos dias anteriores, porém Valéria a impediu.

— E nem adianta vim dizendo que tá assim porque comeu ou dormiu pouco, já sabemos que não é verdade — A Ferreira também diz de uma maneira bem rígida.

Majo bufou e resolveu contar logo tudo para as duas, era bem melhor dividir o peso com alguém do que carrega-lo sozinho.

— Jorge é meu meio irmão — Majo foi direto ao ponto, fazendo suas amigas arregalarem os olhos.

— O quê? — Ambas perguntaram completamente incrédulas.

Maria Joaquina revelou tudo para as meninas. Pelo menos tudo o que Jorge a havia dito...

— Você só pode tá brincando — Alicia comentou ainda surpresa.

— Mas existem tantos outros Miguel Médsen, tem certeza que é seu pai? — Valéria perguntou também aflita.

— Seria muita coincidência, Valéria — Majo respondeu suspirando — Só pode ser o meu mesmo. E o pior, é que o Jorge disse que ia atrás dele, sem nem fazer ideia de que ele já morreu.

— Nossa, que situação — Alicia admitiu — Mas sério, Majo, você tem que terminar com ele urgentemente.

— É o que eu quero — Garantiu a menina — Mas não consigo, eu não quero magoa-lo.

— Amiga, não tem essa de não querer magoar ele — Valéria alertou-a — Sempre alguém vai sair machucado dessa história, tem que terminar e pronto.

— Tudo bem — Majo cedeu — Depois da escola eu chamo ele lá na mansão e termino tudo.

— Ótimo — Alicia exclamou mais aliviada.

— Mas só não contem pra ninguém sobre o segredo dos pais do Jorge — Majo pediu e as duas assentiram.

O que nenhuma das três fazia ideia, era que Paulo tinha ouvido a conversa. Para a sorte de Majo, não a parte em que ela confessava ser meia irmã do Jorge, mas sim o momento em que ela dizia que terminaria com ele. O Guerra não havia feito aquilo de propósito, longe disso, porém ao passar e constatar a voz extremamente triste de Maria Joaquina, ele escutou. O garoto só sabia de uma coisa, precisava contar tudo para Daniel, pois sabia que o amigo gostava de Maria Joaquina e que os dois conseguiriam ficar juntos e manter o segredo a salvo.

(...)

Em pouco tempo, Paulo encontrou o amigo se aquecendo e se preparando para jogar na quadra, ele rapidamente correu em direção ao Zapata e o puxou para um canto mais isolado, todos estranharam, inclusive o próprio Daniel.

— O que foi, Paulo, algum problema? — Daniel indagou sem entender nada.

— Cara, você não vai acreditar no que eu escutei — Paulo diz entusiasmado e Daniel pede que ele continue — Eu tava passando pelo banheiro feminino e ouvi a Majo confessar para Alicia e para Valéria que mais tarde vai terminar com o Jorge.

Aquilo era música para os ouvidos de Daniel, só podia ser mentira, pensava o garoto. Afinal, Paulo tinha seus truques para pregar peças nas pessoas.

— Você tá falando sério ou é só mais uma das suas brincadeiras? — Daniel perguntou com um pé atrás.

— Eu to falando sério — Paulo garantiu — Eu a ouvi dizendo que não queria magoa-lo, mas que mesmo assim o chamaria mais tarde na mansão pra terminar o namoro.

Daniel viu que o amigo falava a verdade e esbanjou um sorriso.

— Cara, que demais — Daniel falou empolgado — Valeu! Hoje mesmo depois das aulas eu tento falar com ela com mais calma, quando já tiver terminado com ele.

— Claro, é o melhor a se fazer — Paulo concorda — Boa sorte.

O Zapata voltou para a quadra com o mesmo sorriso estampado no rosto. Os meninos o rodeavam de perguntas a respeito do que Paulo queria, porém ele sempre se esquivava. Dani ficou mais confiante e pensou que era hoje que ele ficaria com Maria Joaquina e nada o impediria.

(...)

Abelardo e Margarida se encontravam desanimados em um corredor isolado da escola. Ele, ainda frustrado por seu plano com Alicia não ter dado certo.

E Margarida, totalmente chateada por Davi mal ter dado atenção para ela durante a festa.

Ambos frustrados e chateados, pensando em algo para reverter aquela situação. O que os dois nem faziam ideia, era que Jorge já sabia de todo o segredo dos órfãos.

— Ah, sério Abelardo, to pensando seriamente em desistir desse plano — Margarida esclareceu sem ânimo.

Abelardo olhou para a menina, estava bem surpreso.

— O quê? Nem pensar nisso, já entramos nessa e agora vamos até o final — Ele diz um pouco rude e ela suspira.

— Ah, sei lá, pra mim é capaz deles nem esconderem nada — Ela admite — Será que o Jorge não inventou tudo isso apenas para brincar com a nossa cara?

— Pouco provável — Abelardo assegura — Não teria motivo pra ele inventar isso, até porque ele se mostrou bem chateado com a Maria Joaquina e sem falar que aqueles seis são realmente estranhos.

— Hm, não sei não — Margarida contestou baixinho.

— Vai por mim — O garoto insiste — Não desiste agora não, eu sei que eles escondem algo, e aliás, já to planejando algo de novo contra a Alicia.

— Tudo bem então — Ela se deu por vencida — Vou tentar pensar em algo contra o Davi também.

(...)

Paulo estava novamente ouvindo músicas em seu fone de ouvido, enquanto observava o movimento da quadra, dessa vez, ele decidiu não jogar.

Natasha chegou discretamente e sentou-se ao lado do garoto, ao mesmo tempo em que pegava um dos lados do fone e colocava em seu ouvido. Os dois haviam ficado tão próximos, que Paulo nem se incomodou.

— Adoro essa música — A ruiva disse enquanto fechava os olhos e curtia.

— Posso te fazer uma pergunta? — Paulo indagou ignorando o comentário da menina.

— Claro — Ela respondeu — Algum problema?

— Você se lembra de como eu fiquei ontem depois de tomar a bebida? — Paulo perguntou e foi direto ao ponto.

Nat suou frio, porém procurou se mantiver tranquila.

— Por quê? Você não se lembra de nada? — Ela devolveu com outra pergunta.

— Não. Tudo que eu lembro foi de ter virado a bebida e depois ter acordado com uma puta dor de cabeça — O Guerra confessa — Ainda estou sentindo ela um pouco.

— Olha, Paulo, eu não me lembro de nada, porque depois que você bebeu, eu fui dançar, não fiquei por perto — A ruiva diz cínica, mentindo descaradamente.

— Hm, tudo bem então, eu definitivamente não consigo me recordar de nada — Paulo bufa irritado.

Natasha sorri satisfeita por Paulo ter acreditado em suas palavras. Já o Guerra, não via motivos para a amiga mentir, por isso resolveu crer no que ela havia dito.

(...)

Alicia andava tranquilamente pelos corredores da escola, quando ao longe, avista Abelardo vindo em sua direção. Ela revira os olhos, já imaginando o que o menino, provavelmente, queria.

— Já sei, Abelardo, você quer me pedir desculpa, não é? — Alicia diz suspirando e o garoto a encara.

— Sim, mas como você sabe? — Ele indaga confuso.

— Por que é o que você sempre faz quando pisa na bola comigo — A Gusman declarou — Primeiro o beijo no baile, depois o quase beijo na biblioteca e agora essa mentira sobre o autor das cartas? Pra mim já chega.

— Desculpa, Alicia, o que posso fazer se eu gosto de você e você não me dá uma chance sequer? Eu não vi alternativa — Abelardo tenta convencê-la.

— Como eu disse ontem, Abelardo, se você realmente gostasse de mim, não mentiria assim, sempre tem outra opção — Alicia diz convicta.

— Então não vai me perdoar? — Ele voltou a insistir.

— Não por agora, vou lhe deixar refletindo e pensando sobre seus atos, quem sabe depois eu te perdoo — Ela completa e se retira do local.

Abelardo passa as mãos pelo cabelo, nervoso, e bufa irritado. Mais uma vez seu plano não havia dado certo, Alicia era realmente muito esperta e ele tinha que planejar outra coisa o mais rápido possível.

(...)

Após aquela breve conversa com Paulo, Natasha se retirou e deixou-o mais a vontade. A ruiva logo foi em direção ao primo, que também estava sentado na arquibancada da quadra. Ao chegar perto o suficiente dele, reparou no olhar distante e frio que o garoto direcionava para a quadra.

— Pensando no que aprontar pra cima dos órfãos? — Nat perguntou baixinho enquanto sentava-se ao lado dele.

— É, você leu meus pensamentos. Virou vidente agora? — O Cavalieri debochou.

— Não exatamente — A garota comenta — Apenas fica mais fácil descobrir o que você tá pensando quando temos mentes bem parecidas.

— É, faz sentido — Jorge concordou.

— Mas e aí, pensou em algo? — Ela indaga mudando de assunto.

— Por enquanto nada, é bem mais difícil do que eu pensava — Ele confessa sem olhar para a prima uma vez sequer, sempre atento à quadra.

— É, complicado mesmo — Nat diz — Se eu pensar em algo, eu te aviso, boa sorte aí.

Ela termina e sai da arquibancada do local.

(...)

As aulas em pouco tempo terminaram. Daniel estava decidido, resolveu que após seu trabalho na lanchonete, conversaria com Majo, pois naquela altura, a garota já devia ter terminado com Jorge.

Quem ficou bem estranha durante o dia foi Valéria e isso não passou despercebido por Davi, que a viu bem cabisbaixa antes de ir para o trabalho.

— Valéria?! — Ele exclamou aproximando-se dela — Aconteceu alguma coisa?

— Não é nada — Valéria nega e sua voz sai quase que em um sussurro.

— Eu te conheço, Val, me conta o que tá te afligindo — O Rabinovich pede e a garota resolve logo desabafar.

— Desculpa, Davi, é que eu fiquei bem incomodada quando você aceitou dançar com a Margarida ontem — Ela admite — A gente tava em um clima tão bom aí vem aquela sem sal e estraga tudo.

— Calma, Valéria — Davi diz tentando tranquiliza-la — Eu não quero nada com a Margarida, só aceitei a dança porque não vi problema, foi mal se você não gostou.

— Tudo bem, Davi, aceitando a dança você até que deve ter despistado qualquer suspeita — Ela fala ainda no mesmo tom de antes.

— Você sabe, Val, eu to fazendo de tudo pra te reconquistar e não faria nada pra te magoar — Davi fala tranquilo e os dois se abraçam.

— E por enquanto, você tá conseguindo — Valéria informou e um sorriso se formou nos lábios do garoto.

(...)

Alicia caminhava calmamente e sozinha pelo jardim da mansão. Ali era sem dúvidas um dos lugares menos frequentados pelos órfãos na casa, ninguém sabia responder o porquê, mas a garota aproveitou o momento para curti-lo.

Porém era inevitável, tudo que a Gusman fazia, Paulo vinha em sua cabeça, ela tentava de todas as formas se distrair e tirar o Guerra de seus pensamentos, mas era impossível.

Como se estivesse em um conto de fadas, Paulo apareceu em sua frente. Com aquele sorriso, que na opinião de Alicia, era o mais lindo do mundo. Os olhos castanhos mantinham aquele olhar atrevido e estavam completamente fixados em Alicia. A Gusman percorreu os olhos por todo o corpo do garoto e notou que ele se encontrava sem camisa, apenas com uma bermuda. A garota automaticamente mordeu os lábios, tentando reprimir o próprio desejo.

— O que você tá fazendo aqui, Paulo? — Ela perguntou gaguejando um pouco, enquanto tentava focar nos olhos do menino.

— Eu? Nada demais, vim apenas admirar a paisagem, porém acho que encontrei coisa melhor pra admirar — Ele diz se referindo a garota.

— Paulo, eu não disse pra você me esquecer? — Alicia pergunta retoricamente, lembrando-se do dia em que havia dito isso.

Entretanto, a cada palavra proferida pela garota, Paulo aproximava-se mais.

— Sim, eu me lembro muito bem — Paulo respondeu a centímetros de distância da garota.

— E porque não me esqueceu? — Alicia indagou mais uma vez.

— Porque eu não consigo — Ele respondeu murmurando.

Alicia arrepiou-se completamente com aquela resposta. Aquilo foi como um estopim para o desejo da garota voltar por completo, sem perder mais tempo, Paulo agarrou-a pela cintura e colou os lábios nos dela. Era talvez a quarta vez em que se beijavam, mas para ambos, era como se sempre fosse à primeira vez, pois a cada momento em que faziam aquilo, era mágico, inexplicável.

Dessa vez Alicia foi quem tomou iniciativa e pediu passagem com a língua. Mesmo surpreso pela atitude repentina da Gusman, o Guerra retribuiu a altura e os dois beijavam-se como se não houvesse amanhã, como se dependessem daquele beijo para poderem sobreviver.

Os dois separaram-se sem ar e um último sorriso foi trocado.

— Me dá uma chance, Alicia — Paulo sussurrou, novamente pedindo uma chance para a Gusman.

Nessas horas, o orgulho da garota sempre costumava falar mais alto, porém ela não via mais motivos para ficar fugindo do garoto. Em um momento de loucura, a garota pouco se importou com o segredo.

— Paulo, será que você me daria um tempo pra pensar? — Alicia pediu também no mesmo tom do garoto.

O Guerra abriu um enorme sorriso de felicidade. Isso não era um “sim”, mas era muito melhor do que todas as rejeições que a menina havia o dado durante o tempo em que foram parar na mansão, afinal, isso indicava que pelo menos ela iria pensar na proposta.

— Claro, Alicia, dou todo o tempo que você precisar, não se sinta pressionada, só quero uma chance de te fazer feliz — Paulo respondeu e se retirou do jardim.

Alicia bufou extremamente nervosa e confusa, enquanto sentava-se na grama.

“E agora, o que eu faço?”

(...)

Durante a parte da noite, pouco antes de Daniel e Valéria chegarem da lanchonete, Majo chamou Jorge para a mansão, a intenção da garota era finalmente terminar o namoro com o Cavalieri.

Mesmo sem fazer ideia do que seria, Jorge logo chegou ao casarão e foi prontamente recebido pela menina.

— Então, o que queria? — Ele perguntou um pouco seco.

— Olha, Jorge, acho que a gente tem que dar um fim nesse namoro — Majo diz séria.

Jorge se mantem pensativo, ele logo liga os pontos e deduz que a garota quisesse terminar com ele para ficar com Daniel. O Cavalieri sorriu cínico, se dependesse dele, não permitiria.

— Ah, Majo, como você é ingênua — Jorge comentou e começou a andar em volta da sala, deixando a menina confusa.

— Desculpa, Jorge, acho que eu não entend... — Majo fora interrompida antes de completar.

— Eu já sei de todo o seu segredo, que você e esse bando de idiota aqui, são todos órfãos — O mauricinho continua com a postura debochada e Majo fica extremamente chocada.

Primeiro a revelação dos pais do Jorge e agora o descobrimento do Cavalieri em relação ao seu segredo. Era muita coisa pra garota assimilar, por isso ficou totalmente sem reação diante daquilo.

— Você deve tá se perguntando como eu descobri toda essa farsa, não é? — Jorge continuou — Eu tenho meus truques, querida Maria Joaquina.

— O que você pretende fazer, Jorge? — Majo perguntou. Sua voz saiu completamente rouca e sem força.

— Eu? Pretendo me divertir muito — O Cavalieri diz irônico — E se você não colaborar, voltam todos para o orfanato!

Jorge sentenciou com um sorriso maléfico e Maria Joaquina estremeceu com suas palavras.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Pois é, galera, Alicia deve dar uma chance ao Paulo. Sim ou claro que sim?

E o Jorge tem se mostrado bem fdp hein?! Passou dos limites em chantagear a Majo, veremos até aonde isso vai!

Obrigado a todos mais uma vez! Espero que tenham curtido, me perdoem por qualquer erro e até o próximo! :D