Carrossel: Órfãos e Perdidos escrita por Gronk Spike


Capítulo 31
Capítulo 30 - Revelações


Notas iniciais do capítulo

Olá galera! Voltei com mais um capítulo, o primeiro desse ano de 2016! Na verdade, era pra ter sido postado antes, porém tive alguns probleminhas e só pude postar hoje, por isso peço desculpas!

Porém sem mais delongas, aqui está o capítulo! Onde conheceremos um pouco mais da Natasha e teremos duas revelações! E ah, obrigado a todos que sempre comentam! Vocês contribuem muito para o meu ânimo, obrigado mesmo! Espero que gostem desse de hoje e boa leitura!

PS: Capítulo ficou um pouco grande kk xD



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Jorge permaneceu estático por alguns segundos, o garoto ainda estava bem confuso e não conseguia raciocinar direito.

— Não vai falar nada, Jorge? — A menina voltou a questionar com um sorriso.

— O que você tá fazendo aqui? — Jorge voltou a repetir, balbuciando as palavras.

—Jorge, isso é jeito de falar com sua prima? — A mãe do garoto o repreendeu.

— Deixa, tia, não tem problema — Natasha disse — Ele deve tá bem surpreso com a minha visitinha.

— Você já voltou de viagem tão cedo? — O Cavalieri perguntou mais uma vez.

— Tão cedo? Jorge, eu fiquei fora do país por uns dois anos — Natasha diz como se fosse óbvio, enquanto sorri.

— Ah, é mesmo — O menino murmura.

— Jorge, porque você não leva a Nat lá pro seu quarto e conta pra ela como andam as coisas por aqui? — Seu pai sugere, com um sorriso.

— É, inclusive sobre sua namorada, a Maria Joaquina — Rosana fala empolgada.

— Namorada? — A ruiva indaga surpresa — Olha, quem diria hein priminho?

— Não dá ouvidos pra eles e vem comigo, Natasha — Jorge diz puxando-a em direção ao seu quarto.

Ao chegarem no local, a garota percebeu que tudo estava bem organizado e bonito, do jeito que seu primo gostava.

— É, pelo visto nada mudou — Ela comentou observando o local.

— E aí, como foi lá na Alemanha? — O menino perguntou ignorando o comentário da ruiva.

— Ah, bem legal até, inclusive fui a alguns jogos de um time de futebol chamado Bayern de Munique — Natasha responde lembrando-se dos momentos — Mas senti muita falta daqui.

— Sentiu falta do seu namoradinho também? O Alison... — Jorge perguntou rindo debochadamente e Natasha fechou a cara.

— Para, Jorge, sério. Eu já terminei com ele há muito tempo, não quero falar sobre ele — A menina diz suspirando.

— Tudo bem, mas é sempre bom lembrar que foi ele que te induziu a... — Jorge não conseguiu completar, fora interrompido pela prima.

— Chega, Jorge, eu já disse que já tá bom desse papo — Nat diz e o garoto levanta as mãos, em sinal de rendição.

— Ok, você venceu — Jorge se dá por vencido.

— Mas saiba que eu sou muito grato a você e a sua família por terem me ajudado naquele momento difícil da minha vida, você sabe que eu me sinto em dívida com você, não é? — A ruiva diz sorrindo.

— Sem problema — O Cavalieri devolve o sorriso — Mas e vem cá, cadê seus pais?

— Ficaram na Alemanha, eu voltei sozinha, apesar de lá ser bem divertido, eu já não aguentava mais — Ela desabafa.

Jorge apenas murmura um “hm” e um silêncio se estabelece no quarto.

— E sobre a sua namorada? Essa tal de Maria Joaquina — Natasha pergunta curiosa.

O garoto ri baixo e resolve conta-la toda a história. Desde que conheceu Maria Joaquina, até ouvir que ela possuía algum segredo. Natasha ficou bem surpresa ao escutar sobre tudo aquilo e que Jorge estava atrás do segredo de Majo.

— Nossa, mas e você não gosta mais dela? — Nat questionou novamente.

— No começo eu até gostava, mas depois que eu descobri que ela me escondia algo, fiquei com muita raiva e resolvi descobrir qual é o segredo dela. Mas sei lá, eu me sinto ligado a ela de um jeito que não consigo compreender.

— É bem estranho mesmo, mas boa sorte aí com seu plano — Natasha murmura para o primo.

Jorge agradeceu com um sorriso, até que uma ideia vem em sua mente. O sorriso do garoto só aumentou cada vez mais e seu olhar foi de encontro ao da prima.

— Você disse que se sente em dívida comigo, não é? — Jorge pergunta rindo.

Natasha assente, mesmo não entendendo nada.

— E que tal se você se unisse a mim nesse plano para descobrir o que a Majo esconde? Eu ficaria eternamente grato se você me fizesse esse favor — Jorge sugeriu rindo e Natasha ficou pensativa.

— Hm, não sei se seria uma boa ideia — Ela responde sincera.

— Ah, qual é?! Já que você se sente em dívida comigo, nada mais justo que me ajudar dessa forma, eu agradeceria muito a você, ficaríamos quites — O Cavalieri foi fazendo a cabeça da menina.

Natasha permaneceu pensativa, na real não queria fazer aquilo, mas sabia o quão Jorge e seus pais haviam ajudado-a naquele momento difícil de sua vida, quando ainda era praticamente uma criança. Querendo limpar sua dívida com o primo, a ruiva resolveu aceitar.

— Tudo bem, eu aceito — Ela responde convicta e Jorge sorri.

— Ótimo! — Ele exclama — Vou te passar tudo direitinho sobre os seis primos e te apresentar o Abelardo e a Margarida, que tão comigo nesse plano.

(...)

O sol logo raiou no céu, indicando a chegada do outro dia. Daniel acordou e sentiu suas costas doerem muito. Após despertar por completo e coçar os olhos, o garoto reparou que estava deitado no sofá da sala, junto com Maria Joaquina.

Com cuidado para não acorda-la, ele levantou-se e olhou para os lados, procurando se avistava algum de seus amigos.

Sem sucesso, ele resolveu levar Majo para o quarto, pois sabia que dormir naquele sofá duro só a prejudicaria. Agradecendo por nenhum de seus amigos terem visto e ficarem caçoando, ele pegou a menina nos braços e começou a subir as escadas, com bastante cautela.

Ele rapidamente chegou em frente ao quarto de Majo e constatou que a porta estava destrancada. O Zapata adentrou o local e depositou a garota deitada na cama. Daniel logo a cobriu com o cobertor e se despediu com um último sorriso, mesmo que ela não o visse.

Algum tempo depois, Maria Joaquina acordou, e assim como Daniel, sentiu dores na região das costas. Tudo que a garota se lembrava, era do beijo com o Zapata. Um sorriso automaticamente se formou em seus lábios. Majo só sabia de uma coisa, precisava terminar com Jorge, pois não poderia ir adiante com aquele namoro.

(...)

O dia na escola, por incrível que pareça, havia se passado muito rápido. Majo ficou o tempo inteiro pensando em um jeito de terminar o namoro com Jorge, mas que não magoasse o garoto, pois até que gostava dele como um grande amigo.

Paulo, mais uma vez, não havia conseguido por a carta nos pertences de Alicia. A Gusman estava novamente muito atenta e não desgrudou de sua mochila. Derrotado, Paulo desistiu de colocar a carta, mas prometeu para si mesmo que tentaria de novo no dia seguinte.

Em pouco tempo, todos chegaram em casa. Daniel e Valéria não perderam tempo e foram para lanchonete trabalhar.

Jorge se encontrava com sua prima na mansão, os dois haviam combinado que depois das aulas do garoto, ele a levaria para conhecer Majo. Natasha achou uma boa, pois precisava saber com que tipo de pessoa lidaria.

Após caminharem um pouco, ambos pararam em frente à mansão dos órfãos. Jorge pediu que Natasha ficasse esperando-o do lado de fora, enquanto ele chamava Majo. A menina aceitou tranquilamente, porém ficou impaciente ao ver a demora do primo.

— Putz, ele tá demorando demais — Ela comentou enquanto observava a rua — Espera, aquilo ali é uma lanchonete? Ah, vou até lá, acho que o Jorge não se incomodaria.

Natasha completou e em poucos passos, chegou na lanchonete do pai de Cirilo. Ela sentou-se numa mesa do lado de fora do estabelecimento e ficou esperando o atendimento.

Daniel, que passava por ali, viu que tinha cliente novo e resolveu se aproximar.

— Posso ajudar? — Ele perguntou gentilmente e Natasha sorriu, tinha achado o garoto muito bonito.

— Claro — Ela respondeu no mesmo tom.

— Então, o que deseja? — O Zapata voltou a perguntar enquanto pegava seu bloco de notas para anotar o pedido da garota.

— Você! — Natasha respondeu com um sorriso e Daniel ficou confuso, sem graça.

— Desculpa, acho que não entendi direito — O menino confessou sem entender.

— Relaxa cara, eu tava só brincando — A ruiva diz sorrindo debochada e Daniel se sente mais aliviado.

— Ah, tudo bem — Ele fala já mais calmo.

— Então, eu queria um suco de morango — Ela diz mudando o assunto, vendo que o garoto havia ficado um pouco incomodado.

— Tudo bem, eu já te trago — Daniel anota e quando vai se retirar, Natasha o impede.

— Você mora onde? — Ela perguntou e o Zapata virou-se para a garota.

— Ali, naquela mansão, com meus primos e minha tia — Ele responde normalmente e Natasha saca tudo.

“Ah, então ele é um dos seis daqueles primos que o Jorge me disse. Isso vai ficar muito interessante” — A ruiva pensou.

— E você — Daniel falou tirando-a de seus pensamentos — É nova por aqui?

— Na verdade não. Eu voltei de viagem recentemente e to na casa do meu primo — A garota respondeu.

— Ahh. E viajou pra onde? — Daniel perguntou curioso.

— Alemanha! — Natasha falou animadíssima, havia realmente amado o lugar — É incrível lá.

— É, eu imagino — O Zapata comenta sorrindo.

— Mas e vem cá, qual o seu nome? Já estamos conversando há algum tempo e nem sei isso — Natasha pergunta interessada.

— Me chamo Daniel — O próprio responde — E você?

— Natasha, mas pode me chamar de Nat — A garota diz.

— Woow, lindo nome — O Zapata elogiou.

— Ah, obrigada, o seu também — Ela fala dando um sorriso.

— Mas agora deixa eu ir trazer seu pedido, Nat, porque se o meu chefe me pega aqui conversando com um cliente, vou levar um puxão de orelha — Daniel diz irônico.

— Ah, claro, vai lá — Nat permite e o garoto volta para dentro do estabelecimento.

(...)

— Então, Majo, quero que você a conheça, porque ela é alguém muito especial pra mim, é minha prima Natasha, voltou de viagem ontem — Jorge diz para Majo na sala de estar da mansão.

— Ah, se é importante pra você, é pra mim também, vou conhecê-la sim, onde ela está? — Majo perguntou curiosa.

— Lá fora, esperando a gente, vem — Jorge começa a caminhar em direção à rua, sendo seguido por Maria Joaquina.

Mas ao saírem da mansão, ambos não veem ninguém por lá. Majo fica confusa e esperando Jorge dizer algo.

— Ué, ela tava aqui agora a pouco — Ele comentou sem compreender — Onde será que ela foi?

Não demorou muito e Jorge avistou ao longe uma cabeleira ruiva, ele sorriu, só podia ser ela.

— Vem, Majo, eu a encontrei — O Cavalieri diz e começa a ir rumo à lanchonete.

Mesmo sem entender nada, Maria Joaquina o seguiu.

— Nat, o que você tá fazendo aqui? Era pra tá esperando a gente lá perto da mansão — Jorge diz se postando ao lado da prima.

— Ah, foi mal, é que você demorou muito e eu fiquei sem paciência. — Nat responde — Mas e aí, essa é a Majo?

— Sim, sou eu — A própria menina respondeu pelo Cavalieri — Muito prazer.

— O prazer é meu, o Jorge tem falado bastante de você — A ruiva diz — Sou Natasha Cavalieri.

Jorge ficou observando as duas conversarem, Natasha seria, sem dúvidas, uma forte aliada em seu plano.

“Agora eu já conheço dois dos seis primos, isso tá ficando cada vez melhor” — Natasha pensou enquanto conversava com Majo.

Pouco tempo depois, os três saíram do estabelecimento e foram de volta para a mansão. Daniel, que voltava com o suco de morango de Natasha, ficou confuso por não encontra-la por ali.

— Nat, aqui seu pedido... — Ele diz sorrindo, mas seu sorriso logo se desmancha quando não encontra a menina — Ué, que estranho, ela tava sentada nessa mesa.

Sem entender nada, ele deu um longo suspiro e pensou consigo mesmo antes de voltar a trabalhar.

“Natasha, não é?! Interessante...”

(...)

No dia seguinte, Natasha já estava matriculada na escola mundial, mesmo tendo perdido boa parte das matérias, a garota era muito inteligente e disse que recuperaria sem problemas.

Ao chegar ao colégio, a ruiva logo atraiu olhares, como de costume. Os meninos da escola a olhavam babando, as meninas a olhavam invejando. Não importa de que forma era o olhar, Natasha o atraía.

E isso deixava a garota satisfeita, seu ego aumentava e ela ganhava mais confiança, principalmente agora que estava nos planos de seu primo.

Mário admirava Natasha babando, literalmente. Carmen, que estava por perto, ficou morrendo de ciúmes.

— Cuidado pra não escorrer a baba — A garota comentou irônica e chateada.

Foi como um balde de água fria para o Ayala, pois ele rapidamente voltou à realidade.

— Ah, que isso meu amor, eu tava só curioso pra saber quem era essa menina, só tenho olhos pra você — Mário tentou se redimir e abraçou-a.

Carmen tentou continuar firme, mas logo cedeu ao abraço.

(...)

— E aí, to bem pro primeiro dia de aula? — Nat perguntou parando em frente a Daniel, que ficou deslumbrado com a beleza da garota.

— Ah, é claro que sim, tá ótima — Daniel gaguejou e tentou se concentrar.

— Será que você poderia me levar até a diretoria? Não conheço nada por aqui — A garota pede gentilmente e Daniel assente.

— Claro, me segue. Aliás, eu nem sabia que você iria vir estudar aqui — O Zapata responde rindo e os dois começam a caminhar.

Maria Joaquina observava tudo de longe, não fazia ideia de como Natasha havia conhecido Daniel.

“Ótimo! Já deram em cima dele Marcelina, Bibi e agora a prima do Jorge. Será que não dá pra parar de chover menina na horta do Daniel não?” — Majo pensou indignada enquanto revirava os olhos, ela tentava negar que era ciúmes, mas no fundo sabia que era sim.

(...)

Durante a aula, o professor apresentou para todos Natasha, como normalmente ele fazia com os novatos.

— Bem, gente, essa é Natasha Cavalieri, prima do Jorge e estudará conosco até o resto do ano letivo, espero que ela seja bem recebida, hein?! — O professor falou para os alunos — Nat, você pode sentar bem ali atrás do seu primo.

A garota assentiu e foi até o local. Daniel ficou confuso, nem passava pela sua cabeça que a ruiva era prima de Jorge.

“Então ela tá na casa dele?” — Ele interrogou-se pelos pensamentos.

(...)

No intervalo, Jorge não perdeu tempo e levou Natasha para conhecer Abelardo e Margarida, precisava apresenta-la aos dois e dizer que a garota agora fazia parte do plano.

— Gente, essa é minha prima, Natasha Cavalieri — Jorge apresenta a garota pros aliados.

— Tá, mas e daí? Já sabemos disso — Abelardo diz um pouco rude.

— E daí que ela entrou no nosso plano de descobrir o que aqueles seis escondem — Jorge responde calmamente e Abelardo e Margarida arregalam os olhos, surpresos.

— Sério? E você já contou tudo pra ela? — Margarida perguntou ainda incrédula.

— Sim, ele me contou e agora eu to dentro — Natasha responde por Jorge, que apenas dá um sorriso debochado.

— Por mim tudo bem ela entrar no plano, agora se me dão licença, preciso fazer uma coisa — Abelardo avisa e se retira de onde eles estavam.

(...)

Alicia se mantinha mais uma vez vigiando sua mochila, esperando o tal admirador secreto. Paulo estava novamente esperando a garota sair de perto para por a carta, mas se surpreendeu ao ver Abelardo entrar na sala de aula e ir em direção à Gusman.

— Preciso falar com você — Ele anuncia e Alicia se mostra pouco interessada.

— Tudo bem, pode dizer — Alicia fala.

— Eu sou o autor das cartas que você anda recebendo — Abelardo diz mentindo, pegando a menina completamente de surpresa.

Alicia levantou de supetão, ainda sem crer naquilo. Abelardo não havia conseguido descobrir o verdadeiro autor por meio da caligrafia, por isso resolveu dizer que era ele.

— Não pode ser verdade, você só pode tá me enganando — Alicia dizia mais para si mesmo do que para o garoto, pois não queria acreditar naquilo.

Paulo ficou muito furioso, nunca em sua vida, queria tanto bater em Abelardo. Mas sabia que nada podia fazer, pois se aparecesse deixaria claro que ele era o verdadeiro autor.

— Mas é verdade, sou eu — Abelardo fala e começa a recitar uma das cartas que a menina havia recebido.

— Você leu as cartas, não foi? Só pode ser isso — Alicia voltou a indagar.

— Não, Alicia, eu que escrevi mesmo — Ele insistiu na mentira.

Alicia ficou calada por alguns minutos, queria não acreditar naquilo, mas as evidências a levavam a crer que sim.

— Abelardo, me dá um tempo, por favor — Alicia pediu e voltou-se a sentar.

— Tudo bem, tudo que eu quero é uma chance com você, depois me dê uma resposta, mas saiba que as palavras das cartas foram do fundo do meu coração — Ele diz falsamente e se retira.

“Que fingido — Paulo afirmou por entre os pensamentos — Mas se eu pego ele... não sobra um dente naquela boca mentirosa”

A Gusman voltou a ficar pensativa, não queria acreditar naquilo, mas não via outra pessoa que tivesse motivos para envia-la aquelas cartas. Paulo, por sua vez, só queria saber de quebrar a cara de Abelardo. Sem mais chances de por a carta, ele saiu bem devagar e voltou para perto de seus amigos. Ele só sabia de uma coisa, precisava conversar urgentemente com Alicia quando chegasse em casa.

(...)

As aulas finais logo se passaram. Daniel e Natasha ficaram muito próximos, o que só causou mais ciúmes em Maria Joaquina.

Paulo esperou que Daniel e Valéria fossem trabalhar, pois assim ficaria mais a vontade com Alicia. Quando ambos foram para a lanchonete, o Guerra parou a Gusman.

— Precisamos conversar, e é urgente — Paulo diz sério e Alicia fica preocupada.

Apesar dos dois terem ficado bem distantes ultimamente, a garota resolveu conversar com ele.

— Tá, Paulo, diz logo o que é — Alicia pede já impaciente.

— Eu que sou o autor das cartas, o Abelardo mentiu pra você — Paulo não quis saber de rodeios e foi diretamente ao ponto.

—Você escutou escondido a minha conversa com ele e agora tá inventando isso? — A Gusman esbravejou irritada.

— Óbvio que não, Alicia, ele que inventou tudo aquilo, eu sou o verdadeiro autor das cartas — Paulo responde dizendo a verdade, mas Alicia não aparentava acreditar.

— Mas e que motivos você teria pra me mandar essas cartas, hein?! Queria me fazer de idiota? Conseguiu então — Alicia volta a bradar furiosa.

— Eu nunca te faria de idiota, Alicia. Eu fiz isso porque GOSTO de você — Paulo respondeu dando ênfase — E eu sabia perfeitamente que você ficaria evitando as cartas caso soubesse que o autor era eu.

— Mas o Abelardo me disse primeiro que era o autor, então me prova que é você — Alicia fala o desafiando.

Sem perder tempo, Paulo retira do bolso de sua calça mais uma de suas cartas que havia escrito e entrega para a garota.

— Pode conferir aí — Paulo diz — a mesma caligrafia, a mesma folha de caderno, tudo igual.

Alicia desdobra a folha e lê tudo, novamente encantada pelas palavras. Ela confere as caligrafias e realmente bate, não restando dúvidas de que Paulo era o verdadeiro autor das cartas.

— Então quer dizer que o Abelardo... — Alicia tentou dizer, mas logo foi interrompida pelo Guerra.

— Sim, ele te enganou, mentiu, aquele cara de pau — Vez de Paulo esbravejar, completamente irritado.

— Mas porque você fez isso, Paulo? Só me fez de boba, me fez gostar de alguém que não era você — Alicia se manteve forte, não dava o braço a torcer.

— Como assim, Alicia? Eu fiz isso porque eu realmente gosto de você e quero uma chance. Esse sou eu sim — O Guerra responde convicto.

— Não, não é — Alicia insistiu — Você foi covarde me enganando desse jeito e insistindo em um relacionamento que não daria certo, me esquece.

A Gusman completa e se retira do local, deixando Paulo sozinho.

— Que ótimo, mais um plano fracassado, que gênio que você é, Paulo — O Guerra exclamou para si mesmo, enquanto ironizava.

(...)

Mais tarde, após o trabalho, Daniel e Valéria chegaram bem exaustos em casa. Davi queria falar com a garota e pedir desculpas, já não aguentava mais aquele clima tenso com ela, esperou-a subir as escadas e quando a menina foi entrar em seu quarto, o Rabinovich a parou.

— Valéria, será que a gente pode ter uma conversinha? — Ele perguntou tentando ser amigável.

— Olha, Davi, eu to bem cansada, depois a gente conversa — Ela diz tentando não parecer grossa.

— Eu só queria era te pedir desculpas — Davi diz, pegando-a de surpresa.

—Ah, agora você se importa comigo? Não parecia quando ficava de conversinha com a Alicia — Valéria comentou debochada.

— O quê? Sério que você vai ficar com ciúmes da sua amiga? —Davi questiona incrédulo.

— Ué, você também ficou com ciúmes de quando eu tava com o Paulo, não posso ter também? — Valéria devolveu.

— Inacreditável, eu venho aqui pra fazer as pazes e tudo que ganho é mais patada. Tchau, Valéria — O menino se despediu e foi para seu quarto. Valéria deu um longo suspiro.

(...)

Durante a parte da noite, Jorge se encontrava com Natasha conversando em seu quarto a respeito da nova escola e dos novos colegas, a garota contava tudo sobre o que tinha achado para o garoto.

— E aí, curtiu o primeiro dia? — Jorge perguntou interessado.

— Sim, foi bem divertido até — Ela respondeu sorrindo — Vejo que vai ser bem interessante tentar descobrir o segredo daqueles seis.

— Com certeza — Jorge afirmou concordando com a ruiva.

— Sabe o que eu reparei? — Nat perguntou e Jorge fez um sinal para que ela continuasse — Daniel é muito fechado e esperto, não dá brecha para o segredo, vai ser quase impossível tirar algo dele.

— Sou obrigado a concordar com você — O menino diz — Apesar dele ser um babaca, é o mais esperto dentre os seis, não vai dar pra arrancar algo dele nem tão cedo.

— Justamente visando isso, que eu resolvi que a partir de amanhã, me aproximarei do Paulo — A menina diz pegando-o de surpresa.

— Como assim? — Ele indagou sem entender.

— Simples, se o Daniel é mais reservado, eu tenho que tentar me aproximar de alguém dos outros cinco, é o mais viável a se fazer — Natasha responde tranquilamente.

— É, boa ideia — Jorge cede — Por mim tudo bem, não importa de que forma ou de quem você arranque o segredo, o importante é conseguir.

— Exatamente — A ruiva exclama com um sorriso e logo é acompanhada pelo garoto.

(...)

Majo se encontrava sentada no sofá da sala de estar da mansão, ela pensou em sair quando viu Daniel descendo as escadas e vindo em sua direção, porém o garoto foi mais rápido.

— Será que a gente pode conversar? — Daniel perguntou. Ambos mal haviam se falado desde o beijo.

— Porque você não vai procurar a Natasha? — Majo diz friamente e bem enciumada.

— Espera, você tá com ciúmes dela? —O Zapata indagou rindo.

— Não é ciúmes. É só que você em um dia tava falando comigo e no outro já tava próximo da Natasha — Majo tentava argumentar.

— Majo, eu só a conheço há um dia, ela é só minha amiga. Deixa de ciúmes e vamos conversar — Daniel pede mais uma vez.

— Eu já disse que não é ciúmes, agora se me der licença... — Maria Joaquina completa e se retira do local, não dando o braço a torcer e continuando a insistir que não estava com ciúmes.

Daniel até que ficou satisfeito com os ciúmes, pois isso mostrava que ela se importava com o garoto.

(...)

Na mansão dos Cavalieri, os pais de Jorge o chamaram na sala de estar, pois segundo eles, tinham algo muito importante para contar ao garoto. Mesmo sem entender nada, Jorge foi de encontro aos seus pais. Já Nat, não querendo se meter nesses assuntos, ficou no quarto do primo mesmo.

— Então, o que queriam? — Jorge perguntou um pouco seco.

Seus pais se entreolharam antes de começaram a falar.

— Então filho, nós resolvemos lhe contar toda a verdade, o que nós escondemos por todos esses anos — Rosana diz e o garoto fica surpreso, pois nunca pensou que seus pais finalmente fossem revelar.

— Ah, tudo bem, pois me contem o que esconderam de mim durante todo esse tempo — Jorge pediu convicto.

— Filho, a verdade é que o Alberto não é seu pai biológico — Rosana diz de uma vez e Jorge é completamente pego de surpresa.

O garoto ficou totalmente sem reação, então era por isso que o homem nunca o havia tratado realmente como um filho? Jorge quis chorar, de raiva, de fúria, mas se manteve firme.

— E vocês esconderam isso de mim por 16 anos? — Ele esbravejou firmemente.

— Calma, filho, não precisa se exaltar — Alberto o aconselhou.

— E você não é meu pai, portanto não me chame de filho — Jorge diz para o homem.

— Senta, filho, que eu vou te contar toda a história — Sua mãe pediu e o garoto sentou-se, ainda atordoado.

— Pois pode começar — Jorge pediu nervoso, com medo do que escutaria.

— Há muito tempo, eu conheci um homem e nós nos apaixonamos. Eu logo fiquei grávida dele, só que ele precisou se mudar com a família pra longe, e nem sequer imaginou que seria pai — Rosana deu uma pausa — Daí pouco tempo depois eu conheci o Alberto, eu até tentei levar essa mentira sozinha, mas contei toda a verdade pra ele.

— Eu sempre tentei ser um bom pai, mas é difícil quando você olha pra uma criança e sabe que não foi gerada por você — O homem diz cabisbaixo.

Jorge já estava mais do que furioso com aquilo tudo.

— Que ótimos pais vocês são hein?! Esconderam-me isso por 16 anos, 16 longos anos — Jorge voltou a repetir.

— Foi pro seu bem, meu filho — Rosana diz já deixando lágrimas caírem.

— Tem algo que a gente possa fazer pra ter o seu perdão? — Alberto perguntou esperançoso.

— Meu perdão vocês não terão nem tão cedo, talvez nunca — Jorge comentou — Mas o mínimo que vocês podem me fazer, é dizer qual o nome do meu pai biológico.

Rosana olhou profundamente para o garoto e suspirou antes de dizer.

— Miguel Médsen...


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Notas finais do capítulo

Sim, Majo e Jorge são meio irmãos, até uma leitora cogitou isso e meus parabéns! Mas enfim, que mundo pequeno, hein?! Veremos como a garota irá reagir ao descobrir isso...

E a Natasha possui um passado, aparentemente, bem misterioso. Veremos em breve!

Alicia deu mancada em falar daquele jeito com o Paulo, não é?

Enfim, espero que tenham curtido! Me perdoem por qualquer erro e até o próximo! :D