Carrossel: Órfãos e Perdidos escrita por Gronk Spike


Capítulo 30
Capítulo 29 - Reencontro!


Notas iniciais do capítulo

Olá galera! Como estão? Comigo tudo ótimo! A fic já está quase nos 300 reviews! Tudo isso graças a vocês, muito obrigado por cada comentário!

Enfim, eu cheguei com mais um capítulo! O último desse ano de 2015! Espero que gostem e boa leitura! :D



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O fim de semana em pouco tempo chegou. O clima ainda era bem tenso entre os órfãos. Por mais que todos quisessem negar, era impossível não sentir falta de Helena, a mulher era muito legal e atenciosa com eles, chegando até a ser mais do que uma simples tia falsa.

Como os meninos normalmente faziam nos finais de semana, eles rapidamente foram para a escola treinar para a semifinal do campeonato, pois seria justamente na segunda-feira. Davi foi o primeiro a acordar, queria desde cedo evitar Valéria. Paulo não ficou para trás e logo também foi um dos primeiros.

Já Daniel, nem fez questão de se levantar com pressa, estava ainda muito desanimado, mesmo que já houvesse passado uma semana desde as discussões.

Brevemente eles chegaram à escola, pouquíssimas palavras trocadas. Durante o treino, mais desânimo. Daniel mal jogava e Paulo e Davi se recusavam a tocar a bola um para o outro. O treinador se viu em desespero, pois pelo visto, seria mais um jogo muito difícil.

— Aí, gente, tenho algo pra contar pra vocês — Mário anunciou quando todos os jogadores do time estavam sentados na arquibancada, juntos.

— Pois nos conte — Jaime pediu curioso.

— Eu saí com a Carmen no fim de semana e a pedi em namoro, ela aceitou — Mário revela radiante de felicidade, fazendo questão de mostrar a todos.

Logo a arquibancada se encheu de pessoas parabenizando o Ayala. Mesmo atordoados, os órfãos fizeram igual a todo mundo, estavam feliz pelo amigo.

— Até que enfim desencalhou — O Palilo afirma rindo e Mário fecha a cara.

— Só cuida direito da minha amiga, hein?! — Paulo indagou em um tom brincalhão.

— Pode deixar — O Ayala respondeu entrando na brincadeira.

(...)

Como tudo que é bom, dura pouco, o final de semana passou-se voando. Do mesmo jeito de antes, eles foram bem desinteressados para o colégio. Por mais que quase todos quisessem matar aula, os órfãos sabiam que Helena não gostaria de saber que haviam feito isso.

Durante a semana inteira, Jorge havia notado que todos os órfãos estavam distantes, como se não estivessem unidos como antes. Cansado de ficar sem respostas, ele resolveu questionar Majo quando a menina chegasse ao colégio. O garoto, sem dúvidas, estava bem confuso, pois os seis eram muito unidos e inseparáveis.

“É, pelo visto eles realmente estão brigados desde a semana passada, após ninguém acreditar no que o babaca do Daniel disse” — Jorge pensou rindo.

— Oi, linda — Jorge cumprimentou Majo quando ela já estava muito próxima.

— Oi — Ela devolveu bem baixo.

— Princesa, posso te perguntar uma coisa? — O Cavalieri continuou com o fingimento.

— Claro — Ela respondeu no mesmo tom de antes.

— Porque seus primos estão tão separados assim? Reparei que as meninas nem os meninos estão juntos — Jorge perguntou percorrendo o olhar pelo pátio da escola.

Maria Joaquina não sabia o que dizer, até que veio o pretexto perfeito em sua mente.

— Ah, é que nossa tia viajou bem cedo hoje e todos nós estamos sentindo muita falta dela, se já é difícil viver sem os pais por perto — Maria Joaquina confessou.

“Ah, então quer dizer que a tia deles não está por perto? Perfeito, assim fica muito mais fácil” — O Mauricinho exclamou pelos pensamentos, sem tirar o sorriso debochado do rosto.

— Ah, mas não precisa ficar assim, princesa. Em breve ela volta — Jorge diz falsamente abraçando-a.

Majo já não se sentia mais segura e confortável como antes, quando abraçava o garoto. Para a menina, o abraço e o beijo de Daniel era bem melhor, mas ela sabia que os dois não poderiam ficar juntos.

(...)

Abelardo aproveitou que o sino ainda não havia tocado, e foi discretamente até sua sala de aula. Lá, ele viu a bolsa de Alicia já colocada em uma das cadeiras. Com cuidado para não ser notado, ele caminhou calmamente até a mochila da garota e abriu-a.

O garoto não perdeu tempo e começou a vasculhar o que a menina estava lendo nos dias anteriores. Abelardo tomou um susto ao achar muitos papeis e ler o conteúdo de cada um deles.

— Admirador secreto? — Ele se perguntou espantado — Quem dessa escola, ou melhor, dessa sala teria coragem pra mandar cartas pra Alicia?

Com o mesmo cuidado antes, ele guardou tudo e saiu do local. Precisava descobrir mais do nunca quem estava enviando aquilo.

— Já sei, posso descobrir por meio da caligrafia — Ele exclama enquanto andava pelos corredores da escola — É, isso mesmo que eu vou fazer.

(...)

As primeiras aulas foram bem rápidas, quando chegou o intervalo, Alicia se recusou em sair da sala de aula e ficou parada em sua cadeira, apenas esperando o tal admirador secreto chegar com mais uma carta e pega-lo no flagra.

Paulo, que já estava com mais uma de suas cartas prontas, voltou até a sala de aula com esperança de não encontrar ninguém lá, porém se surpreendeu ao ver a Gusman parada vigiando a mochila.

“Droga, Alicia — Ele esbravejou por meio dos pensamentos — Sai daí rapidinho pra eu por essa carta”.

A garota não reparou no Guerra e apenas continuou no seu canto, esperando o tal admirador chegar.

Paulo se viu sem saída e desistiu, saindo do local e indo de encontro aos seus amigos.

(...)

Abelardo procurava Margarida incessantemente, por sorte, encontrou-a sozinha e se aproximou da garota.

— Margarida, você não acredita no que eu descobri — Ele diz e a garota foca nele.

— Ué, me diz — Ela pede.

— Eu descobri que a Alicia anda recebendo cartinhas românticas, de algum admirador secreto que, provavelmente, é da nossa sala — Abelardo responde.

— E daí? — Ela indagou sem entender.

— E daí que isso, provavelmente, pode tem a ver com o que ela esconde, já que é tanto segredo na vida dessa família deles — O garoto murmura essa última parte.

— É, de fato, mas como você pretende descobrir quem é o autor das cartas? — Ela rebate e Abelardo sorri.

— Por meio da caligrafia, nada melhor — Ele afirma.

— Boa ideia — Ela concorda.

(...)

O restante das aulas se arrastou. A semifinal do campeonato logo chegou, não era só o treinador que previa um jogo duro, Jaime também compartilhava desse pensamento, não só pelo clima tenso entre os jogadores, mas juntamente com a qualidade da outra equipe. Eles não podiam mais um ano chegar tão longe para morrerem na praia, pensava o Palilo.

Diferente da partida anterior, a semifinal ocorreria na própria escola mundial. A quadra estava lotada de torcedores, mostrando o apoio que a escola teria. Os jogadores se encontravam no vestiário, se arrumando para o jogo de logo mais.

Em pouco tempo, todos eles terminam e adentram a quadra, sendo prontamente bem recebidos pela multidão. Nenhum dos órfãos, sinceramente, estava com cabeça para jogar futsal, porém não queriam deixar os companheiros e, principalmente, a escola na mão.

(...)

A semifinal logo se iniciou, e o treinador viu de longe, a dificuldade que teriam. Muitos passes errados, gols bobos sendo desperdiçados e, acima de tudo, o desentrosamento da equipe.

Em determinado momento da partida, Davi corria com a bola dominada, porém estava muito marcado. Paulo passava livremente e gritava para o Rabinovich lhe passar a bola. Deixando o orgulho falar mais alto, Davi não tocou e tentou prosseguir a jogada, tendo perdido a bola.

Paulo se enfureceu e começou a xingar o menino mentalmente, nunca pensou que chegaria a esse ponto.

Pra piorar toda a situação, no lance seguinte, o time adversário marcou um gol, colocando o colégio deles em vantagem no placar.

(...)

O primeiro tempo terminou conturbado, se encontrava 2x0 para o time rival. Se não fosse por Jaime e suas defesas, o placar teria sido bem maior.

Paulo chegou xingando e chutando tudo no banco de reservas, enquanto tentava ser acalmado pelos companheiros de equipe.

— Poderia está 2x1 se o Davi tivesse me passado aquela bola, não é? — Paulo indagou olhando para o Rabinovich.

— Poderia, mas não está — O próprio Davi respondeu, bem calmamente e sem olhar diretamente para o Guerra.

Isso só deixou Paulo mais irritado ainda, pois Davi aparentava não ter um pingo de importância com o jogo, que estavam perdendo.

— Escutem aqui, vocês dois — Jaime, como capitão, começou o sermão — Parem de brigar feito duas menininhas e se concentrem no jogo, deixem para resolver as diferenças fora da quadra, mas agora é focar no jogo, estão me ouvindo? No jogo. Se continuarem agindo como se não se conhecessem, ou melhor, como se não fossem primos, vamos sair daqui humilhados em plena nossa própria escola, é isso que vocês querem?

Todos balançaram a cabeça negando. Até mesmo quem não estava recebendo o sermão, balançou. O treinador ficou muito surpreso pelo espírito de liderança do Palilo.

— Eu não ouvi, é isso que vocês querem? — Jaime bradou repetindo o que havia dito anteriormente.

— Não, capitão — Todos gritaram.

— Perfeito! — Jaime exclamou — Agora vamos voltar para aquela quadra e fazer o que a gente faz de melhor.

Todos gritaram empolgados, contagiados pelo discurso do Palilo, e de certa forma, haviam ganho mais ânimo para o restante da partida.

(...)

O segundo tempo começou eufórico, com o apoio da torcida, a escola mundial logo diminuiu a diferença no placar, com um gol de Abelardo, o garoto ficou se gabando muito pelo feito, irritando Paulo.

Mais alguns minutos, e em uma falha infantil da defesa adversária, Mário se viu livre e chutou forte no canto, empatando o jogo, 2x2 assinalava o placar.

Jaime foi, sem dúvidas, o nome do jogo. Não só por ter levantado o astral do time, mas também pelas excelentes defesas. Se não fosse o Palilo, a situação já estaria bem pior.

Só que o inevitável aconteceu. O jogo terminou empatado e foi para as penalidades. O que sempre deixava os jogadores bem nervosos. O treinador da escola mundial tentava passar confiança e tranquilidade para os jogadores.

Da arquibancada, Jorge observava tudo com Majo. Ele havia visto muito bem o primeiro tempo inteiro e reparou que a briga deles também tinha afetado o entrosamento, pois nenhum dos órfãos tocava a bola para o outro uma vez sequer.

Mesmo assim, o Cavalieri ficou surpreso pelo poder de reação do time e viu que Jaime era realmente um ótimo capitão.

(...)

Na disputa de pênaltis, a escola mundial havia convertido todos os cinco com êxito, já o colégio rival, tinha acertado apenas quatro, ou seja, se errassem o próximo chute, estariam eliminados da competição.

Um forte e profundo silencio estabeleceu-se na quadra. Jaime parecia pensativo, o cobrador provocava o menino. O som alto do apito do juiz indicou que o pênalti estava autorizado, o jogador adversário correu pra bola e meteu um lindo chute. Só não foi mais lindo que a defesa de Jaime. O Palilo havia defendido a cobrança com sucesso, fazendo o local estremecer por inteiro.

Os jogadores do time rival abaixaram a cabeça. A escola mundial vibrou, pulou, comemorou. Estavam na final por dois anos consecutivos.

— Caramba, Jaime, quem diria que essa sua barriga nos ajudaria em algo um dia? — Paulo ironizou, tentando amenizar o clima tenso que estava há um tempo.

— Isso, vai zoando, porque nada hoje tira minha felicidade — Jaime exclamou — Estamos na final!

— E por dois anos seguidos, sempre bom relembrar — Cirilo enfatizou próximo aos companheiros.

(...)

Após o exaustivo jogo, todos os órfãos voltaram para casa. Davi, por mais que se esforçasse e quisesse, não conseguia esquecer Valéria. O garoto desabou em sua cama bem triste, mesmo sabendo que não podia fazer nada para reverter aquela situação. Tudo que poderia fazer, era se lembra de momentos que havia passado com a amada.

FLASHBACK ON

Fazia algumas semanas desde que a pequena Valéria havia chegado ao orfanato. Davi não escondia de ninguém o quanto estava feliz por tê-la como amiga. A cada dia que passava, o Rabinovich só ficava mais encantado pela garota, uma coisa que ele não conseguia explicar.

Valéria, por sua vez, via Davi como um porto seguro. Desde que havia sido abandonada pela própria mãe, a garota tinha sérias dificuldades em confiar nas pessoas, mas com Davi era diferente, ela sabia que podia confiar nele.

Era uma noite de domingo. Valéria, com seus seis anos, se encontrava no pátio do orfanato, apenas observando e admirando o céu estrelado. Sempre ouvia das pessoas, que após a morte de seu pai, ele havia virado uma estrela. Por isso, tinha adquirido esse hábito de olha-las.

Davi andava calmamente pelo local, até que a avistou ao longe, sentada olhando para as estrelas. O garoto aproximou-se devagar e se sentou ao lado da menina. Valéria estava tão distraída que nem percebeu.

— Elas são lindas, não é? — Davi indagou se referindo às estrelas.

— Ah, oi Davizinho — Valéria diz ao reparar no garoto. Mesmo em tão pouco tempo de convivência, Valéria já havia dado um apelido para o Rabinovich.

— Então, tá tão distraída assim por quê? — Davi perguntou e acompanhou a menina em observar o céu.

— Ah, é porque sempre me disseram que quando meu pai morreu, ele virou uma estrela e passa a me olhar lá de cima — A garota respondeu meigamente e Davi esbouçou um sorriso, admirado pelas palavras.

— Nossa, lindas palavras — O menino confessa fazendo-a corar.

Valéria, sem saber o que responder, apenas o olhou e sorriu.

— Sabe, já nos conhecemos há algum tempo, sempre fiquei curioso para saber sua história — Davi diz e a menina fica cabisbaixa.

— Não sei se eu deveria contar — Ela dá um leve murmuro.

— Tudo bem, não se sinta pressionada por mim, se não quiser dizer, não tem problema — Ele fala tranquilizando-a.

— Mas quer saber?! Eu confio em você, Davi, eu sinto que posso e devo te contar — Valéria declara e o menino fica muito feliz em ouvir aquilo.

— Tudo bem, eu também sinto que posso confiar muito em você — Ele diz.

— Meu pai morreu não tem muito tempo — Valéria começa a contar sua história — Ele me amava muito e eu o amava bastante também. Ele era o único que me defendia da minha própria mãe, que nunca me amou de verdade. Eu nunca entendi o porquê. E agora estou eu aqui no orfanato, após ter sido abandonada por aquela mulher.

Valéria terminou e Davi ficou chocado, o menino jamais tinha imaginado que a menina havia sofrido tanto. Em um ato de carinho, ele abraçou-a, como se dissesse que tudo ficaria bem e ele estaria ali com ela.

Mesmo surpresa, Valéria retribuiu o abraço.

— Olha, Val, meu passado nem é tão triste assim como o seu — Davi começa a dizer após cessar o abraço — A diretora só me disse que havia uma família de judeus que não podiam ter filhos e por isso ficaram me criando ilegalmente. Inclusive me colocaram o nome de Davi Rabinovich, não seria exagero se eu dissesse que não sei meu próprio nome. Depois que as autoridades descobriram, eu vim parar aqui.

— Nossa, Davi, mas e seus pais verdadeiros? — Valéria perguntou curiosa.

— Não se tem informações sobre eles — Davi confessa também triste, queria ter conhecido os dois.

— Eu lamento muito, Davizinho, mas eu posso dizer que estou do seu lado — Valéria o conforta.

— E eu fico feliz por isso, enquanto eu estiver do seu lado, o resto é detalhe — Davi diz e a menina volta a ficar ruborizada.

Valéria logo apoiou a cabeça no ombro de Davi e os dois voltaram a observar as estrelas, ainda muito felizes pela amizade que haviam firmado dentro daquele lugar.

FLASHBACK OFF

O menino não aguentou e deixou escorrer uma lágrima, amava aquela garota mais que sua própria vida e não gostava do fato de estar brigado com ela.

— Me perdoa, Valéria — Ele murmurou para si mesmo enquanto limpava a lágrima que teimava em cair de seus olhos.

(...)

Apesar de se encontrar bem cansado, Daniel não podia faltar ao serviço na lanchonete. Ele, juntamente com Valéria, zarpou rumo ao estabelecimento logo após a partida.

Ao chegar no local, o Zapata foi prontamente recebido pelo patrão, que o parabenizou pelo vitória e por ir até a final do campeonato. Daniel agradeceu com um sorriso e logo começou a trabalhar com sua amiga. Apesar do clima pesado, eles tinham que cumprir com suas obrigações.

(...)

Na mansão, após o expediente de Daniel e Valéria, a menina se encontrava conversando com Paulo, em seu quarto. Ela contava pra ele que já não aguentava mais todo esse sofrimento que eles estavam passando.

Porém Paulo estava distraído, parecia pouco se importar, como se estivesse no mundo da lua. O garoto pensava a todo o momento em quais palavras usar para as outras cartas para Alicia.

— Paulo, tá me escutando? — Valéria indagou e ele nada respondeu.

Valéria suspirou fortemente e deu um beliscão no amigo.

— Ai, Valéria — Paulo gritou massageando o braço beliscado — Porque você fez isso?

— Porque você não tá me escutando — Valéria exclamou.

— Ah, foi mal, eu tava pensando numa coisa aqui — Ele diz.

— Então me conta o motivo de tanta distração — Valéria pede.

— Hm, acho melhor não — Paulo comenta — Foi contando uma coisa pra você que tudo isso veio a acontecer, melhor não contar.

— Ah, qual é Paulo?! — A garota indagou indignada — Nós somos amigos e não tem mais ninguém pra você contar, tá todo mundo distante um do outro.

— É verdade — Ele concordou — Tá, eu te conto.

— Oba, diz logo — Ela pediu ansiosa.

— Sabe as cartas que a Alicia anda recebendo? — Paulo questionou e Valéria ficou confusa.

— Sei, mas como você sabe que ela anda recebendo essas cartas? — Valéria devolveu sem entender.

— Porque eu sou o autor delas — O Guerra revela e Valéria arregala os olhos, totalmente surpresa.

— Você tá falando sério? — Valéria indaga novamente, ainda sem acreditar.

— Sim, sou eu. Eu quis conquista-la dessa forma, sem ela saber que era eu, porque se soubesse, ficaria evitando as cartas — Paulo diz.

— Caramba, eu só posso dizer que estou bem surpresa. De onde você tirou aquelas palavras? — Valéria perguntou.

— Paulo Guerra tem seus truques — Ele responde debochando, enquanto dava uma piscadela para a amiga.

— Olha, meus parabéns, a Alicia está adorando as cartas, continua assim que logo vai conquista-la — Valéria aconselha e ele assente.

— Pode deixar que eu já tenho ideias pra futuras cartas — Ele responde convicto ao mesmo tempo que esfregava aos mãos.

(...)

Durante a parte da noite, uma forte chuva voltou a cair na cidade, o clima estava bem agradável. Sem conseguir dormir, Maria Joaquina desceu as escadas e sentou-se no sofá, apenas para ficar curtindo o som que as gotas da chuva causavam.

Daniel, por incrível que pareça, teve o mesmo pensamento. O Zapata achou que conseguiria dormir rápido pelo fato de se encontrar cansado, mas se enganou completamente. Sua vida estava muito conturbada e também sem conseguir dormir, ele desceu as escadas, dando de cara com Majo já sentada no sofá da sala.

A garota estava com os olhos fechados, curtindo o momento, nem havia reparado na presença do menino.

— Também sem sono? — Ele perguntou quebrando o silêncio.

Majo abriu os olhos e ficou surpresa ao vê-lo.

— Daniel? — Ela indaga confusa — O que você tá fazendo aqui?

— Nada. Estou apenas sem sono, não consigo dormir — Ele responde e se senta ao lado da garota.

— Eu também não — Ela diz — Sabe, a Helena tá fazendo uma falta...

— É, tenho que concordar — Daniel fala — Ela tava sendo uma verdadeira tia pra gente, ou talvez até mais.

Pela primeira vez em dias, os dois estavam conversando normalmente, sem discussões ou brigas.

— Parece que só rola clima entre a gente quando tá chovendo — Daniel diz rindo e Majo o acompanha nas risadas.

— É, você tem razão — Ela concorda.

— Ah, pelo menos consegui tirar um sorriso de você — O Zapata comenta.

O sorriso de Majo só fez crescer cada vez mais.

— E, aliás, que lindo sorriso — Ele elogiou.

— E o motivo dele é você — Majo murmura, pegando o garoto completamente de surpresa.

Daniel ficou confuso e totalmente sem reação. Majo não perdeu tempo e tomou a atitude, puxando o garoto contra si e beijando-o mais uma vez, ela não conseguia mais esconder e aprisionar seus sentimentos.

Mesmo surpreso, Daniel retribuiu o beijo. O Zapata nunca esteve tão feliz, tinha a garota totalmente entregue em seus braços. Maria Joaquina também não ficou para trás, estava mais do que contente por beijar e abraçar quem ela realmente gostava.

Os dois separaram com a falta de ar e fitaram um ao outro, olho no olho. Ela sorriu e ele devolveu o sorriso, logo em seguida colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha da garota.

Ambos rapidamente se acomodaram no enorme sofá da sala de estar e acabaram adormecendo juntos, deitados e abraçados.

(...)

Jorge estava em casa, deitado em sua cama, apenas pensando nas inúmeras discussões que seus pais tinham. O Cavalieri estava de saco cheio de tudo aquilo, como se já não bastasse o segredo de Maria Joaquina, agora eram seus pais que ficavam de mistério.

O garoto continuou pensativo, até que seu mordomo apareceu em sua porta com um recado.

— Senhor Cavalieri, seus pais estão lhe chamando lá na sala de estar — O homem anunciou.

— Tudo bem, avise a eles já estou descendo — Jorge diz.

O menino logo desceu, encontrando seus pais com feições bem alegres.

— Que alegria toda é essa? Finalmente vão contar o que tão me escondendo? — Jorge perguntou sem entender ao mesmo tempo em que debochava.

— Jorge, você não acredita quem voltou de viagem e está aqui na nossa casa — Alberto diz ignorando a pergunta do filho e o menino fica confuso.

— Quem? — Ele questionou curioso.

— Veja com seus próprios olhos — Rosana fala e dá passagem para uma menina entrar.

A garota era extremamente linda. Os cabelos ruivos naturais, que caíam sobre os ombros, davam contraste com a bela pele clara que ela tinha. Seus olhos verdes eram intensos e como um ímã, pois facilmente atraía todos os olhares, juntamente com seu corpo escultural, que fazia qualquer marmanjo ficar babando.

— Natasha? — Jorge pronunciou o nome da garota, atordoado, sem acreditar no que via — O que você tá fazendo aqui?

— Qual é, Jorge?! — A menina diz sorrindo irônica — Não vai cumprimentar sua prima?


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Notas finais do capítulo

Placar de traições: Jorge 2 x 2 Maria Joaquina

Brincadeiras a parte, tivemos nesse capítulo beijo Maniel e flashback Daléria! Só faltou a Alicia ter saído de perto da mochila pro Paulo ter colocado a carta! Uma pena que não deu...

E agora a escola mundial está na final da competição, apenas um passo para o tão sonhado título!

E bem, conheceremos mais da Natasha no capítulo seguinte!

Como não vou postar mais esse ano, desejo aqui pra todos vocês um feliz ano novo! Que seja muito próspero para cada um de vocês! Espero que tenham curtido o capítulo! Perdoem-me por qualquer erro e até o próximo! :D