Carrossel: Órfãos e Perdidos escrita por Gronk Spike


Capítulo 29
Capítulo 28 - Desunião entre os órfãos


Notas iniciais do capítulo

Olá! Voltei com mais um capítulo! Espero que todos tenham tido boas festas de natal! Obrigado a todos pelos comentários no capítulo anterior!

Espero que gostem desse de hoje, que é um capítulo um tanto quanto complicado para os nossos queridos órfãos! Boa leitura :D



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Logo após o serviço, Daniel tirou o avental, se despediu do chefe e zarpou rumo à mansão, nunca esteve tão nervoso em sua vida. Sua aflição era que Jorge, Abelardo ou Margarida já tivessem descoberto alguma coisa a respeito deles.

Ao chegar em casa, não perdeu tempo, e como um foguete, correu até o quarto de Maria Joaquina. O garoto deu algumas leve batidas e a menina permitiu sua entrada.

— Daniel? — Ela indagou confusa.

— Preciso falar com você, é urgente — Ele diz e Majo fica preocupada.

— Tá, me diga então — Majo pede.

— Olha, preciso que você acredite em mim — Daniel murmura.

— Não posso prometer, mas diz logo — Ela pede novamente.

— Quando eu tava trabalhando, agora a pouco, eu ouvi o Abelardo e a Margarida dizerem que são aliados do Jorge e que eles estão atrás do nosso segredo. — O Zapata completou e ficou esperando, aflito, a resposta da garota.

— Que feio, Daniel — Majo comentou — Não acha que é errado difamar meu namorado só pra tentar algo comigo?

— Mas Majo, não estou mentindo — Ele tentou argumentar.

— Chega desse assunto. Nem tinha como o Jorge saber do nosso segredo —Majo fala convicta.

— Bem, de fato, não sei como ele soube, mas por favor, acredita em mim — Daniel suplicou.

— Como eu já disse, chega. Agora sai do meu quarto, nunca pensei que você fosse ser capaz disso — Majo termina.

Sem opção, Daniel saiu cabisbaixo e triste, por Maria Joaquina não acreditar nele. Mas o garoto ainda mantinha um pouco de esperança, talvez Paulo e Davi acreditassem. O Zapata rapidamente os achou conversando no quarto do Rabinovich.

— Preciso falar com vocês — Daniel diz.

— Tem que ser agora? — Paulo pergunta.

— Sim, é urgente, tem a ver com o nosso segredo — O Zapata declara e os dois olham preocupados para o amigo.

— Pois tá, nos diga — Davi fala.

— Eu agora a pouco quando tava trabalhando, ouvi o Abelardo e a Margarida confessarem que são aliados do Jorge e que tão em busca do nosso segredo. Abelardo se aproximaria mais da Alicia e a Margarida de você, Davi — Daniel conta mais uma vez a mesma história.

O Zapata ficou ansioso esperando a reação dos amigos e se surpreendeu ao ver os dois caindo na risada.

— Cara, na boa, você tem futuro como humorista — Davi comenta rindo.

— Esse seus ciúmes da Majo, já passou dos limites — Paulo também opinou rindo.

— Ah, qual é?! Não vão acreditar no amigo de vocês? Desde quando eu mentiria desse jeito pra vocês? — O Zapata questionou incrédulo, pois jurava que teria o apoio dos dois.

— Eu até queria poder acreditar, mas essa história é absurda demais — Paulo diz e Davi concorda, assentindo.

— Tudo bem, não querem acreditar em mim? Eu vou provar então — Daniel declara e sai do local.

Davi e Paulo se entreolham, riem mais um pouco e voltam a fazer o que estavam fazendo anteriormente.

(...)

Daniel ficou vagando pela enorme mansão, sozinho, desolado, pensando em o que fazer já que ninguém acreditava em suas palavras. O Zapata decidiu que tiraria satisfações com o próprio Jorge, por mais que nenhum de seus amigos acreditasse nele, ele ainda tinha que manter o segredo intacto.

O garoto não perdeu tempo e foi em direção à mansão de Jorge, sendo prontamente atendido pelo mordomo, que o levou até o quarto do Cavalieri.

— Daniel? — Jorge perguntou — Algum problema com a Majo?

— Pode parar com o fingimento, Jorge, eu já sei de tudo — Daniel foi direto ao ponto.

— Parar com o quê? Já sabe de tudo o quê? — O Cavalieri indagou sem entender.

— Eu já sei que você, o Abelardo e a Margarida querem saber o que eu e os meus primos escondemos — O Zapata diz e Jorge arregala os olhos, totalmente sendo pego de surpresa.

— Mas... Mas... — Jorge tentou falar algo, mas nada saía.

— Eu ouvi os dois conversando e admitindo mais cedo, lá na lanchonete do pai do Cirilo — Daniel diz.

“Droga! Mas esses dois, hein?!” — Jorge esbravejou pelos pensamentos.

— Quer saber? Não tem mais como negar — Jorge começou a dizer — Eu realmente estou sim atrás desse segredo de vocês.

— Bom, só posso dizer que você está perdendo seu tempo — Daniel argumentou — Pois eu e meus primos não escondemos nada.

— Ah, agora eu que peço para você parar com o fingimento — Jorge retrucou — Pois eu ouvi muito bem no dia do trabalho quando a Majo disse que vocês tinham um segredo e que se alguém descobrisse, vocês estariam perdidos.

— Você deve ter ouvido errado, nós não escondemos nada — Daniel disse e Jorge riu debochado.

— Você pode até negar, mas eu sei que escondem algo, e eu vou descobrir — Jorge diz convencido.

—Olha, mesmo que nós escondêssemos algo, desde quando você tem direito de se meter na vida dos outros assim? Não pode forçar as pessoas a contarem tudo a respeito de suas vidas — O Zapata bradou e Jorge apenas manteve o sorriso irônico.

— Eu não vou forçar ela a me contar nada, por isso mesmo que eu vou descobrir por conta própria, cansei de ser feito de palhaço — O Cavalieri rebate.

— Tudo bem, escolha sua, mas saiba que está perdendo seu tempo — Daniel fala mais uma vez.

— Isso é o que veremos — O Cavalieri devolve.

Daniel sai da casa do Cavalieri bem furioso, acabara de discutir feio com o garoto e nenhum de seus amigos acreditaria nisso, precisava por conta própria provar para todos sobre o plano do menino.

(...)

O outro dia chegou e com ele, o desânimo dos órfãos para irem à escola. Daniel era, talvez, o mais desanimado. Durante o caminho inteiro para o colégio, ele não falou nada e se manteve distante dos amigos, ainda estava um pouco irritado por ninguém acreditar nele e achar que era apenas ciúmes. Nunca pensou que seus amigos, de tantos anos do orfanato, duvidariam de sua palavra.

Já Paulo era só alegria, desde que havia entregado a primeira carta com sucesso, o garoto logo escreveu outra e planejou colocar novamente nos pertences de Alicia na hora do intervalo, nada poderia dar errado.

Os órfãos rapidamente chegaram ao colégio, e como de costume, cada um foi para seus respectivos amigos.

Jaime procurava Cirilo por todo o lado, não o encontrava em lugar algum. Até que achou o garoto sentado sozinho, parecia pensativo. O Palilo se aproximou e sentou-se ao lado do Rivera.

— Cirilo, nós temos que conversar — Jaime diz e o garoto o fita.

— Temos? — Ele pergunta sem entender.

O Palilo apenas assente.

—Tudo bem, então me diga sobre o que é — O Rivera pede.

— Olha, é sobre a Valéria, ela não gosta de você — Jaime diz sendo direto.

— Não? Mas eu ouvi perfeitamente quando você disse — Cirilo argumenta.

— Sim, mas só que houve um mal entendido, ela gosta é de outra pessoa — Jaime explica tudo para o garoto.

— Ah, então ok, fiz mal beijando ela — Cirilo lamenta.

— Sim, mas só peço pra não contar pra ninguém, pela Valéria — Jaime diz e Cirilo assente.

— Pode deixar que eu vou guardar o segredo, agora vamos entrar que o sino tocou — O menino diz e ambos vão em direção à sala de aula.

(...)

As primeiras aulas passaram-se voando, Paulo a todo o momento ficava revisando sua carta, para ver se não havia nenhum erro ou algo que Alicia não fosse gostar de ler.

No mesmo esquema de antes, o Guerra esperou que todos saíssem do local, e quando estava sozinho, colocou novamente a carta na bolsa de Alicia. Após terminar, Paulo rapidamente sai da sala e vai rumo à quadra, a procura de seus amigos.

Alicia andava calmamente pelos corredores, até que de supetão, a menina se lembra de algo.

— Que droga, eu me esqueci que não posso desgrudar da minha mochila, o tal admirador secreto já pode ter colocado outra carta — Ela comenta consigo mesmo e corre de volta à sala de aula, com esperança de flagrar o autor das cartas.

A Gusman chega ao local, mas o encontra totalmente vazio e silencioso. Ela caminha até sua bolsa e começa a vasculhar, achando novamente outra carta.

— É, não deu tempo — Ela diz olhando o papel e em seguida o abrindo — Bem, vamos ler...

“Por você roubaria os anéis de Saturno; Gritaria para o mundo ouvir o que você quer escutar; Faria loucuras; No céu pegaria sua estrela favorita, você é uma estrela; E, por que as pessoas dizem que se pudessem escolher quem amar, amariam outro ser? Eu amo amar você, minha cabeça não escolheu isso, foi meu coração. Se eu pudesse escolher quem amar, você eu escolheria; Você tem nos olhos a beleza da vida; Têm na mente, sonhos bons e reais; Tem no coração o sentimento mais belo. Se eu nascesse mil vezes, mil vezes te amaria. Você enxerga em minha mente tudo o que eu ainda não declarei; Enxerga em meu coração, versos ainda não recitados; Enxerga em minha alma meu grande amor por você. Por você eu nem sei mais o que eu faria, mas faria! Por você eu nem sei mais o que diria, mas diria.

Assinado: Seu admirador secreto”

— Caramba, uma coisa eu tenho que admitir, esse admirador secreto escreve muito bem — Alicia confessa encantada com as palavras.

Abelardo, que passava por ali, viu a menina sozinha e estranhou. Resolveu se aproximar.

— Alicia? O que você tá fazendo aqui sozinha? — O menino questionou quando já estava perto o suficiente.

— Ah, nada não, vamos voltar — Ela diz.

— Mas espera, o que é isso que você tava lendo? —Ele volta a indagar apontando para o papel na mão da Gusman.

— Ah, nada demais, apenas umas anotações sobre a aula — Ela responde mentindo. Não poderia dizer jamais para Abelardo que andava recebendo cartas de um admirador secreto.

— Hm... Tá certo, então — Abelardo diz, mas não se convencendo totalmente com a resposta da menina.

(...)

Em pouco tempo, as aulas acabaram. Sem perderem tempo, os órfãos voltaram para casa.

Valéria se preparava para ir trabalhar na lanchonete, não poderia evitar mais Cirilo. Paulo passava por onde a menina estava e viu o semblante triste da amiga.

— Valéria, tá tudo bem? — Ele perguntou chegando mais perto.

A garota apenas assentiu.

— Pois não parece — Paulo comentou — Anda, me conta o que aconteceu.

Davi procurava Valéria incessantemente, o garoto sabia que tinha errado com a menina e precisava se desculpar, mas ao acha-la, a viu conversando com Paulo. Sua curiosidade falou mais alto e ele, com o maior cuidado, prestou atenção no que os dois conversavam.

— Meu namoro falso com o Jaime terminou — Valéria confessa para Paulo.

Paulo pode até ter ficado surpreso, porém Davi ficou muito mais.

“Então quer dizer que esse tempo todo ela tava me fazendo de trouxa?” — Davi bradou irritado pelos pensamentos.

— Mas por quê? —Paulo perguntou ainda surpreso.

— Não tava dando mais certo, ao invés de conseguir ciúmes do Davi, eu só ganhei ódio — Ela diz triste.

— Eu pelo menos cumpri minha parte e não contei nada pra ninguém — Paulo diz levantando os braços.

“Por isso ele sempre tava me mandando indiretas sobre o namoro dos dois” — Davi pensou mais uma vez, ainda furioso.

— Sim, e eu te agradeço por isso, e pode deixar que eu também vou guardar o teu segredo de ter beijado a Alicia — Valéria diz e os dois se abraçam. Paulo poderia ser durão por fora, mas não gostava de ver seus amigos naquele estado, por mais que não demonstrasse.

O clima amigável durou por pouco tempo, pois Davi partiu para cima dos dois como um raio.

— Então quer dizer que esse tempo todo o namoro com o Jaime era falso? — Ele gritou e os dois separaram-se assustados.

— Davi? — Valéria indagou surpresa — Você ouviu tudo?

— Calma cara, a gente pode explicar — Paulo diz.

— De você eu não quero ouvir nada, seu traidor — Davi diz praticamente cuspindo as palavras para Paulo.

— Traidor? Eu? — O Guerra questiona incrédulo.

— Sim, desde quando se esconde algo desse tipo dos amigos? — Davi rebateu também incrédulo.

— Eu fiz isso porque a Valéria pediu — Paulo começou a se alterar — Eu até fiquei mandando indiretas pra você, agora não me culpe se você foi burro o suficiente para não perceber.

— Como é que é?! — Davi exclamou sem acreditar — eu sou burro? Pois então é esse burro que vai quebrar tua cara.

— Pode vim, não tenho medo — Paulo afrontou o amigo.

Valéria, que até então estava calada, se pôs na frente de ambos.

— Parem com isso vocês dois! — Ela ordenou autoritária.

Paulo e Davi apenas olharam assustados para a garota.

— Sério que vocês vão brigar? Olhem com quem vocês estão falando. Com um amigo de infância. Vocês viveram a vida inteira juntos naquele orfanato e se conhecem desde os oitos anos. Aprenderam juntos, riram juntos, vocês são mais que amigos, são como irmãos! Sério mesmo que vão ignorar toda a amizade que tiveram durante todos esses anos e brigar igual a dois animais irracionais? — Valéria disse dando uma lição de moral nos dois.

Paulo e Davi viram que a garota tinha razão. Os dois não podiam brigar daquele jeito, eram mesmo praticamente irmãos. Brigar entre si seria como dar um tiro no próprio pé.

— Tudo bem então, se querem brigar, vão em frente — Valéria termina saindo de suas frentes e dando espaço para que eles pudessem brigar.

Porém nenhum dos dois ousou dar um passo. Não por medo, mas por respeito ao amigo e a amizade de tantos anos. Nem Davi e nem Paulo tinham coragem de acertar um soco sequer um no outro.

— Eu sabia, vocês não conseguem brigar — Valéria murmura — Agora esfriem a cabeça e façam as pazes, porque eu vou trabalhar, vejo vocês mais tarde.

Por mais que Valéria estivesse com total razão, o orgulho dos garotos falou mais alto e nenhum dos dois pediu desculpas. Davi apenas saiu ainda bufando e foi procurar Alicia, precisava contar algo urgente para ela.

Paulo desabou no sofá da sala e suspirou pesado, não conseguia acreditar que quase havia brigado com Davi, seu amigo de infância.

(...)

Alicia se encontrava mais uma vez lendo a carta, a garota admitia que estava gostando muito de receber aquelas cartas. Sua distração era tanta que nem percebeu Davi chegando ao seu lado.

— Alicia, tem um tempo? Preciso falar com você — Davi fala, tirando-a de seus pensamentos.

— Ah, claro, pode dizer — Ela diz dobrando a carta e focando no amigo.

— Você não vai acreditar no que eu acabei de descobrir — Ele diz e a amiga fica curiosa.

— Vai, me diz, me deixou curiosa agora — Alicia pede.

— O namoro da Valéria com o Jaime era falso, eu a ouvi conversando com o Paulo e confessando — Davi fala e a amiga fica surpresa.

— Gente, bem que eu e a Majo desconfiávamos — Alicia responde pensativa.

— Só que não para por aí. Eu também descobri que a Valéria sabia do seu primeiro beijo com o Paulo e escondeu todo esse tempo — Davi volta a falar.

— O quê? — Alicia indaga sem acreditar, sua feição havia mudado completamente.

— Isso mesmo que você ouviu. Valéria e Paulo nos escondiam aquilo o tempo todo — O Rabinovich fala indignado.

— E ela ainda se diz minha amiga — A Gusman fala rindo debochada — Quando ela chegar, vou ter uma conversa séria com ela. E ah, Davi, valeu por me avisar, eu não poderia continuar sendo feita de boba — Alicia agradece ao amigo.

Davi apenas sorri em resposta e se retira, deixando-a novamente sozinha com seus pensamentos.

(...)

No fim da tarde, Valéria chegou cansada em casa e antes de subir as escadas, é parada por Alicia.

— Espera aí senhorita Ferreira, porque nós precisamos conversar — A Gusman diz e Valéria fica preocupada, pois pela cara da amiga, não era algo bom.

— Claro, qual o problema? — Valéria pergunta.

— Porque você não me disse que sabia do meu primeiro beijo com o Paulo? — Alicia não quis saber de rodeios e mandou na lata.

— É..é... — Valéria começou a gaguejar — Me desculpa amiga, por favor, é que o Paulo me pediu pra guardar segredo.

— Achei que fôssemos amigas — Alicia comenta.

— E somos — Valéria garante, mas Alicia revira os olhos.

— Somos? Pelo que eu saiba, só eu e a Majo contávamos tudo e você sempre escondia as coisas, grande amiga hein?! — A Gusman termina irônica.

— Olha, você tem que entender que eu sou sua amiga, porém sou amiga do Paulo também, e já que ele havia guardado meu segredo, eu resolvi guardar o dele, me perdoa, por favor.

— Não, Valéria, sem perdão dessa vez. Eu achei que pudesse confiar nas minhas amigas. Quero dizer, na Majo eu até posso — Alicia completa e se retira, deixando Valéria sozinha.

A Ferreira já não aguentava mais tanto sofrimento, sempre estava discutindo com Davi ou com seus amigos.

(...)

Uma semana havia se passado desde as discussões, o clima era o pior possível. Nunca, em tanto tempo de convivência, os órfãos tinham discutido daquele jeito.

Paulo e Valéria começaram a andar mais juntos e ficaram evitando Alicia e Davi.

O mesmo acontecia com os outros dois. Alicia e Davi passaram a andar mais juntos e ignorar Valéria e Paulo.

Daniel continuava isolado, sozinho, ainda tentando arranjar um jeito de provar para seus amigos que o que ele havia dito era verdade. Mas com o clima que tava entre todos eles, o Zapata achou que seria impossível.

Já Majo, era talvez a mais distante de todos os órfãos. Só andava e conversava com Jorge, parecia esquecer-se dos anos de amizade que tivera com seus amigos e dava muito mais atenção para o Cavalieri.

Apesar de estar distante de Alicia, Paulo continuou enviando suas cartas para a garota durante a semana, tudo estava dando certo e a Gusman se via cada dia mais encantada pelas palavras do admirador secreto.

Na lanchonete, Daniel e Valéria trabalhavam muito desanimados. José viu a desanimação dos dois e pensou que estivessem insatisfeitos com o trabalho.

— Daniel? Valéria? Tá tudo bem com vocês? — O homem indagou preocupado.

— Ah ,tá sim seu José, porque? — O Zapata devolveu com outra pergunta.

— Bom, é que vocês parecem tristes, desanimados — José comentou — Estão insatisfeitos com o serviço?

Daniel e Valéria apenas se entreolharam.

— Ah, não seu José, pode ficar tranquilo — Valéria o conforta.

— É, estamos assim apenas por causa de problemas familiares, nada demais — Daniel mente, mas no fundo tendo um pouco de verdade, pois os órfãos eram praticamente como uma família.

— Tudo bem, caso precisem de algo, é só me avisar — O homem diz e se retira.

Daniel e Valéria ficam um pouco mais aliviados.

(...)

O serviço de ambos logo terminou, Paulo foi buscar Valéria e a levou para casa, mesmo que não fosse longe da mansão, os dois estavam muito próximos ultimamente.

Ela e o Guerra logo chegaram em casa e ao abrir a porta, depararam-se com Davi e Alicia rindo enquanto ouviam músicas no fone de ouvido.

— Ah, essa é legal, gostei — Davi diz rindo e Alicia o acompanha nas risadas.

Paulo e Valéria fuzilam os dois com o olhar, morrendo de ciúmes. Assim que Davi e Alicia viram os dois chegando juntos, também ferveram de ciúmes. Os quatro se perguntavam, pelos pensamentos, como os amigos foram traidores a esse ponto.

O Guerra logo seguiu para a cozinha, sendo seguido por Valéria. O Rabinovich e a Gusman apenas acompanharam os dois com o olhar, ainda com bastante ciúmes.

(...)

Jorge se encontrava em sua mansão, ainda bastante pensativo. Desde que havia conversado com Daniel, não restava mais dúvidas para o garoto que os seis escondiam algo, ele só não sabia o que fazer para descobrir, mas estava bem satisfeito com a aproximação de Majo.

O Cavalieri foi tirado de seus pensamentos, com mais uma discussão de seus pais, já estava mais do que frequente aquilo em sua casa, porém o garoto já não aguentava. Ele desceu as escadas, aflito, e tentou escutar o que eles diziam.

— Desse jeito não dá, Rosana — Seu pai dizia — Ou você conta tudo logo pro Jorge, ou eu peço o divórcio.

“Divórcio? A coisa tá séria então. O que será que eles tão escondendo de mim?” — Jorge perguntou-se pelos pensamentos.

— Calma, Alberto, não é necessário divórcio, se você já aguentou viver essa mentira o tempo todo, aguenta mais um pouco, nós vamos sim contar para o Jorge — Rosana diz e o homem fica mais tranquilo.

“Mentira? De que mentira eles estão falando? Porque eu não posso ter amor e carinho como uma família normal? Eu só sei que preciso descobrir, é tanto segredo em minha vida, mas que droga!” — Jorge esbravejou mais uma vez e voltou para seu quarto.

(...)

Na mansão dos órfãos, todos estavam confusos e curiosos, pois Helena pediu que todos se reunissem na sala de estar, porque tinha algo a falar para eles. Mesmo sem entender nada, todos fizeram como a mulher pediu.

— Então, Helena, o que queria com a gente? — Majo perguntou ansiosa.

— Gente, eu vou precisar fazer uma viagem urgente, a casa vai ficar sem um adulto — Helena diz direta, pegando todos de surpresa.

— O quê? — Todos indagam sem acreditar.

— Viagem? — Valéria indagou.

— Pra onde? — Majo também perguntou.

— Pra quê? — Vez de Paulo questionar.

— Quando? — Daniel também entrou no interrogatório.

— Calma, gente, um por vez — Helena pede — Sim, eu vou precisar pra resolver algumas coisas, não é pra muito longe e vou amanhã cedo. Não precisam ficar preocupados, pois já deixei todas as contas da casa em ordem.

— Mas e quando você volta? — Alicia perguntou.

— Não tem um tempo exato, mas não vou demorar — Helena responde — Eu só preciso que vocês se cuidem e mantenham o segredo a salvo, amanhã bem cedo eu estarei partindo.

Todos abraçaram Helena. Sem dúvidas nenhuma, sentiriam falta da mulher. Porém o que mais intrigou os órfãos, era que ficariam sem um responsável por perto e do jeito que eles estavam desunidos, algo de ruim poderia acontecer...


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam da carta do Paulo? Eu, particularmente, gostei xD

E agora como será que ficarão os órfãos? Uma pena que ninguém acreditou no Daniel, agora é ele por contra própria!

E se o clima já era ruim com a Helena por perto, imagina sem ela...

Enfim, espero que tenham gostado! Me perdoem por qualquer erro e até o próximo! :D