Carrossel: Órfãos e Perdidos escrita por Gronk Spike


Capítulo 26
Capítulo 25 - Me dá uma chance!


Notas iniciais do capítulo

Fala meus queridos leitores, tudo bem com vocês? Comigo tudo ótimo! Cheguei aqui com mais um capítulo para vocês! Obrigado a todos que estão sempre comentando, isso me incentiva muito a continuar escrevendo a fic!

Bem, eu espero que curtam esse capítulo de hoje, ficou um pouco grande, boa leitura :D



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Após o profundo e agitado beijo, ambos se afastaram arfando e suspirando. Paulo se despediu dando um último selinho em Alicia e seguiu para seu quarto. A Gusman, por outro lado, se sentiu mais confusa do que já estava. Primeiro porque constatou que realmente estava apaixonada pelo Guerra e segundo que o garoto saiu sem dar nenhuma explicação sequer.

Ela seguiu para o quarto de Valéria, onde a própria menina e a Majo se encontravam conversando. Alicia precisava mais do que nunca desabafar com suas duas melhores amigas.

— Vocês tem um tempinho aí? — A Gusman perguntou entrando no quarto.

Valéria e Maria Joaquina se entreolharam preocupadas, pois o rosto de Alicia estava bem tenso.

— Claro, senta aqui com a gente — Val respondeu e a menina se aproximou, sentando-se ao lado delas.

— Então, qual o problema? — Majo perguntou e Alicia respirou fundo antes de dizer.

— Eu e o Paulo nos beijamos — Ela diz sendo direta, pegando Majo de surpresa. Valéria não se surpreendeu muito, pois já sabia que ambos haviam se beijado.

— Quantas vezes? — Valéria perguntou.

— Nesses últimos dias, foram duas vezes — Alicia respondeu aflita.

Valéria dessa vez se surpreendeu, pois não sabia do segundo beijo.

— Nossa, tá podendo hein?! — Val debochou.

— Gente, vocês não tão entendendo — Alicia diz desesperada enquanto levanta-se.

— Qual o problema nisso, Alicia? Foram só dois beijos — Maria Joaquina comenta e Valéria concorda.

— O problema é que no meio disso tudo, acabei me apaixonando pelo Paulo — Ela diz um pouco envergonhada.

— Awn, que romântico — Majo diz.

— Tá parecendo a Laura — Valéria diz sarcástica e Majo ri.

— Gente, parem de zoação, sério. Eu não posso me apaixonar pelo Paulo — A Gusman explica nervosa.

— E porque não? Se ele correspondeu, é porque também deve estar apaixonado por você — Valéria opina e Majo concorda.

— O Paulo? Apaixonado? Contem outra. Estamos falando do Paulo Guerra, aquele garoto que vivia aprontando com as meninas no orfanato e implicando comigo, impossível. — Alicia argumenta.

— Mas as pessoas mudam, Alicia — Majo diz — Vai ver o Paulo também mudou.

— É verdade — Val concorda — E se ele não tá apaixonado por você, porque correspondeu aos beijos?

— Não sei. Vai ver ele só queria brincar comigo, vocês sabem como o Paulo é — A garota responde pensativa.

— Olha, por mim, ele tá é apaixonado por você mesmo. Esquece logo isso e fica junto com ele, é só manter o segredo a salvo e serem discretos— Majo sugere.

— O Paulo discreto? Desde quando isso existe? — Valéria comenta rindo alto e suas amigas concordam acompanhando-a nas risadas.

— Nisso eu tenho que concordar, de discreto o Paulo não tem nada — Alicia fala rindo, pela primeira vez.

— Mas sério, acho melhor vocês depois terem uma conversa séria — Valéria diz e Alicia assente.

— Agora, aproveitando que vocês tão aqui, preciso falar sobre o Jorge — Majo diz e suas amigas ficam curiosas.

— Eita, já tem problema com o namoradinho novo? — Val debocha da amiga e Alicia ri.

— Sim, acho que sim — Majo responde cabisbaixa.

— Nos conte o que houve — Alicia pede.

— Bem, no jogo da escola. Ele saiu pra ir ao banheiro e demorou tempo demais, quando voltou, tava desarrumado e arfando, to desconfiada — Majo explica a situação.

— E o que ele te disse? — Alicia voltou a questionar.

— Que demorou porque estava conversando com os pais dele pelo telefone — Majo diz.

— E você acreditou? — Valéria se pronunciou.

— Sim, ele tem muitos problemas com os pais, não acho que ele mentiria assim — Maria Joaquina responde.

— O que eu te digo é, abre os olhos, amiga — Valéria alerta Majo, que fica pensativa a respeito disso.

(...)

Durante o outro dia, para evitar que Paulo se aproximasse, Alicia novamente foi para perto de Abelardo. O Guerra já não entendia mais nada. Em um dia ela correspondia o seu beijo e no outro já estava de papinho com o Abelardo.

— Vou ali conversar com a Carmen, volto já — Paulo anunciou para seus amigos. Seu plano era ver se Alicia se sentia incomodada ao vê-lo com a Carrilho.

Porém tudo que Paulo conseguiu, foi despertar ciúmes em Mário.

— Opa, conversar com a Carmen? Por quê? — Mário perguntou adquirindo um tom enciumado.

— Relaxa aí, ciumento Ayala, ela é só minha amiga — Paulo diz rindo do amigo e Mário fica emburrado.

— Não tem ninguém com ciúmes aqui — Ele diz revirando os olhos.

— É, sei — Paulo murmura e se retira a procura de Carmen.

(...)

Jaime caminhou até o grupo das meninas, precisava urgentemente conversar com Valéria.

— Valéria, posso falar com você? — Ele indaga chegando lá e as meninas fazem o famoso “hm”.

— Claro, Jaime — Valéria diz e se retira dali, seguindo o garoto.

Os dois caminharam e pararam um pouco afastados dos outros.

— Então, o que queria? — Valéria pergunta interessada.

— Dar um fim nesse nosso namoro falso — Jaime diz sendo direto e Valéria arregala os olhos.

— Mas porque Jaime? Você não pode fazer isso, tem que me ajudar, por favor — Ela implorava.

— Porque eu não aguento mais os ciúmes excessivos dos seus primos — Jaime respondeu — Ontem, no jogo, nós quase perdemos por causa disso, não dá mais, a gente tem que parar com isso.

Valéria bufou. Já havia falado com Davi, porém parece que não havia adiantado.

— Olha, Jaime. Por favor, me dá só mais um tempo, eu vou falar com eles — Valéria suplicou.

— Tudo bem, só porque eu sou seu amigo, mas se eu perder a paciência, eu acabo com isso — Jaime decreta e sai andando, deixando Valéria sozinha para trás.

A Ferreira decidiu que depois do intervalo, iria falar com Davi a respeito disso.

(...)

— Até que enfim achei você — Paulo diz vendo Carmen lendo um livro enquanto o sinal não batia.

— Ah, oi Paulo, faz um tempo que a gente não conversa — Ela diz sorrindo meigamente.

— Pois é, mas ainda somos amigos, não é? — Paulo indaga.

— Claro que sim, por quê? — Ela rebate.

— Por nada não — Ele responde em um murmuro.

Um longo silêncio se estabeleceu entre ambos. Carmen continuava a ler o livro, enquanto Paulo a fitava.

— Então, você queria falar algo comigo? — Ela perguntou quebrando o silêncio e fechando o livro.

— Ah, nada demais, é que o Mário ficou com ciúmes de você, quando eu disse que iria falar contigo — Paulo diz lembrando-se da cena.

— Ah, jura? — Ela indaga corada. Ainda mantinha os sentimentos pelo Ayala.

— Sim, eu acho que ele gosta de você — Paulo opina, deixando-a mais ruborizada.

— Ah, que nada, deve ser impressão sua — Carmen diz gaguejando.

— E sabe o que mais? — Paulo indagou.

— Vem, vamos pra sala, o sino vai bater — Carmen fala mudando de assunto e levanta-se arrastando Paulo para a sala de aula.

(...)

O intervalo rapidamente chegou. Abelardo, aproveitando que Alicia não estava por perto, resolveu conversar com Jorge, pois precisava falar com o Cavalieri sobre o dia anterior.

— Então, o que queria? — Jorge perguntou curioso.

— Eu só queria dizer que eu tentei sabotar o Paulo no jogo de ontem, mas não deu muito certo — Abelardo diz.

— Ah, sério? E o que você fez? — Jorge voltou a perguntar.

— Eu dei um fim nas chuteiras dele, ele teve que jogar com outras, mas mesmo assim conseguiu jogar muito bem, não sei o que aconteceu — Abelardo responde.

— Na próxima você pensa em algo melhor — O mauricinho diz.

— É espero que sim. Fiquei com muita raiva por ele ter jogado e eu não, muito injusto da parte do treinador, sorte que agora minha suspensão passou.

— Olha Abelardo, esquece essas coisas, precisamos focar no segredo deles. Conseguiu algo? Você e a Margarida estão muito lentos — O Cavalieri fala um pouco alterado.

— Nós estamos fazendo o melhor que podemos, só que não somos tão próximos assim como você é da Majo, por isso tá difícil — Ele diz um pouco indignado, pelo fato do Cavalieri duvidar de suas capacidades.

— Se isso é o melhor que podem fazer, eu lamento — Jorge comenta — Quer passar o resto do ano inteiro sendo feito de bobo com um segredo que eles escondem tanto tempo de todos?

Abelardo nada responde. Jorge apenas sorri cínico e se retira, deixando o garoto sozinho.

(...)

Valéria não perdeu tempo e correu atrás de Davi. Estava gostando do fato do garoto estar se mordendo de ciúmes, mas não queria que seu plano com Jaime fosse por água a baixo.

— Davi, preciso falar com você — Ela anuncia sentando-se de frente para o garoto no refeitório da escola.

— Diga — Ele responde friamente, deixando Valéria bem surpresa.

— Olha, Davi, eu cansei de te dizer, para de pegar no pé do Jaime, ele não tem nada a ver com isso — Valéria diz e Davi revira os olhos.

— Quer saber, Valéria? Quem cansou foi eu, desisto — Ele diz irritado, mas tentando manter o controle, para não chamar a atenção de ninguém em volta.

— O que você quer dizer com isso? — Ela pergunta com dificuldade.

— Isso mesmo que você ouviu, eu desisto. Não vou correr mais atrás de você, quer ficar com o Jaime? Que fique então, ele venceu — Davi solta tudo que estava preso.

— Mas Davi... — Valéria tentou argumentar, sendo interrompida pelo garoto.

— Mas nada, Valéria. Você mudou muito, perdi todo aquele amor que eu tinha por você no orfanato, quer ficar com o Jaime? Que fique então — Ele repete se levantando e tentando ir embora, mas Valéria o impede.

— Eu mudei? Olha quem fala, foi você que se aproximou da Margarida — Ela diz jogando na cara dele.

— Fiz isso por causa do nosso segredo — Ele murmurou bem baixo, porém bastante irritado — Mas quer saber? Não vou ficar aqui discutindo. Desisto de você, Valéria.

Davi declara e sai do local. Valéria não aguenta e se derrete em lágrimas, nunca imaginou que o Rabinovich falaria aquelas palavras pra ela. O pior de tudo, era que seu plano tinha dado errado. O que na verdade era pra causar ciúmes em Davi, só conseguiu afasta-lo cada vez mais.

(...)

Jorge tentava a todo custo fazer as pazes com Majo. A garota ainda se mantinha fria com ele desde o dia anterior.

— Majo, me desculpa, por favor — Ele implorava. Não porque estava arrependido, e sim porque não queria botar todo o plano a perder.

— Eu ainda to bem chateada, Jorge — Majo comentou — Na outra escola, uns meninos deram em cima de mim e você, como meu namorado, nem estava lá pra me defender.

— Desculpa, Majo, eu realmente não imaginava. É que como eu disse, eu tava conversando com meus pais — Ele insistiu na mentira.

— Tudo bem, Jorge, eu te entendo. E depois o Daniel conseguiu me salvar daqueles meninos — Majo diz com um sorriso no rosto, recordando-se da cena.

Jorge ficou pensativo e observador. Daniel e Majo eram muito próximos e pareciam ter ciúmes um do outro. E esse sorriso dela ao falar no nome do Zapata, só deixou o Cavalieri mais desconfiado ainda.

— Ah, o Daniel te defendeu, é? — Jorge indagou — Que bom, já que ele é seu primo — Ele completa jogando verde.

— É, pois é — Majo comenta com dificuldade, balbuciando as palavras — Mas agora vamos aproveitar o intervalo.

Ela termina puxando-o, porém Jorge permaneceu pensativo.

(...)

Abelardo caminhava normalmente, ainda pensando nas palavras em que Jorge havia o dito, quando Paulo aparece e o para.

— Te achei — O Guerra diz o encarando firmemente.

— Olha, não to com sua prima aqui não, pode ir embora — Abelardo diz e tenta ir embora, sendo parado novamente pelo Guerra.

— Não vim falar dela — Paulo diz ainda sério.

— Ah, não? — Ele indaga e Paulo confirma — Então me diga, estou com pressa.

— Eu sei que foi você quem sabotou minhas chuteiras — Paulo disse e continuou com a mesma postura.

Abelardo arregalou os olhos em sinal de surpresa, mas procurou se manter calmo.

— Você tá doido, tchau Paulo — Abelardo começou a caminhar, mas Paulo se pôs em sua frente.

— Não adianta fugir, eu sei que foi você — Paulo voltou a acusa-lo.

— Tá, mesmo que tenha sido eu, você não tem como provar — Abelardo provocou.

— Ah, então você tá admitindo que foi você? — O Guerra questionou.

— Eu não. Só to dizendo que você não tem provas, otário — Abelardo diz e sai esbarrando em Paulo propositalmente.

O Guerra sente o sangue ferver, mas nada faz, pois sabia que não podia perder a cabeça assim tão fácil.

“Não vou dar esse gostinho de vitória pra ele” — Paulo pensou e começou a caminhar rumo aos seus amigos.

(...)

Desde que Jorge havia conversado com Majo, ele procurava por Margarida, o Cavalieri precisava saber como estava a garota com Davi. Ele encontrou-a em um corredor pouco movimentado da escola, ela estava sozinha, mexendo em seu celular. Ele aproximou-se e se postou ao seu lado

— E aí, Margarida, posso falar com você? — Ele pergunta e a garota assente.

— Claro, aconteceu alguma coisa? — Ela rebateu preocupada.

— Não. Eu só queria saber como anda você com o Davi, descobriu mais alguma coisa? Eu falei com o Abelardo, mas ele permanece na mesma situação — O garoto diz.

— Eu to me esforçando, mas tá difícil — Ela confessa — O Davi é sempre muito fechado e com respostas evasivas, mas prometo que vou voltar a pressiona-lo.

— Ótimo — Jorge diz, ele não queria pegar tão pesado como havia feito com Abelardo — Eu confio em você.

Ele diz sorrindo galanteador, deixando a menina ruborizada.

— Pode deixar que vou tentar recolher informações mais rapidamente — Ela responde com um pouco de dificuldade.

— Como eu disse, eu confio no seu trabalho — Ele diz.

Jorge olha rapidamente para os dois lados, constatando que não havia ninguém por perto, e logo dá um selinho em Margarida, pegando-a totalmente de surpresa.

Ele sorri para a garota e se retira, deixando-a completamente sem reação diante daquilo.

(...)

Davi se encontrava muito triste na arquibancada da escola, sentado sozinho. O garoto se arrependia profundamente de ter dito aquelas palavras para Valéria, pois na realidade, não era verdade. Porém o menino não voltaria atrás, não poderia ficar correndo atrás dela para sempre.

Em meio a tantos pensamentos, o Rabinovich nem percebeu quando Daniel sentou-se ao seu lado.

— E aí, Davi, pensando em que? — O amigo perguntou.

— Em nada não — Ele diz e mantem o olhar distante.

— Ei, sou seu amigo, pode dizer pra mim — O Zapata diz e Davi o encara.

— É a Valéria, cara — Davi finalmente fala — Eu não aguento mais ver ela com o Jaime.

— Só isso ou tem algo mais? — Daniel indaga.

— Tem mais. Eu briguei com ela hoje mais cedo e disse que não a amava mais, me arrependo por isso, mas não vou voltar atrás. — Davi confessa tudo para o amigo.

— Putz cara, que situação — Daniel comenta — Quer que eu converse com a Valéria?

— Hm, não sei se seria uma boa — Davi diz suspirando.

— Ah, a Valéria é minha amiga e costuma me escutar, tem certeza que não quer que eu fale com ela? — Daniel pergunta.

— Tudo bem, fala com ela e depois me diz o que ela disse — Davi cede e o Zapata assente.

— Agora, vou voltar lá pra quadra, qualquer coisa me chama — Daniel diz e se retira, deixando novamente o Rabinovich sozinho.

Margarida aproveitou que o garoto estava sozinho e chegou perto dele, resolveu fazer o que Jorge havia pedido. Quanto mais o pressionasse, mais fácil seria descobrir o segredo.

— E aí, Davi, tá triste por quê? Nem parece que ganharam o jogo ontem — Margarida já se aproximou o colocando contra a parede.

— Ah, eu só to meio mal por ter discutido com o Jaime ontem — Davi diz inventando alguma coisa para despista-la.

— Hm, sério? Parece algo mais sério — Ela diz, cada vez mais o deixando sem saída.

— Mas é só isso, eu não gosto de ficar brigado com um amigo, agora vamos que daqui a pouco o intervalo acaba — Ele completa e se levanta, logo em seguida retirando-se.

Margarida mais uma vez lamenta, por não ter conseguido arrancar nada do garoto.

(...)

O restante das aulas logo se passou e todos se preparavam para ir embora. Daniel pediu para que todos os órfãos fossem na frente, exceto Valéria, pois o garoto queria conversar com ela. Valéria e os outros estranharam, mas assentiram.

— Então, Daniel, o que você queria falar comigo? — Valéria perguntou quando viu que já não havia mais ninguém na sala de aula.

— Valéria, nós somos amigos, não é? — Daniel perguntou e deixou a garota completamente confusa.

— Claro que somos, desde os tempos de orfanato. Mas porque a pergunta? — Ela devolve sem entender nada.

— É que como seu amigo, preciso que se abra comigo, você tá realmente namorando o Jaime? — Ele questiona e Valéria suspira.

— Sim, eu já disse mil vezes que sim. Mas porque me perguntam tanto isso? — Ela rebate com outra pergunta.

— O Davi tá mal, Valéria, ele não aguenta mais ver você com o Jaime — Daniel fala e a garota revira os olhos.

— Não é o que parece. Não depois do que ele me disse. O Davi não gosta mais de mim, Daniel — Valéria argumenta.

— Claro que ele gosta, ele falou aquilo da boca pra fora — Daniel exclama.

— Foi o Davi que pediu pra você vir aqui? — Valéria indaga.

— Não, eu que quis vim, não é legal ver os amigos sofrendo — Ele responde.

— Olha, eu já disse que meu namoro com o Jaime é sério, agora vamos pra casa, porque eu to morrendo de fome — Valéria diz mudando de assunto e Daniel suspira derrotado.

(...)

Durante o trajeto de volta pra casa, Daniel e Valéria viram um anuncio na lanchonete do pai de Cirilo, que dizia que havia duas vagas para garçom no estabelecimento. O Zapata rapidamente teve uma ideia.

— Olha aquilo, Valéria — Ele diz apontando para o anuncio.

A garota rapidamente olha para o local e lê em voz baixa.

— Não vai me dizer que você tá pensando em pegar uma das vagas — Valéria diz surpresa.

— Não só eu, mas você também — Ele diz e a deixa com os olhos arregalados.

— O que? Eu trabalhar de garçonete? Jamais — Ela exclama indignada.

— Olha Valéria, eu acho que seria uma boa, nós teríamos mais responsabilidade e nosso próprio dinheiro, pois a Helena mesmo disse que não iria ficar mimando a gente — Daniel retruca.

— É, você tem razão — Ela concorda — Vem, vamos pegar essas vagas.

Os dois logo adentram o local e vão de encontro ao pai de Cirilo.

— Oi, seu José, lembra de mim? — Daniel pergunta e o homem se vira em direção aos jovens.

— Opa, claro que sim, você é o amigo do meu filho, que mora com a tia naquela mansão e que eu ajudei no outro dia contra os vândalos — José responde.

— Sim, isso mesmo. E essa aqui é minha prima, Valéria — O Zapata apresenta a garota, que sorri para o homem.

— Ah, muito prazer. De que maneira posso ajuda-los? — Ele questiona curioso.

— É o seguinte, nós vimos o anuncio na sua lanchonete e estamos interessados em pegar as vagas — Ele diz e José fica empolgado.

— Estão falando sério? — O homem volta a perguntar.

— Sim, estamos. Desse jeito nós poderemos ser mais responsáveis — Valéria se pronuncia pela primeira vez.

— Claro, concordo — José fala — Bem, se estão dispostos, vou contratar vocês. Quando podem começar?

— Amanhã, depois da escola — Daniel responde.

— Hm, tudo bem, então estão contratados, seja bem vindos — O homem exclama e Valéria e Daniel ficam animados com o novo emprego.

Os dois voltam para casa bem felizes e ansiosos com o trabalho. Ao chegarem à mansão, Valéria sobe as escadas apressada. Já Daniel, vai de encontro a Davi, que o esperava sentado no sofá da sala de estar.

— E aí, como foi a conversa com ela? — Ele perguntou animado e curioso.

— Nada bem. A Valéria acha que você não gosta mais dela — Daniel responde e Davi bufa, lamentando-se.

— Droga! Eu não devia ter dito isso — O Rabinovich se repreende.

— Mas até que tem uma boa noticia no meio disso tudo — O Zapata fala deixando o amigo interessado.

— E qual é? — Ele pergunta.

— O pai do Cirilo tava com duas vagas de garçom na lanchonete dele, e eu e a Valéria pegamos — Daniel responde.

— Nossa, sério? — Davi indaga surpreso.

— Sim, acho que vai ser bom pra gente — O amigo afirma.

(...)

A noite não deu trégua e em poucos minutos chegou à cidade. Davi permaneceu trancado em seu quarto bem pensativo. Valéria também ficou trancada em seu quarto, a garota chorava bastante toda vez que se lembrava do que Davi a havia dito.

Jorge continuava tentando ficar de bem com Majo, até convidou a garota para um passeio, porém a mesma recusou, dizendo que estava cansada. Na verdade, Maria Joaquina não estava nenhum pouco exausta, só havia inventado aquilo, pois queria falar com Daniel. Logo ela o encontrou sentado sozinho na sala de estar e aproximou-se dele.

— Oi, Dani — Ela cumprimentou com um sorriso.

— Oi, Majo — Ele retribuiu o sorriso.

— Sabe, desde que você me defendeu dos garotos na outra escola, eu não pude te agradecer direito — Ela diz.

— Ah, não precisa, só um sorriso seu já é suficiente — Daniel diz e Majo se derrete com aquelas palavras, ficando corada.

— É, mas eu queria te agradecer a altura. Topa dar um passeio comigo? Só nós dois — Ela convida.

O Zapata fica bastante pensativo, porém no fim acaba cedendo, pois não via nada de mal naquilo.

— Tudo bem, vamos — Ele aceita e ambos saem da mansão começando a passear pela rua, enquanto observavam o céu estrelado.

(...)

Paulo estava com um plano arquitetado em sua mente e nada poderia dar errado. Valéria e Davi estavam trancados, e Daniel e Majo o garoto não encontrava em lugar nenhum da casa, então se viu no momento perfeito para conversar com Alicia.

O garoto bateu na porta do quarto da Gusman e a garota atendeu, surpreendendo-se ao ver Paulo estático a sua frente.

— Paulo? — Ela indaga surpresa.

O Guerra nada diz e entra no quarto dela, sem sua permissão.

— Ei, sai do meu quarto — Ela ordena incrédula.

— Fugindo de mim de novo, Alicia? — Paulo rebate ignorando os comentários da Gusman.

— Eu fugindo? Ué, pelo que eu lembre, não fui eu que beijei uma pessoa e saí sem dar nenhuma explicação — Alicia provoca entrando no joguinho dele.

— Chata — Paulo fala.

— Bobo — Ela devolve.

— Metida.

— Idiota.

A cada xingamento, os dois se aproximavam cada vez mais.

— Maluca.

— Babaca.

— Linda — Paulo a chamou quando já estava com o rosto muito próximo ao dela.

— Lindo — Alicia devolveu e o fitou profundamente.

Não deu tempo para mais nenhum insulto, pois Paulo a agarrou firmemente pela cintura e mais uma vez colou seus lábios aos dela, beijando-a pela terceira vez em tão pouco tempo.

Alicia se entregou completamente, não tinha mais porque evitar aquilo. Paulo aprofundou o beijo pedindo passagem com a língua e Alicia concedeu rapidamente.

O beijo era selvagem e com uma voracidade imensa, do jeito que os dois gostavam.

Após o beijo, ambos terminaram com um selinho.

— Me dá uma chance, Alicia, por favor — Paulo sussurrou baixíssimo no ouvido da Gusman.

— Eu bem que queria, mas não posso Paulo, nosso segredo está em jogo — Alicia devolve o sussurro.

Paulo iria argumentar mais algo, porém a garota se desvencilha dos braços do Guerra e corre para fora do quarto. Paulo fica sozinho no local e passa as mãos pelos cabelos, lembrando-se do beijo.

(...)

No passeio, Majo e Daniel conversavam muito. O assunto era a respeito de suas vidas desde que haviam chegado à mansão. As mudanças positivas e negativas.

— Mas e aí, você acha que as mudanças foram mais para bem ou para mal? — Daniel pergunta para a garota, enquanto continuavam a caminhar pela rua.

— Ah, depende muito. Lá no orfanato nós éramos muito presos, mas podíamos ser quem somos. Já aqui temos toda a liberdade do mundo, a Helena é legal com a gente. Porém temos que esconder nossas raízes e quem somos de verdade — Majo responde dando um longo suspiro.

— É, concordo com você — Daniel diz.

Uma chuva rapidamente começou, pegando-os de surpresa e molhando os dois completamente.

O Zapata não hesitou e entregou seu casaco para a garota.

— Mas e você? — Ela perguntou.

— Fica tranquila. Pega e usa — Ele responde entregando-a.

Majo agradeceu com um lindo sorriso, que Daniel retribuiu. O garoto não conseguia parar de olhar naqueles lindos olhos verdes da garota.

De repente o inesperado aconteceu, por mais que fosse arriscado fazer aquilo no meio da rua, Daniel aproximou-se e beijou a garota, ele não conseguia mais esconder seus sentimentos. Majo fora pega de surpresa, mas não hesitou em corresponder.

“Que o Jorge me perdoe” — Ela pensou entre o beijo.

Foi um beijo bem lento, romântico e molhado. Ambos esperavam aquilo há tempos e se entregaram totalmente ao ato. Daniel aumentou mais ainda a profundidade do beijo pedindo passagem com a língua, sendo rapidamente cedido pela menina. As línguas iam calmamente explorando a boca do parceiro, sentindo o sabor do doce beijo um do outro.

Os dois separaram-se quando o ar faltou. Trocaram um último sorriso e Majo apoiou sua cabeça no ombro do Zapata, enquanto a chuva finalizava aquele momento perfeito na vida dos jovens.


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Notas finais do capítulo

Pois é, tivemos beijo Maniel e Paulicia no mesmo capítulo! Sem falar no selinho que o Jorge deu na Margarida!

Os fãs de Daléria podem ficar tranquilos, porque em breve vem beijo deles!

Bem, eu espero que todos tenham gostado! Comentem! Me desculpem por qualquer erro e até o próximo! :D