Carrossel: Órfãos e Perdidos escrita por Gronk Spike


Capítulo 13
Capítulo 12 - Entre tapas e beijos


Notas iniciais do capítulo

Bem galera, obrigado a todos pelos comentários no capítulo do baile! Cheguei aqui com mais um e está cheio de confusões como o anterior. Boa leitura! :D



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O assunto mais comentado do momento na Escola Mundial era sem dúvidas nenhuma o beijo entre Abelardo e Alicia. A maioria dos alunos discutia a respeito disso, sempre se perguntando se os dois estariam namorando, ou se tinha sido apenas um beijo normal.

Desde o fim do baile, Paulo estava muito frio e distante. Estava com toda certeza incomodado pelo beijo de Abelardo e Alicia, mas não fez nada. Pois o Guerra sabia que acabaria prejudicando ele e seus amigos.

Após mais um dia no colégio, Alicia constatou, ao entrar, que todos olhavam pra ela. Ninguém parecia ter nada pra fazer e focaram os olhos na Gusman, o que a deixou incomodada.

— O que esse povo olha tanto pra mim? — Alicia murmurou.

— Ah, Alicia. O que você esperava depois de ter beijado o Abelardo? Era óbvio que todos da escola iriam olhar e comentar sobre vocês dois — Valéria diz.

— Valéria, eu já falei que foi ele que me beijou, e não o contrário — Alicia se defende e Valéria apenas dá de ombros.

Alicia reparou que quanto mais andava, mais atraía os olhares de todos os presentes. Ela iria continuar a andar, mas a voz histérica de Maria Joaquina a fez parar.

— Amiga! Olha só isso. — Majo correu até Alicia e entregou um grande pedaço de papel, parecia um jornal.

Alicia pareceu pouco interessada, mas mesmo assim leu o que tinha escrito.

EXCLUSIVO! Os alunos Abelardo Cruz e Alicia Fernandes trocaram um beijo de tirar o fôlego no baile de boas vindas da escola! Após vencerem a votação de rei e rainha do baile, o suposto novo casal tascou um beijaço para todos do baile verem! Você não viu? Não fique triste ou desanimado, temos as fotos e o vídeo completo no blog sobre a escola!”

O sangue de Alicia ferveu e ela virou-se bruscamente para o meio do pátio, onde a maioria dos alunos encontravam-se presentes.

— Quem foi o idiota que escreveu isso?! — Ela esbravejou, mas ninguém respondeu e muitos desviaram o olhar.

— Foi a Laura! — Alguém responde e Alicia se vira deparando-se com Carmen.

— A Laura, da nossa sala? — Majo, que estava por perto, questionou.

— Sim, ela é responsável pelo jornal da escola. — Carmen volta a falar.

Alicia estava muito furiosa. A garota, ainda com o papel em mãos, andou até onde Abelardo estava conversando com alguns meninos e o saiu arrastando para um canto afastado, os que estavam em volta apenas murmuraram um “hm” bem alto.

— O que foi, Alicia?! — Abelardo indagou cínico — Quer mais um beijo daquele?

— Não seja ridículo — Alicia responde indignada — Olha isso — Ela termina jogando o jornal da escola em cima do garoto.

Abelardo pega, lê e não parece surpreendido e nem irritado.

— Não vai falar algo? — Alicia indaga.

— Você quer que eu fale o quê? O jornal apenas relata a pura verdade! — Ele exclama empolgado.

— A verdade? — Ela pergunta irônica — É melhor você dá um jeito de tirarem isso do jornal ou eu mato você! — Alicia completa ameaçadoramente e se retira de perto dele.

(...)

— Hoje é a cartada final do nosso plano — Mário comenta com Carmen perto da sala de aula deles.

— Sim, espero que dê certo. Se não der em nada, a gente para por aqui — Carmen diz, e Mário assente contrariado.

— Então não esquece, depois da aula eu vou puxar a Alicia pra um canto mais isolado e você tenta observar o Paulo — Mário diz.

— Tá, eu já sei, agora vamos entrar na sala que o sinal tocou.

(...)

Davi andava em direção à sala de aula, quando ao longe, avista Margarida ter dificuldades em andar. Ele não perdeu tempo e aproximou-se da garota.

— Nossa, nem pensei que você viesse pra escola nesse estado — Ele comenta enquanto ajuda-a.

— Não sou de perder aula, principalmente por causa de uma besteirinha dessas — Margarida rebate e Davi ri.

Os dois chegam atrasados na aula e a professora os dá bronca.

— Atrasados senhor Davi e senhorita Margarida.

— Ah, perdoa nosso atraso, professora — Davi pedia — Margarida tá com o pé machucado e eu estava ajudando-a.

— Hm, tudo bem, sentem-se logo — A professora disse e os dois entram na sala de aula.

Ao longe, Valéria observava tudo enciumada, mas não podia fazer nada, apenas desviou o olhar de volta ao seu caderno.

(...)

Durante toda a aula, Paulo estava muito calado, não falava nada e apenas mantinha um olhar distante. Carmen, percebendo isso, resolve falar com o garoto.

— Paulo! — Ela sussurrou enquanto o cutuca.

— Hm, o que foi? — Ele indagou finalmente saindo do transe.

— Tá tudo bem com você? — Ela pergunta — Cadê aquele menino que tá sempre contando piadas e zuando todo mundo?

— Ah Carmen, estou apenas cansando hoje, nada mais que isso. — Paulo comenta e Carmen assente, mesmo estranhando tudo aquilo.

(...)

Na hora do intervalo, Davi parecia um cão de guarda com Margarida, não desgrudava um minuto da garota, mesmo ela afirmando que estava tudo bem. Valéria então se aproximou mais de Jaime, resolveu jogar o mesmo jogo deles, não iria ficar pra trás. Daniel, por sua vez, andava em direção ao refeitório, e ao virar-se a um corredor, esbarra em alguém. Os dois rapidamente se pedem desculpas e até então o Zapata não havia percebido que havia trombado com Jorge.

— Ei, Daniel — Jorge chamou quando Daniel estava indo embora — Nem deu tempo de eu falar isso ontem, mas eu queria te parabenizar pela a dança com a Maria Joaquina, foi incrível.

Daniel apenas riu sem graça.

— Obrigado! Mas nem achei que foi tudo isso — Daniel comentou.

— Ah, você tá sendo modesto — Jorge diz — Se vocês não fossem primos, eu diria que formam um belo casal.

Aquela resposta só deixou Daniel mais nervoso e ele começou a suar frio.

— Pois é, agora se me der licença, vou ali com meus amigos — Ele diz e se despede de Jorge que vai em direção à biblioteca.

(...)

— Se anima, Paulo! — Carmen diz para o garoto enquanto senta-se com o mesmo em uma das mesas do refeitório.

Paulo estava sentado sozinho, distante de seus amigos.

— Ah Carmen, já disse que é apenas cansaço, ontem foi um dia cansativo, eu nunca havia dançado tanto — Paulo inventa uma desculpa.

— Você tá assim por causa do beijo entre sua prima e o Abelardo, não é? — Carmen pergunta e automaticamente as imagens chegam na mente de Paulo.

— Claro que não, aliás eu nem vi o beijo dos dois, não sei se você percebeu, mas eu já tinha saído da escola quando isso aconteceu.

Carmen pensava que de fato isso era verdade, pois ao virar-se para ver a reação de Paulo, o garoto não estava por lá. No fim das contas acabou acreditando em sua desculpa de cansaço.

— Ah, você devia ir jogar futebol com seus amigos, como você faz todo dia! — Carmen sugere.

— Quem sabe amanhã... — Paulo diz e se levanta da mesa retirando-se do refeitório, deixando uma confusa Carmen para trás.

(...)

Maria Joaquina lia tranquilamente seu livro na biblioteca, que ela havia alugado alguns dias antes. Estava tão distraída na leitura, que não percebeu que alguém tinha chegado por trás e fechado seus olhos com as duas mãos.

— Adivinha quem é?! — A voz pergunta e foi impossível Majo não reconhecer.

— Jorge! — Ela exclama empolgadamente e o garoto senta-se ao seu lado.

— Então, lendo o livro que alugou? — Ele pergunta e ela assente mostrando a capa.

Ela continuou lendo e só depois reparou que Jorge não parava de olha-la.

— Algum problema? — Ela indagou — Aliás, o que você veio fazer aqui?

— Ah nada, eu só queria te contar que encontrei seu primo agora a pouco.

Maria Joaquina fica nervosa.

— Ah, sério?! — Ela questiona — Qual deles?

— O Daniel.

O nervosismo da garota só aumentou mais ainda.

— E o que vocês conversaram? — Ela perguntou fingindo que lia, queria demonstrar que estava desinteressada no assunto, quando na verdade estava mais nervosa do que nunca.

— Sobre a dança de vocês ontem no baile — O Cavalieri respondeu tranquilamente. — Eu o parabenizei. Vocês dançaram muito bem.

— Ah que nada, exagero seu — Majo diz rindo.

— Então é exagero meu e da escola inteira, pois todos acharam — Ele comenta debochado.

Maria Joaquina tentou voltar a ler, mas a voz de Jorge a fez parar novamente.

— Ah, eu queria te contar outra coisa também.

— Pois diga, sou toda ouvidos — Ela responde.

— Eu tava pensando que a gente poderia repetir o passeio daquele dia, só que ir em outro lugar ao invés de um parque de diversões.

Maria Joaquina sabia que aceitando, poderia esquecer toda aquela situação.

— Claro, qualquer dia a gente marca — Ela comenta e arranca um sorriso de Jorge.

— Bem, vou indo — Ele diz — Daqui a pouco o sinal toca, fica atenta — Ele completa lhe dando uma piscada e se retira da biblioteca.

— É Daniel. O que você, meu amigo do orfanato de tantos anos, vem causando em mim? — Ela murmura para si mesmo retoricamente enquanto tentava focar no livro a sua frente.

(...)

Daniel era o único dos órfãos que se divertia no intervalo. O menino jogava futebol na quadra junto com seus outros amigos, tentando manter seus pensamentos no jogo. Porém engana-se quem acha que o garoto estava cem por cento focado no que fazia. Seus pensamentos estavam em Majo, especialmente na dança do baile. O Zapata se perguntava se nem com a dança Maria Joaquina mudaria de opinião a respeito dele e não se aproximasse tanto assim de Jorge. Com esses pensamentos, Daniel nem havia percebido que tinha perdido a posse da bola, e em um contra-ataque rápido, o time adversário marca um gol.

— Pô, Daniel — Jaime resmungava — Que vacilo hein?!

— Foi mal, Jaime — Daniel se desculpava — Estou com a cabeça longe hoje.

— Percebi — Jaime comenta — Mas é melhor que você e seus primos tratem de se prepararem, pois o campeonato tá vindo aí e a gente nem treinou ainda.

— É verdade — Daniel concorda e logo os dois voltam a jogar.

O restante dos órfãos pareciam ainda mais desanimados que Daniel. Paulo estava sentado na arquibancada observando o jogo enquanto Carmen o tentava animar. Davi ainda não desgrudava de Margarida, e os dois assistiam ao jogo um pouco mais afastado dos outros. E Valéria gritava euforicamente o nome de Jaime o incentivando, apenas para causar ciúmes em Davi. E aparentemente estava funcionando, pois Davi havia ficado emburrado, ele pensou que era pra ser o contrário, com Valéria gritando o seu nome e não o de Jaime. Mas resolveu ignorar aqueles pensamentos, pois achava no fim das contas que Valéria estava sendo infantil.

Logo o sino soou indicando o fim do intervalo e todos se dirigiram para a sala de aula.

(...)

As aulas finais passaram rapidamente e os alunos já se preparavam para irem embora. Mário chamou Carmen discretamente para um canto mais isolado e eles repassaram o plano pela última vez. Seria a cartada final, ambos achavam que se depois disso Paulo não demonstrasse nada, era porque realmente os órfãos não escondiam nada.

Alicia saía com suas amigas tranquilamente quando Mário se aproxima.

— Alicia, posso falar com você? — O Ayala pergunta. Logo Majo e Valéria jogam um olhar malicioso para amiga, que apenas revira os olhos.

— Claro. — Ela responde — Meninas, vejo vocês depois.

Maria Joaquina e Valéria assentem e rapidamente se retiram.

— Então, o que queria falar comigo? — Alicia pergunta enquanto começa a caminhar sendo seguida por Mário.

— Queria saber se você tá bem... — Mário diz e Alicia estranha.

— Claro que eu estou bem, porque eu não estaria? — Alicia devolve, finalmente parando de andar.

— Ah, você sabe. Depois que a Laura expôs tudo aquilo no jornal da escola, fiquei preocupado.

— Ah, pois então pode ficar tranquilo. Eu estou bem, não ligo praquilo. — Alicia responde e quando tenta voltar a andar, Mário a puxa pelo braço e os dois colidem ficando frente a frente.

Paulo, que passava por ali coincidentemente e sozinho, observou a cena enciumado. O que Mário e Alicia estariam fazendo no meio do pátio da escola praticamente abraçados? Ele continuou parado observando aquela situação.

Mário, por sua vez, rapidamente desviou seus olhos de Alicia e constatou que Paulo olhava tudo atentamente. Sem perder mais tempo, o Ayala colou seus lábios nos de Alicia, que estava tão atordoada que não foi capaz de corresponder.

Paulo estava muito mais furioso do que no dia anterior, porém não deixou se levar pela raiva, pois sabia que acabaria colocando ele e seus amigos em apuros. O Guerra pressionou as mãos com todas as forças e fechou os olhos por um momento. Quando ele abriu, viu rapidamente Alicia se desvencilhar do beijo e acertar um tapa bem no meio da cara de Mário.

— Tá maluco, Mário?! — Alicia indaga após o tapa — Quem te deu essa intimidade pra me beijar?

— Foi mal, Alicia — Ele se desculpou enquanto massageava o local atingido pelo tapa.

Alicia virou-se para trás e viu que Paulo os observava. Ela se perguntava se ele havia visto o beijo. Paulo apenas deu um sorriso sarcástico para a garota e ao virar-se, acaba esbarrando em Carmen.

— Tá tudo bem, Paulo? — Carmen perguntou só para saber sua reação, pois a garota sabia do beijo e que Paulo havia visto tudo.

Porém Paulo nada respondeu. Ao invés de falar algo ele apenas puxou Carmen pelo braço juntando os dois corpos.

“É assim que ela quer brincar? Pois é assim que brincaremos.” — Paulo pensou enquanto selava seus lábios nos de Carmen.

Carmen tentou lutar, já que fora pega de surpresa pelo beijo de Paulo. Ela não esperava por isso, pois estava definitivamente longe de seus planos com Mário. Paulo pediu passagem com a língua e logo Carmen concedeu. Ela admitia que o garoto era bonito e foi difícil não corresponder.

Alicia observava tudo abismada, ela tinha visto claramente que foi Paulo quem havia puxado Carmen para o beijo, e não o contrário. Foi difícil para Alicia admitir, mas estava enciumada. Uma sensação que a garota nunca havia sentido antes. Ela rapidamente pediu desculpas ao Mário pelo tapa dado e saiu em disparada sem rumo, enquanto lágrimas escorriam por seus olhos.


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Notas finais do capítulo

É Alicia, parece que o jogo virou não é mesmo? Pois é galera, espero que tenham gostado. Me perdoem qualquer erro ortográfico e até a próxima! :D