Carrossel: Órfãos e Perdidos escrita por Gronk Spike


Capítulo 12
Capítulo 11 - O baile


Notas iniciais do capítulo

Então galera, me perdoem a demora, mas como todos sabem o Nyah entrou em manutenção. Esse capítulo na verdade era pra ter sido postado na quarta-feira, mas cá estou eu com ele, talvez o capítulo mais esperado da fic, com altas tretas e confusões kk. Eu espero que gostem e boa leitura! (E ah, muito obrigado a todos pelos comentários no capítulo anterior!)

Obs: Capítulo mais longo da fic até agora, mais de 4000 palavras, pra recompensar os dois últimos capítulos curtos ^^



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Finalmente havia chegado o dia do baile, era o que os órfãos pensavam. A maioria deles estavam muito ansiosos desde que viram o anuncio no mural da escola. Haviam passado a manhã e a tarde inteira apenas falando sobre o baile, já que não tinha nada para se fazer. Os meninos tinham acabado de se arrumar e desciam as escadas, bem animados.

— Bom galera, já to indo. — Daniel informou — Preciso passar primeiro na casa da Marcelina, se não vou acabar me atrasando.

— Espera, você que vai buscar ela? Não vai aguardar por ela? — Paulo pergunta e Daniel e Davi começam a rir. — Ué, do que estão rindo?

— Paulo, não é muito cavalheirismo da nossa parte esperar por elas — Davi diz ainda rindo.

— Dane-se o cavalheirismo! — Paulo exclama fazendo seus amigos rirem mais ainda.

— Se você diz... — Daniel fala.

— Ah, quer saber?! Vou lá buscar a Carmen mesmo — Paulo diz enquanto sai de casa e começa a caminhar pela rua.

— Ele é bem bipolar — Davi comenta com Daniel que concorda.

— Mas ok, to indo nessa — Daniel diz e se retira de casa.

Davi ia em direção à porta quando é parado pela voz de Helena.

— Onde estão todos?

— Ah, as meninas tão terminando de se arrumar, e o Daniel e o Paulo foram na frente buscar os pares, e eu to indo fazer o mesmo.

Helena apenas assente enquanto observa Davi sair da mansão.

(...)

A campainha tocou anunciando que alguém estava do lado de fora de sua casa. A garota estava colocando o segundo brinco quando grita um “já vai” e corre em disparada para a porta. Ela avisa aos pais que deixassem, pois ela atenderia e ao abrir, se depara com Paulo.

— Paulo?! — Carmen indaga surpresa — O que você tá fazendo aqui?

— Vim te buscar, ué — Ele comenta indiferente.

— Ah, pensei que nos encontraríamos lá na escola — Carmen diz enquanto fita-o.

— Mas eu vim te buscar, meu cavalheirismo falou mais alto — Paulo diz irônico fazendo a garota rir.

— Tá ok então... — Ela diz ainda rindo enquanto se despede dos pais e fecha a porta de casa.

Logo os dois começam a caminhar em direção a escola.

— Ainda não sei por que você me convidou — Paulo diz enquanto anda.

— Ah, achei você uma pessoa bem legal — Carmen diz dando uma desculpa esfarrapada.

— Sério isso? Você mal trocou duas palavras comigo — Paulo fala rindo

— Acredite, eu reconheço pessoas legais de longe — Carmen completa.

Paulo apenas dá de ombros enquanto continua andando.

— Você tá muito bonito hein Paulo?! — A garota o elogia.

— Eu sei disso — Gaba-se o Guerra — E modéstia a parte, acho que eu ganho a votação de rei do baile.

— Nada convencido não é? — Carmen questiona rindo — Mas não vai me elogiar também?

— Tanto faz... — Ele diz indiferente — Você tá muito bonita também. — Ele completa tirando um sorriso de Carmen.

Ao chegarem na escola, Paulo pôde observar que quem estava responsável por monitorar a caixa dos votos do rei e da rainha do baile era Abelardo. O Guerra enfureceu-se com isso.

— Porque tinha que ser esse desgraçado? — Paulo murmurou para si mesmo, porém Carmen acabou escutando.

— Oi? Disse alguma coisa? — Ela pergunta simpática.

— É que o Abelardo é quem vai tomar de conta das caixas de votações, tinham que botar alguém mais confiável — Paulo comenta.

— Ah, o Abelardo parece ser alguém confiável — Carmen diz.

— E, aliás, ele veio acompanhado por quem? — Paulo pergunta curioso.

— Ouvi falar que é uma menina de outra sala, não é da nossa — Carmen responde.

Paulo apenas revirou os olhos pensando em quem seria a maluca que teria aceitador ir com Abelardo. O Guerra suspirou adentrando a escola junto de Carmen.

(...)

Um pouco distante dali, Daniel tocava a campainha da casa de Marcelina. Ao abrir a porta, o Zapata constatou que a menina estava muito bonita.

— Nossa, você tá muito bonita — Daniel elogia impressionado.

— Obrigada! — Ela responde empolgada — Você também tá um gato! Acha que temos chances de vencer a votação de rei e rainha do baile?

— Hm, talvez — O garoto responde — São muitas pessoas e ainda não vimos todos, devem ter fortes candidatos.

Os dois chegam na entrada da escola e deparam-se com um local muito bonito e bem decorado, eles adentram e já veem alguns casais na pista de dança, porém ainda não dançavam, a diretora estava mais ao canto lendo algo.

— Será que chegamos atrasados demais? — Marcelina pergunta aflita.

— Eu acho que não — Daniel responde sussurrando.

Até que a diretora levanta-se e vai em direção ao microfone.

— Muito bem — Ela começa — Eu declaro oficialmente o baile de boas vindas da Escola Mundial aberto!

— Ou talvez estejamos um pouco — Daniel comenta debochado.

Marcelina também o acompanha nas risadas e os dois se dirigem a pista de dança.

(...)

Davi já se encontrava na rua caminhando com Margarida em direção à escola, os dois conversavam animadamente.

— Nossa, seu pai me deu medo — Davi diz e a garota ri.

—Ah, não precisa. Ele é assim mesmo — Ela fala ainda rindo de toda aquela situação.

— É, mas acho bom não duvidar dele, vou te trazer no horário combinado mesmo — Davi comenta enquanto continua andando.

— Você tem certeza que realmente não tem problema ir ao baile comigo? — Margarida pergunta tensa, ela sabia que Davi tinha uma “prima” bem ciumenta.

— Ah, não tem problema nenhum — Davi explicava — Já falei que meus primos entendem.

Margarida assente ainda um pouco nervosa e os dois chegam à escola.

(...)

As meninas estavam impacientes na mansão, seus pares não chegavam e elas só ficavam mais aflitas.

— Arrgh, eu vou matar o Jaime — Valéria esbravejava.

Alicia abriu a boca pra falar algo, mas algumas batidas na porta a interrompe.

— Deixa que eu atendo! — Majo disse enquanto dirigia-se até a porta.

Ao abrir, a garota avista Jorge parado em frente ao casarão, estava muito elegante.

— Nossa, Majo. Você tá incrível — Ele elogia.

— Obrigada! — Ela agradece — Você também.

— Bem, então vamos? — Ele diz apontando para um carro ali próximo — Não quero me atrasar.

— Você tem um carro? —Ela pergunta impressionada.

— É apenas o motorista dos meus pais— Ele responde tranquilo.

— É, você tem um pai e uma mãe — Majo sussurra para si mesmo tristemente, porém Jorge acaba escutando.

— É claro que eu tenho um pai e uma mãe, Majo — Jorge comenta irônico e só então Maria Joaquina percebe o erro que tinha cometido — Quem não tem?

— Sim, todo mundo tem pai e mãe — Majo diz rindo nervosamente tentando consertar o que havia feito — Mas os meus são tão ausentes na minha vida, que eu ironizei, dizendo que você tinha — Ela completa e Jorge estranha.

— Ah, mas nem precisa se preocupar, os meus pais também são ausentes na minha vida, nem ligam pra mim — Jorge comenta com um olhar distante.

Após essa rápida conversa, ficou um clima meio estranho e constrangedor entre eles, Maria Joaquina tratou logo de acabar com aquilo.

— Mas então — Ela voltou a falar — É necessário mesmo ir para o baile com o carro?

— Ah, necessário não é — Ele responde rindo — Mas causaria uma impressão bem melhor chegarmos de carro no baile.

— Concordo! — Majo responde enquanto anda até o carro com Jorge.

(...)

— Ótimo, agora só nos duas aqui — Valéria comenta suspirando.

— Corrigindo, só você por aqui. Mário acabou de chegar — Alicia comenta rindo da reação da amiga.

— Você tá muito bonita, Alicia — Mário a elogia.

— Tá, tá, agora vamos, chega desse papo furado. — Alicia diz enquanto se retira com o Ayala deixando-o confuso.

— Ah, eu juro que eu vou matar o Jai.. — Antes de Valéria poder completar, há algumas batidas na porta. Ela levanta-se impaciente e vai atender.

— Oi, sou eu — Jaime diz sem graça.

— Até que enfim, Jaime! — Valéria fala aliviada — Pensei que não ia chegar nunca.

— É que eu meio que passei uma hora tentando por essa gravata e... — Jaime tentava se explicar.

— Sem tempo pra explicações, vamos logo ou nos atrasaremos mais ainda. — Valéria termina enquanto puxa-o em direção à rua.

(...)

Ao chegarem na escola, observaram que muitos casais já dançavam, deduziu que o baile já tinha começado oficialmente e que estavam atrasados. Davi e Margarida também já dançavam e Valéria apenas jogou um olhar feio em direção aos dois. A garota apenas puxou Jaime para a pista de dança discretamente sem ninguém perceber e começaram a dançar silenciosamente enquanto a garota não tirava os olhos do Rabinovich.

— Algum problema, Valéria? — Jaime pergunta confuso.

Valéria pareceu finalmente acordar, e desviou os olhos de Davi, fitando Jaime.

— Problema nenhum, porque a pergunta? — Valéria devolve.

— Bem, é que você não tira o olho do seu primo dançando com a Margarida, então achei que tinha algo de errado.

Valéria fica sem graça e começa a suar frio.

— Ah, não é nada demais — Ela comenta sorrindo tentando disfarçar o nervosismo.

Jaime apenas dá de ombros enquanto continua a dançar.

(...)

— Posso te fazer uma pergunta? — Carmen questiona enquanto dança com Paulo, que parecia desanimado.

— Não — Ele simplesmente responde.

— Ah, to falando sério, Paulo. — Carmen diz.

— Eu também to falando sério. — Paulo diz rindo.

— Ok, então... — Carmen suspira.

— Pergunta logo, antes que eu mude de ideia — Ele diz indiferente arrancando um sorriso de Carmen com aquelas palavras.

— Bem, é que eu sei que você vive com seus primos e com sua tia Helena, mas e seus pais? — Ela pergunta.

A pergunta pareceu mudar o humor de Paulo. De desanimado, ele passou a ficar irritado, mas nada demonstrou. Seu olhar parecia distante, como se estivesse lembrando-se do seu passado.

— Paulo?! — Carmen indaga — tá tudo bem?

— Meus pais? — Ele devolve retoricamente — Bem, meus pais viajam muito a trabalho, e eu não queria essa vida pra mim, por isso fui morar com a tia Helena, e quer saber? É ótimo viver com ela. — Ele termina sem olha-la nos olhos.

— Ah, e eu posso sab.. — Antes de Carmen poder completar, a garota é interrompida por Paulo.

— To com sede, vou tomar algo. — Ele responde cessando a dança e saindo de perto dela.

— Estranho — Ela murmura — Mas vai ver é isso mesmo...

(...)

Não muito distante dali, Mário e Alicia também dançavam. Mas, assim como Paulo, a garota parecia pouco interessada no baile, afinal só tinha ido ao baile por insistência de Valéria. Mantinha os pensamentos longe enquanto apenas era guiada pelo acompanhante.

— Alicia, eu posso te fazer uma pergunta? — O Ayala perguntou, fazia parte de seus planos com Carmen, insistir até o fim.

— Ah, claro — Ela responde saindo de seus devaneios.

— Cadê seus pais? Você não os vê? — O garoto volta a questionar — É que tipo, sei que você mora com seus primos e sua tia, mas acho estranho esse fato dos seus pais não estarem por aqui.

— Bem, meus pais — Ela gaguejava, procurando as palavras certas, tudo que vinha em sua mente eram os anos e anos que fora ignorada pelos seus próprios progenitores — Eles trabalham muito, e mal tem tempo pra mim, então achei melhor ir morar com tia Helena, e ela é como uma verdadeira mãe pra gente.

— Nossa, deve ser difícil ficar longe dos pais — Mário voltava a insistir.

— Bem, de fato é. Mas a gente acostuma, tia Helena é uma ótima pessoa — Ela responde sorrindo.

— Mas e todos seus primos também tem esse problema com os pais? — Mário não parava com as perguntas.

— Sim, por isso que moramos todos juntos com tia Helena, mas será que dá pra parar com esse interrogatório? Viemos aqui pra dançar — Alicia fala suspirando.

— Ah, claro que sim — Mário assente enquanto sorri.

— Vou tomar alguma coisa, volto já — Ela informa enquanto se retira.

Ao ficar um pouco distante, Alicia avista Paulo. A garota aproxima-se mais do Guerra e senta-se ao seu lado.

— Tá tudo bem, Paulo? — Ela pergunta notando o olhar distante dele.

— Tá sim, melhor eu voltar para o meu par. — Ele responde e Alicia estranha, em condições normais o Paulo a provocaria ali e agora.

— Tá tudo bem mesmo? — Ela volta a repetir

— Não muito, é que bem... Carmen me veio com um papo estranho, me perguntando sobre meus pais e tal — Paulo responde e Alicia arregala os olhos.

— E se eu te disser que o Mário me perguntou a mesma coisa? — Alicia diz enquanto achava aquilo coincidência demais.

— Sério? — Ele pergunta e ela assente — Mas o que você respondeu?

— Que eles viajam muito a trabalho e o que o melhor para nós é morar com a tia Helena.

— Ótimo, eu respondi o mesmo — Paulo diz — Se voltarem a perguntar isso, insista nessa resposta.

— Pode deixar — Alicia diz e quando Paulo ia se retirar, ela volta a falar — Mas Paulo, será que eles estão desconfiados?

— Impossível — O Guerra responde —A gente nem deu muita brecha, deve ser normal essa suspeita deles, afinal, quem não estranharia?

Paulo termina e Alicia concorda. O Guerra volta a caminhar procurando Carmen.

(...)

— Então, o que ela disse? — Carmen pergunta para Mário um pouco mais longe do baile.

— Ela disse que os pais deles viajam muito, e que morar com a tia Helena é muito bom e foi a única opção. — Mário responde — E o que o Paulo respondeu?

— A mesma coisa — Carmen diz — E que saber? Eles só podem tá falando a verdade, não teriam pra que mentir. Eu vi o olhar triste e distante do Paulo, deve ser duro viver sem os pais por perto.

— É, deve ser mesmo — Mário concorda.

— Então pra que ficarmos insistindo nisso? — Carmen indaga — Melhor pararmos com isso.

— O quê? Nossa parceria não durou nem uma semana direito.

— Mas não vai dar em nada, melhor deixarmos isso de lado — Carmen volta a falar.

— Tudo bem, me dê só mais alguns dias. Se não descobrirmos mais nada, desistimos dessa missão. — Ele pede e Carmen parece aceitar.

— Ok, vou voltar a dançar com o Paulo — Ela responde e se retira de perto do Ayala.

(...)

Davi não queria admitir, mas estava bastante incomodado com a dança de Valéria e Jaime.

— Porque ele tem que dançar tão colado assim com ela? E essa mão dele não tá na cintura, tá muito abaixo — Davi sussurrava para si mesmo enquanto não tirava os olhos dos dois.

— Falou alguma coisa? — Indagou Margarida, a garota havia ouvido os sussurros de Davi, mas não tinha conseguido entender o que ele tinha falado.

— Não. Nada demais — Davi respondeu simplesmente.

O Rabinovich estava tão distraído observando Jaime e Valéria, que não reparou que havia pisado no pé de Margarida. A garota deu um leve gemido, e quando Davi menos percebeu, ela torceu o pé e caiu. Logo os olhares de quase todos do baile estavam sobre eles. Davi não hesitou em levanta-la enquanto pedia mil desculpas. Ele andou com Margarida em seus braços até um dos bancos, onde a depositou.

— Que fingida! — Valéria murmurou para si mesmo vendo Davi a carregando.

— O que foi, Valéria? — Jaime questionou confuso.

— Nada, é que a Margarida parece que se machucou, olha lá — Ela responde apontando para onde Davi e Margarida estavam sentados.

— É, parece mesmo — Jaime concordou — Vamos lá ver.

Logo os dois se aproximaram.

— O que houve por aqui? — Valéria pergunta fingindo estar preocupada.

— Torci o pé enquanto dançava, mas já tá tudo bem — Margarida respondeu simpática e Valéria murmurou um “hm”.

— Mas pelo estado do seu pé, não vai dar mais pra você dançar — Jaime disse enquanto olhava o tornozelo inchado de Margarida.

— Ah, tudo bem, então eu fico aqui com o Davi até a votação de rei e rainha do baile. — Ela comenta e Valéria fica mais irritada.

— Mas temos que fazer algo, senão esse seu pé vai inchar mais — Davi diz.

— Tive uma ideia — Jaime fala — Vai na mesa de bebidas buscar alguns gelos que eu fico aqui com a Margarida.

— Beleza — Davi respondeu se retirando.

— Jaime, fica aqui que eu vou acompanhar ele — Valéria diz e Jaime assente.

Logo Valéria alcança Davi e os dois chegam à mesa de bebidas do baile.

— Ela é muito fingida, Davizinho — Valéria começou — E muita exagerada, nem precisava você carregar ela.

Davi revirou os olhos.

— Valéria, sem discussões agora, por favor — Davi rebateu — Você viu o tornozelo dela, está horrível. E outra, eu vi o jeito que o Jaime te agarrava e nem por isso comentei nada.

— O QUÊ? — Valéria exclama — Ele é apenas meu amigo e nem estava me agarrando desse jeito exagerado que você tá falando.

— Viu? Já estamos discutindo. — Davi diz suspirando — Estamos aqui para se divertir, agora me dá licença que eu vou levar esses gelos pra Margarida — Davi termina enrolando alguns cubos de gelo num guardanapo e saindo de perto de Valéria.

Valéria apenas bufou e se retirou o acompanhando.

— Aqui, Margarida! — Davi diz chegando e entregando os gelos para Margarida.

— Obrigada, Davi! — Ela agradece sorridente.

— Ah, me desculpa por ter pisado no seu pé. — Ele diz sem graça.

— Ah, não tem problema. Eu já disse que pisei em falso mesmo — Ela fala e Davi sorri.

— Bem, vocês vão ficar aí parados, mas eu e o Jaime não — Valéria diz — Então vamos voltar a dançar, Jaime.

Jaime apenas dá de ombros e acompanha Valéria sob os olhares de Davi.

(...)

Jorge e Maria Joaquina dançavam muito bem no ritmo lento da música, os dois pareciam muito sincronizados e sorriam enquanto os passos fluíam naturalmente. Certa hora, os dois ficaram um pouco cansados e resolveram se sentar um pouco para poderem descansar.

— To com uma sede, vou pegar alguma coisa pra beber, quer também? — Ele pergunta levantando-se.

— Ah, claro. Eu ficaria muito agradecida — Majo responde sorrindo. Jorge devolve o sorriso e retira-se a procura das bebidas.

Daniel, por sua vez, também dançava muito bem com Marcelina, mas a garota empolgava-se muito, hora ou outra constrangendo o Zapata. Para a sorte de Daniel, em certo momento, Marcelina precisou ir ao banheiro, o garoto agradeceu aos céus pelo pequeno descanso que teria. Cansado de esperar Marcelina voltar, ele resolveu andar um pouco pelo salão, observando os casais dançarem, rirem, alguns até se beijavam. Ele continuou andando, quando avistou Maria Joaquina sozinha sentada um pouco distante, ele aproximou-se da garota.

— Sozinha, Majo? — Ele pergunta estranhando.

— Você pelo visto também — Ela comenta rindo.

— Ah, sim. Marcelina foi ao banheiro e ainda não voltou, sabe como é, mulher demora no banheiro... — Ele diz rindo.

— É, eu sei como é — Majo responde incomodada, porque por mais que ela tivesse visto Daniel e Marcelina abraçados na escola, não fazia ideia de que ela seria o seu par.

— Mas e você, cadê o Jorge? — Daniel volta a falar.

— Ele foi pegar umas bebidas pra gente, estou morrendo de sede — Ela respondeu um pouco seca.

Um longo e constrangedor silêncio se estabeleceu entre eles, Daniel pensou em chama-la para dançar, enquanto seus pares não voltavam, porém achou que a menina não aceitaria. Ignorando aqueles pensamentos, ele resolveu convida-la de uma vez, afinal, que mal teria?

— Será que a minha prima me concederia essa dança? — Ele pergunta ironicamente.

— Deixa de ser bobo — Ela fala rindo — Não acho que seria uma boa ideia.

— Por que não? — Ele volta a perguntar — Não vejo problema nenhum, é só enquanto nossos acompanhantes não voltam.

Majo olhou ao redor e começou a morder os lábios, em sinal de nervosismo.

— Tudo bem, eu aceito — Ela responde suspirando e Daniel comemora internamente.

Ela pega na mão do Zapata e é guiada até o centro da pista de dança. Daniel segura firmemente a cintura de Majo, enquanto a garota coloca suas mãos sobre os ombros do rapaz. Os dois se encaram e uma pequena onda de choque percorre pelo corpo de ambos. Eles se movimentam na melodia da música, sincronizadamente. Olho no olho, era como se só existissem os dois no baile de boas vindas, o som não importava, as imagens ao redor também não importavam, a única coisa que queriam era apenas dançar para sempre, como se estivessem paralisados no tempo. Ao terminarem de dançar a música, um forte barulho de palmas soa pelo local. Os dois olham em volta e constatam que todo o baile estava de olho neles, maravilhados pelo momento que ambos tinham proporcionado. Majo cora e corre para o lado de Jorge, que havia chegado. Já Daniel, apenas sorri enquanto caminha em direção a Marcelina, que parecia um pouco incomodada.

— Caramba, você e seu primo juntos dançam bem — Jorge comenta elogiando o desempenho dos dois.

— Ah, mais ou menos — Ela responde sem graça — Você viu por muito tempo?

— Não. Eu tinha chegado faz pouco tempo — Ele diz entregando-a uma bebida.

Majo agradece com um sorriso enquanto bebe nervosamente o líquido.

(...)

— Eu saio por um minuto e você já vai dançar com sua prima? — Marcelina indaga para Daniel.

— Um minuto? — Ele pergunta irônico — Você demorou muito, então resolvi dançar uma música com minha prima, nada demais.

— Tá certo então... — Marcelina responde suspirando — Vem logo que daqui a pouco vai ter a votação para o rei e rainha do baile, temos plenas chances de vencer.

Daniel apenas revirou os olhos sendo arrastado por Marcelina.

(...)

— Cansei de dançar, chega — Paulo diz enquanto cessa a dança com Carmen.

— Tudo, bem. Então vamos nos preparar porque a votação pra rei e rainha do baile é daqui a pouquinho. — Carmen responde.

Eles ficaram um pouco sentados descansando, até que a diretora surge no meio de um palco improvisado que havia por ali, ela anuncia que a votação seria agora. Abelardo passou distribuindo um pequeno papel para cada um presente no baile, ao passar por Paulo, os dois trocam olhares mortais.

— Impossível esse imbecil vencer, tsc — Paulo murmura para si mesmo enquanto votava.

(...)

Após todos votarem e devolverem os papéis para Abelardo, os alunos pareciam muito ansiosos e apreensivos para saber quem seria o rei e a rainha do baile. A grande maioria dos presentes acreditava que Maria Joaquina e Daniel venceriam pelo fato de terem dançado e encantado todo mundo anteriormente. Porém não foi bem isso que aconteceu. Após uma rápida contagem, a diretora anunciou em plenos pulmões:

— E o rei e a rainha do baile, respectivamente, são Abelardo Cruz e Alicia Fernandes.

Muitos não acreditavam naquilo, alguns batiam palmas, incrédulos, enquanto outros preferiram ficar calados ainda em choque.

Paulo ficou imóvel, não queria acreditar no que tinha escutado. Abelardo e Alicia tinham vencido, então teriam que dançar. Aquela ideia o atormentava e deixava-o furioso. Alicia, por sua vez, ficou muito surpresa. A garota não queria nem ir ao baile, e no fim das contas acabou vencendo a votação de rainha do baile, achou muito estranho. Contrariada, ela sobe no palco junto com Abelardo, onde os dois são prontamente coroados e se posicionam para dançarem. O garoto mantinha um sorriso sarcástico no rosto, ao mesmo tempo em que um flashback vinha a sua mente.

FLASHBACK ON

Desde que havia recebido o convite da diretora para ser o responsável por monitorar as caixas de rei e rainha do baile, Abelardo estava muito feliz e confiante. Havia bolado um plano e nada poderia dar errado. Dias antes do baile, o garoto preparou duas caixas idênticas as do baile, e dentro dos objetos colocou vários papeis com seu nome e o de Alicia como maioria, seu plano era dançar com ela e nada nem ninguém poderia impedi-lo.

No dia do baile, Abelardo rapidamente arrumou-se e zarpou rumo à casa de sua acompanhante, não queria chegar atrasado no baile. Após buscar seu par, em poucos minutos ele se encontrava na escola. A diretora não perdeu tempo e o explicou como funcionaria o monitoramento das caixas de rei e rainha do baile.

Logo as outras pessoas do baile foram chegando e Abelardo pôde ver Paulo entrar com Carmen na escola, com uma cara de poucos amigos. Abelardo apenas sorriu cínico em direção aos dois. Depois de um tempo, a diretora anunciou que o baile estava oficialmente aberto.

— Muito bem, eu declaro oficialmente o baile de boas vindas da Escola Mundial aberto! — Bradou a diretora e os alunos rapidamente foram com seus pares em direção à pista de dança.

Abelardo dançava despreocupado com sua acompanhante, que se chamava Camila e não era de sua mesma turma. O menino estava convicto de que seu plano era infalível.

— Algum problema, Abelardo? — A garota perguntou — Você parece distraído.

— Nada demais, eu apenas estou confiante de que serei o rei do baile, anote minhas palavras — Ele respondeu e Camila apenas deu de ombros.

Após um tempo dançando, a diretora logo anunciou que seria hora da votação. Abelardo logo se desvencilhou de sua acompanhante e saiu distribuindo os papeis para votar a cada membro do baile. Abelardo aproxima-se de Paulo e o entrega o pequeno papel. Os dois trocam olhares mortais, o garoto poderia jurar que o Guerra havia sussurrado algo, porém ele não entendeu.

Abelardo rapidamente recolheu os papeis da votação e antes de colocar nas caixas pensou:

“É agora que meu plano entra em ação"

Antes que a diretora pudesse fazer a contagem, Abelardo troca as caixas de rei e rainha do baile pela as que ele havia feito em casa dias antes. Ele sorriu ironicamente ao ver a diretora fazer a contagem e declarar ele e Alicia como vencedores. De soslaio, ele observou Paulo e pôde ver a irritação no rosto do garoto, o que só fez seu sorriso aumentar mais ainda.

FLASHBACK OFF

Foi tirado de seus pensamentos com os gritos de Alicia.

— Vamos logo com isso que eu estou sem paciência. — A Gusman comenta enquanto agarra os ombros do rapaz.

Abelardo segura a cintura de Alicia, ainda sorridente, enquanto às vezes olhava para o “público” para poder ver o desespero de Paulo.

A música soa pelo local e os dois começam a dançar, se mexendo no ritmo da melodia, Alicia evitava olhar diretamente para Abelardo, que não parava de sorrir, sorria pela reação de Paulo e por poder finalmente dançar com Alicia. Então o garoto resolveu fazer algo que definitivamente estava fora de seus planos e que Paulo odiaria eternamente. Quando a música terminou, Alicia tentou soltar-se de Abelardo, mas ele a puxou de volta pelo braço e dois se colidiram, olho no olho. Abelardo não perdeu tempo e beijou Alicia. Os outros participantes do baile deliraram na hora e aplaudiram animadamente. Já os órfãos por outro lado não. Valéria, Maria Joaquina, Daniel e Davi estavam muito surpresos, enquanto Paulo não se aguentava de raiva, poderia socar a cara de qualquer um ali e agora, mas resolveu se controlar. O Guerra apenas se retirou da escola sem Carmen perceber, ao mesmo tempo em que a imagem de Alicia e Abelardo se beijando não saia de sua mente.


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Notas finais do capítulo

E ae queridos leitores, estão odiando o Abelardo agora? kkk, convenhamos que ele foi bem fdp em ter feito isso! Espero que tenham curtido o capítulo de hoje, me perdoem qualquer erro ortográfico e até o próximo! :D