Enfim havia chegado o fim de semana, os órfãos comemoraram, afinal poderiam descansar, era o que parte deles pensavam. Daniel, Paulo e Davi não tinham o mesmo pensamento, teriam que ir para escola em pleno sábado, mas seria por um bom motivo, se passassem no teste feito pelo treinador, estariam no time da escola mundial e Cirilo não via a hora deles entrarem para a equipe.

Os meninos desceram as escadas, eufóricos, se preparavam para sair da mansão, quando a voz de Valéria surge.

— Esperem, meninos — Valéria gritou enquanto também descia — Eu vou com vocês.

— Vai fazer o que lá na escola? — Davi perguntou curioso.

— Vou convidar o Jaime para o baile, esqueceu? — Valéria diz — Afinal, é amanhã e eu ainda estou sem par.

Davi pareceu ficar um pouco incomodado com aquilo.

— É, eu também estou sem. Se continuar sim, vou ter que ficar em casa enquanto vocês se divertem amanhã — Daniel comentou rindo.

Sem mais conversa, os meninos e Valéria se dirigiram para a saída, só que dessa vez quem os interrompe é Helena.

— Ei, aonde vão? — Ela pergunta enquanto aproxima-se deles.

— Estamos indo até a escola — Davi responde.

— Em pleno final de semana? Onde justamente seria o descanso de vocês — Helena volta a perguntar estranhando.

— Ah, é que nos inscrevemos para o time de futebol da escola, e temos que fazer um teste, que será hoje — Daniel responde por todos.

Helena abriu a boca para poder perguntar mais uma coisa, porém Valéria como se estivesse previsto tudo, responde primeiro.

— E eu só estou indo porque vou convidar um amigo para o baile de boas vindas.

— Tudo bem, então. Vão e tomem cuidado — Helena fala enquanto os vê saindo da casa.

(...)

Durante todo o caminho, Davi era o que menos falava, estava de certa forma incomodado por Valéria ir convidar Jaime, mas ele nada falou, não queria pagar de ciumento. Ao chegarem em frente a escola, Cirilo estava ali por perto, e corre até eles, estava bem animado.

— Vamos logo fazer esse teste, gente —Cirilo diz enquanto os puxava para dentro da escola, e não reparou que Valéria estava por ali também.

Antes de poderem chegar na quadra, Daniel pediu para que fossem na frente, pois antes queria passar no bebedouro. Ele rapidamente bebe água e quando se prepara para ir em direção à quadra, uma voz o faz parar.

— Daniel? — A voz pergunta confusa.

O Zapata se vira e depara-se com Marcelina. A surpresa da menina podia ser grande, porém a de Daniel era bem maior.

— Marcelina? — Ele devolve também confuso.

(...)

Jaime calçava as luvas de goleiro tranquilamente, o menino preparava-se para sair, quando Valéria chega eufórica perto do garoto.

— Até que enfim te encontrei, Jaime — Ela diz mais aliviada.

— Valéria?! — Jaime indaga curioso — O que faz aqui na escola em um sábado?

— Eu que devia te perguntar isso, afinal é você aqui que não gosta de estudar — Valéria comenta rindo.

Jaime também acaba rindo.

— Ah, é verdade. Mas só to aqui por causa do time, vai ter teste para novos jogadores hoje — Jaime responde.

— É, eu sei. E meus primos vão fazer o teste. — Valéria diz.

— Exatamente. Mas era só isso que você queria falar comigo? — Jaime volta a indagar curioso.

— Não. Na verdade, bem é que... — Valéria gaguejava.

— Sem enrolações, Valéria. Eu tenho que ir para quadra. — Jaime responde.

— É que eu queria te convidar para o baile. — Valéria finalmente solta o que estava preso.

Jaime fica confuso, afinal nunca pensou que iria nesse baile, achava aquilo tudo uma chatice. Mas achou que talvez não tivesse outra acompanhante melhor, já que Valéria era uma de suas melhores amigas.

— Bem é... — Dessa vez quem gaguejava era Jaime — Tudo bem, eu aceito — Ele completa ainda surpreso com tudo aquilo.

— Ótimo! — Valéria exclama empolgada — Então não se esquece de passar na minha casa amanhã no horário.

Dito isso ela se retira, e Jaime ignorando aqueles pensamentos, vai até a quadra.

(...)

— O que você tá fazendo aqui? — Daniel pergunta para Marcelina, que avia se aproximado do garoto.

— Eu é quem te pergunto. — Ela rebate — Afinal, eu sou uma das líderes de torcida do time, to aqui pra ensaiar com as outras, mas e você?

— E tem isso aqui na escola? — Daniel pergunta surpreso.

— Claro que tem — Marcelina responde rindo — Mas você ainda não respondeu minha pergunta.

— Ah, é que bem. Eu me inscrevi para ser jogador do time, e o teste é hoje, deseje-me sorte.

— Ah, claro. Boa sorte. — Marcelina termina sorrindo e quando vai se retirar, a voz de Daniel se faz presente novamente, parando-a.

— Espera, Marcelina — Daniel pede e a mesma se vira para o garoto. — Você tem acompanhante para o baile?

Marcelina fica toda sorridente.

— Não. Vários meninos me convidaram, mas eu recusei , estou aguardando a pessoa certa — Ela responde ainda sorrindo, jogando verde.

— E você acha que a pessoa certa pode ser esse cara aqui? — Daniel volta a perguntar, apontando para si mesmo.

Marcelina nada responde e apenas corre em direção ao Zapata, abraçando-o de surpresa.

— Claro que pode! — Marcelina responde animada.

Daniel não sabia muito o que fazer, estava bastante surpreso com o abraço de Marcelina, mas no fim das contas, acabou retribuindo.

(...)

Majo andava aflita pelos corredores da escola. Havia recebido uma ligação de Valéria, a amiga pediu que Maria Joaquina fosse até a escola para acompanha-la até em casa, Majo, como uma boa amiga, aceitou, porém não achava Valéria em lugar nenhum. Ela ainda andava pela escola procurando a amiga, até que ao virar um corredor, se depara com uma cena que a deixa incomodada, com um aperto no peito. Marcelina abraçava Daniel, e o mesmo parecia retribuir normalmente. Ela rapidamente virou as costas para sair, quando o Zapata acaba por vendo-a.

— Espera, Majo. — Daniel grita enquanto solta-se do abraço de Marcelina e corre em direção à sua amiga.

Ao alcança-la, Majo para e suspira.

— Não é nada disso que você tá pensando — Ele tentava se explicar.

— Eu não to pensando em coisa nenhuma — Majo rebate — E você não me deve satisfação de nada.

— Mas o que você tá fazendo por aqui? — Daniel pergunta, tentando mudar um pouco de assunto.

— Só vim atrás da Valéria, ela me ligou.

— Ah, tudo bem — Daniel responde.

Majo, vendo que Marcelina se aproximava, rapidamente se despediu do Zapata e voltou a procurar pela a amiga.

— Tá tudo bem por aqui? — Marcelina pergunta enquanto finalmente chega perto o suficiente de Daniel.

O garoto apenas assente, enquanto se retira e vai em direção à quadra.

— Demorou hein?! — Davi sussurrou para Daniel ao mesmo tempo em que ele chegava.

— Longa história — Daniel devolveu o sussurro.

(...)

Após alguns minutos de teste, foram anunciados os alunos que tinham passado. Os meninos vibraram bastante ao terem o nome dito pelo treinador, finalmente estavam no time, e Paulo hora ou outra se gabava pelo feito e dizia que com ele no time, venceriam fácil o campeonato. Os órfãos, juntamente com Jaime e Mário, sentaram-se na arquibancada, para poderem descansar e conversarem um pouco.

— Cara, vocês não vão acreditar — Jaime começou — A Valéria, prima de vocês, me convidou para o baile.

Aquele comentário só deixou Davi mais incomodado ainda, porém ele nada disse.

— E você aceitou? — Daniel pergunta e Jaime confirma com a cabeça.

— Boa sorte pra você, ela é uma chata — Paulo diz indiferente.

— Mas e vem cá — Daniel voltou a falar — É sério mesmo que tem líderes de torcida aqui na escola?

— É seríssimo, mas espera, como você descobriu? — Jaime indaga.

— É que eu me encontrei com a Marcelina hoje mais cedo e ela me contou.

— Pois é muito sério, tem essa chatice de líder de torcida — Mário complementou — Elas atrapalham mais do que ajudam.

— Nossa, e eu pensava que essas coisas só existiam em filmes — Daniel comentou rindo e todos concordaram.

— Mas se bem que as primas de vocês podiam ser líder de torcida também hein?! — Mário diz rindo — Dançando com aqueles shortinhos coladinhos.

— É... — Os órfãos responderam desanimados.

— Para, cara. — Jaime diz também rindo — Não tá vendo que eles estão incomodados?

Depois de mais um tempo de papo, os órfãos foram para casa, ainda estavam um pouco cansados e queriam aproveitar mais o final de semana. Ao adentrarem na mansão, viram logo Valéria e Alicia sentadas no sofá da sala de estar.

— Ah, até que enfim chegaram — Valéria diz se levantando.

— Não, Valéria. Isso é apenas um holograma da gente, na verdade ainda estamos lá na escola — Paulo responde irônico.

— Nossa, quanta delicadeza — Valéria murmura.

— Mas e então, vocês passaram? — Alicia perguntou curiosa.

— Mas é óbvio que sim — Paulo diz — E comigo no time, a gente vai vencer esse campeonato, pode anotar aí.

Alicia apenas revirou os olhos em sinal de desaprovação, e quando iria falar algo, há algumas batidas na porta, assustando-os levemente.

— Deixa que eu atendo — Daniel diz e vai em direção à porta.

Ao abrir, tem uma enorme surpresa. Parado em frente ao casarão está Jorge com um sorriso estampado nos lábios, mas o que será que ele queria?