Terra da Neve escrita por ACunha


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Postando logo em seguida por motivos de ansiedade. Realmente espero que alguém leia.



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A neve chegava até meus tornozelos. Algum tempo atrás, eu acharia isso fantástico, e admiraria o imaculado branco da paisagem até que meus olhos ficassem cansados. Mas depois de dezessete anos vivendo naquele lugar, o branco começava a dar dor de cabeça. Branco no chão, no céu, nas árvores, em todo lugar.

A loja na esquina da minha casa, como sempre, estava vazia. Abri a porta de madeira velha, me encolhendo quando ela protestou com um rangido assustador, e fiquei grata quando vi velas acesas em cima do balcão. Não me entenda mal; é claro que tínhamos energia elétrica. Mas, naquele ponto do inverno, as luzes eram cortadas quase todo dia. Fechei a porta, tendo que fazer força para realizar essa proeza, e esfreguei minhas mãos umas nas outras.

–Hayden? - chamei, mesmo sabendo que era inútil. Dei uma olhada nas prateleiras com doces e pães, meu estômago roncando, e escolhi um pedaço de bolo de chocolate. Deixei o pagamento em cima do balcão, e escrevi um bilhete para Hayden, dando outro sermão sobre não deixar a loja aberta sem ninguém para vigiar. Mas pensei bem e, por favor, quem pensaria em roubar aquela loja? Amassei o bilhete e enfiei a bola de papel no bolso do casaco.

Já em casa, Alex, meu irmão mais novo, me atacou assim que sentiu o cheiro doce. Com onze anos, era a personificação do bom humor e ansiedade. Girou ao meu redor umas três vezes e, na quarta vez, enfiou sua mão no embrulho do bolo e tirou um pedaço.

–Consegui! - gritou, satisfeito, e saiu correndo escada acima. As mãos logo estariam manchadas de marrom pelo chocolate, assim como o rosto inteiro. Eu ri.

–Mãe? - chamei.

–Ela saiu! - Alex gritou lá de cima, com a voz dando a impressão que tinha algo na boca.

–Para aonde? - gritei de volta, largando a bolsa carteiro em cima do sofá.

–Reunião no castelo! - ele respondeu.

Suspirei. Mamãe, Silenna Luminatte, era o que há muito tempo chamariam de "dama de companhia da rainha". Hoje em dia, chamavam apenas de "assistente pessoal". Não que houvesse uma rainha; esta havia morrido muito tempo atrás. Mas o rei ainda precisava da ajuda dos seus súditos, mesmo que a maior parte deles, como eu, apenas o ignorasse.

O Rei Stephen. Um homem consideravelmente grande, grande como sua estupidez, e com um exército de idiotas prontos para morrer por ele. A única coisa que tinha de rei era a sua coroa, e nem isso o fazia ser menos irritante.

Não estou reclamando. Estou falando a verdade.

–Toc, toc? - era a voz de Hayden na porta. Virei e a encontrei dando o primeiro passo para dentro de casa, enfiando o cabelo dourado atrás das orelhas.

–Passei na loja há um minuto. - Arqueei uma sobrancelha.

Ela mordeu o lábio inferior, fazendo uma careta típica de Hayden.

–Esqueci de novo, não é? Ah, bom, não roubou nada, roubou? - Quando neguei com a cabeça, ela sorriu. - Ótimo. Então tudo bem.

–Você é inacreditável - bufei e notei algo debaixo do seu braço. - O que é isso?

Seu rosto se iluminou.

–O jornal! - ela se animou. - A primeira edição saiu ontem à tarde, e imaginei que ainda não tivesse comprado.

–Não comprei mesmo.

–Ótimo, porque isso é um presente. - Ela estendeu as folhas meio cinzentas para mim, e eu encarei aquele monte de papel com repulsa.

–Tem certeza? Quem fez o jornal? - franzi a testa.

Hayden corou, deixando a pele já rosada completamente vermelha.

–Leonard - ela sussurrou cheia de segredos. - Ele mesmo me deu esta cópia.

Suspirei e estendi a mão.

–Tudo bem. Mas só porque é um presente - murmurei de volta, pegando o bolo de papeis cinzentos da sua mão e logo sentindo meus dedos ficando ressecados. - Tinha que ser tão grosso? Não há muito acontecendo por aqui.

–Eles escreveram tudo em detalhes - ela me informou.

–Era de se esperar - resmunguei.

–Deixe de ser uma chata, e leia logo! - ela se animou.

As palavras da primeira página não podiam ser outras.

Nixland Apresenta O Novo Jornal

–Que surpresa inesperada! - exclamei sarcástica. Hayden me deu um empurrão de brincadeira.

–É um grande avanço - ela sussurrou daquele jeito misterioso, secreto, que ela tinha de falar. - Nem imagino como inventaram aquela máquina fabulosa!

–Realmente - concordei.

–Ainda bem que inventaram, se não o jornal seria escrito todo à mão. - Ouvi outra voz vinda da porta aberta. Olhamos naquela direção e vimos Leonard entrando, tirando um gorro verde escuro de lã da cabeça loura. - Olá, Alice.

–Leonard - murmurei de má vontade.

–Olá, meu amor - ele foi diretamente até Hayden e depositou um beijo nos seus lábios rosados. - Senti sua falta.

–Como foi a reunião? - ela perguntou disfarçando o rubor.

–Ótima, na verdade. Decidimos de uma vez por todas para onde vamos transferir os animais no inverno; não podemos deixar que fiquem nem muito longe nem muito perto daqui.

–Eba - murmurei sarcástica novamente, lendo outras manchetes no jornal. Eram todas extremamente insignificantes. Um cachorro foi achado na beira do lago, morrendo de frio, e uma criança o salvou. Que ato de heroísmo. Uma casa quase pegou fogo, mas, felizmente, o filho mais velho estava por perto para apagar a vela que tinha tocado na cortina.

Tédio.

–Onde está Lenna? - Leo perguntou, e eu o odiei por chamar minha mãe pelo apelido, e não pelo sobrenome, como alguém de respeito faria.

–Minha mãe estava na reunião - respondi. - Não a viu lá?

–Estamos falando da mesma reunião? - ele franziu a testa. - Ela deve estar conversando em particular com o rei e a corte. Eu estava com a redação do jornal.

–Ah... - olhei pela janela, espiando a paisagem lá fora entre as cortinas velhas quase fechadas, vendo o branco atacar novamente. Sentia que estava cansada sem ter feito absolutamente nada.

–Quer dar uma volta, Alice? - Hayden perguntou alegre, dizendo exatamente o que eu queria ouvir.

–Quero - quase implorei.

–Ótimo! Vou pegar os cavalos. - Leo se animou e saiu pela porta.

Fiz cara feia para Hayden, e ela apenas corou.

–Desculpe - murmurou reprimindo um sorriso.

–Você sabe como eu me sinto com relação a ele - eu disse pela milésima vez.

–Tem que aprender a gostar do meu noivo, Alice! Daqui a três meses, vamos fazer nossa cerimônia...

–Na igreja principal, perto do castelo... - completei, tendo escutado o mesmo discurso várias e várias vezes.

–... E você vai ser minha dama de honra! As damas de honra não podem odiar o noivo!

–Hayden... - suspirei. - Pense no que está fazendo. Você só tem dezessete anos.

–E tenho certeza que nunca mais amarei ninguém além de Leo - ela afirmou convicta. Revirei os olhos e voltei a encarar a janela. Discutir seria inútil.

Leo voltou dois minutos depois, trazendo três cavalos, direto dos estábulos. Um era branco, e ele deu este à Hayden, outro era marrom, que ficou com Leo, e o terceiro ficou comigo. Tinha o pelo negro, como o meu cabelo, e uma pinta branca e engraçada no alto da cabeça. Gostei dele, e o apelidei de Joe. Joe e eu cavalgamos ao lado de Hayden e Leo, primeiro lentamente, e logo pegamos velocidade, saindo do centro da cidade e indo até a floresta que ficava no caminho para o lago.

Naquela época do ano, ele devia estar congelado. E boa parte dele estava, mas a outra reluzia, completamente líquida, na luz cinzenta da tarde. Algumas ondas ondulavam-se e tentavam inutilmente quebrar a parte congelada. A alguns metros dali, mais perto das montanhas do que do lago, havia uma casa velha e vazia. Leo dizia que, muito tempo atrás, aquela já fora a casa de um verdadeiro feiticeiro. Mas era ridículo. Se o rei o escutasse dizendo aquilo, o trancaria pelo resto da vida em uma masmorra bem fedorenta.

Afinal, todos sabiam que magia não existia.

Hayden tinha levado uma manta grossa e vermelha, e um pouco de café com leite e chocolate em uma garrafa. Abriu a manta na neve, e nos sentamos nela, ficando de frente para o lago. Dividimos o café, e eu agradeci por ele ainda estar quente. Observei a paisagem novamente, agora percebendo que o branco se transformava lentamente em um cinza escuro.

–Hora do crepúsculo... - Hayden sussurrou animada.

Meu coração acelerou. De todas as horas do dia, aquela era a minha favorita. O céu primeiro ficou cinza, depois algumas nuvens se afastaram, e ele ficou cinza azulado. À medida que o sol desaparecia, as cores começavam a voltar com força total. Primeiro, o azul quase escuro, que era a cor exata dos meus olhos, e então o violeta quase roxo, da cor que ficava a minha pele quando me machucava ao cair de um cavalo ou tropeçar na raiz de uma árvore. E, finalmente, o azul meia-noite, que simbolizava o fim de outro dia frio, o início de outra noite fria. Respirei fundo, e me preparei para a melhor parte.

–Lá está ela - Hayden suspirou, romântica, e Leo passou um braço pelos seus ombros.

A lua cheia encheu a nossa visão. Branca, meio amarelada, quase vermelha, tanto faz. Ela estava lá, não importa de que cor. Havia algo na lua que me fascinava, e deixava meus sentidos totalmente aguçados. De repente, senti o cheiro de tudo ao meu redor. Desde o perfume de rosas de Hayden até os pinheiros congelados atrás de nós. E quase pude ouvir meu coração batendo. Era uma sensação tão preciosa, mágica, perfeita. Eu tinha certeza que era a única pessoa que podia sentir tantas coisas apenas olhando para a lua.

Mas tive certeza que não fui a única a ouvir o barulho de passos na neve, galhos velhos no chão se quebrando, alguém vindo na nossa direção.

–Ouviram isso? - Leo perguntou agitado. Ele ficou de joelhos e observou a floresta, apertando os olhos no escuro. Ouvimos passos novamente, dessa vez mais perto.

–Quem está aí? - gritei para a noite, ficando de pé e procurando o dono do som. Hayden tentou me puxar para baixo, mas em vez disso eu a puxei para cima.

–Vamos embora - ela sugeriu.

–Sim - Leo respondeu com a testa franzida. - Peguem os cavalos.

Hayden rapidamente arrumou tudo de volta na mochila e montou no seu cavalo branco. Joe e eu concordamos em andar depressa. Eu e Leo ficamos disputando para ver quem ia na frente, mas ficamos lado a lado, formando um triângulo perfeito com Hayden.

–O barulho continua - ela murmurou.

Uma brisa fria veio na nossa direção, me fazendo tremer violentamente. Agarrei o pescoço de Joe, agradecendo por cavalos serem tão quentes, e continuamos cavalgando. Até que um instinto além da minha compreensão me deixou alerta, completamente desperta, e apavorada.

–Leo - sussurrei para ele. - Vamos pegar um atalho.

Ele concordou com a cabeça e virou para a direita. Nós o seguimos, e eu fiquei olhando por cima do ombro, com a sensação louca de que estávamos sendo seguidos. Meu coração de repente disparou a propósito de nada, e olhei para trás de novo. Uma silhueta alta, esguia e escura caminhava na nossa direção através das árvores congeladas.

Enchi os pulmões de ar gelado, e não reconheci minha própria voz.

–Corram! - gritei, assustando a todos, e os cavalos dispararam pela floresta. Hayden gritou também, e eu me assustei com seu grito, e só consegui gritar mais. A adrenalina tomou conta do meu corpo, e me vi abraçando o pescoço de Joe como se fosse a única coisa segura a se fazer. Tive medo de olhar para trás e descobrir que aquela silhueta escura ainda nos seguia, apesar da nossa velocidade, então fechei os olhos, pedindo silenciosamente que Joe me levasse para a cidade sã e salva.

Quando abri os olhos, Hayden e Leo me fitavam, já no chão, como se eu fosse louca.

–O que deu em você? - Leo explodiu. - Por que gritou daquela forma?

Ah, lembrei. É por isso que eu não gostava dele. Sua incrível capacidade de não compreender absolutamente nada que acontecia na sua frente.

–Eu vi alguém nos seguindo - sussurrei olhando ao redor. Estávamos na frente da praça da cidade, que, por sua vez, ficava na frente do cemitério. Desci das costas de Joe e passei a mão pelo seu pescoço, agradecendo sua rapidez. Um calafrio percorreu meu corpo todo, e virei automaticamente para trás.

No segundo em que coloquei os olhos naquele rapaz, eu soube que algo havia mudado para sempre em Nixland. Ele acabava de sair do meio das árvores, enfiado em um sobretudo preto que ia quase até os tornozelos, com as mãos nos bolsos e o cabelo preto caindo nos olhos incrivelmente verdes. Mas não me entenda mal; eu não estava admirada com sua beleza extraordinária nem nada desses romances de Hayden. É que ver pessoas novas naquela cidade não era simplesmente raro; era completamente impossível. O mundo inteiro que eu conhecia estava ali, no meio daquelas montanhas, e todas as pessoas que eu conhecia estavam ali, ou simplesmente haviam morrido. E era só.

Mas não aquele cara. Nunca havia o visto em toda a minha vida.

Quem é ele?– sussurrei quase para mim mesma, mas agarrando o braço de Hayden com força, para me certificar que aquilo era real, e não um sonho.

–Quem...? - ela começou a perguntar, seguindo meu olhar, e cortou a frase no meio quando o viu. - Ual.

–O quê? - Leo olhou na direção do garoto misterioso, que agora deixava claro ser apenas um garoto, provavelmente da nossa idade, não um homem adulto, e estava quase perto de nós.

O garoto parou a poucos metros e nos fitou com curiosidade. Seus olhos verdes passaram de Hayden para Leo, e de Leo para mim. E, mesmo contra minha vontade, meu coração quase me sufocou com a intensidade dos seus batimentos.

–Quem é você? - Leo perguntou para ele, exercendo sua autoridade quase sempre inútil para mim. Se colocou na nossa frente, de uma forma meio possessiva, meio protetora.

O garoto não respondeu. Ele continuou me fitando, intensamente, e quase pensei que ele podia ler meus pensamentos. Aos poucos, senti meu rosto esquentando. Um acontecimento raro de se ver; poucas coisas me faziam corar.

–Quem... é você? - perguntei, tentando deixar minha voz uniforme.

Agora, o garoto sorriu, satisfeito.

–Darren - ele respondeu com um leve sotaque, soando amigável. Se aproximou e estendeu sua mão na minha direção. - Darren Rider.

Comecei a erguer minha mão para apertar a sua, mas Leo se colocou na minha frente. Fiz cara feia para suas costas.

–A qual família você pertence? - ele perguntou desconfiado.

–Saí daqui ainda muito pequeno - Darren respondeu suavemente. - Minha família inteira foi exterminada pelo antigo rei, e sou o único Rider. Agora retorno, esperando que não haja ressentimento.

Meus olhos se arregalaram. Antigo rei? Isso foi quando? Eu nasci apenas no final do reinado de Turner. Diziam os mais velhos que o rei Stephen era um santo quando comparado ao antigo rei Turner. De acordo com o relato de todos, ele nem sequer deixava seu povo sair dos limites da cidade, e muitas pessoas tentavam escapar da sua ditadura, e acabavam mortas. Nem queria saber que coisas horríveis haviam acontecido à família de Darren.

–Sinto muito - me ouvi sussurrando.

Ele assentiu, ainda sorrindo.

–Obrigado - sussurrou de volta.

–Por onde andou nos últimos anos, Sr. Rider? E como conseguiu sair daqui? - Leo continuou com o interrogatório. Percebi que Hayden encarava Darren com uma curiosidade quase infantil, e um brilho animado nos grandes olhos azuis. - E por que não voltou antes?

Darren tinha as respostas na ponta da língua.

–Vaguei pelo mundo com meus tios, procurando outras nações, que obviamente não encontramos. Eles morreram quando eu tinha quinze anos, e depois disso me virei sozinho. Sobrevivi às minhas próprias custas. Não queria voltar e encarar meu passado, mas... Eu meio que precisava fazer isso.

Leo hesitou, encarando Darren ainda em dúvida, e os dois permaneceram em silêncio por um longo tempo. Estavam fazendo aquele negócio estranho que os homens chamam de "avaliar o oponente". Era perda de tempo. Logo de cara, eu já sentia que esse tal de Darren tinha muita história pra contar.

–E, a propósito – completou. – Nunca mais me chame de Sr. Rider

Reprimi uma risada, mas Hayden percebeu e me cutucou sussurrando “Alice!”. Bem, eu não me importei. Até que enfim, alguém que não era tão chato! Algo interessante havia finalmente acontecido.

–Vamos entrar - Leo disse por fim. - Vai ser uma noite fria.

–Assim como foi um dia frio - eu sussurrei, sem conseguir me conter. Darren olhou para mim e sorriu, piscando um olho, mostrando que concordava comigo. Minhas bochechas pegaram fogo novamente.

–Sou Leonard Johnson, a propósito - Leo se apresentou, agora estendendo sua própria mão para Darren. Eles se cumprimentaram de um jeito mais amigável.

–E quem é esta linda donzela? - Darren perguntou se virando para Hayden. Ela ficou tão vermelha que achei que fosse explodir.

–Hayden Knight - anunciou orgulhosa.

Darren sorriu. Bom, era inevitável. Hayden era muito bonita, para o padrão normal de beleza de Nixland. Pele rosada, cabelos longos e dourados, olhos azuis, um rosto de bebê... Ah, apenas o normal.

–Mas o que é isso? - ele perguntou brincalhão, erguendo a mão até a orelha esquerda dela, e tirando de lá uma linda rosa branca. - Você sempre anda com rosas atrás da orelha, Srta. Knight?

–Como fez isso?! - Hayden exclamou boquiaberta e com olhos arregalados.

Darren riu, e sua risada nos fez rir com ele. Ele realmente sabia nos hipnotizar. Leo, por sua vez, parecia querer estrangulá-lo até a morte.

–Vamos logo para minha casa - ele resmungou emburrado. - Antes que o jovem viajante continue dando rosas à minha noiva.

–Ah - Darren parou de sorrir. - Sinto muito. Não sabia.

–Bom, agora sabe. Vamos andando. - Leo nos deu as costas e andou ao redor da praça, dando a volta no anjo de pedra no centro dela, e passando por várias árvores mortas no caminho.

–Ele quer mesmo que eu o siga? - Darren perguntou sarcástico.

–Provavelmente, não - suspirei.

–Já sei! Vamos até a loja, lá está mais quente, e tem comida - Hayden sorriu.

–Isso se não tiverem roubado todo o seu estoque - a lembrei.

–Apenas um lugar quente está bom - Darren sorriu para mim, apesar de Hayden ter sugerido aquilo, e não eu. - Obrigado.

Seu sorriso fazia duas covinhas quase invisíveis nas duas bochechas rosadas, e ele tinha olhos fundos e verdes escuros que se destacavam na pele branca. Percebi que ele era alto; mais até do que Leo. E seu corpo parecia muito magro dentro daquele sobretudo enorme. Mas havia algo doce na sua forma de falar; um sotaque que eu nunca conseguiria identificar, e um riso rouco e sarcástico que agitava meu interior.

–Vamos, antes que Alice comece a babar no chão - Hayden brincou.

–O quê? - exclamei, de repente me lembrando da existência do mundo.

–Estou congelando. Podemos ir logo?

Olhei para Darren como se dissesse "Está vendo com o que tenho que lidar todos os dias?"

Passei a mão mais uma vez no pescoço de Joe e me despedi dele com um tapinha carinhoso na sua pinta branca na testa.

–Vamos - eu disse me voltando para eles. - Antes que Leo volte com uma espada.


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Notas finais do capítulo

Eu particularmente amo essa história, apesar de não ter terminado ainda. Espero que vocês sintam o mesmo, seja lá quem "vocês" forem. Até o próximo capítulo!



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