Terra da Neve escrita por ACunha


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Espero que postar a história me dê inspiração para terminar logo ela. Mandem reviews!



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Stephen caminhou hesitante pelo longo corredor do novo castelo. Tremia de medo. Seu tio, Vincent Turner, encontrava-se a apenas mais duas portas de distância, esperando a morte que não demoraria a chegar. Mas mesmo às portas do céu – ou do inferno, Stephen achava – Vincent podia ser tão assustador quanto nos seus dias de glória.

O mais assustador era que, quando o tio morresse, o trono seria seu. Stephen não sabia se aguentaria o peso da responsabilidade, principalmente em uma cidade tão peculiar quanto Nixland, com tanta história e tantos segredos.

Chegou à porta. Respirou fundo e bateu com delicadeza antes de entrar.

-Vin... Rei Turner? – perguntou com a voz rouca. Limpou a garganta. – Queria me ver?

-Entre de uma vez, seu tolo. – A voz era fraca e rouca, mas furiosa o suficiente para assustar Stephen. - Posso ter apenas poucos minutos de vida, não os desperdice com sua hesitação patética. E feche a porta.

Stephen se aproximou com cuidado. O quarto estava escuro, a não ser por uma única vela acesa sobre o criado mudo ao lado da cama. Não havia muitos pertences de Vincent naquele cômodo – a maioria tinha sido destruída junto com o antigo castelo no incêndio do ano anterior.

-O que... – Stephen começou de novo, mas parou, engolindo em seco, quando viu a figura estirada na cama. Vincent tinha uma cor amarelada, e ele não achava que era somente por causa da luz da vela. Junte isso às profundas olheiras e o cabelo grisalho espalhado pela cama, e ao seu corpo longo e magro coberto pelos lençóis, e o rei parecia uma criatura de contos de fadas, um monstro que devorava pessoas. Parecia infinitamente diferente do que Stephen estava acostumado a vê-lo.

-Precisamos conversar – Vincent disse naquela mesma voz furiosa e fraca. Seus olhos, apesar de toda a doença, pareciam duas chamas perfurando o escudo de cautela de Stephen. – Você foi chamado para ser meu sucessor, já que não deixei nenhum herdeiro neste mundo.

-S-sim – concordou. – Esperava que pudesse me dar instruções...

Vincent emitiu um som rouco e baixo parecido com uma risada.

-Não poderia ser diferente – resmungou. – Agora, escute. Não vamos perder mais tempo. Você conhece a situação da cidade.

Quer dizer, a situação na qual você a deixou, Stephen pensou, mas apenas balançou a cabeça afirmativamente.

-Minhas instruções são... Deixe a poeira da última luta abaixar, e então... Certifique-se de que aquela espécie está mesmo exterminada. Se sim, apenas mantenha a cidade fechada, como sempre esteve. Não precisamos dos problemas do mundo lá fora. – Vincent tossiu com vontade, quase dobrando o corpo ao meio, e quando voltou seu rosto estava perigosamente mais pálido. Ele apertou os olhos como se olhasse através de uma luz muito forte. – Mas... Se houver um sobrevivente... Do povo deles... Stephen, trate de executá-lo imediatamente.

-Meu rei... Meu tio... – ele torcia e retorcia a barra do casaco. – Poderíamos simplesmente acabar com a guerra...

-Não! – Vincent gritou com toda a fúria que guardava todos esses anos. – Não até o último da espécie deles pagar pelo que fizeram a mim, e a esta cidade! Eles não são humanos, não conhecem limites. Prometa que não vai hesitar.

-Eu... Não sei...

-Prometa. – As chamas nos olhos dele se intensificaram. Stephen engoliu em seco.

-Eu... Prometo – disse tentando soar com convicção. – Pode descansar em paz. Vou tomar conta do reino.

-É bom que esteja falando a verdade – Vincent recostou-se mais relaxado e fechou os olhos. – Aquele estúpido Luminatte. Deve estar muito satisfeito consigo mesmo, se é que existe uma consciência após a morte.

-Foi... O ferimento causado por ele que causou isso?

Vincent não disse nada. Apenas permaneceu de olhos fechados por tanto tempo que Stephen pensou que tivesse finalmente morrido. Mas então ele soltou um profundo suspiro e abriu os olhos.

-Mande Erich entrar com os documentos. Vou assinar tudo de uma vez e ir embora logo. – Ele fitava algum ponto entre a vela e o criado mudo, perdido em pensamentos. – Trate de ser um rei respeitado. Adeus, Stephen.

Com essas últimas palavras, Stephen sentiu que um peso enorme tinha sido colocado sobre seus ombros. Curvou-se em reverência ao tio e se retirou do quarto.


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