Flourish escrita por Moon writer


Capítulo 2
Sentimentos perdidos


Notas iniciais do capítulo

Bom capítulo!



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A casa finalmente está vazia. Depois de todo aquele alvoroço, o pessoal resolveu ir de uma vez para o luau, agora posso me arrumar tranquila. Odeio ter que ficar sem roupa na frente das meninas, elas não se importam, claro, mas eu me sinto um pouco... Constrangida. A única que não tenho vergonha é a Bella.


Adorava vê-la se vestindo, enquanto fingia estar prestando atenção no que falava sobre roupas ou o Lucas. E por falar nela, não a vejo desde de manhã... Passei o dia tentando evitar os pensamentos de hipóteses de para onde e o que estaria fazendo com aquele projeto de humano. Bem, não preciso me preocupar, ela já é grandinha o suficiente, sabe o que faz.


Deito no exagerado sofá da sala de estar e respiro fundo, tentando encontrar forças que me levassem ao banheiro. Enquanto isso, passo meu olhar pela sala, apesar de ser uma casa de praia e em minha cabeça, casas de praia serem simples e aconchegantes, essa passa longe de qualquer conceito que já imaginei: todos os cômodos são enormes, cheios de enfeites e objetos brilhosos e com certeza caros. A sala onde eu estava por exemplo, tinha um sofá de couro preto que passava pelas duas paredes da sala, um tapete com estampa de Zebra cobria todo o chão, na porta, uma enorme cortina de cetim numa cor clara... Me parecia ser salmão e para finalizar um centro com um enorme jarro em forma de cabeça de elefante em cima. Simplesmente um absurdo. Os pais do Fábio passam longe da modéstia e do bom gosto, mas sou suspeita para falar.


Finalmente me levanto e vou até o banheiro, caminho devagar ainda pensando se iria ou não para o tal luau. Antes que eu pudesse entrar, ouço a porta da sala se abrir, um cala frio percorre o meu corpo, mas o alivio logo chega quando vejo que era a Bella.


– Você ainda vai se arrumar? - Ela pergunta quando chega perto de mim.


– E você já está pronta? Não escondo minha curiosidade.


– Claro, meu bem. - Sorri. - E então, gostou? - Com uma voltinha ela me mostra sua roupa. Estava linda. Sua pele branca contrasta com seu vestido amarelo claro. As alças finas e o decote discreto deixavam a mostra os sinais que tinha espalhados pelo tórax, seu cabelo claro estava solto pelos ombros e uma coroa de flores segurava a franja. Bella estava na sua essência, não usava maquiagem nem estava com as unhas pintadas. Simples e... Linda.


– Você tá bonita. - Respondo. Sinto meu rosto arder e torço para ela não reparar.


– Ficou com vergonha? - É, ela tinha percebido.


– Mas do que eu teria vergonha? - Sorrio tentando disfarçar, mas agravo ainda mais minha situação. Percebo que ela me olhava como se estivesse buscando alguma resposta. - M-Mas o que houve com você? Pare de me olhar assim.


– Obrigado. - Inesperadamente ela me abraça. O toque do seu corpo quente com o meu me faz ficar arrepiada e imóvel. - Gosto muito de você, Karen. - Sua respiração em meu pescoço me deixa ainda mais sem reação.


– Bella... - Digo por fim em um tom baixo.


Depois de me soltar ela arruma alguns fios de cabelo que estavam soltos em seu rosto. Estava pronta para falar alguma coisa quando seus olhos encontram algo atrás de mim a deixando espantada.


– Karen, já está super tarde! Vamos embora ou iremos perder o luau. - Ela pega na minha mão e me puxa.


– Mas eu nem me arrumei.


– Ah, por favor. Você não iria vestir nada muito diferente do que está agora mesmo. Anda, vamos!


Ela me conhecia. Talvez, de alguma forma, ela soubesse dos meus sentimentos. Talvez.


– Tudo bem, vamos. - Deixo que ela me conduza e assim, vamos para o luau.


***


Mais uma vez, os pais do Fábio me surpreendem no quesito exagero. Quando eles falaram de um luau, imaginei uma fogueira na praia, alguns violões, marshmallow e nossas vozes para alegrar a noite. No entanto... Passamos longe da praia e entramos numa casa de shows onde uma música eletrônica tocava num ritmo frenético e ensurdecedor. Várias luzes coloridas que piscavam inquietamente, vindas de vários lados completavam o cenário da festinha.


– Mas que porcaria é essa? - Grito para Bella que começava a balançar o corpo no ritmo da música. Se é que aquele barulho tinha algum ritmo.


– Nossa despedida, meu bem. - Grita de volta.


– Mas era para ser um luau. - Digo para mim mesma.


– Vamos tomar algo! - Bella novamente me puxa pelo braço sem me dar chance de responde-la e me leva até um bar que ficava no canto da casa de show. Um garçom boa pinta se aproxima de nós perguntando o que queríamos tomar.


– Algo com álcool, por favor. - Ela responde.


– Você tá louca se acha que vou me embriagar aqui.


– Ah Karen, relaxa! Só vamos embora amanhã a tarde e temos que aproveitar está noite. Esqueceu? É nossa última noite juntas. - Suas palavras me pesam no peito.


– Mas...


– Nada de mas, moça. Vamos aproveitar o tempo que nos resta. - Ela pega os copos com a bebida sobre a mesa e me entrega um deles. Penso um pouco e... Que se dane!


Viro o copo e bebo quase todo o líquido. Um arrepio percorre todo o meu corpo e minha visão acaba ficando turva.


– É assim que gosto de ver. - Ela sorri e repete a minha última ação, seguido por um grito de euforia.


O tempo vai passando e nós continuamos em pé de frente para o bar, tomando mais e mais álcool. O efeito daquela bebida começa a atingir meu cérebro e largo meu consciente de lado.


– Ei, vamos dançar. - Falo para Bella.


– Você leu meus pensamentos. - Assim nós seguimos para a pista de dança e ao som daquele barulho arriscamos alguns passos.


– Karen, você está bem?


A pergunta dela me deixa em duvida. Eu estava bem? Não, não estava.


– Bella, posso dizer algo louco? - Ela sorri.


– Seu puder dizer uma também... - Seu sorriso cresce e meu coração acelera.


– Então fala você primeiro. - Ela pensa por um tempo e diz:


– Tudo bem. - Mais algum tempo de silêncio e mais um sorriso. Começo a ficar apreensiva. - Karen, eu e o Lucas... Nós transamos.


Suas palavras me atingem com violência, me desmontando por completo. Ela continua falando alguma coisa, mas não consigo compreender. As lágrimas enchem meus olhos e uma raiva me invade.


– Por que você é tão idiota? - Grito e saio correndo atravessando o mar de pessoas que me cercavam até chegar ao portão da casa de shows e sair dali. Queria continuar correndo, mas minhas pernas enfraquecem e desmorono ali mesmo.


Não contenho mais as lágrimas, não disfarço o que sentia, me deixei sentir, me deixei sofrer para ver se desta vez, eu conseguiria aprender. Aprender de uma vez por todas!


– O que aconteceu com você? - Sinto seu calor atrás de mim.


– Por favor, me deixe só.


– Não. Não irei deixar. - Ela segura meu braço e puxa para que eu levantasse. O desprendo de sua mão ao me levantar.


– O que você quer? - Minha voz estava trêmula pelo efeito do álcool e do choro.


– Quero entender porquê está agindo assim.


– Vá embora. - Viro de costas para ela e caminho alguns passos decidida a ir embora e mais uma vez ela me impede.


– Karen, pare de me esconder as coisas. Pare de agir como se estivesse tudo bem, como se você não se importasse com nada. Eu percebo! - Sua voz se altera, ela parecia irritada. - Me fala, o que está acontecendo?


– Eu a amo! É isso que está acontecendo, Isabella. Eu. amo. você. - Uma descarga de alivio e medo me invadem. Estava olhando para seu rosto e seu semblante muda de irritação para surpresa.


– O que disse? - Sua mão solta meu braço.


– Isso que você ouviu. Por todo esse tempo eu alimentei este sentimento dentro de mim, criei falsas esperanças. Achei que um dia eu pudesse ter você em meus braços... Mas estava enganada.


– Eu... Não sabia.


– É claro que não sabia! - Me exalto, mas tento manter a calma. Uma calma inexistente. - Você nunca olhou para mim, Bella.


– Karen, eu...


– Olha, não fala nada. Estamos bêbadas, amanhã não iremos lembrar de nada que houve aqui. O melhor que você faz é voltar para o seu namorado e esquecer que um dia me conheceu.


– Não é tão fácil assim.


– É, eu sei disso. - Vou me afastando dela. - Te dou uma dica: continua tentando. Passei minha vida fazendo isso e olha agora! Finalmente consegui. - Olho uma última vez para Bella antes de me virar e continuar andando. Ela não me seguiu.


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