A Bijuu esquecida escrita por Nanahoshi


Capítulo 14
Capítulo 13 - Pequenas e grandes conquistas


Notas iniciais do capítulo

OOOOOOOOOOI MEUS LINDOS LEITORES!!! COMO VOCÊS ESTÃO????
Mil perdões pela demora! A droga desse capítulo se recusava a passar pro papel e minha aulas voltaram t.t Ou seja mais coisa pra ocupar minha cabeça enquanto ela deveria estar pensando no novo capítulo. Mas fiiiiiiiinalmente passei tudo pro papel depois de um esforço hercúleo e muitas horas brigando com minhas ideias.Quero dedicar esse capítulo para duas pessoas lindjas e maravelhosas: O Rayel que recomendou lindamente a minha fic *0* divo muitos abraços de ursos peludos e ninjas; e pro felipe_999 que fez um óóótimo comentário no último capítulo que me rendeu muuuuitas ideias legais :3 Continue me inspirando guri *0*
Bom, sem mais delongas, o capítulo!



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–Narutooo! Volte aqui, moleque!

Um tropel de passos encheu a rua. Kailina interrompeu sua caminhada e olhou para a outra ponta do caminho que seguia. Lá vinha Naruto seguido por cidadãos enfurecidos.

–Baka Naruto! O que foi que você aprontou dessa vez? – murmurou Kailina para si mesma e fazendo um biquinho.

–HEHEHEHE! – riu-se o garoto. – Eu vou ser o melhor Hokage de todos! Vocês não vão me pegar!

A menina correu para a outra ponta da rua, onde eles provavelmente iriam virar. Virou a esquina e se escondeu no primeiro beco escuro que encontrou. Esperou prestando atenção nos sons dos passos. Quando Naruto virou na rua em que estava escondida, rapidamente Kailina meteu o braço no caminho do Uzumaki e agarrou-o pela camisa, puxando-o para o beco. Para garantir, tapou-lhe a boca e pulou um nível acima, equilibrando-se apoiada em canos salientes grudados nas paredes das casas.

–Shhh! – fez a menina para o amigo.

Naruto, que se debatia, parou subitamente de se mexer e, lentamente, assentiu. Os homens enfurecidos passaram por eles sem nem desconfiar que estariam escondidos ali.

–Aquele moleque! Onde ele se meteu?

Esperaram até que o barulho sumisse. Kailina soltou Naruto.

–PUAH! – arfou o menino. Depois de alguns segundos recuperando o fôlego, equilibrou-se mais ereto nas telhas e fez uma pose de herói.

–Hehehe! Eles nunca irão alcançar o futuro Hokage de Konoha!

Kailina balançou a cabeça para os lados.

–Baka... Não sabe dizer “obrigado”?

–O-obrigado? O quê? Que história é essa? Fui eu quem despistou os caras!

A menina riu.

–Tá bom, tá bom, Naruto...

Os dois saltaram novamente para a rua.

–O que você estava fazendo? – perguntou a garota.

–Eu pintei a fachada da loja de um cara que vivia me expulsando de lá toda vez que ia olhar os brinquedos...

–Eh... Isso nunca vai dar certo, Naruto.

–Foi a minha vingança! Eu só fico olhando os brinquedos e eles me expulsam...

Os dois ficaram em silêncio. Caminhavam lado a lado.

–Pelo menos... Eles conseguem te ver e lembrar de você. – soltou a menina sem pensar.

–Hã?

Kailina corou.

–N-nada.

–Fala aí.

–Não é nada. Foi só uma observação idiota.

–Rún... – Naruto fez um biquinho pensativo.

Estavam próximos a um lago. Nele, havia uma pequena plataforma que se projetava para a água. E nela estava sentado um garoto.

Os dois olharam diretamente para a figura encolhida próxima a água. Assim que Naruto o reconheceu, parou de andar. Kailina também o reconheceu, mas continuara andando. Só parou ao perceber que o outro não a acompanhava mais.

–Naruto, qual o problema?

O garoto olhava atentamente para a figura lá embaixo. A menina limitou-se a observar a intensidade do olhar que seu companheiro dirigia ao menino sentado na plataforma.

–Uchiha Sasuke... – murmurou Naruto.

Kailina voltou para onde estava o amigo e também observou o Uchiha.

Ela nunca havia comentado com ninguém, mas o fato de Naruto e Sasuke existirem em Konoha deixava-a mais aliviada. Tudo bem, eles não sofriam da mesma coisa que ela (o fato de não ser vista ou lembrada pela maioria das pessoas), mas, assim como ela, eles estavam sozinhos ali. E ela se identificava um pouco mais com Sasuke nesse aspecto, porque o menino nem sempre estivera só. Na outra Vila, Kailina tinha Goro, Hideo, Michi, Kaomi e mestre Hiashi. E ela sabia que Sasuke havia perdido os pais e todos os seus parentes do clã numa tragédia.

E Naruto... Ele sempre estivera sozinho. Não sabia quem eram seus pais, nem de onde viera. Só sabia que se chamava Uzumaki Naruto e que queria se tornar o melhor Hokage de todos.

Uzumaki...

Novamente, o fato de o garoto compartilhar o mesmo sobrenome que ela deixou-a intrigada. Ele não tinha cabelos ruivos, e aparentemente não tinha o chakra monstruoso que os Uzumaki tinham. Então como...

–Hunf! – Naruto soltou um bufo alto e virou a cara, recomeçando a andar. A menina que estivera absorta em pensamentos demorou alguns segundos para entender o que havia acontecido. Sasuke notara a presença dos dois e encarara Naruto. Ao trocarem olhares, viraram a cara.

Suspirou.

Ela continuou olhando para o menino de cabelos negros por alguns instantes ainda. Sasuke voltou a virar o rosto e encarou Kailina. Sustentaram os olhares um do outro. Uma estranha compreensão mútua oscilou entre eles. Então, sincronizadamente, baixaram os olhos e viraram-se para o outro lado. Kalina correu para alcançar Naruto. Sasuke continuou olhando para a água.

–Naruto! Me espera!

O menino loiro parou de andar e esperou a companheira. Ela parou arfante ao lado dele, mas logo recomeçaram a andar. Porém, antes de perderem o lago de vista, sem sequer combinarem, olharam para trás, novamente buscando por Sasuke. Os Uzumaki viram o garoto olhando na direção deles. Naruto virou subitamente o rosto, mas Kailina voltou os olhos para frente com mais calma. Um sorriso brotou nos lábios dos dois amigos.

Não se sentiam completamente sozinhos.

Lá embaixo, olhando para a água, Uchiha Sasuke viu seu reflexo sorrir timidamente.

***

–Com certeza eu não vou perder!

Naruto encarou Sasuke com toda a força no olhar que tinha. As meninas aprontavam o maior escândalo ao redor da arena improvisada de luta, com corações lhe saltando pelos olhos ao observar Uchiha Sasuke em ação. As únicas que não reagiam ao garoto popular eram Uzumaki Kailina e Hyuuga Hinata. Esta última olhava timidamente na direção do menino loiro com óculos de aviador e brincava com os dedos indicadores. A outra, por sua vez, balançava o corpo de um lado pro outro com cara de tédio, pendendo a cabeça ora pra esquerda, ora pra direita.

–Hinataaaaa... – reclamou a Uzumaki. – Eu tô com sono...

–Huh? – a Hyuuga olhou atônita para a amiga como se não tivesse escutado nada.

Kailina analisou a situação e percebeu que a amiga prestava muita atenção em Naruto. Ciente disso voltou a balançar o corpo e fazer cara de tédio.

–Nada não, nada não... Só estou reclamando sozinha...

Nesse momento, Naruto e Sasuke se precipitaram um na direção do outro.

–Comecem! – gritou Iruka.

Kailina parou de se balançar e prestou atenção na luta. Hinata se encolheu ao seu lado.

Tudo foi extremamente rápido. Sasuke desviou a direção do soco de Naruto com um tapa da mão e chutou-lhe as pernas, fazendo o outro perder o equilíbrio. O menino loiro estatelou-se no chão, e Sasuke tratou de imobilizá-lo, forçando o peso do corpo sobre o adversário e armando um soco na direção de seu rosto.

–Incrível! O Sasuke-kun é demais!

Um gritaria se instaurou ao redor. Entretanto, Kailina prestava atenção apenas em uma coisa. De onde ela estava, podia ver claramente o olhar que Sasuke lançava para Naruto.

Não...

Era como se ele estivesse olhando através dele.

E era um olhar carregado de ódio.

Se era um olhar tão horrível e ele não parecia estar olhando para Naruto... Então para quem...

Sasuke se levantou subitamente e deu as costas para o adversário derrotado. Naruto colocou-se sentado e olhou atentamente para o Uchiha. Pelo olhar dele, Kailina supôs que ele havia feito a mesma análise.

–Esse cara me tira do sério. – reclamou o menino loiro.

Iruka olhou preocupado, primeiro para Sasuke, depois para Naruto.

Kailina observou o garoto que se afastava. Uma única pergunta lhe preenchia a mente.

O que poderia causar um ódio tão grande a uma criança?

***

–Se a Terra fosse acabar amanhã, com quem vocês gostariam de estar junto?

–Como se o mundo fosse acabar!

–Por exemplo... – continuou Iruka. – Se a lua caísse.

–Se fosse o último dia da terra eu preferia carne caindo do que a lua! – cantarolou Chouji do lugar onde estava sentado na sala da Academia Ninja de Konoha.

Todos os alunos riram.

–Se a lua caísse, eu iria te proteger! – disse Naruto virando-se para Sakura que estava ao seu lado.

–Seria melhor outra pessoa me protegendo do que você. – disse ela primeiramente com um tom de deboche e, depois, debruçando-se sonhadoramente sobre a mesa e olhando para Sasuke.

Kailina ouvira o comentário de Naruto e olhava-o com uma cara entediada para o amigo.

Ele é idiota ou o quê? Vai continuar correndo atrás da Sakura só pra competir com o Sasuke?, pensou Kailina irritada.

A Uzumaki olhou para a menina que se sentava ao seu lado. Hinata brincava com os dedos, girando os indicadores um ao redor do outro.

Ele é tão cego que nem percebeu...

–Escrevam no papel o nome da pessoa com a qual gostariam de passar o último dia na terra. – completou o professor Iruka arrancando Kailina de suas reclamações mentais.

Kailina olhou para o papel. Ela só podia escolher uma única pessoa?

Ponderou.

Kaomi-sensei, Goro-senpai, Hiashi-sama, Hideo-senpai, Michi-senpai... E agora Hinata, Naruto...

Sua mãozinha se ergueu no ar.

–Sim, Kairina? – perguntou Iruka.

–Iruka-sensei... Podemos escolher apenas uma pessoa?

Todos olhavam atentamente para ela.

–Bom... – Iruka colocou a mão no queixo. – A idéia é escolher apenas uma pessoa, mas caso você não conseguir escolher nenhuma em específico, pode colocar mais de uma.

Kailina sorriu.

–Hai! Arigatogozaimasu, sensei!

Iruka sorriu e observou a menina debruçar-se sobre o papel e começar a bater o lápis na altura das têmporas. Desde que o Terceiro explicara a situação de Kailina para ele, Iruka alimentara um carinho muito grande pela menina. Entretanto, pelo fato de ser muito fechada com as pessoas mais velhas, era difícil se aproximar dela. Mesmo assim, ela não deixava de ser uma ótima aluna, além de ser extremamente prestativa e educada.

Foi aí que percebeu que Naruto fazia um aviãozinho com o seu papel da atividade e, ao terminá-lo, jogara-o pela janela.

–Oi, Naruto! Não jogue fora o seu papel!

Kailina estava tão absorta em decidir com quem gostaria de passar o último dia na terra que nem percebeu o aviãozinho de papel voando rente ao seu rosto. Assustou-se com o grito de seu professor e pôs-se a observar a cena.

–É que o último dia da terra não vai vir mesmo! – respondeu Naruto fazendo uma cara de tédio.

–Por isso que eu disse se o mundo acabar! – ralhou Iruka.

Kailina percebeu que Hinata observara o final da cena sorrindo, e agora virara-se pro seu papel, que até aquele momento também estivera branco. A amiga observou atentamente o lápis riscando a folha e assim que Hinata terminou, leu os caracteres disfarçadamente.

Uzumaki Naruto-kun.

Um sorrisinho curvou os lábios da Uzumaki.

Aquele Naruto... É um idiota mesmo...

***

–Droga! Droga! Droga! Droga! – Naruto socava repetidamente o travesseiro. – Aquele desgraçado! Eu preciso treinar e com certeza irei derrotá-lo...

–Naruto! – uma voz soou detrás da porta de seu quarto.

Ele desceu da cama e foi atender. Era Kailina.

–Yo!

–Eu estou indo no mercado. Tá precisando de alguma coisa?

–Hm... Traz mais cup ramen e leite.

A menina ergueu uma sobrancelha para ele.

–Por favor. – disse ele fingindo que vomitava ao falar.

–Ah, assim está melhor. – nesse momento Kailina percebeu a bagunça que se encontrava o quarto do amigo. – Hã? O que você andou fazendo aqui?

Naruto demorou alguns segundos para entender que ela se referia ao seu quarto.

–Ah... Eu estava...

A menina suspirou. Ela tinha visto o travesseiro surrado com vãos que lembravam socos. Vários instrumentos ninjas se espalhavam pelo chão.

–Se quer treinar pra derrotar o Sasuke, é melhor ir pra algum lugar aberto. Vai acabar destruindo o seu quarto.

E com isso virou-se e saiu.

Naruto ficara vermelho como um pimentão, e impulsivamente, correu atrás de Kailina e ao sair no corredor, gritou:

–EU VOU DERROTÁ-LO COM CERTEZA-DATTEBAYO!

Kailina riu baixinho e ergueu o punho cerrado.

–Então, se esforce!

Naruto fechou a cara e voltou para dentro. Ao fechar a porta, sorriu.

***

Antes de passar no mercado, Kailina tinha que resolver uma coisa importante. Ao organizar seu quarto, a menina encontrara a chave que sua mestra lhe dera antes que ela partisse para Konoha. Lembrou-se da mensagem escrita no papel que viera junto com o objeto:

“Entregue ao velho Sarutobi. Ele saberá o que fazer.”

Seus pés se moviam orientados por esses pensamentos. Em poucos minutos, se encontrava na porta da casa do Hokage. Dois ninjas montavam guarda na entrada. Ao se aproximar, eles a barraram.

–Quem é você?

–Eu sou Jyuu no Kairina. Eu queria falar com o Hokage-sama.

–O Hokage-sama está muito ocupado no momento. Não tem tempo pra perder com crianças.

A testa da menina franziu.

–É um assunto importante. Tem a ver com isso. – ela tirou a chave do bolso, que tilintou contra a corrente que Kailina prendera nela.

Os dois shinobis, ao verem a chave, prenderam a respiração.

–Como...!?

–Como você conseguiu essa chave!?

Os dois avançaram ao mesmo tempo para cima dela. Ela recuou saltando para trás.

–Foi um presente da minha mestra antes de eu vir para Konoha.

–Mentira, sua pirralha! Você a roubou!

Quando os shinobis se preparavam para atacá-la novamente, o Hokage surgiu na porta.

–Que confusão é essa na entrada de um prédio público? – ralhou o Terceiro.

–Hokage-sama! – os dois viraram-se e fizeram uma reverência. Kailina permaneceu imóvel.

–Essa garota queria falar com o senhor a respeito de uma chave. Mas é impossível que essa chave seja realmente dela! Ela mesma disse que é estrangeira. Como um estrangeiro poderia ter aquela chave...

–Que chave é essa? – perguntou o Sarutobi virando-se para a menina.

Ela voltou a erguer a chave.

Os olhos do velho se arregalaram levemente.

–Kairina, venha para o meu escritório.

Os dois shinobis que montavam guarda pareciam bastante surpresos. A menina se dirigiu para dentro do prédio, e ao passar pelos guardas, mostrou a língua.

–Pestinha... – um deles grunhiu.

A menina entrou dando risadinhas.

O Hokage se dirigiu diretamente para o seu escritório, e quando a menina passou pela porta, fechou-a e bateu três vezes na madeira. Provavelmente era algum tipo de sinal. Kailina ficou tensa.

–E então, Kairina, o que você quer resolver sobre essa chave? – perguntou o Hokage fixando os olhos cansados, porém sábios, na menina Uzumaki.

Ela hesitou antes de começar a falar. Pela reação dos guardas, começou a entender que não estava mexendo com algo comum.

–Eu... Essa chave foi dada pela minha mestra, Uzumaki Kaomi. Ela disse que pertencia à minha mãe. Junto veio um bilhete que dizia que eu deveria falar com o senhor. Você saberia o que fazer.

–Você tem o bilhete?

Ela assentiu. Tirou o papel dobrado do bolso e entregou-o ao Hokage. Ele analisou a mensagem por alguns segundos e, depois, suspirou.

–Infelizmente, Kairina, não é hora ainda para você usar essa chave.

–O quê? Por quê?

–Essa chave abre uma sessão especial da Biblioteca Pública de Konoha. Apenas shinobis da ANBU, da força policial, médica e eu podemos ter acesso à essa sessão. Isto é, apenas shinobis altamente treinados e especializados têm acesso à informação de lá.

A menina arregalou os olhos.

–Mas o que tem de tão importante lá?

O Hokage a analisou longamente. Por fim, disse:

–Isso... Infelizmente... Eu não posso contar a você.

Kailina baixou os olhos para o chão, fitando os pés. Queria pelo menos saber o que a mãe tinha deixado de herança para ela.

Silêncio.

–Mas tem um jeito de você conseguir o direito de usar essa chave.

–Como!? – seu coração subitamente se acelerou.

–Ao atingir a patente de jounin da Folha, você poderá passar por um teste. Se for aprovada, terá o direito de acessar a sessão restrita.

O corpo da menina tremia. Seus olhos estavam vidrados. As mãos cerradas apertavam com toda força a chave que Kaomi lhe dera.

–Então... eu preciso me tornar uma kunoichi... muito... muito forte?

–Sim. – respondeu o Terceiro num tom solene.

Kailina se recompôs. Respirou profundamente. E então, fez uma reverência.

–Arigatôgozaimasu, Hokage-sama.

–Não foi nada. – Sarutobi analisava minuciosamente todas as reações da menina.

Ela se virou para sair do escritório. Levou a mão à maçaneta. Abriu uma fresta da porta.

–Eu com certeza... Serei a jounin mais forte de Konoha!

O Hokage, pego de surpresa pelo comentário, pareceu momentaneamente perdido. Depois, riu.

Eles são bem diferentes na maior parte do tempo... Mas quando a questão é determinação...

***

–Fuuton: Juhaa Shou! Estilo do vento: Estrondo Ondular da Besta!

Kailina lançou um rápido ataque com o braço para frente e um bumerangue de vento disparou em direção ao seu alvo. A rocha foi impiedosamente partida na diagonal com um corte perfeito.

A garota suava em bicas. Aranhões e hematomas coloriam a sua pele levemente queimada pelo sol. O cabelo negro estava pregado em sua testa por causa do suor, e o a mecha ruiva estava tão vermelha que parecia estar empapada de sangue.

–Eu preciso... Ficar... Muito... Mais forte... – ela arfava olhando para a pedra que acabara de cortar.

Olhou para as mãos calejadas e arranhadas.

Não adianta. Eu ainda não sei aproveitar o máximo do meu chakra. Mesmo que eu tenha uma quantidade imensa, eu desperdiço muito dele. Eu não sei controlar a quantidade certa pra usar em cada jutsu. E mesmo assim... Eu preciso expandir ainda mais os meus limites de armazenamento de energia. E pra isso... Vou ter que melhorar cem vezes o meu taijutsu, no mínimo...

Kailina era uma kunoichi extremamente madura para a idade, e sua noção sobre jutsus e uso de chakra ultrapassava em muitos anos as crianças de sua faixa etária. E ela sabia que a melhor forma de aprimorar sua capacitação de chakra era investir em seu físico. Por isso, depois da conversa com o Terceiro, todo os dias depois das aulas, vinha treinar sozinha na floresta. O que ela não sabia era que, depois de alguns dias de treinamento, ela ganhou um observador silencioso...

***

–Algumas semanas atrás-

Naruto caminhava chutando pedrinhas que interceptavam seu caminho. Ruminava mentalmente todos os confrontos que tivera com Uchiha Sasuke.

Como iria vencê-lo?

Como conseguiria o prestígio e atenção que ele tinha?

Como ele conseguiria atrair a atenção de Sakura?

–HAAAAAAAAAH!

BRUM!

Um estrondo encheu o ar após um grito, e alguns pássaros voaram assustados do meio da floresta. Por alguns instantes, o menino Uzumaki fitou o alvoroço barulhento de aves. Depois, dirigiu-se para o interior da mata.

Ao se aproximar do ponto de onde se originara o barulho, o garoto foi diminuindo a velocidade e avançou escondendo-se atrás das árvores. Alguns metros à frente, deparou-se com uma pequena clareira. Nela, destroços de árvores e pedras pontilhavam o chão aqui e ali. Uma garota arfava mais ou menos no centro, e estava diante de um tronco que estava quase partido, de tantas pancadas que recebera.

Demorou alguns segundos para que Naruto notasse a mecha ruiva que ondulava entre os fios negros do rabo de cavalo da menina.

É a Kairina! O que ela está fazendo aqui?, perguntou-se o menino mentalmente.

Escondido atrás de um tronco particularmente largo, o Uzumaki dedicou-se a observar o treinamento da amiga. Seus olhos brilhavam.

A Kairina... ela é muito forte!... Por que ela nunca me disse que sabia tanta coisa sobre ninjutsu e taijutsu? Talvez... Talvez... Ela seja uma espiã! Que esteja infiltrada na Vila... Mas e se... Hm...

Mesmo ponderando, ele não deixava de observar os precisos movimentos desferidos pela outra Uzumaki contra os alvos que erguera. Não só tinha muita disciplina corporal e energética, como também manejava bem kunais e shurikens.

Caramba! Seu eu soubesse pelo menos metade do que ela sabe... Se eu fizesse metade do que ela sabe fazer... Com certeza... Eu poderia derrotar o Sasuke...!

Subitamente, Kailina se virou na direção em que Naruto estava escondido. Uma kunai passou zunindo rente ao rosto do garoto. Por muito pouco, o projétil não rasgou a bochecha esquerda do observador furtivo. Vendo que nada acontecia, a menina se aproximou. Quando Naruto achou que ia ser descoberto, um coelho milagrosamente saltou da moita contínua ao tronco da árvore que o escondia. Kailina fitou o animal por alguns instantes, suspirou e sorriu balançando a cabeça.

–Acho que estou treinando demais... – e com isso retornou aos exercícios.

***

–Wuah!

Kailina se atirou no chão, esticando-se o máximo que podia.

Fitou o céu.

Quanto tempo eu vou ter que treinar até poder usar aquela chave?

Levou a mão ao bolso e tirou o objeto metálico. Ergueu-o contra o céu e observou-o.

Enquanto isso, Naruto observava a menina deitada no chão. Uma indecisão o consumia por dentro.

Será que eu peço pra ela? Ou será que... Será que vai ser muito vergonhoso pedir ajuda pra uma garota? Hm... O que o Sasuke faria? DROGA! TÔ NEM AÍ PRO QUE O SASUKE FARIA-DATTEBAYO!

De tão concentrado em seu dilema, não percebeu que começara a resmungar e logo, estava gritando.

Kailina esticou o pescoço e, de ponta cabeça, de onde estava deitada, viu Naruto esperneando entre as árvores.

Francamente...

Observou-o até que ele finalmente se tocou que ela havia parado de fitar a chave e olhava diretamente para ele.

–Igh! – exclamou ele vendo que havia sido descoberto. – E-espera aí, K-Kairina! N-Não é nada do que você está pensando...

A garota apenas ria baixinho.

–É que...

–Não precisa dizer nada, Naruto. Eu te entendo. - Kailina se colocou de pé.

O menino parou de tentar se explicar. Fitou longamente a amiga.

Mesmo que ela fosse bem esquisita às vezes, Kailina tinha sido a melhor amiga que conquistara até agora em Konoha. Na verdade, a única amiga. Agora conseguia ver o quanto ela a ajudara e, melhor, o quanto ela o compreendia.

Naruto sorriu timidamente.

–Eu queria muito... muito ficar forte... pra eu poder...

–Na-a-a-a-a! Não preciso saber pra quê. Só de saber que você quer ficar forte já é motivo suficiente pra te ajudar.

Os dois se fitaram com sorrisos curvando levemente seus lábios. Então, Kailina colocou-se em posição de combate.

–Que tal começarmos agora?

Naruto a olhou, intrigado. Uma excitação e euforia subiu-lhe pelo corpo todo.

Com certeza... Com certeza... Agora sim, ele iria derrotar Uchiha Sasuke!

–IKSÊ-DATTEBAYO!

***

Já anoitecia. O sol se escondia atrás das árvores. Naruto e Kairina caminhavam arrastando os pés de volta para casa. Ambos sentiam dores fortes pelo corpo todo, tinham a pele enfeitada com hematomas e arranhões. As roupas estavam completamente surradas.

–Arigatô, Naruto.

O menino olhou interrogativamente para a companheira.

–Ter companhia para os treinos me faz me sentir melhor. É chato treinar sozinha.

Ele abriu um enorme sorriso.

–N-não foi nada. Eu é que tenho que agradecer...

Kailina abafou um riso.

–O que foi?

–Ah, nada.

–Conta aí...

–Pff... – ela continuou abafando risos. Enfim, respondeu: - É que quando você estava me espiando na floresta, me lembrou uma pessoa.

–Uma pessoa? Quem?

–Você nunca a viu? Ela vive fazendo a mesma coisa... Só que com você.

–Comigo?

–Sim...

–Quem é?

–Hm... – Kailina ponderou pro alguns instantes se deveria realmente dizer. – Hyuga Hinata.

–Hyuga... Hinata? – Naruto coçou as têmporas, fazendo um claro esforço de se lembrar quem era.

–Baka... – suspirou a Uzumaki que o acompanhava.

Depois de alguns minutos caminhando em silêncio, Naruto exclamou subitamente, quase matando sua amiga de susto.

–Ah! Agora eu lembrei! É uma menina estranha de cabelo escuro que se encolhe toda vez que eu chego perto!

–Essa mesma... – a outra confirmou numa mistura de desapontamento e riso.

–Por que ela faz isso, hein? Que menina estranha...

Kailina parou subitamente de caminhar.

É sério que ele disse isso? Não era óbvio?

–Qual o problema? – perguntou o garoto quando percebeu que a amiga parara de caminhar.

Ela balançou a cabeça e voltou a andar.

–Nada...

–Fala aí!

–Não é nada.

–Fala!

–Eu já disse que não é nada, baka Naruto!

–Por que você não quer f-

POW!

Um baque surdo fez-se ouvir na trilha. Kailina acertara um cascudo certeiro no topo da cabeça de Naruto.

–Se continuar perguntando, vou acertar um mais forte...

–Ai, isso dói...

***

Enquanto isso, Uchiha Sasuke se dedicava a fazer uma limpeza em seu quarto. Enquanto passava pano para tirar o pó de seus pertences, pensava em tudo aquilo que deveria fazer para finalmente ser capaz de enfrentar de igual para igual seu irmão mais velho.

Uchiha Itachi...

Quando conseguir olhos como os meus... me procure..., a voz do irmão soou-lhe assustadoramente clara na mente.

Olhos...

Aquilo era um sharingan? Não... Sim... Mas por que a forma era tão diferente?

O pequeno Uchiha não prestava atenção no que estava fazendo. Foi aí que, distraidamente, esbarrou o braço num vaso de flores que estava no umbral da janela. O objeto pendeu e se precipitou para a rua sem chance de ser pego.

CRASH!

Sasuke ouviu claramente quando o vaso se espatifou na rua. Soltando um bufo e pegando um saco e uma vassoura, foi limpar a bagunça que fizera lá embaixo...

***

Haruno Sakura andava cantarolando baixinho pela rua. Quando deu por si, estava muito próximo à casa de Sasuke.

O que será que ele está fazendo?, perguntou-se a garota. Será que ele vai se incomodar se eu aparecer por lá? Vai que ele precisa de ajuda...

Aproximou-se hesitante da construção na qual residia seu amor platônico. Respirou fundo várias vezes, ponderando.

Não... Talvez ele tome raiva de mim se eu aparecer tão de repente... Vai achar que eu possa estar perseguindo-o...

CRASH!

Um barulho alto de algo se quebrando ensurdeceu momentaneamente a menina. Ficou alguns segundos imóvel, mas aos poucos, se mexeu. Olhou para baixo. Um vaso de flores acabara de se espatifar próximo aos seus pés. Mais um pouco para o lado e Sakura poderia ter morrido acertada por um vaso de cerâmica na cabeça.

Olhou para os lados. Não viu ninguém vindo buscar o vaso. Como era extremamente organizada e perfeccionista, abaixou-se e começou a catar os cacos amarronzados.

Alguns instantes depois, ela viu um par de pés se aproximando. Ergueu a cabeça.

Congelou onde estava. Seu corpo todo gelou.

Diante dela, Uchiha Sasuke a fitava com um olhar frio e letal.

–O que está fazendo aqui? – perguntou ele bruscamente.

–E-eu... – as palavras pareciam se embolar na garganta da menina. – E-eu estava passando por aqui e um vaso quase me acertou...

Assim que percebeu que Sakura quase havia sido a vítima de seu descuido, virou a cara e fez a expressão mais arrogante que pôde.

–Não precisa limpar isso aí. Eu limpo.

–É-é s-seu, Sasuke-kun? – gaguejou a garota de cabelos róseos.

Ele não respondeu. Apenas se abaixou e começou a limpar a terra. Sakura hesitou, mas apenas por um instante. Logo, abaixara-se bravamente e retomava a tarefa de reunir os cacos.

–O que está fazendo? – rosnou o Uchiha, obviamente irritado.

–Te ajudando. – respondeu ela num tom quase inaudível.

–Não precisa. – devolveu o outro.

Porém, Sakura já havia catado a maioria dos pedaços de cerâmica. Com as mãos em concha, estendeu-os sugestivamente para o saco que Sasuke trouxera. A contragosto, o menino abriu-o e deixou que a menina deposita-se os destroços do vaso. Terminou de varrer a terra e o resto da flor despedaçada e ergueu-se. Sakura esperava ansiosamente pelo agradecimento do menino.

Sasuke olhou friamente para ela. Entretanto, a sensação que lhe preenchia o peito era completamente oposta àquela que tentava transmitir pelo olhar.

Por quê?

Por que a presença daquela menina parecia tão... luminosa?

Sakura dava pulinhos parada no lugar.

Sasuke não queria dar liberdade para que ela aparecesse ali como bem entendesse. Afinal, ele precisava se concentrar e uma única coisa: vingança. Entretanto, a idéia de afastar aquela menina cuja presença era tão reconfortante, foi o suficiente para que ele falhasse em parte na frieza da voz:

–Bem... Obrigado pela ajuda... E desculpa pelo susto.

Sakura ficou vermelha como se estivesse com febre alta. Depois, abaixou o rosto e murmurou.

–Não foi nada.

Sasuke tornou a subir para o apartamento. Sakura permaneceu olhando os movimentos do menino até que ele sumisse de vista.

O mundo parecia ter desaparecido. Ela se fixava em apenas um ponto da realidade. Ela acabara de ajudar Uchiha Sasuke.

E ele agradecera.

Suas pernas começaram a vibrar freneticamente, fazendo-a quicar no lugar onde estava.

Kyaaaah! Eu ajudei o Sasuke-kun!, vibrava ela mentalmente.

Poderia parecer uma coisa boba, mas já era algo grande para Haruno Sakura. Ela poderia não ser capaz de concertar o vaso que Sasuke quebrara, mas pelo menos o ajudara a recolher os pedaços...

***

De lá de cima, Sasuke havia se escondido sob o umbral da janela e espiava para fora. Sakura ainda estava parada lá, pulando animadamente no lugar. Seu rosto ainda conservava o forte tom vermelho.

–Eu ajudei Uchiha Sasuke... Eu ajudei Uchiha Sasuke! E ele... ele me agradeceu! – o menino ouviu Sakura vibrando.

Ele se encolheu novamente dentro do apartamento. Ali no chão, sentiu um leve calor aninhando-se em seu peito.

Sentiu-se bem. Sentiu-se seguro.

Um raro sorriso deu ao rosto de Uchiha Sasuke um pouco mais de luz.


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Notas finais do capítulo

o que acharam :3?? Fãs de Naruhina façam HEY! Fãs de Sasusaku façam HA! Participem meus amores!!! Deem a opinião de vocês! Críticas? Sugestões? Teorias? Ideias? NHAAAA!
Obs: O jutsu usado pela Kailina eu tirei de uma lista de jutsus que eu encontrei. Ele é de rank C. Não sei se ele realmente existe mas gostei da descrição UAHSAHSUHAH
Um beijo muito estalado e um abraço muito apertado em todos os meus leitores lindos que estão me dando tanto apoio! Beijos mil lindjus e até o proximo cap!!



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