A New Chance. escrita por Izzie


Capítulo 38
Capítulo 38


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal !
Espero que gostem do capítulo e não me odeiem, por favor ♥
(PS: Me desculpem pelos erros de escrita. )


Boa leitura ♥



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Sentada na poltrona do lado de sua cama, Stella passou a página do livro e iniciou a seguinte. Estava de noite e todos seus amigos já tinham lhe visitado e ido embora para suas respectivas casas. Sid e Susan foram os últimos e lhe prometeram que estariam de volta na manhã seguinte para levá-la para casa deles, mesmo Stella insistindo que ficaria em um hotel até limparem seu apartamento antigo.

“– Deixe-nos cuidar de você. “— Pediu Susan. “– Venha conosco para casa. “

“– Você não pode nos dizer não, minha querida.” — Falou Sid.

Stella sorriu carinhosamente ao se lembrar do casal que realmente tinha lhe adotado como filha. Há poucos minutos tinha falado com seu namorado que prometera que viria para cidade e passaria o dia com ela na sua próxima folga. O barulho da porta se abrindo chamou sua atenção. Barbie entrou no quarto e caminhou lentamente até ela.

— Oi. O que está lendo? – Perguntou se aproximando.

Stella ergueu a capa do livro para a enfermeira ver o título

— Luzes brilhantes, cidade grande. – Leu em voz alta. – Eu nunca li. É bom?

— Eu gosto. – Fechou o livro. – É sobre um cara que curte Nova York e tudo o que ela oferece.

— Parece interessante! Você sabe como termina?

A grega assentiu encarando a capa do livro. Stella desenhou um sorriso tão discreto que quase passou despercebido pela enfermeira que estava encostada na cama observando-a.

— Ele vai embora antes que a cidade o mate.

— Agora soa um pouco assustador.

— Eu gosto de pensar que é inteligente da parte dele. – Sorriu voltando seu olhar para a enfermeira. – Mas, eu pensei que seu turno já tivesse acabado. – Alcançou o seu celular e olhou a hora. – Não deveria ter ido para casa?

— Com pressa de se livrar de mim? – Arqueou as sobrancelhas. – Amanhã você já consegue isso, não se preocupe.

A grega soltou uma leve risada.

— É você quem está dizendo isso, Barbie.

— Eu tive que estender meu plantão até amanhã. – Explicou. – Um problema com a nossa escala. – Suspirou.

— Ou você ficou com medo de não me ver antes de eu ir embora?

— Já te disse que você é engraçada? – Barbie sorriu desdém.

Stella sorriu e consentiu.

— Na verdade, eu preciso que venha comigo, Stella. – Barbie fechou a cara. – É importante.

Stella arqueou as sobrancelhas surpresas com aquele pedido inesperado. Todos seus exames haviam acabado naquela tarde e pelo que a própria enfermeira disse mais cedo, sua rotina hospitalar havia sido encerrada.

— Vista o seu casaco e me encontra no corredor em um minuto. – Se afastou dela. – Estou te esperando. – Saiu do quarto.

Stella deixou seu livro em cima da cama e se levantou da poltrona deixando o xale que cobria seus ombros para trás. Mesmo estando confusa com o pedido, ela caminhou até o cabideiro do quarto e pegou sua jaqueta cor caramelo. Stella o vestiu por cima de sua blusa branca de mangas compridas e da calça de moletom preta que usava. Ela caminhou até a porta e a atravessou.

Barbie a esperava do lado de fora. Quando viu Stella, ela se desencostou da parede e desenhou um sorriso animado.

— Vamos?

A enfermeira saiu andando e Stella não teve opção a não ser segui-la. Elas pegaram o elevador e Barbie apertou o botão do último andar fazendo assim as portas se fecharem.

— Onde estamos indo? – A grega olhou para a enfermeira.

— Eu não posso falar. – Barbie sorriu. – Só confie em mim. – Pediu a enfermeira.

— Tenho outra escolha?

— Não muito. – Negou.

Ao chegarem no destino, Barbie a guiou por um corredor com pouca iluminação e com apenas três portas espalhadas, uma distante da outra. No final do corredor, elas pararam em frente a uma das portas. Stella leu a pequena placa colada na porta de metal.

— Isso é brincadeira, né? – Se virou para a enfermeira.

Barbie sorriu.

— Apenas vai! – Mandou

— Para o telhado? Não me diga que vai me jogar de lá de cima, vai?

A enfermeira riu.

— Não seja boba! Eu não vou com você. – Negou. – Você confia em mim ou não?

— Você me trouxe para o telhado do hospital, Barbie. – Apontou para a porta. – É meio difícil ter confiança com esse tipo de passeio.

— Stella. – Seu tom e expressão estavam sérios. – É melhor você subir.

Stella encarou a porta e puxou a porta para fora, abrindo-a e passando sozinha pela mesma. Diante dela, havia dois lances de escadas que a deixou mais intrigada e irritada. Stella olhou para trás e seriamente pensou em voltar e perguntar a Barbie o que raios estava acontecendo. Porém sua intuição a fez desistir e a instigou a subir os degraus.

Após chegar ao topo da escadaria avistou outra porta que tinha o mesmo aviso escrito: ACESSO AO TELHADO em uma placa colada em sua superfície. Ela puxou a segunda porta assim como fizera com a primeira e atravessou para fora do prédio. O vento foi o primeiro que a cumprimentou suavemente alisando seu rosto. E em seguida, Stella se deparou com um homem de costas para ela há alguns metros de distância observando a vista que tinha do topo do prédio.

— Claro que é você. – Murmurou para si mesma.

Stella caminhou até o homem que estava por trás da mureta de proteção que havia ali em cima. Mas antes que chegasse até ele, o próprio se virou e a encarou enquanto a esperava pacientemente.

— Eu deveria te jogar daqui de cima, Taylor. – Parou de frente para ele.

Mac desenhou um sorriso para ela. Foi impossível não observá- lo em uma curta fração de segundos. Ele estava tão bonito usando um sobretudo azul-marinho aberto e uma camiseta preta por baixo, junto de uma calça social da mesma cor.

— Não está usando o seu traje para salvar o mundo. – Comentou. – Algo está muito errado com você, detetive! Está se sentindo bem ?

— Eu devo levar como um elogio de que estou bem-vestido? – Arqueou as sobrancelhas.

Stella não resistiu e deu um sorriso de canto.

— É, você pode considerar um elogio. – Entrou na brincadeira fazendo ele sorrir.

Pela primeira vez, ela olhou para a vista que tinha dali de cima e se perdeu nas luzes da cidade. Era tão diferente de olhar pela janela do quarto e de estar ali vendo tudo ao vivo.

— Faz tanto tempo que eu não tenho uma visão dessa. – Sussurrou. – Tão viva e real. – Se aproximou da mureta.

— Eu sei. – Mac concordou. – Achei que gostaria da vista daqui de cima. – Desenhou um sorriso. – Não é como a do laboratório, mas, é uma boa vista, não concorda?

Stella sorriu e assentiu.

— Você está certo. – Sussurrou perdida. – É realmente uma boa vista e … – Suspirou. – Eu amei.

— Sabe, eu nunca me acostumo com você me dando razão. – Negou admirando a cidade. – Eu deveria gravar você dizendo para tentar?

A grega deu uma cotovelada nele e os dois riram juntos. Os risos sumiram e o casal de amigos permaneceram com seus olhares fixos na cidade que nunca dormia e sempre brilhava. Mac olhou para Stella e se perdeu na vista que tinha dela ao seu lado admirando a cidade com um sorriso discreto em seus lábios. Os cachos balançavam por conta do vento mas não parecia incomodá-la nem um pouco.

Stella tirou uma de suas mãos do bolso do casaco que usava e segurou gentilmente o rosto dele, delicadamente o virou para a cidade, fazendo ele perder a visão que tinha apenas dela. Mac sorriu e se concentrou na cidade por mais alguns minutos silenciosos.

— Eu queria poder ter isso em Nova Orleans. – Stella murmurou. – Ajudaria nos meus dias ruins.

Mac hesitou antes perguntar o que estava na ponta de sua língua.

— Já pensou em voltar? – A encarou.

Stella sorriu sem ânimo

— Todos os dias da minha vida. – Respondeu. – O meu maior trabalho naquela cidade não foi reconstruí-la. – Negou cruzando os braços. – Foi aguentar todos os dias a vontade de largar tudo e pegar o primeiro avião de volta para Nova York.

Ela finalmente olhou para ele. Os seus olhos verdes estavam marejados e tristonhos. Mac queria poder mudar aquele olhar como nos velhos tempos e fazê-la sorrir novamente.

— Foi muito difícil viver sem tudo o que mais amava, Mac. – Sua voz saiu trêmula. – A maior parte dos meus dias, eu achava que não conseguiria suportar aquela vida. – Ela olhou a cidade por dois segundos. – Mas no final, eu consegui! – Voltou a olhá-lo.

Stella suspirou e forçou um sorriso que se Mac não a conhecesse bem acharia que era apenas um sorrisinho emocionado. Mas ele a conhecia e sabia que ela estava apenas tentando afastar a vontade de chorar na frente dele. Ele simplesmente se aproximou e a abraçou com o coração apertado e ao mesmo tempo aliviado por ela não ter o afastado para longe.

— Me desculpe. – Mac resmungou dentro do abraçado. – Eu deveria ter imaginado o quão difícil estava sendo para você. – Acariciou os cachos. – Eu nunca deveria ter te deixado sozinha em um momento como aquele. Sei que já pedi isso várias vezes, mas, me perdoa por ter sido um idiota de novo ?

O silêncio dela o fez se sentir desesperado.

— Isso significa que tomou sua decisão? – Ela perguntou.

— Eu prometo que vou deixar isso para trás, ok?! Eu sinto muito por ter dito aquilo mais cedo. – Alisou os cachos dela. – Nunca mais falaremos dos nossos erros. Eu, McKenna Llewellyn Taylor Júnior, te prometo, Stella Bonasera que vou parar de agir como um idiota. – Mac a ouviu rir baixinho e sorriu quando sentiu ela apertar o abraço. – Posso arriscar dizer que você está feliz, Bonasera?

— É claro. – Sussurrou. – Eu não perdi você, Taylor. Isso me deixa muito feliz. – Suspirou aliviada.

Stella se afastou e o sorriso familiar e único em seus lábios. Aqueceu o coração de Mac.

— Me desculpa por ter armado para deixar você sozinho com a Peyton. – Ela ficou mais séria. – Eu só achei que talvez pudesse haver uma chance entre vocês dois e talvez valesse a pena. Ela te deixava feliz e eu só quero isso, Mac. – Sorriu afável. – Ver você feliz.

— Eu sei. – Consentiu. – Mas, Peyton não conseguiria me fazer feliz. – Negou. – Eu sei disso e ela também.

Algo no olhar de Stella o incomodou. Ela parecia estar ansiosa e escondendo alguma coisa.

— Mac, promete não ficar bravo? – Perguntou com receio. – Promete que não vai brigar?

Mac arqueou a sobrancelha e a olhou desconfiado. No fim, ela sorriu.

— Não briga com ele, mas, Don me falou sobre a mulher por quem está apaixonado.

— O que? – Seu coração parou naquele segundo.

— Quer dizer, ele não me disse quem é ou se eu a conheço. – Corrigiu. – Ele só me disse que ela é uma boa pessoa e sinceramente, isso basta para mim, Mac. – Olhou de relance para cidade e se voltou para ele novamente. – Se ela é boa para você, então é o suficiente para me deixar tranquila.

Stella deu o famoso sorriso mais uma vez. O coração de Mac bateu mais rápido e seu corpo tremeu de medo quando ele decidiu o que faria naquele mesmo minuto. Foi como se jogasse gasolina em uma faísca de fogo. Ele sentiu a coragem tomar conta de seu corpo e sentidos.

— Stella… – Sussurrou o nome dela. – Eu não posso fazer mais isso. – Sua voz quase não saiu. – Não posso continuar escondendo de você. – Negou. – Na verdade, eu não quero mais continuar com isso.

A grega notou imediatamente que ele estava nervoso. Ela pegou as mãos dele carinhosamente e as segurou firme. Mac olhou para a cidade e observou as luzes fixamente enquanto tentava diminuir seu ritmo cardíaco.

— Lembra quando você queria saber mais sobre ela? – Perguntou. – Ou quem ela é?

— Mac, você está bem? – Stella ignorou as perguntas.

Ele voltou seus olhos para a antiga parceira. Os olhos verdes brilhavam enquanto o olhava preocupada. Mac se perdeu por uma curta fração de segundos nos olhos verdes-esmeralda o encarando daquela forma tão afetuosa.

“ – Stella tem razão! – Sua mãe disse. – Você precisa escolher o que quer, Júnior. Ou você assume o que sente ou esquece isso e a deixa partir. Afinal, é um direito dela ser feliz com ou sem você. – Aconselhou a senhora. – Você sempre foi uma criança e um homem corajoso, meu filho. – Sorriu. – Precisa de mais coragem? Stella é a resposta para seu desejo. Existe uma frase que diz que: Ser profundamente amado por alguém nos dá força; amar profundamente alguém nos dá coragem. Se você a ama, então você já tem o que precisa. “

Mac se lembrou da conversa que teve naquela tarde quando voltou para casa mais cedo. Depois da conversa com Stella no hospital, Mac sentiu uma dor de cabeça infernal e mal conseguia abrir os olhos. Ele deixou o prédio sob cuidados de Danny e Jô e foi embora.

Olhando para Stella naquele momento ele conseguiu entender o que sua mãe quis dizer. A vida já tinha sido tão difícil para os dois, eles já haviam passado por tantas coisas e superado tantos desafios e Mac sempre reconheceu que Stella estava do seu lado na maior parte de suas dores. Ela era como se fosse um ponto fixo em sua vida que ora outra se bagunçava. Tudo mudava menos Stella. Quando ele precisava de paz ou uma companhia, ela de alguma forma aparecia para confortá-lo com tudo o que mais precisava.

Ele sempre fora um cara da razão. Quebrar regras e agir por impulso? Não fazia parte do seu vocabulário. Mas quando era relacionado a Stella, então ele simplesmente esquecia e não se importava com sua parte racional. Ele quebrou regras que ele mesmo havia criado quando foi atrás dela na Grécia; ele passou por cima de queixas superiores quando a deixou terminar um caso; ele quebrou regras quando simplesmente deixou um caso para se concentrar no dela quando foi quase morta pelo ex namorado lunático.

“– Precisa de mais coragem? Stella é a resposta para seu desejo.” – Repetiu a voz em sua cabeça. – “Ser profundamente amado por alguém nos dá força; amar profundamente alguém nos dá coragem.”

Sim, Stella era a resposta. A grega era a coragem que ele precisava. O toque aquecido da mão dela em seu rosto fez com que seu corpo se arrepiasse por dentro do sobretudo grosso e quente que usava. Os olhos dela não se moviam, estavam paralisados encarando ele.

— Mac? – Chamou por ele. – Me diz o que está te deixando assim. – Ela pediu com seu tom sereno. – Me conta o que está te preocupando, detetive Taylor. O que está escondendo de mim, Mac? Talvez eu possa te ajudar e … – Ele a interrompeu.

— É você, Stella. – Revelou de uma vez.

— O que tem eu? – Perguntou confusa.

Ele não precisou dizer nada. Stella começou a entender a frase segundos depois. Sua expressão se transformou de confusa para surpresa.

— O-o que? – Ela resmungou.

— Eu amo você, Stella. – Confessou. – É isso o que venho escondendo de você.

Mac não conseguia mais ler seus olhos. Ele não conseguia saber o que estava se passando na cabeça dela como de costume. Stella de repente se tornou alguém inexpressiva.

— Mac, isso não tem graça. – Sorriu nervosa por um único segundo. – Se for algum tipo de brincadeira… Eu não quero brincar com isso.

— Eu sei. – Concordou. – E por isso não é uma brincadeira. – Mac tinha a sensação que seu coração sairia pela boca. – Eu demorei para entender o que realmente sentia por você, foram anos achando era um sentimento de amizade e parceria, mas no fim nunca foi apenas isso. E eu tenho a sensação de que nunca vou conseguir me perdoar por ter ignorado o que sentia e ter deixado anos se passarem sem eu notar a verdadeira natureza do nosso relacionamento. – Desabafou. – Eu pensei muito se deveria fazer isso ou não, Stella, sobre dizer a você como me sinto. Todas as vezes que você perguntou sobre a mulher por quem eu estava apaixonado, eu queria dizer que era você, mas eu perdia a coragem. – Sorriu ansioso. – Sempre foi… – Stella soltou as mãos dele.

— Não. – Ela o interrompeu bruscamente. – Não termina essa frase. – Pediu.

Stella se afastou completamente dele. Ela balançou a cabeça negativamente e se virou para o outro lado do terraço, dando alguns passos para mais longe dele.

Mac estava petrificado e de coração partido. Ele podia sentir que aquela noite não terminaria bem. Observou ela parada de costas para ele há alguns metros de distância. Ele olhou para a cidade com seus olhos ardendo em lágrimas e tentou espantá-las.

— Seria melhor se você não soubesse? – Perguntou em voz alta olhando para ela. – Você preferia não saber como eu me sinto em relação… – Stella o encarou e ele parou de falar.

Os olhos verdes lhe lançaram um olhar furioso. Mac deu alguns passos curtos em direção a ela, mas, Stella estendeu sua mão pedido para que ele parasse e prontamente deu mais passos para trás afastando-o ainda mais.

— Você não tem o direito de fazer isso comigo, Mac Taylor. – Disse brava. – Não ouse fazer isso comigo agora. – Balançou a cabeça negativamente. – Então, para!

— Fazer o que? Dizer como me sinto? – Stella abriu a boca, mas ele se antecipou. – Eu não estou apenas apaixonado por você… – Negou enquanto se aproximava cautelosamente. – Eu amo você, Stella. – Declarou. – Eu amo você desde seus defeitos mesmo que me deixem maluco até suas qualidades que me faz me sentir o cara mais sortudo do mundo por conhecer todas elas.

— Não. – Ela negou nervosa. – Você simplesmente não pode… – Stella parou e passou a mão pelos cabelos. – Você não pode, Mac!

— Te amar? – Arqueou as sobrancelhas. – Por que não?

— Eu não acredito que isso tá acontecendo. – Resmungou ela.

Mac estava há um metro de distância dela. Estavam tão próximos comparados a distância que ela se colocara alguns minutos atrás. Ele sabia que ela havia permitido a aproximação e seu coração se encheu por saber daquele pequeno fato. Stella fechou os olhos e respirou fundo nervosa.

— Stella. – Chamou por ela. – Você sente alguma coisa por mim? Eu preciso saber disso.

A grega abriu os olhos e o encarou de modo desconhecido, um olhar que ele nunca tinha visto em todos os anos de amizade. Aquele olhar o machucou tanto quanto suas próximas palavras.

— Vai embora, Mac. – Sussurrou. – Só vai embora daqui, por favor. – Mandou.

— O que? – Reagiu quase sem voz.

— Quer saber? Deixa que eu mesma vou.

Stella desviou seu olhar e saiu caminhando em direção a porta de saída do terraço para o hospital. Mac a observou partir e deixá-lo ali sozinho de coração partido e com olhos ardendo em lágrimas. Pela primeira vez na vida depois de Claire, Mac nunca sentiu uma dor tão grande quanto aquela de ver Stella o mandando embora e virando as costas para ele.

Seu peito queimava como uma casa em chamas. Ela abriu a porta e sumiu de sua vista quando a porta de metal fechou com força fazendo barulho alto. Mac sentiu as lágrimas escorrem pelo seu rosto lentamente e geladas.

Barbie fechou um prontuário e entregou para uma colega de trabalho com um sorrisinho gentil nos lábios. Quando se virou para ir em direção a sala de descanso dos enfermeiros para tomar um pouco de café expresso, avistou Stella caminhando pelo corredor de volta para o quarto. Antes que pudesse sorrir para a sua paciente notou a expressão em seu rosto.

— Stella? – Chamou.

Stella nem sequer a olhou e passou direto por ela indo em direção ao seu quarto. A enfermeira ignorou o seu desejo e necessidade pelo café e seguiu para o quarto privado de sua paciente. Ao bater à porta não teve resposta de dentro do quarto e por aquele motivo decidiu entrar do mesmo jeito.

Stella estava para em frente a sua janela e encarando a cidade de braços cruzados e expressão perdida. Barbie fechou a porta atrás de si e encostou seu corpo sobre a porta.

— O que aconteceu? – Perguntou calma.

— Eu quero ficar sozinha, Barbie. – Disse sem lhe dar atenção.

— Vocês brigaram de novo?

A grega suspirou e balançou a cabeça negativamente.

— Eu não quero falar sobre isso. – Negou. – Nem sobre qualquer outra coisa.

Barbie assentiu compreensiva.

— Ele se declarou para você?

Stella a encarou.

— Por favor, Barbie. – Pediu com a voz desanimada. – Me deixa sozinha. – Sussurrou.

A grega se afastou da janela e seguiu pra sua cama.

— Eu estou cansada e quero dormir. – Se deitou. – E acordar só amanhã. – Ela virou de costas para a enfermeira.

— Tudo bem. – Concordou. – Boa noite, Stella. – Desejou.

— Boa noite, Barbie. – Retrucou baixinho.

A enfermeira abriu a porta e saiu do quarto. Ao fechar a porta viu Mac parado em frente ao elevador do andar da ala. Ele a olhou por um minuto e assentiu discretamente cumprimentando-a de longe. O detetive de olhos azuis tristes entrou no elevador e sumiu de sua vista.

— Acho que esses dois vão levar mais tempo do que eu pensei. – Resmungou para si mesma.

Stella já estava pronta e ansiosa para sair do hospital quando Susan chegou acompanhada de Lindsay e Lucy para buscá-la. Ao ver a garotinha, ela sorriu e se agachou para recebê-la em seus braços.

— Bom dia, madrinha. – Lucy a abraçou.

— Oi, meu amor. – Pegou ela no colo. – Você veio me levar para casa?

— Positivo. – Assentiu sorrindo e batendo continência.

Stella riu e a encheu de beijos, fazendo-a rir também.

— Você está pronta, Stell? – Susan perguntou.

A grega assentiu.

— Desde que eu acordei do … – Olhou para Lucy. – Do meu sono de beleza.

Lucy sorriu para a madrinha e começou a mexer nos seus cachos soltos.

— O Mac não veio? – Lindsay perguntou. – Eu achei que ele estaria aqui.

— Eu também achei. – Susan concordou.

Stella negou forçando um sorrisinho. Lindsay e Susan trocaram olhares desconfiados e confusos pela atitude de Mac e pela reação falsa da grega.

— Tudo bem. – Susan sorriu. – Hora de ir para casa. – Disse animada.

— Já era tempo disso acontecer. – A voz de Barbie soou pelo quarto.

— Oi, Barbie. – Lucy se agitou nos braços da grega.

— Olá, princesinha. – Acenou sorrindo. – Bom dia, meninas. – Cumprimentou as senhoras Messer e Hammerback.

— Oi, Barbie. Como está? – Susan a olhou.

— Cansada. – Suspirou. – Mas fora isso, eu estou bem. – Parou ao lado da esposa de Sid.

— Veio se despedir da sua melhor paciente? – Perguntou Stella com um sorrisinho de canto.

A enfermeira deu um sorriso para a grega.

— Que bom que sua afilhada está aqui. – Disse ela. – Isso me impede de dizer algumas coisas.

Stella riu e consentiu.

— A gente ainda vai se ver daqui uns dias. – Arqueou as sobrancelhas. – Você tem que voltar para sua consulta, lembra?! – A grega deu ombros. – Não escapou de mim totalmente. – Se aproximou. – Mas de qualquer forma… – Respirou fundo contendo a emoção. – Foi muito bom conhecer você, senhorita Bonasera.

Os olhos castanhos da enfermeira estavam cheios de lágrimas. Barbie abraçou Stella mesmo com Lucy em seus braços. A pequena Messer não parecia entender a cena, mas, em algum momento do abraço ela passou seu bracinho ao redor da enfermeira e a abraçou junto com sua madrinha. Susan e Lindsay trocaram olhares e sorrisos emocionados.

— Se cuida, detetive. – Desejou em seu ouvido. – Fique longe dos problemas e seja feliz. – Stella sorriu dentro do abraço. – E dê uma chance às certas coisas. – Murmurou bem baixinho.

Ao se afastarem, Barbie sorria carinhosamente para ela. Stella manteve seus olhos na enfermeira até sentir Lucy passar a mão em seu rosto. Só depois da criança acariciar os dois lados de sua face que ela entendeu que estava chorando e sua afilhada estava limpando as lágrimas. Barbie acariciou os cabelos trançados de Lucy e sorriu para a pequena.

— Cuida da sua madrinha, princesinha. – Pediu. – Pode fazer isso?

— Pode deixar, Barbie. – Consentiu. – Eu não quero ser médica ou enfermeira, mas, eu vou cuidar da madrinha. – Sorriu acariciando o rosto da grega.

— Ah é? E o que você quer ser?

Stella a olhou curiosa esperando pela resposta. Lucy dividiu seu olhar entre a madrinha e a sua mãe que já sabia da resposta e com um sorriso a encorajava a falar.

— Eu vou ser uma grande detetive. – Sorriu animada. – É uma coisa de família, sabia?! Todos os meus tios são detetives e prendem pessoas malvadas. Eu também vou fazer isso quando crescer.

— Isso é ótimo, mini detetive! E eu tenho certeza que vai conseguir prender muitas pessoas malvadas. – Disse a enfermeira.

— O meu papai disse que eu vou ser o terror deles. – Sussurrou a garotinha.

As quatro mulheres adultas não resistiram a risada diante daquela frase dita por Lucy. Stella com o sorriso ainda nos lábios, alisou o rostinho angelical da afilhada e lhe deu um beijinho na testa.

Jo suspirou ao deixar o escritório para trás e caminhou em direção a sala de descanso. Assim que entrou recebeu os olhares curiosos da equipe que estava reunida.

— Então? – Danny indagou.

A sub-supervisora assentiu positivamente.

— O mal humor dele voltou. – Caminhou até a poltrona e se sentou.

Jo podia ver a nítida frustração nos olhares de seus amigos. Ela conseguia entendê-los perfeitamente. Quando conheceu Mac, ele era um cara distante e mal humorado que Jo achou nunca conseguir ter mais que uma parceria de trabalho. Mas ao contrário do que pensou, eles se tornaram bons amigos.

Ela recordava que a primeira vez que ouvira o nome de Stella, havia notado o total desconforto e descaso vindo de Mac. Não foi difícil para Jo saber que a preferência de Mac estar mais próximo a ela do que aos seus amigos que sempre se reuniam, era apenas porque ele não queria ouvir o nome de Stella Bonasera ou sequer falar sobre ela. Também nunca foi difícil notar que seu humor se alterava para pior quando por algum motivo ele ouvia o nome da antiga parceira. Jo sempre achou que aquilo trazia memórias que o machucavam. Não por serem memórias ruins, pelo contrário, era porque deviam ser muito boas e Mac queria esquecê-las o mais rápido possível.

— Eu não entendo. – Adam disse. – Ele tinha voltado a ser o antigo Mac.

O antigo Mac. Jo sempre ouvira aquela curta frase e sempre tentava imaginar um Mac diferente daquele que ela conheceu. Quando Stella acordou e os dois se acertaram como amigos, ela finalmente conheceu o homem por quem todos esperavam ter de volta. Mac sorriu mais vezes durantes aqueles dias do que os anos que o conheceu e tivera como amigo. Jo conseguia entender o lado frio de Mac depois que Stella fora embora. A sensação de ter sido abandonado pela única mulher que o fazia ser alguém melhor devia consumi-lo todos os dias, horas e minutos de sua vida. Era assustador até mesmo para Jo. A detetive saiu de seus pensamentos e se focou em um time de olhares perdido e animo descontente.

— Ah não. – Danny passou a mão sobre o rosto. – Eu não vou aguentar aquele Mac mais uma vez. – Suspirou. – Eu vou acabar sendo demitido se tiver que lidar com aquele cara de novo.

— Espera aí, gente. – Sheldon se ajeitou no sofá. – O Adam está certo! Ele tinha voltado a ser o antigo Mac. O que aconteceu?

— Eu não sei. – Flack respondeu. – Mas com certeza envolve a Stella.

— Será que eles brigaram? – Danny arqueou as sobrancelhas.

Flack ergueu os ombros em sinal de resposta. O grupo composto por: Adam, Danny, Flack, Jo e Sheldon se entre olharam em silêncio

De costas para o laboratório, ele observava a cidade assim como fizera quando Stella o deixou plantado no terraço do hospital com seu coração em pedaços. Mac lutava contra as recordações da noite anterior que vinham em sua mente a cada minuto.

Ele sabia que não estava sendo muito simpático naquele dia. Reconhecia aquilo e não se orgulhava, mas, não conseguia agir de outro modo. Seu corpo nem quisera sair da cama naquela manhã, ele teve que forçá-lo com o lembrete diário de que a cidade precisava dele mais que o sofrimento. Mac bebeu seu café e ouviu as batidas na porta e pelo reflexo do vidro avistou Flack parado entre a porta semi aberta e a parede transparente.

— Posso entrar? – Indagou o policial.

Mac assentiu e se virou para sua mesa.

— Algum caso? – Perguntou se sentando.

Flack negou enquanto se aproximava. Mac deixou sua caneca de canto e focou a atenção no amigo.

— Stella deve ter recebido a alta. – Don olhou seu relógio. – Pensei que estaria no hospital com ela nesse momento importante.

— E por que você não está lá então? – Perguntou rude.

Don deu um sorriso seco de canto. O detetive da homicídios guardou suas mãos nos bolsos da calça e encarou o seus pés por alguns segundos.

— Mac, eu entendi essa sua fase quando a Stella foi embora, ok?! Eu e a equipe compreendemos aquele seu eu porque sabíamos que estava sendo muito difícil para você. – Don o encarou fixamente. – Mas eu não vou mais aceitar esse seu mal humor e essa frieza comigo. E também não vou permitir que trate os outros desse jeito. – Seu tom e sua expressão era totalmente séria. – Todos aqui gostam de você, são seus amigos e eles definitivamente não merecem esse tratamento.

Mac ficou em silêncio o olhando com sua expressão inabalável. Don respirou fundo de maneira derrotada.

— Eu não sei o que aconteceu entre vocês dois. Provavelmente foi grande o suficiente para trazer de volta esse Mac que ninguém suporta. – Mac desviou seu olhar. – Eu não vou meter nisso, não se preocupe. Mas, se precisar conversar, sabe que pode contar comigo. – Deu alguns passos para trás. – Eu posso ser um irmão para Stella, mas, também sou seu amigo e torço por você. – Sorriu. – Não se esqueça disso.

Flack se virou para sair da sala. Mac prendeu sua respiração e observou de canto o policial segurar o puxador da porta.

— Eu falei para ela. – Mac revelou soltando sua respiração. – Sobre como me sinto, sobre ela, sobre tudo.

Don olhou para trás e o encarou perplexo. Ele largou a porta e se virou novamente em direção ao supervisor.

— Como você pode ver pelo meu humor, as coisas não terminaram bem.

— O que aconteceu? – Perguntou Flack. – Você quer …? – Ele foi interrompido pelo gesto negativo de Mac.

— Eu não quero falar sobre isso, Don. – Negou. – Não é uma boa hora ainda.

Ele assentiu compreensivo.

— Sinto muito, Mac. – Lamentou. – Eu sabia que tinha algo envolvendo ela, mas, nunca imaginei que você tivesse tomado a coragem para… – Respirou fundo.

— Eu sei que meu humor está ruim e que não deveria agir assim novamente. – Falou Mac. – Acredite, eu não me orgulho de ter sido rude com vocês. – Negou. – Mas, eu só preciso de um pouco de tempo. – Forçou um sorriso. – Um pouco de tempo para mim.

— É claro. – Concordou. – Olha, eu tenho certeza que Jo e Danny podem cuidar desse lugar mais um pouco.

Mac negou em silêncio

— Quando tiver trabalho para mim, eu quero. – Disse decidido. – É a única maneira de eu não pensar… – Ele se interrompeu. – Nisso tudo. – Concluiu.

— Tudo bem. – Consentiu. – Como quiser. Eu te ligo se aparecer algum caso.

Mac assentiu agradecido e assistiu Flack sair do escritório, deixando-o sozinho novamente. Mac se encostou no respaldo da cadeira e voltou a apreciar amargamente seu café preto. Seus olhos olharam para o relógio em sua mesa e não deixou de pensar que naquele momento, Stella provavelmente já estaria na casa de Sid acompanhada por Susan.

“– Vai embora, Mac.” — A voz dela sussurrou em sua cabeça.

Talvez ele deveria fazer aquilo. Mac abriu sua primeira gaveta e observou o porta-retratos que antes ocupava sua mesa jogado ali dentro, preso no escuro. Ele se conteve para não retirar o objeto do seu esconderijo e trazê-lo para a luz do sol que atravessava o vidro.

Stella deslizou seus patins e girou suavemente para encarar a entrada da pista lisa de gelo. Mac estava parado atrás da mureta de proteção a olhando se divertir. Ela abriu um sorriso para ele que retribuiu com um sorriso mais discreto, porém ainda sim, um sorriso.

É a sua vez. – Apontou para ele.

Stella, eu não sei se tenho mais idade para isso. – Mac reclamou.

Você me prometeu, Taylor. – Argumentou.

Mac fechou os olhos e suspirou. Stella o conhecia o suficiente para saber que ele provavelmente estava se repreendendo por ter feito aquela promessa de aniversário. Ele havia prometido que faria qualquer coisa que ela quisesse em seu aniversário e agora, Stella exigia que ele cumprisse sua palavra.

Vamos, Mac. – Chamou. – É só você se equilibrar.

Ele se deu por vencido e entrou na pista de gelo. Mac cambaleou cuidadosamente para não cair no chão e tentou caminhar até ela lentamente. Stella escondeu o sorriso ao ver aquela cena e patinou em sua direção.

Não é tão difícil assim, é? – Perguntou.

Mac a olhou sério. A grega deu uma risadinha.

Por que você escolheu isso mesmo? – Ele questionou curioso.

Stella sorriu e patinou ao redor dele, saindo em direção ao centro da pista e abrindo os braços livremente.

Porque é divertido! – Girou para encará-lo enquanto deslizava.

O que? Patinar ou tentar me ver cair e me quebrar?

Ela gargalhou voltando até ele com velocidade. Mac se assustou ao vê-la vindo em sua direção e se desequilibrou, porém foi salvo por Stella que segurou seus braços.

Eu te salvei. – Sussurrou divertida.

Você me assustou, Stella. – Resmungou. – Achei que iríamos os dois para o chão. – Ela deu um sorrisinho.

Vem comigo! Eu vou te ajudar. – O puxou com cuidado sobre o gelo. – Apenas relaxe o corpo, Mac. – Mandou. – Você não vai cair.

É fácil para você falar. – A olhava assustado. – Já sabe fazer isso.

Verdade. – Concordou. – Mas, você sempre disse que confiava sua vida em mim, lembra?!

Mac respirou fundo e encarou seus pés sobre o gelo. Ele balançou sua cabeça negativamente.

Eu estou começando a rever isso a partir de hoje. – Escondeu o sorriso.

Como é? Quer que eu te derrube, Taylor? É só assoprar em sua direção, sabia?

Mac riu e a olhou divertidamente. Stella mantinha um belo e simples sorriso dos lábios.

Você sabe que se eu me machucar, você vai ter mais trabalho, não é?! Afinal você é a segunda no comando e minha parceira.

Droga. – Resmungou fazendo ele rir. – Você tá certo! Acho que tenho que desistir de te derrubar e te deixar de molho por pelo menos dois meses. – Eles compartilharam uma risada.

Stella e ele deslizavam pelo gelo vagarosamente. Alguns minutos depois de patinarem juntos e Mac pegar a prática, ela o soltou e ele passou a patinar sozinho sob o olhar atento e cuidadoso dela.

Olhe para você, detetive Taylor – Disse animada. – Um verdadeiro patinador. Tenho que dizer: Estou impressionada com suas habilidades.

Engraçadinha. – Olhou para ela.

Stella patinou para mais distante dele e ficou de costas distraída enquanto cantarolava a música de Elton John que soava nos alto-falantes do lugar. Mac decidiu ir até ela, porém tomou um impulso muito grande e não conseguiu diminuir sua velocidade ou muito menos parar.

Eu adoro essa música. – Comentou Stella. – Na verdade, eu adoro Elton John e você, Mac ?

Quando estava pronto para chamá-la, ela se virou e se impulsionou em sua mesma direção sem vê-lo chegar. Mac viu a expressão de susto e surpresa tomar conta do rosto dela. Foi tarde demais para fazerem algo, os dois corpos protegidos do frio se chocaram um contra o outro. Mac na tentativa de protegê-la, a segurou pelos braços e ela acabou caindo em cima de seu corpo. Alguns segundos depois da queda, Stella praguejou algo em grego e saiu de cima dele, ficando de joelhos ao seu lado.

Mac, você está bem? – Perguntou preocupada.

Eu te disse que não tinha mais idade para isso. – Murmurou abrindo os olhos.

Os lábios dela desenharam um sorrisinho delicado e cheio de diversão. Ele não resistiu e devolveu o sorriso para sua amiga.

Por que você não me avisou que estava vindo? – Stella o ajudou a se sentar.

Eu iria avisar, mas na hora você se virou e eu não tive tempo. – Respondeu.

Você se machucou? – Colocou a mão sobre o rosto dele. – Está com alguma dor?

Não, eu estou bem. – Respondeu. – E você? – A olhou preocupado. – Está tudo bem?

Claro! Digamos que você amorteceu minha queda. – Sorriu. – Obrigada por me salvar.

Amigos servem para isso, não é?! É o que nós fazemos!

Stella deu uma risadinha e se levantou do chão. Ao se equilibrar novamente, ela ajudou o amigo a se erguer com cuidado.

Me promete uma coisa? – Mac a olhou.

Claro. O que?

Que no ano que vem, você vai escolher um lugar que não ponha nós dois em risco. – Pediu se recompondo.

Stella riu e consentiu.

Acho que ano que vem um jantar vai ser o bastante. O que acha?

Ótimo Eu te deixo escolher o restaurante mais caro da cidade, contanto que não voltemos para cá.

Stella sorriu e passou o braço ao redor do dele, entrelaçando seus braços. “

Stella saiu daquela lembrança e se concentrou no presente. Ela olhou pela janela do seu quarto de hóspedes e viu Lucy brincando com Jéssica no jardim da casa. Stella sorriu quando Jess deitou sem piedade de sua roupa na grama e se fingiu de desmaiada da maneira mais dramática possível. Lucy na ponta nos pés se aproximou.

— Tia Jessie, tia Jessie – Se ajoelhou ao lado dela.

Jess a agarrou de surpresa e começou a fazer cócegas em sua barriga arrancando gargalhadas de Lucy enquanto rolava na grama pedindo para ela parar. Aquela cena apenas fez seu coração se encher de felicidade por estar de volta ao lado delas e de toda sua família. Stella se lembrou das vezes que teve que se conter para não abandonar tudo e comprar uma passagem de volta para casa, onde encontraria Lucy e todos seus amigos que amava e sentia falta.

— Precisa de ajuda? – A voz familiar chamou sua atenção.

Stella se virou e encontrou Lindsay encostada no batente da porta com braços cruzados, como se estivesse acomodada para observá-la melhor, como Stella fazia com Jéssica e Lucy lá fora. A loira entrou no quarto e caminhou até ela, parando ao seu lado.

— Já conseguiu imaginar essa cena algum dia? – Ela olhou para o jardim. – Jéssica Angell rolando na grama como uma criança e com uma criança nos braços. – Deu uma risadinha. – Isso definitivamente acabaria com a reputação dela.

A grega sorriu enquanto observava a cena junto com a amiga. Stella conseguiu sentir os olhos castanhos se voltarem para ela.

— Você está bem? – Lindsay perguntou.

Stella a olhou em silêncio por alguns segundos e sorriu. Ela assentiu para a amiga.

— Você já fez melhor, Stell! – Arqueou as sobrancelhas. – Já mentiu melhor que isso.

— Por que acha que eu estou mentindo? – Se virou.

Stella caminhou até a cama de casal que estava ocupada com a sua mala aberta. Ela desfazia a bagagem quando se permitiu observar a bagunça que acontecia lá fora.

— Aconteceu alguma coisa? – Questionou. – Você sabe que pode me contar, não é?! – Contornou a cama e se sentou de frente para ela.

A grega a encarou.

— Apesar amar a Lucy, a sua filha me esgota mais que os bandidos, Lindsay. – Jéssica entrou no quarto, interrompendo a conversa.

A morena notou de imediato o clima no quarto. Ela dividiu o olhar entre as duas amigas e assistiu Lindsay olhar discretamente para Stella que tirava as roupas da mala e colocava na cama. Jess encostou a porta e se aproximou da cama.

— O que foi ? – Cruzou os braços. – Esperem... Já vamos ter nossos momentos de garotas ? Vamos falar mal de quem ? Danny ? Don ? Mac ? – Sorriu de canto. – Quer saber ? Podemos fazer melhor. Vamos falar dos três. – Disse animada. – Como nos velhos tempos, se lembram ?!

Lindsay deu um sorrisinho e olhou divertida para a grega. Stella estava séria e com o olhar perdido em algum ponto infinito próximo a porta. Jess e Lindsay trocaram olhares confusos. A loira ergueu os ombros como uma resposta clara de não saber o que estava acontecendo com a grega.

— Desembucha, Stella! – Ordenou Jéssica.

A grega pareceu voltar a realidade e a olhou diretamente.

— Se você não nos contar, não tem como sabermos o que te deixa assim. – Disse séria. – Eu sou muita coisa, menos vidente. Então, como diria os jovens: O que tá pegando?

Stella suspirou.

— Mac disse que está apaixonado por mim. – Confessou. – Isso é o que está pegando, Jess.

As duas olharam chocadas para Stella. A grega se virou de costas e caminhou com suas roupas até uma cômoda, guardando-as em uma das primeiras gavetas. Ela empurrou a gaveta com força e se apoiou com os cotovelos no móvel de madeira por alguns segundos.

— Stell? – Jess a chamou. – Você tá bem?

— Na verdade. – Se virou para as duas. – Ele disse que me ama! Não é apenas uma paixão. Ele resolveu que me ama. – Falou séria. – Ele simplesmente jogou isso na minha cara ontem a noite. Acreditam nisso?

Lindsay e Jéssica trocaram olhares de cumplicidade em silêncio e evitaram o contato visual com a grega. Stella franziu as sobrancelhas e as encarou indignada.

— Vocês duas sabiam disso? – Sussurrou. – Sabiam que ele estava planejando fazer isso comigo ontem? – Deu alguns passos para frente.

— Sim e não. – A morena disse prontamente. – Nós sabíamos que ele tinha sentimentos por você.

— Desde quando? – Olhou confusa para elas.

— Desde sempre, Stella. Nunca foi um segredo para nós. – Respondeu – Todo mundo sempre soube que vocês dois nutriam um sentimento bem maior que amizade. Vocês dois só nunca admitiam isso.

— Jess está certa! Sempre soubemos. – Concordou a loira. – Mas sobre ontem? Não sabíamos que ele contaria para você. – Negou. – Quer dizer, a gente já estava esperando que ele fizesse isso alguma hora, mas, não sabíamos quando seria.

— E por que não me contaram? – Indagou ela.

— Porque não faz e nunca fez sentido isso. – Negou a policial. – Não tínhamos esse direito e você sabe bem disso! Mac também é nosso amigo. Você faria isso com algum amigo?

Stella suspirou pela lealdade das duas.

— Vocês duas fizeram o certo. – Consentiu. – Me desculpa.

— Mas, como foi? – Lindsay perguntou. – Ele se declarou mesmo?

— Não totalmente . – Negou. – Ele disse que me amav… – Parou de falar. – Vocês sabem! – Ela caminhou até o recamier em frente a cama e se sentou. – Disse que ignorou as coisas que sentia e que demorou para entendê-las, disse que tinha a sensação que nunca se perdoaria por aquilo. – Stella olhava para o carpete. – Ele me disse que havia pensado muito se deveria ou não me dizer. – Sorriu secamente – Estava sem coragem.

A porta abriu e Susan entrou no quarto sendo recebida pelo olhar de Lindsay e Jéssica. A senhora observou Stella sentada e com um olhar distante.

— O que foi? – Questionou olhando para a morena.

— É o Mac. – Jess sussurrou. – Aconteceu.

— Ele finalmente te disse como se sente? – Ela se aproximou de Stella. – Ele admitiu?

Stella ergueu seus olhos para a senhora. Susan se sentou ao seu lado no recamier estofado e com seus pés feito de madeira, iguais ao da cômoda e da cabeceira da cama.

— Você também já sabia? – Murmurou.

— Eu sempre soube, querida. – Revelou. – Desde o momento que conheci vocês dois naquele nosso primeiro jantar. – Sorriu. – O jeito de vocês dois um com o outro, os sorrisos e olhares que trocavam, a forma como ele sempre tinha o braço ao seu redor. – Ela deu uma risadinha. – Sempre tão direto com os outros, mas, com você sempre tão atencioso.

Stella continuou com seus olhos presos na esposa de Sid.

— Então, voltemos para ontem a noite. – Jess chamou a atenção. – Ele disse que te amava e que tinha demorado para entender as coisas, que ignorou os sentimentos e que não se perdoaria por isso. – Resumiu. – O que mais aconteceu? Ele disse mais alguma coisa?

Stella suspirou e encarou seus dedos inquietos. Ela negou em silêncio

— Não. – Sussurrou. – Eu não deixei ele dizer mais nada.

— Como assim você não deixou? – Lindsay perguntou.

— Ele iria me dizer que sempre foi eu. – Ergueu o olhar. – Mas eu não deixei ele fazer isso. – Negou. – Eu me afastei dele e mandei ele ir embora. – Seus olhos se encheram de lágrimas. – Mas aí, eu mudei de ideia e então, eu mesma fui. – Encolheu os ombros e braços, como se estivesse com frio. – Eu o deixei sozinho no telhado do hospital e voltei para meu quarto. – Sua voz ficou embargada. – Sozinha.

— Stell. – Jess se ajoelhou na frente dela. – Por que fez isso?

Algumas lágrimas rolaram pelo rosto da grega. Stella deu uma risadinha nervosa enquanto limpava as lágrimas com as mãos.

— Porque não é justo, Jess. – Olhou sua amiga. – Ele não pode fazer isso comigo. Eu estou tentando e … – Ela parou de falar. – Só não é justo comigo – Suspirou.

Jéssica a abraçou carinhosamente e tentou reconfortá-la alisando suas costas. Dentro do abraço, ela trocou olhares com Lindsay e Susan.

(Dois dias depois) Sexta-feira.

Don bateu na porta entreaberta e após ouvir a permissão da dona, ele entrou no quarto de hóspedes da casa de Sid e Susan com a sua sacola em mãos.

— Stell? – Chamou ele andando pelo cômodo

— Eu já estou indo. – A voz de Stella disse do banheiro.

Flack caminhou até a cama onde deixou a sacola de canto e se deitou nela enquanto esperava pela grega. Dez minutos haviam se passado quando Stella atravessou a porta secando os cabelos úmidos com a toalha.

— Hey. – Ela o chamou.

O policial abaixou o livro que havia pegado emprestado da sua cabeceira e a olhou.

— Finalmente! Por que sempre me faz esperar por você?

— Eu não sei. – Deu ombros. – Talvez eu goste de ver como você é um cara paciente.

— Eu tenho que ser para aguentar você e a Jéssica. – Murmurou.

Stella jogou a toalha em direção a ele que foi mais rápido e agarrou a toalha no ar.

— Eu ouvi isso, Donald Flack. – Caminhou de volta para o banheiro.

Flack sorriu e fechou o livro devolvendo-o para o criado-mudo ao lado da cabeceira. Don a observou no banheiro, ela estava de frente para pia e provavelmente encarando o espelho. A porta aberta atrapalhava a visão completa de seu rosto.

— Eu soube que teve uma invasão hoje. – Stella disse com um tom mais alto. – Com direito a apreensão de duzentos quilos de cocaína e quase cem armas de porte grande e grosso calibre. – Ela suspirou. – Deve ter sido um dia e tanto. Você se divertiu?

— Eu sempre me divirto.– Descansou sobre o travesseiro. – Mas, como você soube disso?

— Como qualquer pessoa normal, Flack, pelo noticiário. – Respondeu. – Alguém do lado da polícia se feriu?

— O Sanches levou um tiro no ombro mas já está bem e … – Flack pareceu hesitar por um minuto. – Bem, o Mac levou um tiro de raspão.

Stella ficou em silêncio por um tempo e Don a ouviu respirar fundo.

— Stell? – Chamou.

— Ele se machucou? – Indagou.

— Foi de raspão no braço – Contou. – O Sheldon estava conosco na ação, ele deu uma olhada e cuidou do curativo com o kit de primeiro socorros que tinha no carro. – Explicou. – Segundo o próprio Hawkes, foi apenas arranhões e nem precisaria ir ao hospital de qualquer modo.

Stella se calou por mais alguns segundos.

— Isso é bom! – Concluiu. – Uma boa notícia para quem é teimoso como ele.

Don encarava o teto quando desenhou um sorriso ao ouvi-la. De qualquer forma, ela tinha razão sobre aquilo, mas, aquele não era o fato que arrancara o sorriso dele, e sim o fato da sua pergunta inicial sobre a invasão.

— Você queria saber dele, não é?! Perguntou se alguém da polícia havia se machucado para saber se Mac estava bem. – Perguntou com a voz mais alta. – Eu estou certo?

Don contou mentalmente enquanto esperava ela responder. No três Stella se pronunciou pondo um fim em seus pensamentos.

— Talvez. – Respondeu.

Flack se sentou e a viu encostada na porta de braços cruzados o encarando.

— E por que não ligou para ele? Não é tão difícil assim, é?! – Ela desviou o olhar para a janela. – Talvez você devesse ligar e perguntar como … – Stella o interrompeu.

— Eu já fiz isso. – Confessou. – Eu liguei para ele, Don! Só que ele não me atendeu e nem retornou minhas ligações.

Flack não precisava de um espelho para saber que seu rosto expressava surpresa com que ouvira. Aquilo trouxe de volta a memoria de quando pela primeira vez que Stella lhe dissera por telefone que Mac não estava mais respondendo as suas mensagens, ligações e até mesmo e-mails. Aquele havia sido o anúncio oficial do rompimento de uma bela e longa amizade por parte de Mac.

— Nenhuma das três. – Voltou-se para ele. – Eu não sei se ele está bravo ou simplesmente magoado comigo, mas, eu não consegui falar com ele desde… Você já sabe… Desde de quarta-feira.

— Ou ele nem deve ter visto. – Tentou justificar. – O celular pode ter descarregado, Stell e o dia hoje foi longo e estressante. – Don mal acreditava em suas palavras e sabia que seria o mesmo com a grega.

Stella desenhou um sorriso em seus lábios. Não era um sorriso de felicidade, ânimo ou qualquer outro belo sorriso que ela dava, era um sorriso de quem tinha detectado a mentira que saíra pelos lábios dele.

— Nós dois sabemos que o Mac nunca deixa o celular dele descarregar, Flack. – Rebateu com um tom calmo. – Talvez o erro tenha sido meu! Eu não deveria ter ligado depois do que aconteceu, certo?! Mas… – Suspirou. – Eu só estava preocupada e queria saber se ele estava bem, afinal, eu ainda me importo.

— Eu sei que sim. – Concordou. – Mas, dá um tempo, ok?! Talvez ele te ligue mais tarde e se desculpe por não ter visto as ligações. – Flack deu um sorrisinho. – Sabe como o Mac é depois que bate o ponto e entra no laboratório, não é ?! Fica difícil dele fazer contato com o mundo e com os seres vivos normais que não trabalham como ratos de laboratório.

Stella desenhou um novo sorriso e caminhou até a cama.

— Você é um bom amigo, Don Flack. – Se sentou ao seu lado.

— Um bom amigo, um ótimo irmão e um incrível amante. – Sorriu presunçoso. – Se pedir detalhes a Jess, você vai ficar impressionada. – Deu uma piscadela.

— Que tal uma troca de confissões? Eu peço a Jéssica e você pede ao Anthony. – Sorriu de canto. – Também tenho certeza que vai ficar impressionado.

O sorriso sumiu dos lábios de Don. Ele fez uma cara de nojo que arrancou uma risada de Stella. Flack a empurrou para longe dele com cuidado.

— Ugrh ... Eu nunca mais quero ouvir uma coisas dessa. – Colocou a mão na boca. – Que nojo, Stella! Eu me considero seu irmão e irmãos odeiam imaginar coisas desse tipo das suas irmãs. – A encarou. – Anota isso, okay?! Para mim, é como se você nunca fizesse coisas desse tipo.

Stella riu do policial.

— Mudando de assunto, por favor, antes que eu vomite. – Pediu. – Amanhã nós dois temos um compromisso!

— Ah nós temos? – Arqueou as sobrancelhas. – Desculpa, eu devo ter esquecido de anotar na minha agenda.

— Hey! Amanhã é o nosso dia. – Sorriu e se esticou até o canto onde tinha deixado a sacola. – E isso é para você. – Entregou.

Stella lançou um olhar confuso, porém agilmente abriu o presente. Ela tirou da sacola as duas camisetas de tamanhos diferentes porém com a mesma frase: I ❤ NY estampando o centro das camisetas. Stella sorriu divertida enquanto observava seu presente.

— Como prometido anteriormente um tour por Nova York. – Ela o encarou. – O que? Você não gosta de passeios turísticos ?

— O que ? – Sorriu. – Eu mal posso esperar.

— Ótimo! Esse é o espírito da coisa. – Comemorou. – Espera… Você não é aquele tipo de parceiro chato que sabe de tudo sobre os pontos turísticos e vai ficar explicando sobre como ou quando foi criado e por quem e blá blá, certo ?!

Stella riu e jogou a camiseta dele.

— Cala boca, Flack. – Se levantou. – E eu não vou usar isso.

— Por que não? – Ele pegou a camiseta. – Eu comprei justamente duas para usarmos juntos e combinando.

— É, eu sei e é exatamente por isso que eu não vou usar. – Sorriu.

— Oi, crianças. – Susan entrou no quarto. – Desculpa atrapalhar, mas, vamos jantar? Don, eu fiz costelinhas e espero que fique para nos acompanhar.

— Se você insiste, Su, então eu fico. – A olhou. – Mas só porque você pediu.

Susan sorriu.

— O que é isso? – Perguntou ao ver as camisetas.

— Ah eu comprei para amanhã, para eu e Stella sairmos juntos no nosso passeio. – Disse Flack. – Só que Stella se nega a usar comigo e combinando.

Susan encarou a grega por alguns segundos e em seguida deu um sorrisinho para ela.

— Ainda bem que o senso não foi afetado, querida.

Stella riu e olhou para Flack vitoriosa enquanto ele dividia o olhar perplexo entre Susan e a grega.

— O que? Como assim? Você vai ficar contra mim e as minhas camisetas?

— Don, querido. – O olhou. – Com todo carinho do mundo, mas, ficaria ridículo.

Um Flack boquiaberto encarou Stella que ria da expressão dele. Susan se aproximou e deu um beijo na cabeça do policial.

— E por favor não mostre essas camisetas ao Sid. Ele não tem senso de moda e me faria usar isso com ele por aí. – Sussurrou. – E isso nos levaria ao divórcio

Flack não resistiu e caiu na risada com Stella.

 

 


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Notas finais do capítulo

E então ? Comentem, please !

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Beijos ♥ até o próximo.



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