A New Chance. escrita por Izzie


Capítulo 39
Capítulo 39


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal !
Espero que gostem do capítulo :)
(PS: Me desculpem pelos erros de escrita. )


Boa leitura ♥



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Mac saiu do quarto atrasado e pronto para ir trabalhar. Ele parou na cozinha e viu sua mãe de costas, ocupada enquanto cantarolava alguma melodia sem letra.

— Acordou animada hoje, senhora Taylor. – Ele desenhou um sorriso.

Millie se assustou e se virou para o filho lançando um olhar de reprovação.

— Você e essa sua mania de me assustar. – Repreendeu. – Igualzinho ao seu pai quando era vivo.

Mac sorriu e caminhou até sua mãe, abraçando-a. O aroma de jasmim invadiu seus sentidos e despertou a nostalgia de quando era apenas uma criança que corria para o colo de sua mãe quando aprontava ou se machucava em uma de suas artes. Ela ainda usava o mesmo perfume depois de anos.

— Você já está indo? – Ela perguntou. – Nenhuma chance de ficar em casa hoje?

Ele se afastou e beijou o topo de sua cabeça. Millie sorriu e acariciou o rosto dele.

— Tenha um bom dia, Júnior. – Desejou. – Tome cuidado e volte inteiro, ok?! Consegue fazer isso pela sua velha mãe ?

— Não se preocupe. – Sorriu tentando tranquilizá-la. – Eu vou voltar inteiro pela minha velha mãe.

Millie deu um tapinha nele e o assistiu se afastar em direção a saída da cozinha.

— Filho? – O chamou antes que fosse embora. – Devo te esperar para hoje a noite?

Mac a olhou em silêncio por alguns minutos.

— É melhor você ir sem mim. – Respondeu decidido. – Eu tenho muito trabalho e não sei se vou conseguir sair.

— Júnior. – Chamou apreensiva.

— Mãe, eu estou atrasado e o dia está cheio, ok?! Eu preciso ir. Amo você. – Sorriu discretamente.

— Eu também te amo, querido. – Acenou se despedindo.

Millie soltou sua respiração quando ouviu a porta do apartamento bater. Ela segurou a pedrinha de rubi presa ao pingente em formato de gota do seu cordão de ouro. Um presente que havia ganhado de seu falecido marido.

Stella estava sentada na cadeira do estádio esperando Flack voltar para o assento ao seu lado. Enquanto aguardava, ela olhava fixamente para o nome na sua agenda de contatos do celular. Ela suspirou frustrada quando caiu em si que ainda não tinha decidido entre as duas opções na qual estava presa. Deveria tentar ligar para Mac novamente? Repetiria as suas mesmas decisões do passado ? Stella quis quebrar o celular de raiva, mas, foi interrompida antes que isso acontecesse.

“– O que ? Você não pode estar falando sério, está ? Os Jets definitivamente vai ganhar, amor. – A voz feminina soou atrás dela. – Ah por favor, querido… – A mulher riu espontaneamente. – Lenny, qual é ?! Os Jets acaba com Dolphins e você sabe disso. – Ela suspirou alto. – Se ganharmos, você vai ter que me levar para jantar e dançar quando voltar da casa da sua mãe… Aposta feita, senhor Price. – Riu novamente. – Amor, eu vou desligar que a Carol acabou de chegar… A gente vê amanhã a tarde. Beijos e amo você.”

A segunda voz feminina anunciando sua chegada deixou claro que a ligação havia sido encerrada. Stella suspirou discretamente e encarou fixamente o campo verde preenchido por lideres de torcida e profissionais técnicos do jogo.

“Stella ligou para seu parceiro e colocou o celular no ouvido. Não foi preciso esperar chamar mais que duas vezes, ele atendeu de primeira, como se já estivesse com o telefone em mãos quando o mesmo tocou.

— Oi, Stell. – Mac disse.

— Onde você está, Taylor? – Perguntou. – O jogo começa daqui cinco minutos, sabia?

— Eu sei, Bonasera. E não se preocupe, eu já estou aqui. – Respondeu. – Olha para esquerda. – Pediu.

A grega virou seu rosto e avistou Mac se aproximar da fileira. Ele entrou no estreito corredor de cadeiras pedindo licença para as outras pessoas que já estavam acomodadas em seus assentos. Stella encerrou a chamada e o observou chegar até ela. Mac se sentou ao seu lado e guardou o celular no bolso da jaqueta.

— Agora me conta. Como conseguiu ingressos tão bons de última hora ? – Ele perguntou visivelmente curioso.

— Foi bem fácil, na verdade. – Deu ombros. – Eu os roubei do Danny.

Mac arqueou as sobrancelhas e ela acabou rindo da expressão do amigo.

— Eu to brincando. – Guardou seu celular. – Ele perdeu uma aposta comigo e me deu. – Corrigiu.

— Que aposta foi essa? Espera… Era por isso que ele parecia triste hoje mais cedo?

Stella deu uma risadinha e assentiu.

— A aposta era Dallas Cowboys contra Minnesota Vikings. Eu disse que Dallas ganharia, ele riu da minha cara e nós apostamos os ingressos de hoje. – Sorriu vitoriosa. – Quem é que está rindo agora, hein ? – Encarou o campo de futebol.

— E como você sabia que Dallas ganharia? – Questionou sem tirar os olhos dela.

Stella soltou uma risadinha e o olhou divertida.

— Mas eu não sabia. – Sussurrou. – Foi pura sorte e palpite. Bom, talvez a Lindsay tenha ajudado torcendo contra os Vikings, mas, eu não tenho certeza sobre isso..

Mac sorriu de volta e suspirou entre o belo sorriso.

— Você é inacreditável, Stella Bonasera.

— Oh eu sei disso. – Assentiu. – Mas, obrigada por reforçar.

Eles riram juntos.

— O que me diz de fazer uma nova aposta ? – Mac a provocou. – Jets contra Chicago Bears ?

— Vocês homens nunca aprendem, não é ?! Se lembra da nossa última aposta, Mac ? – Sorriu provocando-o de volta. — Você perdeu feio, detetive.

— O dobro daquele dia.

— Está me dizendo que quer apostar cem dólares nesse jogo? – Apontou para o campo.

— E um jantar no Manhatta. – Completou. – Se o Jets ganhar, eu te dou cem dólares e te levo para jantar lá. O que acha ?

— Manhatta? Está falando sério? – Perguntou surpresa. – Eu estou tentando te arrastar para aquele lugar há meses, Mac. – Ela estava boquiaberta pela proposta.

— Então essa é a sua chance. – Sorriu. – O que acha? Temos um acordo ?

— E se você ganhar? – Arqueou as sobrancelhas.

— Você vai me pagar os cem dólares e eu vou pensar em uma outra coisa como pagamento. Aposta feita? – Estendeu a mão para ela.

Stella dividiu seu olhar entre os olhos azuis e a mão dele esticada para ela. Alguns segundos bastaram para ela pensar e aceitar a proposta dele.

— Não tem confiança no seu time, Bonasera?

Ela deu uma risadinha.

— Aposta feita, Taylor. – Apertou a mão dele. – Os Jets vão acabar com vocês e você vai ter me levar para jantar no Manhatta. – Se aproximou mais dele. – E eu vou querer uma mesa com vista, entendido ?

Mac sorriu de canto.

— Se eles ganharem, claro. – Olhou para o campo. – Mas isso é o que vamos ver. “

Stella saiu da lembrança quando se assustou ao sentir alguém tocar seu braço repentinamente. Ela olhou para o lado e se deparou com Don a olhando curioso e preocupado.

— Você está bem? – Ele perguntou cauteloso. – Parecia estar longe daqui.

Ela assentiu e forçou um simpático sorriso. Flack não pareceu convencido e permaneceu com os olhos presos à ela.

— Apenas pensando em algumas coisas. – Tentou soar persuasiva. – Nada muito importante. – Guardou o celular no bolso da jaqueta jeans.

— Sei. – Consentiu com um tom desconfiado.

— Sem perguntas, ok ? – Pediu. – Eu só quero ver um jogo do Jets ao vivo como antigamente e me divertir. Pode ser ? – Murmurou a última parte. – Podemos fazer isso ?

Flack concordou rapidamente.

— Como quiser. – Desenhou um sorriso.

Don se virou para a cadeira do seu outro lado e voltou com um copo de refrigerante para ela. Stella aceitou o corpo e se inclinou um pouco para frente, podendo observar a cadeira ocupada de fast food e guloseimas que Lucy amaria devorar enquanto assistia um filme de desenho.

— O que é isso tudo, Flack?— O olhou.

— Comida. – Respondeu dividindo o olhar entre a cadeira e a grega.

— Eu sei disso, mas, hã… não acha que exagerou um pouquinho? – Se encostou na cadeira novamente.

— De jeito nenhum. – Negou. – Aqui tem tudo o que precisamos para assistir um bom jogo. Temos cachorros quentes, batatinhas, pipocas caramelizadas e muitos doces, claro. — Olhou para ela fixamente. – Não me olhe assim, tá bom?! Eu estou morrendo de fome.

Stella esboçou um sorrisinho e bebeu um pouco do seu refrigerante pelo canudo transparente. Don pegou algumas batatinhas e as devorou.

— Você tem péssimos hábitos alimentares, detetive Flack. – Brincou. – Parece um animal devorando sua presa.

— Desculpe, eu não ouvi direito. – Ele mordeu um cachorro quente. – O que você disse sobre hábitos alimentares e animais com suas presas ?— Perguntou apreciando a comida. – Estava ocupado com essa obra de arte.

A grega deu risada.

— Por que você não aproveita ? – Flack ofereceu um outro cachorro quente para ela. – Está muito bom. – Suspirou de prazer. – Vamos, você sabe que quer um ou, pelo menos, uma mordidinha.— Sorriu provocando-a. – Algumas batatinhas ? Pipoca ?

— Para, Flack. – Sorriu. – Me dá isso logo. – Mandou.

Stella aceitou o lanche e o apreciou na primeira mordida. Don fez um sinal afirmativo com o polegar enquanto mastigava sua segunda bocada no pão com salsicha e seus complementos: ketchup e mostarda.

O anuncio do inicio do jogo a empolgou mais que o cachorro-quente. Os jogadores começaram a entrar em campo e ela sentiu seu coração acelerar. Estava com saudades de ver um jogo ao vivo, de estar em um estádio e comer doces enquanto vibrava positivamente ou negativamente com o decorrer da partida.

Lindsay caminhava em direção ao elevador quando notou que Mac estava trabalhando em seu escritório. A detetive de cabelos curtos e loiros parou e o observou em silêncio, tentando se esconder quando ele fazia qualquer movimento. O supervisor parecia ocupado demais, ele dividia sua atenção entre a tela do computador e alguns papeis em sua mesa.

— Espionando o chefe, detetive Messer? – A voz perguntou.

O corpo de Lindsay estremeceu com a repentina voz. Ela olhou para o lado e viu Jo com um sorrisinho travesso e bem satisfeito.

— Sorte sua que eu não sou o Adam, ou, ele já estaria desmaiado no chão e você com sérios problemas. – Lindsay murmurou voltando a atenção para o amigo.

Jo  deu uma risadinha.

— O que você está fazendo, Lins ? – Perguntou a sub-supervisora. – E eu me refiro em estar no laboratório e ao fato de você estar espionando ele. Não deveria estar em casa hoje ?

— É, eu deveria. Mas, eu tinha alguns relatórios para terminar. – A olhou. – Então, aproveitei que Lucy está com a Jess e vim para cá. – Explicou. – E eu não estava espionando o Mac, Jô. – Desenhou um sorriso. – Eu já estava indo embora quando o vi trabalhando e fiquei pensando que não é certo e nem saudável essa velha rotina dele. – Encarou o escritório.

— Eu sei. – Concordou a morena. – Até já disse isso para ele, mas, você o conhece. – Acompanhou o olhar da amiga.

— Nunca nos ouve. – Suspirou.

— É a tentativa dele de esquecer as coisas. – Sussurrou Jô. – Acho que o trabalho faz com que o Mac pense em outra coisa que não seja a Stella. – Concluiu. – Foi o que ele sempre fez depois que ela se mudou, não é? Trabalhar ?

Lindsay assentiu.

— Acha que ele vai ir hoje? – Olhou para a amiga.

Jo a encarou em silencio por uma fração de segundos. A sub-supervisora ergueu os ombros em resposta. Lindsay respirou fundo e olhou uma ultima vez para o seu chefe que naquele momento estava de cabeça baixa assinando os papeis.

— Eu espero que sim. – Resmungou a loira. – Tenho certeza que Stella gostaria disso.

Stella desceu do carro e caminhou em direção a entrada da casa com Don vindo atrás ao seu encalço. Pelas janelas da frente era impossível enxergar qualquer coisa da sala de estar graças ao escuro que estava do lado de dentro. Flack chegou ao seu lado e parou.

— O que foi? – Perguntou com tom preocupado.

— Acho que a Susan e o Sid saíram. – O olhou. – Que estranho, eles não falaram nada mais cedo. – Voltou a se concentrar na casa.

— Quer que eu ligue para eles e veja onde eles estão?

Stella desenhou um sorriso.

— Não seja bobo, Flack. – Encarou o policial. – Eles merecem se divertir um pouco e onde eles estão não é da nossa conta.

— E você tem a chave para entrar, espertinha?

— Claro. – Concordou. – Eles me deram uma cópia ontem. – Jogou seu sorriso para o canto dos lábios.

— Grande coisa. – Deu ombros. – Como se isso me fizesse inveja.

A grega riu e voltou a andar em direção a porta da frente. Ela subiu os dois degraus de concreto e parou diante da porta de madeira rústica decorada alguns detalhes entalhados por toda sua extensão.

— E eu posso te fazer companhia?

— Como se minha resposta mudasse alguma coisa. – O olhou por cima dos ombros enquanto destrancava a porta. – Se eu disser não, você iria embora e me deixaria aqui sozinha?

Don subiu os degraus e sorriu.

— Não. – Negou. – Vamos entrar e ver um filme? Que tal uma pizza ?

— Como você ainda consegue pensar em comer? – Encarou abismada. – Você comeu todas aquelas coisas no jogo.

— Hey, eu sempre estou aberto para uma pizza.

Stella deu um sorrisinho e abriu a porta, entrando dentro da casa. Ela passou a mão pelo interruptor no canto da parede e as luzes principais se acenderam.

— Surpresaaaa. – As vozes disseram sonoramente e todas em sincronia.

Stella observou assustada e estática todos seus amigos espalhados pela sala de estar decorada com alguns balões e fitas cintilantes. Depois de alguns segundos totalmente paralisada e boquiaberta, Stella não se aguentou e abriu um sorriso.

— Eu sabia que vocês aprontariam alguma coisa. – Dividiu seu olhar entre cada um. – Mas ainda não acredito que fizeram isso. – Colocou as mãos na cintura.

— Por que não? Você merece isso e muito mais, querida. – Sid sorriu abraçado a esposa.

— Sid está certo. – Susan olhou o marido de relance e olhou para ela. – Isso tudo é apenas um pouco do que queríamos fazer.

— Stell, essa festa é feita para você, mas, também é muito significativa para todos nós. – Jess olhou ao redor. – É um momento pelo qual todos nós pedimos muito enquanto… – Ela parou o olhar em Lucy abraçada ao pai. – Enfim, você sabe. Além do mais, já era tempo de termos uma reunião em família. – Sorriu.

— Yeah, baby. – Adam soprou seu brinquedo língua de sogra. – Como nos velhos tempos.

A equipe riu. Don passou o braço ao redor do pescoço da grega que se virou para ele de imediato, o encarando fixamente.

— Você me enganou, Don Flack. – Ela sussurrou. – Me levou para longe só para eles fazerem isso, não foi?

Flack sorriu gentilmente e depositou um beijo na testa dela.

— Eu não sei do que está falando. – Murmurou de volta. – E não foi só para eles fazerem isso, ok ?! Eu prometi que faríamos um tour pela cidade e fizemos.

— E tudo simplesmente se encaixou, certo detetive?

— Isso mesmo. — Escondeu o sorriso.

Antes que pudesse reagir, Stella sentiu algo em suas pernas. Ela olhou para baixo e seus olhos se encontraram com os de Lucy que estava abraçando-a com os olhinhos brilhantes colados nela. O sorriso se abriu instantaneamente.

— Aqui está você. – Agarrou a menina. – Minha pequena estrelinha … – Olhou o vestido que a pequena usava. – Ou o meu pequeno girassol.

Lucy sorriu e olhou seu próprio vestidinho cheio de desenhos da flor amarela.

— Eu tô bonita, madrinha?

— Bonita? Você está linda. – Beijou sua bochecha. – Totalmente linda. – A encheu de repetidos beijos. – Como você consegue ser tão linda e fofa desse jeito?

Elas ouviram um pigarreio e olharam na direção do som.

— Bom, isso se chama genética. – Danny disse sorrindo de modo presunçoso.

— Que a Lucy herdou totalmente da Lindsay. — Jéssica rebateu arrancando risadas.

— Exatamente, Jess. O que explica totalmente o porque da Lucy ser tão bonita, fofa e gentil. – Sheldon continuou a provocação.

— E inteligente. – Don disse sorrindo de canto.

— E engraçada. – Adam completou.

— Ha ha ha. – Danny riu falsamente. – Muito engraçado vocês.

O loiro se dividia entre os que caçoavam com seu sorriso falso e olhar sério, enquanto sua esposa, Lindsay sorria tímida e levemente ruborizada com a brincadeira. Stella, Sid e Susan riam da cena que seguia diante de seus olhos.

Stella terminou de descer os degraus da escada de madeira quando seus olhos se deparam com a imagem de Susan acompanhada pela senhora loira muito familiar e querida. A mesma olhou para Stella e abriu um sorriso gigante.

— Millie. – Stella devolveu o sorriso. – Você veio.

A grega caminhou aquela mulher incrível e lhe abraçou. Elas não se viam desde a ultima vez que Milie a visitou no hospital, e isso havia sido há quase uma semana atrás. Stella adorava a mãe de Mac, elas se davam super bem e nunca havia sido diferente. Desde o primeiro dia que se conheceram, elas compartilharam de um grande afinidade e sentimentos bons uma pela outra. Talvez por as duas se importarem com o mesmo homem que era muito importante em suas vidas.

— Oi, querida. – Elas se afastaram. – Me desculpa pelo atraso.

— Está tudo bem. – Garantiu. – Eu também me atrasei. – Sussurrou.

Millie e Susan deram uma risadinha.

— Como é estar finalmente em casa? Longe do hospital?

— Eu sinto falta da Barbie e das meninas, mas… – Suspirou. – Não tem nada melhor que sair de um hospital e poder ser livre de novo. – Deu um sorriso.

— Eu acredito em você. – Consentiu. – Você está linda, Stella. – Elogiou.

— Sério? – Olhou para si mesma – De calça jeans e jaqueta? – Arqueou as sobrancelhas.

— Ela nunca acredita nisso. – Susan disse. – Não importa o quanto a gente diga.

— Você é linda de qualquer jeito, querida. – Millie segurou mão dela.— Não é a toa que meu filho … – Ela parou de falar.

Stella acabou dando um sorrisinho tímido. Millie olhou para Susan e por um minuto elas pareceram conversa em silêncio, apenas com o olhar.

— Eu vou lá ver como está as coisas. – Susan anunciou. – Vejo vocês duas daqui a pouco. – Sorriu para a grega.

A esposa de Sid saiu em direção a cozinha e sumiu da vista de Stella. A grega olhou para Milie que lhe desenhou um curto e desanimado sorrisinho.

— Ele não veio e nem vai vir, certo? – Perguntou.

Millie negou silenciosamente. Stella acabou deixando um suspiro frustrado escapar.

— Eu-eu não sei se estou fazendo o certo, mas … – Respirou fundo e mexeu em sua bolsa. – Ele pediu para te entregar.

A senhora Taylor revelou em suas mãos uma caixinha media azul-escuro aveludada. Ela entregou para Stella que encarou de imediato o presente por alguns segundos e em seguida abriu, revelando o colar que havia ganhado de Mac e que estava guardado com o mesmo. Seu coração pesou mais do que já estava pesado, e durante aquele segundos Stella pensou que esse peso a derrubaria no chão.

— Por que não sentamos um pouco? – Pediu a senhora.

— Claro. – Assentiu erguendo seu olhar.

As duas se sentaram no sofá maior, uma ao lado da outra.

— Eu sempre achei que se houvesse alguma mulher perfeita para o meu filho, essa mulher seria você. – A grega a olhou. – Eu sei que o Mac nunca foi uma pessoa fácil, muito pelo contrario, depois da experiência como mariner e com a morte da esposa, ele se tornou alguém frio como uma verdadeira nevasca. – Disse Milie calmamente. – Meu filho não era mais o mesmo, ele se tornou uma pessoa distante e nunca sorria para nada e nem ninguém. – Desenhou um sorriso e colocou sua mão em cima da de Stella. – Bom, exceto com você. Com o seu jeito, você enfrentou todas aquelas barreiras que ele criou e as derrubou, uma por uma. Eu sei que já deve ter ouvido isso muitas vezes, mas, você mudou o Mac e para melhor.

— É isso o que eu e ele sempre fizemos. – Sussurrou se voltando para o colar. – Nós cuidamos um do outro. Ou cuidávamos, eu acho. – Suspirou. – Ele está bravo comigo, não é ? – A olhou.

— Eu não diria bravo. – Negou. – Talvez decepcionado e triste por não ter sido correspondido.

— Me desculpa, Millie. – Lamentou.

A senhora sorriu e acariciou sua mão.

— Pelo que? Você tem todo direito, Stella. – Millie olhou por dois segundos a corrente presa a caixinha. – Eu amo meu filho e eu sempre vou querer vê-lo feliz, mas, você também merece ser, querida. – A encarou carinhosa. – Admito que eu sempre torci muito por vocês dois, eu imaginava o Mac me contando a novidade de que vocês se acertaram. – Deu uma risadinha. – Mas, eu também te entendo.

— Entende? – Indagou com receio.

— O Mac não te merece. – Negou. – Eu sei disso e ele também sabe. Você é boa demais para ele, Stella. – Desenhou um terno sorriso. – Meu filho cometeu muitos erros, certo? Talvez o maior deles foi ter aberto os olhos e o coração para mundo, para outras mulheres, mas, não para a pessoa mais importante na vida dele e que estava bem do seu lado.

Stella sentiu seus olhos queimarem, porém não conseguiu desviá-los de Millie Taylor. A senhora soltou suas mãos e cuidadosamente fechou a caixinha aveludada que tinha entregue Há alguns minutos. Stella finalmente mudou seu olhar e encarou o presente fechado.

— Eu sei o que o meu filho te causou. – Millie disse. – Você é uma mulher incrível E eu quero que você seja feliz como nunca sequer imaginou que seria. Seja com ou sem o meu filho. – Enxugou a lagrima solitária que rolava lentamente. – Você merece isso, minha querida.

A grega a olhou por alguns segundos em silêncio

— Obrigada, Millie. – Agradeceu.

— Não precisa me agradecer. – Negou. – Você já fez muito mais por mim em não deixá-lo morrer mofando naquele laboratório. – Sorriu de canto.

— Era um trabalho diário bem difícil no começo. – Forçou um sorrisinho. – Se tornou mais fácil com o tempo e o cansaço dele pela minha insistência.

Millie deu uma risadinha e Stella a acompanhou, ficando mais séria segundos depois.

— Ele está fazendo isso de novo? Ficando preso naquele escritório ou indo de casos para casos sem tirar um tempo?

A mulher cabelos loiros consentiu, arrancando um suspiro discreto de Stella.

— Eu tentei falar com ele, mas, não consegui. – Negou frustrada. – Eu só queria saber como ele está, conversar com ele sobre as coisas, mas, ele não me atende.

Millie ficou em silêncio por alguns segundos, mas, deu um sorrisinho para a grega.

— É melhor voltarmos para a festa, ok ?! Esquece o Júnior por agora e curta tudo aquilo. – Olhou em direção a cozinha. – Vocês dois vão ter tempo para acertar as coisas.

Stella não escondeu o sorriso e assentiu positivamente. Elas se abraçaram e se levantaram para ir curtir a noite com os outros lá fora no jardim espaçoso e iluminado dos Hammerback. Stella pediu dois minutos para Millie que saiu em direção a festa, enquanto Stella subiu as escadas em direção ao seu quarto.

A grega se sentou no recamier e encarou a caixinha em suas mãos por segundos que pareciam ser eternos. Ela podia ouvir as vozes e risadas animadas vindo do jardim. Stella olhou em direção as janelas e conseguiu imaginar a perfeita cena de seus amigos se divertindo como de costume. Ela sorriu com aquela bela imagem em sua mente.

Stella tomou o resto de champanhe acumulado em sua taça e observou a pista de dança. Ao som de uma suas musicas favoritas, os casais começaram a dançar lentamente. A voz do vocalista da banda cantando sua versão de Your Song de Elton John lhe trouxe uma sensação de paz e conforto, mas, ela ainda preferia a voz do artista original.

Quer ir até lá? – A voz tirou-a de seu foco.

Stella se virou e se deparou com Mac Taylor a olhando fixamente com um sorrisinho de canto. Ela deu um sorrisinho.

Como foi com o Flack? – Mudou o assunto.

Danny e Sheldon vão cobrir a gente nessa cena. – Contou. – Caso apareça outro caso de madrugada, nós assumimos.

Ela consentiu de acordo.

Acho que nunca o vi assim. – Mac desviou o olhar para a pista de dança. – Nem mesmo no primeiro casamento.

Stella seguiu seu olhar e observou o casal principal dançando. June Walsh sua amiga de faculdade parecia feliz ao lado do marido, John Harper, com quem completava mais um ano de casamento. Stella havia conhecido John através de Mac, eles se tornaram amigos e depois de um tempo de amizade, ela o apresentou para June. Olhando para o casal, era impossível discordar do fato que os dois formavam um belo e feliz casal.

É, eles parecem felizes. – Soltou um leve suspiro. – Fizemos um bom trabalho em juntá-los, não acha? – Deu um sorriso discreto.

Você não respondeu minha pergunta. – Mac disse.

Ela o olhou confusa.

Que pergunta?

Você quer ir até lá? – Indagou dando um sorrisinho escondido.

Stella lhe lançou um olhar e uma expressão levemente surpresa.

O que? – Murmurou desacreditada.

Aceita dançar comigo? – Estendeu sua palma da mão em cima da mesa.

Você não dança, Mac.— Negou. – Lembra?

Sim, mas você dança e eu posso dançar por você, Bonasera. – Sorriu carinhosamente. – Contanto que você não ligue para o fato de eu não dançar há alguns anos. – Olhou nos olhos dela. – Eu estou meio enferrujado, mas, eu me arrisco por uma de suas músicas favoritas. Vamos ?

A grega alternou seu olhar confuso entre os olhos azuis e a mão dele sob a mesa esperando pela dela.

Você não vai me dispensar, vai?Ele arqueou as sobrancelhas. – Isso iria ferir meu orgulho profundamente, Stella. Eu nunca fui dispensado antes. 

Ela descongelou dando uma risadinha e colocando sua mão em cima da dele. Eles se levantaram e se dirigiram para a pista de dança preenchida por alguns casais. “

Stella sentiu seu sorriso se desfazer lentamente com a recordação. Suas mãos se contorceram ao redor da caixinha que parecia mais pesada que o normal e aquele peso estava começando a incomodá-la mais do que antes. A grega colocou de lado o presente recebido e alcançou seu celular perdido no bolso de sua jaqueta jeans.

Ela repetiu o processo familiar até sua agenda eletrônica e encarou o nome junto da opção de ligação. Indecisa, Stella pensou se deveria insistir e dar continuidade ao próximo passo, que era ligar para Mac mais uma vez. Por fim, ela decidiu seguir seus instintos depois de uma breve luta interna, e ligou para Mac, esperando uma resposta do outro lado da linha.

A grega não obteve resposta e foi direcionada para a caixa de mensagens mais uma vez. Ela deixou um suspiro escapar e encerrou a ligação antes de bipe final, abaixando seu celular e deixando-o de canto. Frustrada, ela encarou a caixinha onde sua corrente estava guardada.

— Você me prometeu que não agiria mais como um idiota. – Murmurou. – Pelo visto, você falhou.

Stella se levantou pegando o objeto aveludado e caminhou até a comoda, abrindo a primeira gaveta e escondendo o colar embaixo de suas roupas. Ela olhou seu celular e tomou a decisão de desligá-lo, jogando o aparelho na cama e por fim caminhando para fora do quarto, afim de ir curtir sua noite ao lado daqueles que amava.

(Alguns dias depois)

...

Mac caminhava pela areia fofa e clara da praia vazia de Montauk. Ele mal acreditava que havia sido convencido a viajar por quase duas horas da cidade para aquele lugar tão silencioso, no meio da noite depois de sair escondido de uma recepção do prefeito. Há alguns metros mais a frente ele avistou uma Stella parada de costas observando a imensidão do mar com seu vestido longo preto tocando a areia. Ela parecia não se importar com o fato de sujar a roupa de cetim ou seus pés, ela sequer parecia se incomodar com o vento bagunçando seus cabelos, que algumas horas atrás estavam muito bem arrumados em um penteado.

Ele caminhou até a grega, mas, antes que pudesse chegar ao seu lado, ela pareceu sentir sua presença e se virou para trás. Os olhos verdes se encontraram com os dele e automaticamente, os lábios dela se esticaram para um belo sorriso.

Você parece melhor agora, detetive. – Soltou uma risadinha.

Mac sorriu e acabou com a distancia entre os dois, ficando ao lado dela. Ele havia seguido conselho de Stella e deixado as peças de cima do seu smooking no carro, mantendo-se apenas com a camisa social branca, calça preta e pés descalços.

Eu ainda não entendi o por que de Montauk. – Olhou para o mar.

Como não consegue entender isso ? – Fechou os olhos e respirou fundo. – Ar puro e silêncio. São coisas que você não acha com facilidade em Manhattan.

Pensei que gostasse da bagunça e agitação. – Ela o encarou.

E eu gosto! – Consentiu. – Mas as vezes é bom ter um refúgio diferente, que te afasta do cotiado. – Sorriu – E Montauk é perfeito para isso.

Os lábios de Mac automaticamente se esticaram para um sorriso ao ver o dela. Parecia ser contagioso toda vez que Stella sorria; ele nunca conseguia manter uma expressão séria quando acontecia. A brisa vinda do mar bateu em seus rostos, fazendo eles saírem daquele momento silencioso de troca de olhares. Stella passou a mão pelos cabelos e voltou sua atenção para o mar, ignorando ele por alguns segundos.

Sinclair não vai nos perdoar por ter saído escondido, vai?

Não, ele não vai. – Afirmou. – Uma semana tendo que aturar ele, seu mal humor e suas exigências em cima de mim.

Uma semana? Que gentileza sua. – Falou ela. – Eu chuto duas.

Mac suspirou, fazendo ela dar uma risadinha.

É tudo culpa sua! Eu nunca vou te perdoar por isso, Stella. – Olhou para ela.

O que? – O encarou surpresa. – Como exatamente é culpa minha? – Perguntou com um sorriso escondido.

Você me convenceu a sair da recepção escondido e vir para Montauk.

Não, não. – Negou rindo. – Nós dois entramos no consenso de sair escondido da festa entendiante e chata do prefeito, lembra? Foi uma decisão e um plano de comum acordo, Taylor. – Mac riu. – Agora sobre vir para Montauk, eu assumo que foi uma ideia minha.

É bom você torcer para Sinclair não pegar no meu pé, Bonasera, ou… – Ela o interrompeu.

Ou o que? – Indagou com um tom desafiador. – O que o destemido detetive Mac Taylor vai fazer? – Arqueou as sobrancelhas. – Você sabe que não consegue fazer nada contra mim. – Sorriu vitoriosa. – Eu tenho poderes sobre você, Mac. – Sussurrou.

Mac a olhou fixamente em silencio por alguns segundos. Ele abriu um sorriso perverso e agarrou Stella, colando-a em seu ombro de ponta cabeça e envolvendo seus braços ao redor das pernas da grega penduradas em seu peito. O gritinho assustado dela apenas conseguiu fazê-lo rir enquanto andava apressado em direção ao mar.

Mac. – Chamou assustada. – O que você está fazendo?

Estamos em uma praia, Stell. – Falou alto. – Não é justo vir aqui e não experimentar o mar.

O que? Como assim? – Se debateu. – Mac, me coloca no chão! – Deu tapinhas em suas costas.

Mac sorriu e sentiu seus pés presos a areia molhada. Stella agarrou o tecido de sua camisa social enquanto resmungava frases em grego que Mac não entendia uma palavra sequer, mas atiçava ainda mais sua vontade de continuar com o plano.

Mac Taylor, não ouse fazer isso. – Resmungou em inglês. – Ou eu juro que vou matar você.

Eu duvido muito. – Segurou a risada. – Stell, você sabe nadar?

Não, eu não sei. – Ela respondeu balançando suas pernas. – Eu vou me afogar, Mac.

Mac gargalhou pela mentira desesperada da amiga.

Não se preocupe. – Manteve um sorrisinho. – Eu salvo você. – Murmurou para ela ouvir.

O que? Não, não faz isso. – Pediu. – Mac, eu to falando sério.

Ele se preparou e correu em direção ao mar com uma Stella Bonasera eufórica pedindo para ele parar. A pequena onda veio de encontro com o casal e os atingiu bem na hora que Mac largou a grega no mar. Ao voltar para superfície todo molhado, ele procurou por Stella que apareceu no mesmo segundo. Ela passou a mão no rosto e pelos cachos desmanchados e encharcados.

Eu não acredito que você fez isso. – Gritou. – Mac, eu vou matar você!

Stella empurrou uma leve jorrada de água em sua direção, fazendo-o rir. Ele nadou os dois metros que os afastavam e ficou bem próximo a grega.

Agora eu não me importo se Sinclair me encher o saco por uma, duas semanas. – Sorriu. – Se ele quiser, pode me incomodar por um mês. Vai ter valido totalmente a pena.

Stella desenhou um sorriso e o empurrou. Mac viu uma segunda onda maior se aproximando dos dois e instintivamente agarrou Stella, abraçando-a firmemente para protegê-la e não se perder da mesma.”

Mac finalizou seu whisky quando saiu daquela feliz lembrança. Ele encarou o copo vazio por alguns segundos e o gosto amargo do álcool pareceu piorar em sua boca. Já fazia alguns dias que não falava ou via Stella, ele não ouvia sua voz ou admirava seu sorriso desde a noite que revelou seus sentimentos e foi deixado plantado no telhado do hospital. Com muito esforço, ele se concentrou em trabalhar e ignorar o resto do mundo, incluindo a própria Stella que chegou a ligar para ele algumas vezes.

— Você precisa pedir outra dose para a Trish. – A voz masculina chamou sua atenção.

Mac ergueu seu olhar e avistou seu velho amigo John Harper parado do outro lado da mesa o olhando com as sobrancelhas arqueadas e com uma garrafa de cerveja em mãos.

— Não adianta ficar olhando. – Ele se sentou na cadeira. – Não vai conseguir encher o copo com o olhar. – Sorriu. – Muitos já devem ter tentado isso e falhado miseravelmente. – Riu.

O supervisor desenhou um sorrisinho fraco. Ele deixou o copo de canto e se concentrou no homem de cabelos loiros claros penteados para trás e olhos verdes expressivos e cheios de experiências. John havia sido mariner e sobrevivido ao seu lado em algumas guerras, ambos mantinham uma amizade desde aquela época traumática e escura que ás vezes era melhor esquecer. Ele havia se aposentado como tenente anos após Mac, e ingressado na carreira de bombeiro, se tornando com o tempo o chefe do departamento de bombeiros da cidade.

— Como vai, tenente ? – Perguntou trocando referências de seu posto.

— Eu estou bem, major. – Afirmou. – E surpreso por te ver aqui. – Sorriu de canto. – Veio se juntar ao resto do pessoal como antes? – Olhou para o palco por um segundo.

— Você sabe que eu aposentei o baixo e me aposentei dos palcos, John.

O tenente assentiu positivamente com uma expressão pensativa em seu rosto.

— É, você fez isso. – Concordou. – Desde que Stella foi embora, se me lembro bem. Falando no anjo: Como ela está? – John perguntou dando um gole em sua bebida.

— Eu acho que bem. – Respondeu. – Para falar a verdade, eu não sei.

John arqueou as sobrancelhas e o encarou confuso.

— Vocês dois já brigaram? – Questionou surpreso. – Eu visitei ela no hospital um dia antes da alta e vocês dois pareciam bem. O que aconteceu dessa vez? Você fez besteira de novo ? – Deu uma risadinha.

Mac desviou seu olhar para a mesa, congelando por alguns segundos. O supervisor relutou contra a vontade de derramar lágrimas, ele se concentrou impedir que isso acontecesse novamente. Ainda machucava lembrar de tudo o que aconteceu, lembrar dela ou dos dois, era doloroso se recordar a forma como tudo acabou.

— Eu disse que amava ela, John. – Confessou. – Ou eu tentei pelo menos. Ela não quis me deixar terminar e simplesmente foi embora, me deixando no telhado do hospital sozinho. – Suspirou. – Isso foi o que aconteceu. – Ergueu os olhos para o amigo.

O loiro estava paralisado e com seus olhos presos em Mac, absorvendo as palavras contadas pelo amigo.

— Eu fiz besteira durante todos aqueles anos em que tinha ela ao meu lado, John. – Afirmou. – Não enxerguei o que estava diante dos meus olhos e que todo mundo fazia questão de me mostrar, incluindo você. Eu sou um idiota!

O tenente empurrou sua garrafa de cerveja em direção ao amigo, dando a ele sua bebida. Mac acabou soltando uma risadinha abafada pela forma de apoio de John Harper.  Era a cara dele fazer aquilo para animar ou confortar um amigo. O detetive balançou a cabeça negando a cerveja.

— No final, você estava certo! Eu sentia algo por ela, mas, ignorava esse fato. – Murmurou. – Eu deveria ter ouvido você. Eu deveria ter notado que ela era a única mulher que deu certo na minha vida, que nunca me deixou e sempre cuidou de mim. – Respirou fundo. – Eu deveria ter notado que era mais feliz quando ela estava por perto! Eu era mais completo quando podia ver sorriso ou ouvir sua voz, inclusive sentir seu toque. – Desenhou um sorriso desanimado. – Agora, eu perdi ela de vez. 

— Você não precisa perdê-la. – Disse John. – Vocês dois já tentaram uma conversa depois daquele dia?

— Não. – Negou. – Ela me ligou algumas vezes, mas, eu não atendi.

— Por que não ? – Perguntou chocado. – Mac, você já experimentou dias sem a Stella na sua vida, e você sabe muito bem que não foram bons dias, pelo contrario, foram dias horríveis e nós dois sabemos disso porque eu te conheço há vinte anos e eu nunca te vi tão deprimente, mal humorado e de mal com o mundo. – Se aproximou por cima da mesa. – Nem mesmo depois da morte da Claire.

— John, ela me pediu para ir embora. – Rebateu.

— Ela te disse isso? Stella te mandou sumir da vida dela? – Questionou. – Eu não consigo imaginar a Stella pedindo isso para você.

— É difícil, John ! É muito difícil amá-la e saber que ela tem outra pessoa! Que ela ama outro cara e que ele deve ser muito melhor que eu em todos os aspectos. – Sua voz se alterou levemente no final. – Você já viu ela com o namorado ? Eles são parecem perfeitos um para o outro, John. – Falou mais baixo, deixando um suspiro escapar. – Você consegue imaginar como seria ter que ver a June com um outro cara melhor que você e por quem ela é apaixonada ?

— Primeiro: June não acharia outro cara melhor que eu, porque ele não existe. – Sorriu presunçoso. – Segundo: Eu já vi o namorado da Stella e ele realmente é lindo, e parece ser melhor que você mesmo. – Mac deu um sorriso seco. – Terceiro e mais importante de tudo: Esse namorado dela pode ser o cara mais sortudo, incrível, lindo e perfeito dos Estados Unidos, mas, ele não tem a coisa mais importante que você tem com a Stell. – Abriu um sorrisinho. – Uma longa e bela história, cheia de cumplicidade e amor nunca revelado antes.

— Ele pode fazer uma história com ela, John. – Reclamou. – Você não entende? Graças a mim e a minha teimosia, esse cara pode ter tudo com ela.

John Harper respirou fundo e desenhou um sorrisinho impaciente.

— Você disse que deveria ter me ouvido, certo? – Mac concordou. – Como seu amigo, eu vou te dar outra chance para fazer isso.

— Do que está falando?

— Você precisa ir falar com a Stella! – Antes que Mac falasse algo, John se antecipou. – Você não quer perder essa mulher de novo, quer ? Vocês dois têm muita coisa para conversar e esclarecer. – Afirmou. – Se você continuar nesse joguinho, você não vai apenas perder a mulher que ama, major, você vai perder sua melhor amiga. É isso que quer de novo ? Perder a única pessoa que consegue te entender sem você precisar dizer o que está acontecendo, que está com você sempre que precisa dela ? Quer passar por aquela tortura tudo de novo ? Porque eu não quero te ver daquele jeito novamente, e sei que seus amigos também não querer ter que aguentar aquele chefe babaca de antes. 

— John, eu não sei se consigo fazer isso de novo. – Negou.

— Eu também achava que não conseguiria amar outra mulher que não fosse a Callie. Para mim, ela sempre seria a única, mesmo depois do divórcio. – Desenhou um sorrisinho fraco. – Eu era decidido sobre o que queria, lembra ?! Eu não pensava em ter uma família, nunca pensei em filhos, e depois da Callie, eu achava que seria um lobo solitário.

Mac desenhou um sorriso pela expressão usada, fazia um bom tempo que não ouvia aquelas palavras de John Harper.

— Então, eu conheci a June naquela festa de aniversário da Stella. – Ele sorriu abertamente. – Eu não estava procurando por alguém. Eu não queria estar com ninguém além da Calíope. Mas durante toda aquela noite, pela primeira vez depois que a Callie foi embora, eu consegui esquecê-la e rir como não fazia há anos, nem mesmo quando estava casado. – Bebeu de sua garrafa. – Desde aquela festa, June Walsh não saiu da minha cabeça um minuto sequer, ela ocupou e ainda ocupa todo meu coração e pensamentos. E olha só para mim agora: Me casei novamente e tenho dois filhos incríveis. Eu sou feliz de um jeito que nunca pensei que seria, nem mesmo imaginava que conseguiria ser.

Mac sorriu.

— Vejo um homem apaixonado. – Falou. – O segundo casamento te fez bem, tenente.

— Esse é mais um motivo para querer que você vá conversar com a Stella. – Deu um sorrisinho bobo. – Foi ela quem me apresentou a mulher da minha vida, foi graças á vocês dois que eu conheci a June e sou um cara muito bem casado e de muita sorte. – Sorriu. – Você deveria ir procurar sua sorte, major ! Ou melhor, você deveria tentar recuperá-la. – Bebeu sua cerveja mais uma vez.

Mac e John trocaram olhares em silêncio por alguns segundos. Uma das garçonetes se aproximou e avisou ao John que o intervalo da banda havia acabado e que voltariam para o palco nos próximos dez segundos. Ela saiu e o homem de cabelos loiros se levantou com sua cerveja.

— Eu preciso voltar para o palco, mas, espero que me ouça e faça o que tem que fazer.

O supervisor assentiu.

— Obrigado pela conversa, tenente.

— Somos amigos, major. Só lembre-se de mim no final. – Deu uma piscadinha. – Espero que dê certo! Até mais. – Despediu-se batendo uma leve continência.

Mac sorriu e se despediu, assistindo John sair em direção ao palco se juntando com o resto da banda.

Stella bebeu um gole do seu chá gelado e trocou olhares discretos com uma concentrada Jéssica do outro lado da mesa. A grega observou disfarçadamente Sid e Don focados em suas cartas de baralho. Os quatro jogavam a ultima rodada de poker na mesa da cozinha, enquanto Susan terminava assar alguns biscoitos com gotas de chocolate.

— Tudo. – Stella empurrou suas fichas.

— Eu corro. — Sid se pronunciou deixando as cartas.

— Eu também. – Disse Jess fazendo igual ao legista. – Não é para mim. 

Don olhou para Stella com um ar de desconfiança e desafio. A expressão séria da grega estava inabalável desde o inicio do jogo, ela dividia seu olhar entre as cartas em suas mãos e o policial.

— Você tá blefando. – Acusou Flack. – Eu pago para ver. – Empurrou suas fichas junto com as dela. – Tudo.

— O que você tem ai? – Perguntou ela.

Ele deixou um suspirinho escapar.

— Foi mal, Stell. – Abriu um sorriso vitorioso. – Full house, Bonasera.

Don depositou suas cartas espalhadas pela mesa e voltou seu olhar vencedor a Stella. A grega observou suas cartas por alguns tensos segundos e engoliu a seco, encarando Don em seguida. Stella mordeu o canto dos lábios e respirou fundo frustrada.

— Straight Flush, Flack. – Mostrou suas cartas ensaiando um sorriso.

— O que? – Reagiu Don chocado encarando as cartas dela.

— Foi mal, Donnie. – Ela riu tomando as fichas do centro da mesa para ela.

— Não pode ser. – Murmurou ele. — Você está roubando, Stella Bonasera! — Acusou.

— Não, eu não estou. – Negou rindo. – Foi limpo e justo, Donald Flack.

— Acho que não deveria ter apostado tudo. – Sid gargalhava. – Ela é boa, Don.

— Boa? Ela é uma ladra! Ela está roubando, Sid. – Olhou a grega suspeitosamente. – Eu te conheço, senhorita. 

— Céus, Flack. — Resmungou Jess. – Aprenda a perder. – Escondeu um sorrisinho no canto dos lábios.

— Você está mancomunada com ela, não é?! Acha que não vi as duas trocando olhares?

Stella sorriu vitoriosa e bebeu seu chá gelado mais uma vez. O som da campainha interrompeu a discussão por um segundo. Sid estava prestes a se levantar quando Susan o impediu, saindo de trás da ilha de balcão e caminhando em direção a saída.

— Pode deixar que eu atendo, querido – Sorriu docemente.

Susan caminhou em direção a sala de estar. Stella bateu uma palma e se ajeitou na cadeira.

— Que tal jogar buraco? – Questionou na mesa. – Eu e Sid contra vocês dois?

— Vamos. – Sid concordou animado bebendo seu café gelado. 

— Eu topo. – Jess comeu alguns amendoins. – Você e Don trocam de lugares?

— Claro. – Assentiu a grega.

Stella se levantou e pegou seu copo de chá, enquanto Don fez o mesmo pegando sua garrafa de cerveja. Eles trocaram de posições, ficando Stella e Jéssica próximas de um lado e Don e Sid do outro.

— Você vai trapacear dessa vez? – Flack misturava as cartas.

A grega sorriu.

— Eu não trapaceio, Don. – Negou. – Só sou muito boa em tudo que faço.

— Menos em ser honesta nos jogos. – Rebateu o policial.

Os três jogadores compartilharam uma risada. Don distribuiu as cartas e enquanto todos recolhiam as suas, Susan voltou para a cozinha e se aproximou da mesa com uma expressão séria.

— Quem era, amor? – Sid perguntou olhando suas cartas.

— Stell. – Chamou.

— Oi, Su. – Ergueu seu olhar.

— Tem alguém lá fora querendo falar com você, minha querida. – Avisou e desenhou um sorrisinho fraco.

O olhar de Stella paralisou sobre a senhora. Sid, Jéssica e Flack trocaram alguns olhares em silencio. A grega desviou seu olhar para a janela da cozinha e se levantou de imediato, caminhando em direção a janela. Do lado de fora, ela o avistou encarando fixamente a porta. Mac desviou seu olhar como se soubesse que ela estava o observando, ele olhou diretamente em sua direção.

Mac a viu sair da janela e sumir de sua vista. Ele abaixou a cabeça e encarou o chão asfaltado onde estava parado desde que se afastou da porta. Cinco minutos depois, o som da porta se abrindo fez com sua atenção se voltasse diretamente para a entrada da casa de Sid Hammerback.

Stella fechou a porta atrás de si e caminhou em sua direção sem qualquer pressa com os braços cruzados. Mac a observava se aproximar, ela estava vestida de maneira tão simples e casual mas continuava linda diante dos olhos dele. Os seus cachos estavam presos em um coque e seu corpo era coberto por casaco de tricô aberto, aquecendo e protegendo-a de qualquer vento. Stella chegou até ele e aquilo apenas fez seu coração acelerar mais do que estava acelerado.

— Você está de carro? – Questionou ela.

— O que? – Foi o que saiu de sua boca. – Sim, eu estou! – Confirmou.

Stella desviou seu olhar para a SUV estacionada em frente a entrada da garagem bloqueando a saída dos carros de Don ou Sid.

— Ótimo! Entra no carro e vamos sair daqui. – Se afastou e passou por ele.

— Por que? – Questionou sem se mover.

A grega parou a poucos metros de distância e se virou para encará-lo.

— Porque eu estou brava com você! – Respondeu séria. – Porque eu quero brigar e gritar com você. – Disse se aproximando dele. – Mas não é justo fazer isso bem aqui, porque as pessoas não precisam ouvir, elas não merecem ouvir nada do que eu tenho para te falar.

— Stella… – Mac tentou falar, mas ela o impediu.

— Me dá a chave e entra na droga do carro. – Mandou visivelmente com raiva.

Mac se rendeu as ordens dela e retirou as chaves do carro de dentro do bolso entregando para a grega. Stella as pegou e se virou em direção ao automóvel, caminhando até ele novamente. O detetive a seguiu e entrou na SUV preta do lado do passageiro.

Stella colocou o cinto e saiu com o carro. Durante todo o trajeto eles se mantiveram em silêncio. Mac sabia que ela estava com raiva e que se tentasse falar algo naquele momento, ela provavelmente o expulsaria do carro e passaria por cima dele em seguida. As vezes ele discretamente a olhava e se deparava com sua expressão indecifrável e concentrada nas ruas por onde dirigia.


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Notas finais do capítulo

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Beijos ♥ até o próximo.



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