A New Chance. escrita por Izzie


Capítulo 37
Capítulo 37


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal !
Espero que gostem do capítulo !
Prometo que estamos chegando na reta final, ok ?! No próximo capítulo teremos revelações haha (E o proximo capitulo não vai demorar muito, juro. )
(PS: Me desculpem pelos erros de escrita. )

Boa leitura.



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Mac tinha seus olhos presos nos documentos em suas mãos, porém as palavras era apenas um ponto fixo que encarava. Sua mente tinha se distraído fazia tempo. Ele recordava do conselho que Stella havia dado três dias atrás sobre ele se abrir com a mulher misteriosa por quem ele estava apaixonado, essa mulher que por acaso, era Stella.

“– Converse com ela! “– A voz dela martelava em sua cabeça.

Era como um mantra que se repetia toda hora. Mac se sentia preso ao medo da rejeição, mas ao mesmo tempo sentia a coragem correr por seu corpo, como uma descarga elétrica que o deixava inquieto. Seus olhos azuis se direcionaram para o porta retrato em sua mesa e ele admirou carinhosamente a fotografia onde estava ao lado de Stella e Lucy. Ele deu um singelo e curto sorriso ao observar o sorriso de sua afilhada na foto. Lucy estava no meio dos padrinhos e cada bracinho passava ao redor de seus pescoços, abraçando-os carinhosamente. A pequena estava evidentemente feliz ao lado dos dois.

— O que o padrinho deve fazer, Lucy? – Murmurou.

Mac suspirou e desviou seu olhar para os corredores movimentados. Ele recordou de quando Stella passava por aquele mesmo corredor e sorria para ele quando notava que estava olhando. Mac sorriu com aquela simples lembrança dos tempos antigos em que tinha Stella na sua vida todos os dias, desde os mais difíceis e cansativos aos mais alegres e tranquilos.

Mac caminhava até sua sala com os olhos presos na tela do celular que parecia estar com algum defeito. Ao se aproximar da porta do escritório, ele ergueu o olhar e pelas paredes de vidros avistou sua parceira ocupando sua sala. Stella estava com a cabeça jogada para trás e escorada no couro escuro do sofá, seu rosto estava sob a luz do escritório porém seus olhos estavam fechados. Ele entrou no escritório em silêncio e sem medo de assustá-la. Tinha certeza que ela já sentira a presença dele no segundo que abriu a porta.

Dia difícil, detetive?— Indagou.

Stella suspirou abrindo os olhos e em seguida  o encarando.

Já teve vontade de largar tudo isso? – Perguntou calmamente. – Apenas parar de viver desse jeito?

Os olhos verdes estavam mais escuros que o normal, eles sequer brilhavam como de costume e pareciam tão carregados de preocupação. Algo a chateava e era apenas preciso olhar em seus olhos para ele saber.

As vezes. – Ele respondeu caminhando até o sofá. – Eu penso que talvez seria bom voltar para Chicago e ter uma vida mais tranquila. – Se sentou ao seu lado.

Como imagina essa vida tranquila?

Ele descansou suas costas no sofá e desviou seu olhar para a sua mesa pensando em uma boa resposta.

Longe de casos, evidências, tribunais, criminosos e relatórios acumulados. – A olhou e a viu desenhar um sorrisinho fraco. – Noites bem-dormidas e jantares em horários certos, sem correria ou chamadas no meio da noite.

Está descrevendo o sonho de qualquer pessoa desse laboratório? – Stella perguntou o fazendo sorrir também.

Sim, eu estou. – Afirmou. – Eu estou descrevendo uma vida normal. O que qualquer pessoa desse lugar gostaria de ter.

Stella riu e aquele curto som pareceu iluminá-la naquele instante. Seus olhos verdes por aqueles segundos também ficaram mais claros e intensos, eles voltaram a ser como eram nos seus melhores dias. 

Me conta mais ?– Pediu.

Mac arqueou as sobrancelhas e ela sorriu desanimada.

Por favor, Mac. O meu dia foi horrível e estressante. – Suspirou frustrada – Eu preciso de um sonho para poder ir para casa e conseguir voltar para esse mundo amanhã cedo.

Não quer me contar sobre seu dia?— Questionou. – Talvez seja melhor. 

Ela negou em silêncio

Eu prefiro ouvir você falar. – Murmurou. – Ou você tem medo de eu descobrir seus planos? – Sorriu de canto. – Acertei, detetive ?

Mac achou aquela pergunta engraçada e lhe deu um sorrisinho.

Vejo que seu humor está voltando. – Ela deu uma risadinha fraca.

Eu não sei do que está falando. – Ficou séria novamente.

De qualquer maneira, não tem muito o que contar, Stell. – Disse Mac. – Eu apenas penso que seria bom voltar e viver uma vida diferente. – Seus olhos estavam grudados nele. – Não existem muitos detalhes. – Deu ombros. – É um sonho incompleto e distante.

Mas que você pode completar um dia. – Stella sorriu incentivadora. – E talvez não esteja tão longe assim.

Os olhos dela brilharam e pareceram estar livres de quais foram as tensões causadas pelo seu dia. Ele sentiu seu coração mais leve por ter ajudado sua amiga. Odiava vê-la de qualquer outro jeito que não fosse feliz. Mac sentia que tudo o que era relacionado a grega o afetava, fosse problemas ou frustrações, felicidade ou seu bom humor. Tudo o que a envolvia automaticamente o envolvia também.

Por que está me olhando assim? – Perguntou curiosa.

Mac desenhou um sorriso para sua parceira e melhor amiga.

Vai para casa e descanse, Bonasera. – Mandou. – Tire amanhã de folga. Isso é uma ordem, entendeu?!

Os lábios de Stella pela primeira vez se esticaram para um belo e mais aberto sorriso. Mac se sentia recompensado por conseguir arrancar aquele sorriso.

Você é um bom chefe, detetive Taylor. Elogiou. – E melhor ainda, um excelente amigo, um cara incrivelmente bom demais para mim. – Sua voz tinha um tom baixo porém audível.

Ela encarou o teto e fechou os olhos.

Só me dá mais dois minutos nesse sofá e eu vou para casa, ok?

Mac não resistiu o sorriso ao vê-la tão acomodada.

Tudo bem. – Concordou. – Descansa mais um pouco enquanto termino alguns papéis e depois eu te levo para casa. — Se levantou.

Eu posso ir embora sozinha, Mac. – Murmurou. – É só pegar um táxi qualquer.

Está dispensando minha companhia? – A encarava descansar.

Eu jamais faria isso. – Ela negou. – É apenas porque nós moramos em lados opostos da cidade, chefe. – Argumentou através de sussurros.— E eu odeio complicar as coisas para você.

Você nunca complica as coisas para mim, Stell.

Stella deu um sorrisinho divertido e abriu os olhos novamente.

Mentiroso. – Contestou com um olhar acusatório.

Eu não estou mentindo. – Negou. – Você nunca complica as coisas para mim, Stella, pelo contrário, você sempre deixa as coisas mais fáceis.

A grega respirou fundo.

Eu te deixo vencer essa contanto que me dê só mais dois minutinhos. Pode ser?

Mac assentiu paciente e a assistiu fechar seus olhos mais uma vez para ter seus minutos de descanso no sofá. Ele retirou seu paletó e ajeitou sobre o corpo de Stella, cobrindo-a."

...

Mac saiu daquela memória quando ouviu seu celular tocar estridentemente ao seu lado em cima da mesa de vidro bagunçada por papéis. Ele pegou o aparelho e viu que era Flack quem estava ligando, e ele sabia do que provavelmente se tratava a ligação.

“– Oi, Flack. – Atendeu. – Conseguiu achar nossa possível testemunha do nosso caso? – Perguntou girando sua cadeira para a cidade. – Tudo bem. Eu aguardo você com mais novidades.” – Desligou.

Mac guardou o celular em seu bolso e admirou a vista da cidade por mais alguns minutos antes de voltar ao trabalho.

Stella estava sentada no banco de madeira no jardim interno do hospital sob uma leve e aquecida luz do sol que brilhava no céu claro e limpo. Ela havia se acostumado a estar ali por pelo menos uma hora durante o dia quando estava sozinha, ela preferia daquele jeito, era bom para poder pensar e ter um pouco de tempo consigo mesma.

Ela observou alguns dos pacientes que aproveitavam daquele espaço aberto tanto quanto ela. Stella podia imaginar em como eles também se sentiam bem estando ali livres e não em um quarto branco sem janelas, presos a máquinas, fios e talvez ao coma. Seu olhar parou fixamente em uma jovem de longos cabelos castanhos sentada em um banco distante mexendo no celular e sorrindo para o aparelho. A garota parecia tão familiar que fez seu coração se apertar de saudade de sua velha amiga Aiden Burn. Stella segurou suas lagrimas e desviou o olhar para duas crianças brincando juntas pela grama enquanto duas mulheres as observavam atentas em outro banco.

— Parece meio perdida. — A voz familiar chamou sua atenção.

Stella se virou e viu Danny parado em pé ao lado do banco segurando dois copos brancos descartáveis tampados. Ela sorriu. 

— Oi, Danny. – O cumprimentou. – O que está fazendo aqui?

O loiro se sentou ao seu lado e a olhou carinhosamente.

— Bem, eu soube que vai ter alta. Então pensei em vir te ver para comemorarmos um pouco. – Estendeu um dos copos em sua direção. – Me desculpe. Eu deveria ter trazido uma cerveja para comemorar, mas, Lindsay não deixou.

Stella deu uma leve risadinha. Ela pegou o copo com um sorriso em seus lábios.

— Obrigada, Danny. – Agradeceu. – É muito atencioso da sua parte.

— Á sua alta. – Danny brindou. – Livre do hospital! – Disse alto atraindo olhares e a risada de Stella.

Os dois brindaram em meio aos sorrisos divertidos e beberam de suas bebidas mornas. Ao sentir o sabor da bebida, automaticamente o sorriso divertido se transformou em um sorriso saudoso e cheio de nostalgia. Stella fechou os olhos por alguns segundos.

— Faz tanto tempo que não tomo um desses. – Bebericou outro gole da bebida quente. – Como adivinhou? – Abriu os olhos e o encarou.

Danny deu ombros e desenhou um singelo sorriso com o olhar distante dos dela. Ele olhava as mesmas crianças que ela observará alguns instantes atrás.

— Porque você sempre gostou tomar isso quando trabalhávamos naquele antigo prédio. – Bebeu o seu café. – Ao menos que estivesse em um caso difícil e sem solução, você sempre tomava um latte macchiato no fim do turno. — Ele sorriu quando viu as crianças rindo. – Você sentava naquela sua antiga sala que você sempre chamava de cubículo e com uma caneca de latte macchiato do seu lado, você fazia as palavras-cruzadas do jornal da manhã que você não teve tempo de fazer e nem sequer ler.

Stella o observou atenta. Talvez tivesse sido impressão dela, mas ela jurou ter visto uma lágrima cair pelo rosto de Danny.

— Quando você estava em coma e eu me lembrei disso, eu implorei enquanto estava do seu lado para que tivesse outra chance de poder tomar café com você. – Ele se calou por alguns segundos e sorriu melancólico. – Eu só queria uma nova chance de te ver sorrindo ou rindo das coisas que eu falo, ou até de ouvir você me dar uma bronca, brigar comigo, eu não sei… – Deu ombros. – Eu só queria uma oportunidade de ter você na minha vida de novo.

Ele a olhou com seus olhos vermelhos e cheios de lágrimas que escorreram pelo seu rosto. Não havia sido engano de Stella, Danny estava chorando.

— Obrigado por voltar, Stell. – Sussurrou.

Stella deixou a bebida ao seu lado no banco e se aproximou mais do loiro. Com uma de suas mãos enxugou as lágrimas dele. Ela sorriu docemente para ele e o abraçou carinhosamente.

— Eu nunca iria há lugar algum longe demais de vocês. – Disse ela dentro do abraço. – Meu limite foi Nova Orleans. E quando eu sair desse lugar, eu vou te dar uma surra nos dardos e você vai ter que me pagar uma cerveja, ok?! Como nos velhos tempos. – Se afastou dele sorrindo divertida.

Ele sorriu com a lembrança dos dois no famoso bar do Joe, um bar onde a maioria dos policiais frequentava depois de um turno cansativo. Stella e Danny sempre jogavam dardos e apostavam uma rodada de cerveja ou ingressos dos próximos jogos.

— Você sabe que perde, Bonasera. – Murmurou. – Mas, eu posso te dar algumas vantagens por ser alguém que acabou de sair de um coma.

Stella deu um leve soco nele que acabou rindo. Ela ainda odiava receber qualquer privilégio ou perder, era competitiva quando se tratava de jogo e se tornava ainda mais quando o que estava como prêmio era ingressos para ver seu time jogar.

— Eu acabei com você da última vez, Messer. – Sorriu. – E aqueles ingressos para os Jets que você perdeu realmente valeram a pena.

— Oh não me lembra disso. – Resmungou. – Eu perdi quase duzentos dólares depois daquele maldito jogo.

Ela deu uma risadinha e ele sorriu se deixando levar pelo contagio do riso da grega.

— Eu senti falta disso. – Stella suspirou. – É bom poder rir com você outra vez, Messer. – O olhou.

Danny passou seu braço ao redor dos ombros de Stella.

— É bom poder te fazer rir outra vez, Bonasera. – Desabafou o loiro. – Obrigado por achar graça das minhas bobagens.

— Já não me agradeceu o bastante? – Perguntou descansando sua cabeça no ombro dele.

— E vou continuar te agradecendo por muitas outras coisas. – Disse Danny. – Principalmente por ser uma segunda mãe para minha filha. Eu sei que ama ela como se fosse sua e que a protegeria da mesma forma e eu só posso ser grato a você por fazer o melhor pela Lucy, Stell. – Olhou perdidamente o jardim. – Eu nunca duvidei disso mas, você foi a melhor escolha que fizemos por ela. – Sussurrou. – Lucy te ama e te admira da mesma forma que eu admiro o Batman. – Ele a ouviu rir e sorriu contente. – Você me entendeu! A minha filha é louca por você e eu entendo ela. Na verdade, se um dia a Lucy for um terço do que você é, eu ficarei orgulhoso dela. – Deixou um suspiro escapar. – De qualquer maneira, obrigado, Stell. Obrigado por ser uma das pessoas mais importantes na vida da minha filha. Obrigado por nunca desapontar ela. Obrigado por voltar e não deixá-la chorar. Obrigado por estragar ela e ser a melhor madrinha do mundo. E obrigado principalmente por nunca ter desistido de mim.

— Está querendo me fazer chorar? – Ela perguntou.

Ele sorriu.

— Talvez um pouco. – Ele respondeu. – Por que? Está funcionando?

Stella deu um tapinha em sua perna. Ela ergueu sua cabeça e o encarou com olhos verdes marejados.

— Olha só quem está com os olhos vermelhos agora. – Ele provocou. – É uma pequena vingança, querida. – Deu uma piscadela.

— Danny, por favor. – Ela murmurou erguendo o olhar afim de evitar lágrimas. – Eu fiz um exame há alguns minutos e preciso repeti-lo daqui a pouco. Meu médico disse que achou um problema no meu coração e está com medo de ser algo grave. – Ela fungou. – Ele pediu para não ter emoções ou poderia me prejudicar mais. – Perguntou se virando de costas para ele, recuperando-se da emoção.

— O- oque? – Ele resmungou confuso. – Por que não me disse isso antes? Por que a Barbie não me disse isso quando me acompanhou? – Ele se engasgou nervoso. – Mas, mas é muito grave ? Oh meu Deus! – Danny segurou no braço dela. – O que eu fiz ? Eu sou um idiota. – Disse desesperado. – Me perdoa ? A Lindsay vai me matar e isso se o Mac não me enterrar vivo antes.

Stella gargalhou e se virou Danny. Ele franziu as sobrancelhas totalmente confuso enquanto a observava rir sem parar dele. Um minuto foi o suficiente para ele cair na real.

— Você mentiu para mim? – A olhou incrédulo. – Qual é o seu problema? – Indagou nervoso. – Isso é maldade, Stella!

— Isso é uma pequena vingança, querido. – Colocou a mão na barriga rindo.

Ele bufou ainda desacreditado daquilo.

— Então, você está bem? Sem problemas com seu coração e sem mais exames, certo?!

Ela assentiu com a cabeça enquanto se recuperava da risada.

— Meu coração está ótimo! O doutor William disse que nem parece que fiquei em coma por dias. – Ela respondeu sorrindo. – Mas sobre os exames, é verdade em parte. Eu os fiz e terei que repeti-los mais tarde, mas, eles são apenas exames de rotina para o doutor William poder me dar alta amanhã e ver se precisa diminuir algum remédio antes de eu ir para casa.

Danny a encarava seriamente e boquiaberto. Ele fechou os olhos e soltou uma respiração de alívio, fazendo-a sorrir mais.

— Eu odeio você. – Ele resmungou abrindo seus olhos.

— Não, não odeia. – Sorriu convencida. – Você me ama, Daniel Messer. – Provocou. – E sabe muito bem disso.

— Verdade. Você ganhou ! – Ela gargalhou. – M as nunca mais brinque comigo desse jeito. – Danny pôs a mão sobre seu peito esquerdo. – Céus, Stell! Acho que minha pressão até caiu. – Encostou-se no banco.

Stella deu uma segunda risadinha e segurou na mão dele.

— Desculpa. Quer que eu chame a Barbie ou algum enfermeiro?

— Por um momento, achei que meu maior problema seria enfrentar o Mac. – Stella sorriu. – Ele definitivamente me mataria.

Stella largou a mão dele e deu leves tapinhas sobre ela. A grega pegou seu copo abandonado ao lado e voltou a tomar o seu latte machiatto que naquela altura estava frio, porém ainda delicioso. Danny se juntou a ela segundos depois com seu café com leite. Os dois riram e conversaram sobre assuntos aleatórios e banais por quase uma hora e meia.

Ao voltar para a ala geral e entrar em seu quarto, Stella paralisou surpresa logo na entrada. A mulher de longos e lisos fios castanhos se levantou da poltrona que ocupava para recebê-la de volta ao seu quarto.

— Peyton ?— Stella chamou o nome da mulher ainda pasma.

— Oi, Stella. – Deu um singelo sorriso.

— Oi. – Devolveu o cumprimento. – Oh meu Deus. – Sorriu. – Oi, Pey. – Caminhou em direção a antiga legista e colega.

Peyton Driscoll deu alguns passos e elas se abraçaram. Stella mesmo surpresa com a sua visitante se sentiu contente por vê-la, afinal, mesmo não sendo tão próximas, ela e Peyton sempre foram amigas de longa data. Aquela não era uma amizade como a que tinha com Lindsay ou Jéssica, mas ainda sim, era uma boa amizade e que Stella gostava de ter.

— Imagino que te peguei de surpresa. – Peyton comentou.

Stella e ela se afastaram.

— Com certeza. – Confirmou a grega. – Mas é muito bom te ver! – Sorriu.

— Era eu quem deveria dizer isso. – Sorriu de volta. – Como você está?

— Ótima! – Respondeu. – Na verdade, eu recebo alta amanhã.

— Sério? Isso é maravilhoso, Stell.

Stella consentiu.

— Vem! Vamos nos sentar para conversar. – A puxou pela mão. – Faz tempo que não conversamos. Por favor, sente-se. – Pediu apontando para o assento.

Peyton se acomodou na poltrona e Stella ao seu lado na cama.

— Eu te devo desculpas, Stella. – Peyton suspirou. – Eu deveria ter vindo te ver antes.

— Oh está tudo bem, Pey. – Tranquilizou a grega. – Você está aqui agora e isso é o que importa. – Estendeu sua mão para ela. – Estou feliz por te ver!

Peyton deu um sorrisinho e segurou a mão da amiga por alguns segundos.

— E como está, doutora? – Indagou Stella. – De volta a cidade?

— Estou bem. – Respondeu. – E talvez. Eu não sei ainda se estou de volta.

Stella arqueou as sobrancelhas.

— Eu estou analisando algumas propostas de trabalho, nada definido. – Deu ombros. – A Universidade Colúmbia me propôs um cargo na diretoria do curso de medicina e o hospital Lennox Hill me propôs o cargo de chefe da cirurgia geral. – Deu um sorrisinho. – Não é um Mount Sinai… – Olhou o quarto ao seu redor. – Mas, é um ótimo hospital universitário.

— Isso é incrível, Peyton. – Comemorou. – Você merece todo esse reconhecimento.

— Obrigada. – Agradeceu. – Eu não decidi nada, então, é apenas talvez. Na verdade eu não sei nem se estou pronta para deixar Londres. – Olhou suas próprias mãos em seu colo. – Isso está em pauta também.

— Eu te entendo. – Disse Stella. – Nunca é fácil tomar decisões assim. Não se pressione, Peyton! Apenas escolha o que vai te fazer feliz. – Aconselhou. – Seja Nova York, Londres ou qualquer canto do mundo.

Peyton a encarou fixamente por alguns segundos.

— Posso te fazer uma pergunta, Stell?

Stella sorriu e assentiu.

— Claro, Pey. – Afirmou em palavras.

— O que te fez aceitar aquela proposta e ir embora de Nova York? – Questionou.

Stella deu um sorrisinho incerto para a amiga. Ela se ajeitou na cama e pensou por uma pequena fração de segundos.

— Era uma boa proposta e um incrível reconhecimento pelos anos de trabalho em Nova York. Era uma oportunidade única e que muitos detetives sonhariam em ter. – Respondeu. – E, no entanto, eu tive e achei que não poderia simplesmente jogar fora.

— Foi só pela proposta e reconhecimento?

Stella lançou um olhar estreito e confuso para a médica que continuava a olhando enquanto esperava por uma segunda resposta.

— Como assim, Peyton? Por que mais seria?

Peyton desenhou um sorriso ansioso.

— Se eu não tivesse aparecido novamente, você teria aceitado a proposta e ido embora?

— O que quer dizer? Acha que eu fui embora por sua causa? – Franziu a testa. – Por que eu faria isso?

— Não seria exatamente por mim. – Murmurou. – Talvez um pouco por minha causa, mas, também por outra pessoa. – Stella continuou a olhando em silêncio. – Pelo Mac, Stella. Você foi embora porque o Mac e eu … – A grega sorriu de descrença interrompendo-a.

— Não precisa terminar a pergunta, Peyton. – Pediu. – Você acha que eu fui embora porque você e o Mac estavam voltando? – Arqueou as sobrancelhas. — E aposto que você pensou nisso porque acha que eu amava ele. Acertei?

— Stell. – A chamou lhe dando um olhar desconfiado.

Stella sorriu incrédula novamente e desviou seu olhar para cima, ela relou a ponta da língua em seu lábio superior e suspirou.

— Por que todo mundo acha isso? – Perguntou voltando-se para a médica

— E não é verdade? – Questionou.

— Eu amo o Mac. – Disse firme. – Eu amo ele como meu melhor amigo e isso é tudo!

— Vocês dois não mudam. – Negou Peyton. – Ainda insistem nisso como uma verdade.

— Peyton. – Stella a chamou. – Por que está mexendo nisso?

A britânica respirou fundo e ergueu seus ombros em resposta.

— Espero que as coisas mudem, Stell. – Desejou. – Eu realmente espero.

— Do que está falando?

Ela deu um sorrisinho de canto.

— Vamos mudar de assunto. – Sugeriu. – Me conta sobre sua vida em Nova Orleans. – Pediu empolgada.

Stella acabou achando engraçado a empolgação repentina da amiga. Ela assentiu e começou a contar sobre sua vida depois que deixou Nova York para trás. Peyton a ouviu atenta e ambas riram quando algo engraçado era comentado.  Elas conversaram sobre a legista e sua vida em Londres, sobre o passado quando se conheceram. Elas conversaram sobre tudo, menos sobre um único assunto. O assunto Mac Taylor.

Stella cobriu a boca enquanto tentava segurar a risada. Peyton estava sentada nos pés da cama com lágrimas nos olhos e tentando não engasgar com o pudim de chocolate que ambas apreciavam.

— Eu estou falando sério. – Peyton disse se recompondo. – Eu literalmente chorei quando cheguei em casa.

Stella riu enquanto pegava sua colher submersa a sobremesa.

— Não pode ter sido tão ruim assim, Peyton. – Negou pegando mais do pudim.

— Eu juro que foi— A médica a olhou. – Foi o pior encontro da minha vida.

Stella sorriu.

— E como se livrou dele? – Se concentrou no potinho em suas mãos.

— Eu não precisei. – Disse Peyton. – Ele nunca mais me ligou. – Stella ergueu seu olhar para olhá-la. – Acho que o foi pior encontro para ele também. – Deu um sorrisinho.

— Hmm… Bom para você? – A grega sugeriu a fala. – Eu realmente não sei como reagir.

Peyton riu e assentiu.

— Tá brincando? Ótimo para mim! – Encheu sua boca de pudim.

Stella riu e aproveitou a última colherada. O som da porta chamou a atenção de Stella que desviou seu olhar em direção a saída do quarto. Ela prendeu a colher em sua boca e seu sorriso foi desaparecendo quando avistou Mac parado com a porta aberta encarando tanto ela quanto a antiga namorada. Peyton notando a expressão de Stella se virou para a saída e congelou seu olhar sobre o supervisor.

— Hey. – Stella deu um sorrisinho enquanto segurava a colher em sua mão.

Stella podia ver que Mac estava surpreso e tinha certeza que Peyton também conseguir enxergar aquilo. Era visível que ele estava sem reação para com aquela cena.

— Oi, Mac. – Peyton se ajeitou na cama. – Como vai?

Mac pareceu descongelar e encarou a ex namorada.

— Oi, Peyton. – A cumprimentou. – Eu estou bem. E você?

— Eu estou bem também. – Respondeu.

O silêncio pairou sobre o quarto. Stella dividiu o olhar entre o antigo casal e os observou atenta até resolver quebrar aquele momento de tensão.

— Mas, o que você está fazendo aqui? – A grega perguntou ao amigo. – Eu falei com o Danny mais cedo e parece que as coisas estavam meio corridas no laboratório.

Mac assentiu.

— Eu vim com Flack falar com uma possível testemunha do caso e decidimos ver você antes de voltar para o laboratório. – Explicou de modo tão sério quanto Stella estranhou ouvi-lo.

— E onde está o Don? – Indagou.

— Ele tinha que fazer algumas ligações e disse para vir na frente, mas, já deve estar vindo. – Deu alguns passos para frente, saindo de frente da porta.

— Bom, eu acho que já vou indo. – Peyton se levantando.

— O que? Por que? – Stella a olhou.

Peyton sorriu para a detetive.

— Porque era para ser apenas uma curta visita e nós até almoçamos juntas. – Olhou o relógio preso em seu pulso. – Além disso, eu já te ocupei por quase duas horas.

Stella desenhou um sorriso desdém.

— Você fala como se eu tivesse uma rotina cheia de compromissos. – Olhou ao seu redor. – E foi um bom almoço e uma ótima visita.

— É, foi sim. – Concordou. – Mas eu ainda deveria ter vindo antes. Me desculpa mais uma vez.

— Eu já disse que está tudo bem, Pey. – Sorriu. – O importante é que você veio. – Esticou a mão em sua direção. – E eu estou muito feliz por ter te visto de novo. – Comemorou.

Peyton sorriu delicadamente e segurou a mão de Stella por alguns segundos. Ao mesmo tempo, Flack chegou ao quarto com os olhos presos em seu celular, ele parou na porta com sua atenção focada no aparelho.

— Eu finalmente consegui falar com Sheldon. – Disse o policial. – Agora posso dar toda atenção… — Ele ergueu o olhar e parou de falar por alguns segundos. – Peyton?

Sua reação não foi tão diferente quanto a de Mac. Era possível ver a surpresa estampada em seu rosto. A médica acenou com a mão.

— Olá, Flack. – Ela o cumprimentou com o sorriso

— Oi. – Don sorriu. – Eu não sabia que estava de volta. – Entrou no quarto e caminhou até a cama onde Stella estava.

— Quase ninguém sabe. – Peyton disse. – Apenas uma amiga de faculdade e dois colegas da Colúmbia sabem disso.

— De qualquer maneira, é bom te ver, doutora! – Don beijou a testa da grega. – Olá para você também. – Olhou diretamente nos olhos verdes da irmã.

Stella sorriu e deu um espacinho para ele se sentar ao seu lado na cama. Don se ajeitou ao lado da grega e olhou de relance para Mac que estava mais afastado e quieto. Ele passou o braço ao redor de Stella e voltou sua atenção para as duas mulheres.

— Posso perguntar se está de volta para valer? – Perguntou o policial.

— Eu ainda não sei. – Negou a médica. – Eu tenho algumas propostas e estou analisando as chances, mas, como já disse a Stella, ainda não decidi nada.

— E eu já te disse o que penso. – A grega a olhava. – Escolha o que te faça feliz!

— Foi eu quem te disse isso. – Flack a olhou.

Stella sorriu.

— Eu estou repassando seu conselho. – Encarou ele. – Deveria se sentir orgulhoso de você mesmo.

— Mais do que já me orgulho? – Provocou.

A grega revirou os olhos enquanto Peyton deu risada. Barbie entrou no quarto interrompendo as conversas e risadas.

— Me perdoem por interromper, mas, está na hora de repetir o seu exame, Stella. – A enfermeira avisou. – Se lembra onde era a sala?

Stella consentiu.

— Ótimo! Eu posso contar com você para me encontrar lá? – Arqueou as sobrancelhas.

— Sabe, Barbie, você me ofende com esse tom e esse olhar de desconfiança.

A enfermeira sorriu.

— Eu preciso pegar os resultados anteriores primeiro. Te vejo lá cinco minutos?

— Claro. – Concordou a paciente. – Inclusive, Don te dá a garantia que vai me encontrar lá. – Olhou para o policial. – Ele vai me acompanhar, certo?! – Don a olhou.

— O que? – Flack sussurrou confuso.

— Tudo bem! Sem atrasos os dois. – Barbie sumiu da porta e da vista de todos.

— Stell… – Don murmurou seu apelido.

— Não vai demorar, eu prometo. – Stella suplicou o encarando. – Tenho certeza que o Mac pode te esperar me acompanhar para depois voltarem para o laboratório e delegacia, ou seja, lá onde for. – Olhou para o supervisor. – Certo, detetive Taylor?! – Arqueou as sobrancelhas.

Os olhos azuis não a enganavam. Stella sabia que Mac estava questionando-a silenciosamente com o olhar, ele provavelmente já sabia o que vinha pela frente. Ela sorriu e olhou para Peyton de maneira amigável. A britânica tinha seu olhar distraído no chão do quarto.

— Pey, você se importa de me esperar voltar antes de ir?

A médica ergueu seu olhar e a encarou. Stella sentia o olhar de Flack e Mac sobre ela, interrogando-a excessivamente.

— Stell, eu acho melhor… – Disse nervosa.

— Por favor. – Pediu interrompendo-a. – Eu tenho que encontrar a Barbie em cinco minutos e se eu me atrasar, ela vai ficar furiosa comigo, e eu não posso mais usar a desculpa de ter saído do coma e das costelas quebradas. Não anda colando mais nos últimos dias. – Deu um sorrisinho brincalhão. – Eu quero me despedir direito de você, Pey. Por favor? – Se levantou da cama. – Consegue me esperar mais um pouquinho ? Não vai demorar, eu juro.

Peyton demorou alguns segundos antes de assentir silenciosamente. Stella sorriu animada e olhou para Don que ainda estava sentado na cama.

— Vamos, Flack? – Chamou.

O policial forçou um bom sorriso e concordou saindo da cama. Ao passar por Mac, deu um rápido olhar e seguiu Stella. A grega o esperava na porta, ela se alinhou nos braços do irmão e antes de sair, olhou para Mac e deu um sorrisinho malandro.

Após saírem do quarto e tomarem distancia, Flack olhou para a grega.

— O que você tá aprontando, Stella? – Indagou.

Eles pararam em frente ao elevador. Stella apertou o botão chamando o mesmo e o encarou.

— Nada. – Deu ombros. – Eu só pedi para Peyton me esperar e você me acompanhar, apenas isso.

— Sério? – Franziu as sobrancelhas. – Porque me pareceu que você estava tentando deixar aqueles dois sozinhos. –  Apontou em direção ao quarto. 

Stella escondeu um sorriso. O elevador se abriu surpreendentemente vazio e eles entraram na caixa de metal que se moveu para o andar escolhido por Stella.

— Você não deveria fazer isso! – Reclamou o policial. – As coisas já estão difíceis para ele e você está apenas complicando ainda mais para o Mac. – Disse nervoso. – O que você acha que vai acontecer? Que o Mac vai simplesmente esquecer o que sente e vai… – Don foi interrompido.

— Você sabe. – Stella sussurrou. – Você sabe quem é a mulher por quem Mac está… – Flack a interrompeu.

— Não. – Negou. – Eu não sei.

— Nem o Mac e nem você consegue mentir para mim. – Disse ela. – Por que vocês ainda tentam?

Flack a encarou.

— Não se preocupe, Don. – Stella sorriu. – Eu não vou pedir ou fazê-lo falar sobre essa tal mulher. – Sua voz deu ênfase a ultima palavra. – Eu só quero te perguntar uma coisa.

O elevador parou, o baixo sininho soou e as portas se abriram. Flack imediatamente saiu e só não correu porque Stella o segurou.

— Ela é uma boa pessoa? – Perguntou. – Eu só preciso saber isso sobre ela.

O policial ficou em silêncio por um minuto com o seu olhar preso nas paredes claras.

— Donald. – A voz dela o chamou. – Eu ainda me importo com isso. – Murmurou Stella. – Ela é?

Ele olhou para a mulher que mais amava depois de Jéssica. Queria poder resistir aquele olhar persistente e preocupado, mas não conseguia nem que se esforçasse para aquilo. Don assentiu positivamente.

— Ela é uma boa pessoa, Stell. – Garantiu aquilo com firmeza.

Stella sorriu aliviada. Don notou os olhos marejados da grega e se aproximou dela beijando seus cabelos e lhe dando um abraço.

— Ela é ótima. – Sussurrou em seu ouvido. –  Eu te prometo, ok ?! 

A grega assentiu enquanto estava presa em seus braços. 

— Vocês dois poderiam deixar para fazer isso depois ? – A voz de Barbie os afastou. – Vamos, Bonasera?

Stella consentiu e seguiu Barbie até uma porta próxima. Antes de entrar olhou para Don que fez um sinal de positivo com a mão e piscou para ela. Stella sorriu e entrou na sala que realizaria o exame.

Mac fitou a porta pela qual Stella passara acompanhada de Don. Por dentro ele estava nervoso e inclusive bravo com Stella. Ele sabia bem qual havia sido a intenção dela ao deixá-lo naquele quarto sozinho com Peyton.

— Eu pensei que tomaria a decisão certa quando nós dois terminamos. – A médica disse.

Ele a olhou. Peyton estava o encarando seriamente com seus olhos azuis perto da cama de Stella. A britânica deu alguns passos e encurtou a distância entre os dois, porém ainda estava afastada dele.

— Eu soube que até ficou noivo de outra mulher. – Arqueou as sobrancelhas. – Pelo visto preferiu continuar vivendo naquele mundo.

— Você nunca foi o tipo de pessoa que joga as coisas na cara de outra pessoa, Peyton. – Mac disse com um tom ameno.

Peyton desenhou um sorriso e caminhou até ele, parando há apenas alguns passos de distância

— É obvio o efeito que ela faz em você, sabia?! – Seu sorriso se estendeu. – Só de olhar para você dá para ver o velho Mac que eu conhecia e que sumiu quando ela foi embora.

Mac não tinha resposta para aquela observação. Não era uma mentira ou ilusão de Peyton. Ele também sentia que o seu velho eu havia voltado depois de ter se acertado com Stella. Não havia mais raiva, insônia ou ataques de pânico desde que ela voltara para o seu lado.

— Me diz que você admitiu para si mesmo, Mac. – Pediu. – Você está apaixonado pela Stella? – Questionou com o olhar fixo nele.

Mac relembrou do dia que a ouviu fazer aquela mesma pergunta depois que Stella foi embora para Nova Orleans e ele se transformara  em uma pessoa mais fria e distante. Naquele dia ele a encarou como se fosse um monstro de sete cabeças e estivesse delirando por alguma razão. Mas naquele instante, ele apenas conseguiu desenhar um sorriso honesto.

— Não. Eu não sou apaixonado por ela. – Negou. – É mais do que isso, Peyton. – Seu sorriso se esticou. – É muito mais que uma paixão. – Sussurrou.

— Eu sei que é. – Concordou no mesmo tom que ele. – Você a ama! – Sorriu.

Mac assentiu.

— Eu estou feliz por você ter finalmente assumido isso para si mesmo. – Disse ela.

— Obrigado. – Agradeceu.

— Ela já sabe?

O supervisor negou silenciosamente.

— Eu penso nisso todos os dias e todos os dias eu desisto. – Confessou. – Eu não tenho coragem o suficiente.

Peyton deu mais alguns passos e colocou a mão no rosto dele. Mac e ela se olharam.

— Mas você precisa ter, Mac. – Incentivou. – Precisa ser honesto com ela e deixá-la saber. – Aconselhou. – Se continuar em silencio, perderá ela de verdade. E eu sei que não é o que você quer, certo ?! Crie coragem por você. Por ela. – Sorriu. – Tenho certeza que vai ser a melhor decisão da sua vida.

Um pigarreio interrompeu os dois. Mac olhou para porta e viu Don ao lado de Stella, os dois estavam parados na porta e olhando para ele e Peyton. Ele se lembrou onde a mão da antiga namorada estava e antes dele se afastar, a própria médica fez tal ação.

— Nós dois devemos ir tomar um café? – Don perguntou com a voz seca e um olhar sério.

Mac sabia que o amigo queria provavelmente gritar com ele e perguntar o que diabos era aquela cena. Em um minuto ele dizia que amava Stella e no minuto seguinte estava em uma cena curiosa e suspeita com a sua ex namorada, a mesma que ele correu atrás logo que a viu em Nova York novamente.

— Don. – Stella o repreendeu.

Ela o olhava confusa por tal atitude. Stella conhecia Flack tão bem quanto conhecia Mac e devia ter sentido o tom ríspido de sua voz e sabia que o irmão não gostara daquela cena por alguma razão que ela mesma não entendia.

— Eu apenas perguntei se eles querem privacidade. – A olhou. – Vocês querem? – Encarou Mac.

— Para com isso! – Ela mandou baixinho e batendo as costas da sua mão no peito dele. – Por que está agindo assim?

— Eu já vou indo embora. – Peyton anunciou. – E não é nada disso o que vocês estão pensando. – Sorriu se aproximando. – É sério, Stell. Não é nada do que parece. – Tentou se explicar.

Stella arqueou as sobrancelhas surpresas com aquela atitude da amiga. Ela deu um sorrisinho em seguida e segurou as mãos da médica.

— Pey, está tudo bem! – Garantiu. – Eu não pensei em nada. – Negou. – Deveria pensar?

— Não. – Negou prontamente. – Mac e eu somos apenas amigos.

— Se é o que vocês dois dizem, então, eu acredito em vocês. – Disse a grega.

Mac sentiu seu coração apertar quando sentiu a falta de verdade na voz de Stella. Ele desviou o olhar para cidade enquanto elas se abraçavam e se despediam. Peyton disse tchau de longe e ele apenas se virou para acenar, por pouco ele acena para o nada já que a médica saiu rapidamente do quarto.

— Eu te disse que deveríamos ter parado naquela máquina de doces. – Stella riu.

Mac se virou e Flack ainda o encarava feio. Tinha certeza que se Don pudesse matar com o olhar, Mac estaria morto e estirando naquele chão. Stella ao contrário do irmão, caminhou em direção a sua cama e se sentou nela com um sorrisinho nos lábios. A raiva de Mac por ela ter armado aquela situação para ele ficar a sós com a ex voltou a tona.

— Don, eu posso falar com a Stella?

A grega o olhou e seu sorriso sumiu. Mac encarou o policial e implorou com seu olhar.

— Eu volto mais tarde com a Jess. – Caminhou até cama. – Eu amo você. – Beijou Stella na cabeça como sempre fazia quando chegava ou partia.

— Eu amo você também. – Declarou ela. – Te vejo mais tarde. – Sorriu. – Ah e não se esqueça do meu skittles.

— Não se preocupe. – Ele sorriu. – Ele estará em suas mãos em breve. – Piscou para ela.

Don caminhou até a porta, mas antes de sair deu um último olhar congelante para Mac.

— Te espero no carro. – Avisou antes sair e fechar a porta.

Mac voltou seu olhar para Stella. A grega retribuiu o olhar e suspirou.

— Eu já sei que está chateado comigo, Mac. – Ela disse. – Dá para ver na sua cara.

— Pela primeira vez acho que você errou sobre como me sinto. – Sua voz saiu firme. – Eu não estou chateado, Stella. Eu estou bravo com você.

Aquilo pareceu atingi-la bem no fundo. Stella se levantou e o encarou boquiaberta, ensaiando alguma fala.

— Bravo? – Perguntou chocada. – Não pode ficar bravo comigo por causa disso. – Resmungou cruzando os braços. 

— Ah não? – Arqueou as sobrancelhas. – Você armou para me deixar sozinho com a Peyton, Stella! Você fez isso de propósito e com intenções.

— Oh por favor, Mac. – Ela revirou os olhos. – Você fala como se tivesse sido algo horrível. Pelo que vi quando cheguei, eu diria que fiz uma boa ação.

— O que quer dizer com isso?

Seu olhar de obviedade o irritou ainda mais. Ele recordou de como odiava ver aquele olhar em discussões com a grega, era como se ela o chamasse de idiota, ou melhor, era como se ela gritasse que ele era um idiota.

— Você quer que eu volte com ela? – Questionou.

Stella não o respondeu. A falta de palavras dela não o feriu tanto, nem mesmo aquele irritante olhar o machucou mais que o sorriso que ela desenhou nos lábios. Não era um sim, mas, também não significava um não.

— Por que? – Perguntou. – Para que eu me distraia e você possa ir embora de uma maneira mais fácil?

O sorriso dela sumiram e seus olhos escureceram. Stella não havia gostado nada daquelas palavras que ele dissera e era bem visível. Mac engoliu a seco e se preparou para dizer algo, mas, Stella se antecipou.

— Eu sabia. – Resmungou a grega. – Eu sabia que você não tinha me perdoado por isso. – Sua voz tremulava a mágoa. – Você só estava esperando algum momento para jogar isso na minha cara, não é?! Para você não bastou o tempo que ficamos sem nos falar ? – Ela perguntou.

— Stella… – Ele disse, mas, ela o interrompeu.

— Não foi o suficiente para você o tempo que me ignorou e me odiou tão claramente que fez nossa afilhada se perguntar se a gente se odiava? – Era possível sentir a raiva dela. – Quer brincar de jogar na cara as coisas que machucam? Ótimo! Porque eu também posso fazer isso.

Os seus olhos verdes estavam marejados. Stella desviou o olhar dele e se virou de costas, ignorando-o. Mac sentiu-se o pior homem do mundo, ele se odiou por ter dito aquela primeira pergunta estúpida

— Eu cansei, Mac. – Voltou-se para ele. – Eu cansei de implorar seu perdão. – Ela limpou as lágrimas com as costas da mão. – Já foram tantas vezes.— Murmurou. – Eu não posso fazer mais nada se você não escolhe deixar isso para trás.

— O que isso significa? – Indagou com receio da resposta.

Stella desviou o olhar por alguns segundos. Quando Mac viu os olhos verdes novamente, eles derramavam lagrimas que ele sabia que ela tentara ao máximo evitar. Os seus lábios tremia e as mãos fechadas significavam que ela também tentava controlá-las para não tremer.

— Significa que se você não consegue deixar isso para trás, então talvez seja melhor você também me … – Ela parou quando sentiu sua voz embargar. 

— Te deixar? – Sugeriu sem ar em seus pulmões. – É isso?

— É uma escolha sua, Mac. – Advertiu limpando seu rosto. – Ou me perdoa e deixa isso para trás, ou guarda isso com você e joga nossa amizade fora. – Inspirou. – Agora é com você.

Mac viu Stella caminhar em sua direção e se aproximar o suficiente para abraçá-lo. Assim ela fez e o abraçou. O supervisor conseguiu escutar o soluço reprimido da grega em seu braços. Ele não sabia se ela podia ouvir seu coração batendo acelerado, mas, ele conseguia sentir as forças das batidas.

— Eu amo você, Mac. – Ela sussurrou. – Mas eu não posso segurar essa amizade sozinha.

Seus olhos queimavam junto com seu coração que naquele momento estava esmagado. Mac fechou os olhos e controlou-se ao máximo que podia para não desabar ali mesmo.

Flack estava tão distraído no carro ouvindo uma música aleatória no rádio que mal notou quando Mac se aproximou. Ele apenas encarou o lado do passageiro quando ouviu o som da porta se abrindo e viu o amigo entrar no carro.

Enquanto o esperava, Don pensou impaciente em mil coisas para dizer ao supervisor, tantas formas para questioná-lo sobre o que era aquela cena que viu quando chegou no quarto junto com Stella. Imaginou várias maneiras de repreendê-lo por cair nos braços de sua ex namorada. Mas quando viu Mac sentado ao seu lado, pode sentir que as coisas não haviam saído tão bem lá em cima. Era visível que ele estava arrasado. Don pensou que talvez, muito provavelmente Stella já tenha feito ele se sentir mal o suficiente por um dia.

— Mac, você está bem? – Questionou preocupado.

Mac assentiu em silêncio. O supervisor encarou o hospital e suspirou discretamente. Aquela cena fez qualquer raiva que Flack sentiu parecer nunca ter existido. O que tinha acontecido no quarto de Stella depois que ele saiu? Ele se perguntava. 

— Vocês dois brigaram? – Perguntou com um tom cauteloso. 

— Me deixa no laboratório, Don. – Pediu Mac. – Pode ser? – O olhou.

— É claro. – Concordou prontamente. 

Don deu partida e seguiu para o laboratório em um total silêncio. De vez em quando olhava para o lado e via seu amigo com o olhar perdido nas ruas movimentadas e cheias da cidade. Stella devia ter dito que o odiava para deixá-lo daquela forma. A mente de Flack quase riu daquele pensamento, afinal ele conhecia bem aquela mulher e sabia que Stella nunca diria aquilo para Mac.

Quando chegaram na porta do laboratório, Mac agradeceu a carona e desceu do carro rapidamente. Don o assistiu entrar no prédio e sumir de sua vista. O policial respirou fundo e se perdeu nas ruas à sua frente.

— O que você fez, Stell? – Falou sozinho.


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Notas finais do capítulo

E então ? Comentem, please !

OBS > São os comentários, suas opiniões que fazem a fic andar, quem estimulam os autores a continuar ! Fantasminhas, apareçam !! Também preciso de vocês, por favor.

Beijos ♥ até o próximo.



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