Em meio as várias pessoas ainda perdida sem entender ,o coração da pequena garotinha de olhos já lacrimejados batia forte de medo, ela olhou pelos lados procurando por alguém, por sua mãe ou pai mas era tão em vão. Alguns fios de lagrimas passaram a molhar seu pequeno e angelical rosto , seus dedinhos rapidamente as limparam, um toque de um carrossel passou a surgir e um sorriso inevitável surgiu em seus lábios, seus olhos rapidamente correram por todo lugar tentando achar o brinquedo e então em uma das direções, sua visão se focou somente em algo, em uma pessoa que estava parada sorrindo para a pequena Lucy.

Os passos lentos da menina se transformaram em uma corrida quando viu a mulher de cabelos cacheados com tom mesclado caminhando em sua direção, ninguém pareceu estar em seu caminho então quando chegou perto o suficiente, ela pulou em seu colo abraçando-a fortemente.

— Madrinha. – Chamou entre o abraço apertado.

— Hey, minha pequena garotinha. –  Ouviu o sussurro da madrinha enquanto a mesma alisava seus cabelos. 

Ao se afastarem, ainda  confusa e no colo de Stella, seus olhos verdes analisaram bem o rosto de quem sentia falta, ela não sabia bem o que estava acontecendo só que sua tia e madrinha tinha viajado e iria demorar um longo tempo a voltar. Com uma de suas mãos, ela acariciou o rosto tão conhecido e amado por ela e quando Stella sorriu mais abertamente, ela se contagiou e sorriu junto deixando a mostra o buraquinho em seu sorriso então ao se lembrar que estava sem um de seus dentinhos, seu sorriso se fechou e suas mãos cobriram sua boca  fazendo Stella rir.

— Você está tão linda ! – Elogiou fitando bem os olhos de Lucy.

Lucy nega com a cabeça envergonhada, mas, Stella balança sua cabeça positivamente contrariando a opinião da pequena Messer. Lucy tira suas mãos  e envolve seus bracinhos no pescoço da madrinha ainda por cima dos cachos bem formados e alinhados, ela se aproxima da curva do pescoço de Stella e repousa sua cabeça ali,  ficando abraçada com a madrinha que apoiou seu queixo levemente sobre sua cabeça.

— Canta pra mim, madrinha ? – Pediu fechando os olhos claros.

— Claro, querida, você tem alguma musica em mente ?

 – A nossa, dinda. – Ergueu seu olhar tentando enxergar Stella.

 – Ahh claro a nossa musica e qual seria ela, hum ? – Questionou.

Stella afastou seu rosto e Lucy levantou sua cabeça encarando bem a madrinha dessa vez. Em questão de segundos  a pequena Messer reparou que não estava mais onde encontrou sua madrinha mas sim em seu quarto decorado, desconfiada encarou a madrinha novamente.

— Vamos ! Me  conte sobre a nossa música. – Relou com um de seus dedos no nariz da menina que logo esqueceu o ambiente e voltou ao seu foco: a música.

Ela fez um bico e buscou algumas palavras, uma explicação para lembrar a madrinha a música que ela agora tanto amava.

— Aquela que a gente sempre dançava, a que você cantava para mim antes de dormir – Ela colocou a mão na testa ao ver a madrinha ainda a olhando curiosa. – A que fala do sol, madrinha.  –  Falou impaciente e Stella soltou um riso.

— Claro, essa musica. – Recordando da musica que a afilhada se referia.– A nossa musica. – Sorriu. 

Lucy voltou a se deitar em sua mesma posição assim como Stella que apoiou novamente seu queixo sobre a cabeça  da garotinha.

— Está pronta ?

— Sim, dinda. – Afirmou.

 – “… Here comes the sun, here comes the sun

And I say it's all right …”

(Lá vem o sol, lá vem o sol

E eu digo que está tudo bem)

Lucy sorriu feliz ao ouvir novamente o começo da música. Por mais que pedisse a sua mãe ou pai para cantar, nenhum sabia cantar a “musica do sol”, ambos não entendiam que musica era essa e também por mais que soubessem, seria diferente e Lucy não queria que fosse diferente, ela queria  ouvir a voz da sua madrinha cantando para ela.
       “ … Little darling, it's been a long cold lonely winter

Little darling, it feels like years since it's been here

Here comes the sun, here comes the sun

And I say it's all right …”

 (Queridinha, tem sido um inverno longo, frio e só

Queridinha, parece que foram anos desde que esteve aqui

Lá vem o sol, lá vem o sol

E eu digo que está tudo bem)

Lucy sentiu que estava sendo acomodada em sua cama, ela  abriu os olhos e viu Stella a cobrindo e logo depositando  um beijo em sua testa. Então Stella se deitou ao seu lado, e suas mãos acariciavam seus cabelos.

“ … Little darling, the smiles returning to the faces

Little darling, it seems like years since it's been here

Here comes the sun, here comes the sun

And I say it's all right

And I say it's all right …”

 (Queridinha, os sorrisos estão voltando aos rostos

 Queridinha, parece que foram anos desde que esteve aqui

Lá vem o sol, lá vem o sol

E eu digo que está tudo bem

E eu digo que está tudo bem  ...)

Os olhos pareciam ficar pesados, Lucy rapidamente buscou a mão de sua madrinha entre seus cabelos e quando pode senti-la a agarrou trazendo perto do seu coração. Tentando ficar acordada ela desviou o olhar para a madrinha que havia parado de cantar.

— Não acabou a musica ! – E o famoso sorriso de canto de Stella surgiu.

— Você precisa dormir, meu anjo. –  Novamente apoiou o queixo em sua cabeça. – Vamos, feche os olhos e durma, minha princesa.

— Você vai estar aqui comigo quando eu acordar, tia ? – Perguntou com seus olhos já vencidos.

— Eu sempre vou estar com você, amor.  – Sussurrou. – Sempre com você, entendeu ?! – Lucy concordou sonolenta quase entregue.  – Eu amo você, Lucy.

 – Eu também amo você, madrinha. – Se entregou ao sono.

...

A garotinha pulou assustada, ao olhar ao redor de seu quarto tudo o que conseguia ver era a porta entre aberta. Com um pulo ela saltou da cama e correu procurando por alguém, quando chegou na sala encontrou sua avó sentada que percebeu a presença da menina.

 – Lucy, amor, acordou ? – Largou o seu bordado e abriu os braços para a neta.

Lucy olhou por toda a sala, seus olhos se encheram de lagrimas e em seguidas ambas saíram, sua avó de cabelos loiros e olhos verdes iguais aos de seu pai veio até a pequena curiosa a tomou em seus braços.

 – O que houve, meu amor ? – Questionou preocupada. – Está com alguma dor ? – Lucy negou.  – Então conte a vovó Dayse o que aconteceu. – A menina deitou a cabeça em seu ombro.

— A dinda, vovó. – Contou desanimada.

Dayse Messer sabia do ocorrido, Danny havia lhe contado o que havia acontecido e o que havia dito a Lucy, por mais que discordasse de mentiras não era conveniente que Lucy aos cincos anos de idade passasse por um momento como esse, não queriam que tivesse um trauma.

— A dinda está viajando, meu bem, lembra que o papai lhe contou isso ?  Mas, eu acredito que ela volta logo. – Sorriu ao se sentar no sofá.

Lucy encarou a avó.

 – Eu sonhei com ela. – Dayse sorriu encantada ao ver os brilhos nos olhos da menina.

— Isso é bom, querida, mas não fique triste, eu aposto que sua madrinha gostava de ver você bem feliz e sorridente. – LAlisou seus cabelos. – Agora vamos tomar um banho para que a mocinha mais linda dessa cidade tome o café da manhã bem cheirosa, está bem ?! – Lucy sorriu e concordou.

Lucy saiu do colo da avó e ambas caminhavam para o banheiro de mãos dada mas antes uma curiosidade de Lucy foi lançada e a fez parar no meio do corredor.

— Conhece a musica do sol, vovó ? – Questionou e olhou a avó.

— Não, eu não conheço. – Negou e Lucy sorriu vitoriosa.

— Eu conheço, a tia Stella que cantava pra mim. – Voltou a caminhar na frente da avó. – Eu canto e ensino a senhora, vovó, vem ! – Entrou no banheiro, deixando uma Dayse Messer sorrindo no corredor.

 – Lucy, Lucy ! – Voltou a caminhar atrás da neta.