Angelus escrita por um lorde


Capítulo 4
Capítulo 4 - Captura


Notas iniciais do capítulo

Faz muito tempo!!! Mas sempre é hora de retomar. Eu mudei um pouco o rumo da história, pra melhor, claro.



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Raphael estava pasmo diante da surpresa inesperada. Sequer sabia o que dizer. Ofegava. "Quem era aquele rapaz?" "De onde ele veio?" "Como ele sabia o seu nome?" "Como ele fazia aquilo? Ou... Como também fazia aquilo?" Se perguntava essas coisas dentro de sua mente um tanto assustada. Preparou-se para o pior. Enquanto isso, o outro rapaz apenas sorria, um sorriso tão largo que parecia que ele queria rir.

— Podemos começar nos apresentando! – Disse o loiro, rompendo o silêncio.

— Como?

— Você tem várias perguntas pra fazer, a melhor maneira de começar é se apresentando formalmente. Vamos de novo... Chamo-me Gabriel!

— Ér... Então... Oi! Eu me chamo Raphael!

— É, eu sei. Não imagina o quanto te procurei.

— E por que você estava me procurando? Você não é daqui né?

— Não mesmo, sou Português. Viajei muito atrás de você!

— E porque você estava atrás de mim?

— É uma longa história... Vamos, estamos perdendo tempo e nós não temos tempo a perder. – Disse Gabriel saindo.

— "Vamos"!? Pra onde? – E Raphael o acompanhou. - Nem sei quem você é ainda! E a propósito, como sabia meu nome? – Perguntou o acompanhando.

— Nos últimos minutos já tomei conhecimento de sua vida quase toda, antes mesmo que você me explicasse ela.

— Que? Como assim? Como você faz isso?

— Você pensou que era o único não é? Com certeza deve ter pensado também que não teria consequência ter poderes telecinéticos, brincar com eles, usá-los para os próprios fins, defender-se... - Parou e virou-se para o rapaz – É! Eu também já pensei assim! – Prosseguiu.

— Quê?

— Você pensa que a sua infância foi terrível porque uns brinquedos se moviam e chamavam você de demônio. Passei minha infância ouvindo vozes, fui internado ainda criança e diagnosticaram esquizofrenia. Diziam que eu era louco e muito doente por ouvir vozes más, quando na verdade tudo o que eu ouvia era o pensamento sujo deles.

— E quando tudo isso parou?

— Por volta dos cinco anos também, mas disseram que esquizofrenia não tem cura e que eu tinha de ficar em observação constante, até os sete anos fiz várias sessões de psicoterapia, seções intermináveis. E ainda tive de conviver com o título de "doido". Com o preconceito. Mas só voltei mesmo a ouvir as "vozes" ano passado, quando minha avó morreu. Passei pela minha fase "todo poderoso" me vingando de pessoas, manipulando mentes e aí comecei a enfrentar dilemas sérios sobre isso.

— Como assim?

— Sua vida deve ter sido tão intensa que você ainda não teve tempo de se perguntar porque você tem isso ou pensar em como sua vida vai mudar agora que você voltou a usar suas habilidades paranormais! Mas depois de brincar bastante com a mente das pessoas, eu parei pra pensar nessa questão. Se eu tenho essa... Coisa, vai saber o que está havendo, será que eu posso estar realmente doente, uma doença nova, letal, vai que eu podia morrer, ou sei lá e se outra pessoa tivesse isso também. Será que outras pessoas enfrentavam essa doença. Então eu fui pesquisar...

— O que achou?

— Nada além de histórias sobrenaturais indistinguíveis falsas de verdadeiras. A internet não podia me ajudar e eu tinha medo de contar pra alguém e acabar de novo num sanatório. Ai eu me toquei que tenho uma rede de comunicação muito mais eficiente que a internet.

— A rede de mentes.

— Exatamente! – Confirmou Gabriel.

— Com o dinheiro da herança da minha vó, comecei a viajar pelo mundo procurando relatos, averiguando informações, vasculhando memórias. Sabendo fazer o que eu faço, não é tão difícil procurar por pistas.

— E foi assim que você me achou...?

— Hm rum.

— Espera, espera! Como você sabia que realmente existia alguém igual a você? Que não estava seguindo uma estrada falsa?

— Eu não sabia, Raphael. Tive sorte. É o terceiro país que venho, assim que pisei aqui senti que estava perto, as pistas me trouxeram até essa cidade e acabei encontrando você.

— Quer dizer que você também não tem certeza do que somos?

— Não! Sei tanto quanto você, ter te encontrado apenas confirma minha hipótese: provavelmente não estamos sozinhos.

Os dois chegaram até um parque bem verde e aconchegante, uma brisa fresca corria e os únicos raios de sol eram os filtrados pelas folhas das árvores, fazendo feixes amarelos de luz e cobrindo o parque de uma sombra gostosa. Havia um lago, flores, pássaros, borboletas e uma longa pista de corrida, via-se famílias passeando com os animais, casais namorando, amigos fazendo piqueniques, pessoas lendo, outras correndo e ouvindo músicas, crianças brincando. Gabriel sentou num banquinho de cimento ao redor de uma mesa, também de cimento, junto com Raphael.

— Então Gabriel... Quer dizer que nós dois somos estranhos. – Disse Raphael tentando puxar assunto.

Gabriel deu uma risadinha.

— Quer ver algo estranho? Ó! tá vendo aquela moça. – Apontou para um loira de vestido branco.

Raphael fez um sinal com a mão esquerda abrindo o punho e apontando a palma para a moça. Nesse instante, a saia do vestido subiu e ficou dançando fazendo a loira brigar contra o pano para mantê-lo abaixado.

— Aquela? – Perguntou Raphael.

— Ah... – Olhou pra Raphael com uma certa desaprovação - Pois bem! Não posso fazer algo assim. – E mudou seu olhar para a moça. - Mas posso saber que nesse momento ela... Mary, esse é seu nome, que coincidência, está envergonhada, não muito. Mais finge estar do que está realmente. Ela é solteira, só não é "mocinha" como finge e... Nossa!

— Que foi?

— Ora vejam só, ela está grávida. Dá pra sentir a consciência dele, é uma mente tão fraquinha... Mary não sabe ainda! Espera, ela não sabe nem quem é o pai... Mas... Ela tem encontros frequentes com um amante, o nome dele é John e... - Olhou ao redor - Ele está aqui no parque. – Gabriel moveu a cabeça como se procurasse alguma coisa. – John Health, encontrei ele, está perto da lagoa... Com a esposa e... Os filhos, trouxe os três, ele tem três filhos: Peter, Catherine e Lewis. Só o mais novo, Lewis, é filho do casal, os outros dois são de outro casamento. Esse cara é um cafajeste, Mary não é a primeira amante dele, ele teve outra, na verdade, outras, a última foi... Genna. Deixa eu ver se... Não, ela não está aqui no parque...

— Pera, pera, legal isso, mas... Como sei que você não está mentindo? Você pode muito bem...

Gabriel o interrompeu botando um dedo na testa de Raphael e desviando seu olhar azul novamente para a garota. A mente de Rafa fez uma viagem expressa atravessando a pista até chegar a ela. Num instante, Raphael despertou vendo pelos olhos azuis da moça, ouvindo pelos seus ouvidos, cheirando por suas narinas e sentindo o vento por sua pele macia, por seu rosto lisinho maqueado. Tinha acesso a lembranças que não eram as dele e emoções que ele nunca havia sentido. Sentia um corpo diferente e o próprio mundo parecia diferente. O céu, as flores, as ideias, as moças, os rapazes. Ele próprio começou a se perder na mente de Mary. Noutro instante, tudo se retraiu e a consciência do garoto voltou ao seu devido cérebro. Gabriel tirou o dedo da cabeça de Rafa.

— Uaaau! Isso foi incrível!

— É! Eu sei. Acredita agora?

— É! Agora eu acredito com certeza.

Gabriel estendeu a mão para o céu e girou-a. Um bando de passarinhos veio voando na direção deles, estavam assobiando "Primavera" de Vivaldi. Um show aéreo dando voltas ao redor deles. Raphael ficou deslumbrado.

— Você tem muitas surpresas!

— É, sei disso também! – Disse imodesto

— Você domina tudo que tem cérebro?

— Tudo o que pensa, tudo que tem instinto, tudo que tem um cérebro. A minha habilidade, me dá acesso e controle a mente, a consciência e as memórias de qualquer coisa que possua tais virtudes. – Fez um sinal de mãos como os de um maestro e cessou o coro. Os passarinhos se dispersaram.

 Raphael estava boquiaberto com a apresentação, retornou a si e bateu palmas.

— Obrigado, obrigado. – Agradeceu Gabriel. De repente muitas vozes acometeram Gabriel ao mesmo tempo como um zumbido violento, ele sentiu uma pontada na cabeça como uma ligeira dor de cabeça. Foram só por alguns instantes, mas o deixaram tonto. Um pressentimento ruim agarrou-se a seu peito.

— O que houve? Você tá bem? – Raphael perguntou preocupado.

— Tá, tá tudo bem. Foi só um pressentimento, acontece às vezes quando algo ruim está prestes a ocorrer.

— Com você também? – Raphael perguntou interessado

— CUIDADO!!!

Um homem encapuzado avançou na direção de Raphael com uma faca. Gabriel levantou e o parou de forma súbita.

— O quê? - Proferiu o homem. - Outro?

— Ele é capanga do Jeff! - Disse Gabriel. - E não está sozinho. Vamos sair daqui!

Os rapazes deixaram o parque e correram pelas ruas, tomaram e seguiram pela avenida até um complexo de vielas estreitas na tentativa, sem sucesso, de despistar os encapuzados. Aquelas ruelas eram usadas como quintal dos fundos para lojas e restaurantes e varias caixas, latas e sacos de lixo ficavam jogados ou empilhados por lá. Tentaram usar os elementos a seu favor, derrubando-os, para atrasar os perseguidores. Mas a fuga parecia ter chegado ao fim quando Gabriel e Raphael se depararam com um muro de tijolos bloqueando a passagem. Os dois se olharam com determinação.

— Agora nós pegamos vocês. - Disse um dos homens surgindo na entrada do beco sem saída. Os demais agressores chegaram logo atras.

— Você que pensa. - Desafiou, Gabriel. - Raphael! 

Raphael virou-se estendeu as mão para o muro e em seguida abriu os braços. Os tijolos se desacoplaram e se recolocaram ao redor dos agressores, formando um cubo de barro que os aprisionou em meio a gritos e reclamações. Os dois se aproximaram e o moreno removeu tijolos suficientes para uma janela pequena.

— Por que vocês estão fazendo isso? - Perguntou Raphael. - O que eu fiz pra vocês?

— Você é um demônio!  Não queremos você infernizando esta cidade. - Alegou um dos homens.

— Que besteira! - Reclamou irritado. - De onde vocês tiram isso?

— Nós vamos expurgar todos vocês! Vamos expurgar vocês do mundo todo!

Gabriel despertou a atenção como quem escuta um detalhe muito importante.

— Do mundo todo? Ta de brincadeira! - Raphael ironizou. - Vocês e mais quantos?

— Não, Raphael! 

— O que disse, Gabriel?

— Não são só eles. Tem outros. É maior do que você pensava.


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