Angelus escrita por um lorde


Capítulo 3
Capítulo 3 - Acusações


Notas iniciais do capítulo

Okay! Desculpem a demora O///O É que passo muito tempo revisando pra deixar bem legal! Mas cumpri o prazo ;) Bom... Está aí, espero que gostem.



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– Tia Clariceee! – Uma voz masculina gritava batendo freneticamente na porta dos Hasford. - Tia Clariceee!

O relógio apontava 6:30, a mãe de Raphael veio correndo de pantufas e ajeitando seu roupão atender o chamado na entrada. Abriu. Era o moço Jonas com uma expressão cansada carregando seu filho, Raphael, desfalecido e muito machucado. Clarice arqueou as sobrancelhas e levou as mãos até a boca apresentando espanto.

– Meu Deus! – As lágrimas alcançaram a vista – O que...? Anda, anda, entre!

– Onde eu coloco ele?

– L-lá pra cima, no quarto dele.

Jonas subiu as escadas com um pouco de dificuldade carregando o peso de Raphael. Entrou no quarto dele e o posicionou em sua cama. Em seguida desceu voltando para sala com a mãe do amigo, que atirou-se em uma poltrona e abaixou a cabeça sustentando-a com as mãos entrelaçadas entre os cabelos e apoiando o cotovelo nas coxas.

– A senhora está bem? Aceita alguma coisa? Uma água com açúcar, um café? – Perguntou Jonas à Clarice sentada no sofá.

– Não, não, obrigada! O... O que aconteceu lá?

– Eu vou fazer mesmo assim! – Deu de ombros ignorando a segunda pergunta e seguiu para a cozinha que era separada da sala por uma bancada.

Clarice sorriu de lado enquanto uma lágrima caía e ela tentava aparar.

– Quem fez isso com ele?

– Eu, eu não sei. Nós estávamos caminhando até a moto dele e eu senti uma pancada na minha cabeça, daí eu apaguei. Quando eu acordei ele estava se contorcendo de dor e...

– Deus do céu! Quem pode ter feito isso? Você viu quem?

Jonas voltou com uma xícara de chá de colônia.

– Não... Quando acordei não tinha ninguém lá, só o Rapha, mas as coisas estavam uma confusão. Como se um furacão tivesse passado por lá! E... Tinha um carro pegando fogo!

– Meu Senhor! Tentaram matar meu filho! Ele está correndo perigo! – E novamente os olhos se encheram de lágrimas, dessa vez, elas jorraram.

Jonas largou a xícara em cima de uma mesinha de centro e se ajoelhou de frente a mãe de seu companheiro, tentando confortá-la.

– Não tia! Não! Vai ficar tudo bem! Talvez não tenha sido nada, talvez... Olha! É melhor você tentar dormir e esperar... Talvez Raphael saiba melhor...

Clarice respirou fundo levantando o rosto inchado e passou a mão nos cabelos castanhos.

– Tem razão! Talvez não seja nada. – Suspirou tristemente - Já deveria até ter me acostumado, né? Não é a primeira vez! – E esfregou os olhos ainda soltando alguns gemidos tristes, respirou fundo novamente e balançou a cabeça. – Obrigada, Jonas!

– Não tem de quê...

– Não! Obrigada mesmo, pela sua amizade com meu filho. Você é um dos únicos amigos que ele tem!

Jonas ficou um pouco constrangido.

– Vamos, acho que você precisa de uma carona pra casa!

– Não se preocupe tia, se você não estiver...

– Não! Eu estou bem. – E chamou: - Sophie!

A menina veio correndo até a cabeça da escada com seu pijaminha rosa de smiles amarelos.

– Você estava brincando Sophie?

– Estava titia!

– Vamos ali com a titia deixar um amiguinho na casa dele!

– JONYYYY – Disse a menina percebendo a presença do rapaz!

– Grande Pequena Sophie!

A menina correu para abraça-lo.

– Jony! - Disse a garotinha sussurrando em seu ouvido. - A Marrie gosta de você.

– Quem é Marrie?!

– Ela é minha boneca, mas não diz isso pra ela, ela acha que é uma princesa!

– Porque não vai busca-la e leva ela com a gente?

Ela confirmou acenando com a cabeça e voltou para pegar sua boneca apaixonada. Foram brincando no carro a viagem toda, eles usaram também alguns brinquedos que Sophie esquece no carro quando sai e ficam debaixo dos bancos rolando. Uma aranha gigante estava prestes a engolir a princesa das fadas quando a viagem acabou. Sophie fez uma cara de decepção infantil, mas Jonas prometeu que iam continuar a brincadeira depois, ainda disse um magnífico “CONTINUA...” para oficializar a promessa. Clarice estacionou no portão da casa de Jonas, ele deixou o carro acenando para Sophie – que retribuiu – bateu a porta e se despediu. O carro deu a partida e saiu, um pouco a frente deu uma curva e seguiu de volta para casa. Clarice acabou passando pelo local onde tudo havia acontecido, percebeu a troca de luzes azul e vermelha e os carros da polícia e viu pessoas jogando baldes de água no carro em chamas.

– O que aconteceu aqui titia? – Perguntou Sophie olhando pela janela do automóvel.

– Eu não sei Sophie, eu não sei. – Clarice levantou o vidro da janela e partiu.

De longe, olhos espectadores observavam interessados no que havia acontecido. Alguém guardado nas sombras, apenas analisando. Esperando o momento de agir.

Naquela noite, um total de dez rapazes entraram no hospital com ferimentos sérios, alguns até com ossos quebrados. Estavam alterados e com delírios. Um deles, o reverendo Jeff, não aceitou receber ajuda médica tamanho era o seu desespero para procurar a polícia. Denunciou Raphael como culpado de tudo isso, disse que ele deveria ser preso imediatamente e que todos corriam perigo. A polícia, que não era de Nothingland, mas do município vizinho, nada fez, já que não havia provas contra o garoto. E além disso, referendo Jeff já era conhecido.

Reverendo Jefferson Croey, dirige uma pequena seita auto julgada cristã. Se reúnem num casebre nanico e costumam “caçar demônios” pela cidade. Acreditam que o apocalipse já está começando e que portais para o inferno são abertos paralela, alternada e aleatoriamente pelo mundo para afoga-lo em caos, e que eles, sob o comando de Jefferson, são divinamente responsáveis pela salvação daquela cidade que está sobre ataque das trevas. Com essa teoria fantástica, Reverendo Jeff conseguiu em média vinte seguidores que constantemente declaram o demônio em alguma coisa e logo começam uma série de rituais purificadores e bla... Bla... Bla... Desde sua fundação, eles planejam destruir Raphael, que consideram ser o enviado do Diabo.

A fama de Raphael naquela cidade, se já era ruim, estava prestes a piorar. E a de Jeff, a disparar. Depois do que aconteceu essa noite, mesmo a polícia não acreditando na história, muitas pessoas, com a mente mais fraca, acreditaram de fato na responsabilidade de Raphael pelo que acontecera. E Jeff, claro, tinha o seu discurso preparado para esse momento. E seu testemunho contava com seus hematomas, ferimentos e um braço quebrado. Foi uma madrugada de glória para o reverendo, todos os seus fiéis foram busca-lo na casinhola onde a seita se reúne. E não era só isso, eles somavam com outras pessoas que foram ouvir a palavra de Jefferson Croey, vítima do ataque sombrio do enviado infernal. Tinha umas 60 pessoas no templete, nem havia espaço para todas no cubículo. Algumas até ficaram do lado de fora.

Pela manhã, havia uma multidão ao redor da cena do incidente, que estava sendo isolada pela polícia enquanto a perícia examinava o local. Jeff prosseguia na sua tentativa de convencer os tiras do evento sobrenatural que ali acontecera, até explicava detalhadamente o ocorrido. As armas voando, a ventania... O máximo que conseguiu, foi convencer um pouco o xerife de Nothingland.

Enquanto ele reencenava os movimentos, percebeu o rapaz chegando com um capacete. Raphael.

– Foi ele, isso tudo é culpa dele! – Disse Jeff apontando para o rapaz, fazendo a multidão logo se agitar e protestar contra o garoto, deixando-o sem ação.

Se aproximava então um homem alto, branco e forte de barba castanha, fardado com uma camisa branca de botões vermelhos, um avental na cintura da mesma cor e um nome em marrom no peito esquerdo: “Coffee”.

– Que que tá havendo aqui? – Disse ele.

– Pai? – Raphael percebeu.

A multidão fez um “oh” de surpresa.

– Este homem! – Gritou Jefferson aproximando-se - Está ciente das coisas malignas que o filho faz? – Inquiriu.

– Coisas malignas?

– Ensalmo. Vodu. BRUXARIA! – Exclamou o reverendo. – Você sabe que ele está possuído... Por um demônio?

– Bruxaria?! O senhor está lúcido? Deveria ter vergonha de incitar isso contra um adolescente! Farsante.

– Ó Senhor, abra os olhos deste cego que não quer enxergar a verdade. Vamos orar por esse homem, povo, vamos ora... – E um murro cessou a sua pregação, Jeff foi acertado no nariz pelos punhos de Cornelius, pai de Raphael, que o derrubou com o nariz sangrando.

– Pense bem e meça as palavras para falar do meu filho. Seu bandido! – Os policiais avançaram na direção do homem. - Saiam! Me deixem em paz. Vamos Raphael! – E puxou o filho que o seguiu até a cafeteria.

A cafeteria era um ambiente pequeno, mas bem agradável, era tomado pelo cheirinho de café e era toda decorada em tons de vermelho, preto e marrom, com uma única vitrine que iluminava bem o jacinto estreito. Parecia um corredor com mesa dos dois lados, a direita ficava a vitrine e a porta de entrada e do outro a parede, com quadros de xícaras fumaçando, grãos e jatos de café. No final do corredor tinha um balcão com um radinho de madeira cuja a música que tocava era a fonte de som do ambiente, atrás do balcão uma porta e uma janela davam acesso para a cozinha onde trabalhava Rubens, amigo de Cornelius e da família. No momento, apenas duas mesas, das dez, estavam ocupadas. Em uma, perto da vitrine, sentava um casal que conversava baixinho e de vez em quando davam uns sorrisos e eventualmente um selinho: ele comia um sanduiche com suco e ela, alguns biscoitos e café. Na outra, no fundo, tinha um homem sozinho, de chapéu e óculos escuro, estava de cabeça baixa e tomava apenas um café.

– Sente ali, eu vou... Preparar alguma coisa pra você. – Disse o pai, o levando até uma mesa no canto e seguindo para a cozinha.

Quando o menino sentou, o homem de chapéu se alarmou e ergueu a cabeça, mas não olhou em direção alguma, parecia mirar a parede, como se fosse cego e estivesse ouvindo ou sentindo algo. O casal deu uma olhada pra ele e soltou uma risadinha da atitude estranha.

– Rafa! – Disse outro homem se aproximando.

– Fala, Rubens! – Respondeu Raphael.

– Mais confusão pra você né rapaz? – Rubens é gordo, de pele branca, peludo e tem uma barba preta estilo Mutton Chops. Estava usando a mesma farda que o pai de Raphael, mas acrescentando uma toca de cozinheiro.

– Pff! Nem fala.

– Você tá machucado. Arranjou briga?

– Eu? Arranjar briga? Foram os idiotas do Jeff.

– Putz! Eles te bateram? E o que você fez?

– Tentei me defender, mas ele me nocautearam. – Mentiu.

– Uh! Que chato.

– É, mas eu dei uma lição nele! – Disse Cornelius trazendo uma xícara de café para Raphael.

– Bofeteou aquele cafajeste? Uh! Como eu queria ter visto isso. – Riram.

– Ai, ta bom! Hora de voltar lá pra dentro Rubens. – Intimou Corneliu e os dois voltaram para a cozinha. O sino na porta badalou, um senhorinha entrou e o pai de Raphael foi atende-la.

Raphael tomava seu café quando o celular apitou. Ele tirou do bolso e viu umas quinhentas mensagens em seu celular. A maioria de Cecilia. Esqueceu-se completamente da escola, mas a essa altura não adiantaria mais correr, já estava muito atrasado. Então desistiu de ir para a aula, começou a ler as mensagens.

“Ruiva: Rapha como é q tu tá?
– 11:34 p.m.”

“Ruiva: Rapha ta tudo bm?
– 11:35 p.m”

“Ruiva: Jonas me contou o q aconteceu!
– 11: 35 p.m.”

“Ruiva: RAPHA RESPONDE!!
– 12:02 p.m.”

“Ruiva: Vc quebrou alguma coisa?
– 12:04 p.m.”

“Ruiva: C vai p. aula?
– 5:10 a.m.”

“Ruiva: Rafs, vamos se encontrar hj
– 7:20 a.m.”

“Ruiva: Kd tu mermão?
– 7:40 a.m.”

“Ruiva: Rapfs ta todo mundo comentando sobre vc
– 8:01 a.m.”

“Ruiva: Rafs o Jeff fez alguma coisa contra vc?
– 8:02 a.m.”

“Ruiva: responddeeeeeeeee
– 8:03 a.m.”

Rapha decidiu mandar uma mensagem dizendo que estava vivo!

“Eu: Oi Ceci, tô bem
– 8:20 a.m.”

...

...

“Ruiva: ALELUIA!
– 8:22 a.m.”

“Ruiva: Kd vc ein?
– 8:22 a.m.”

“Eu: Não vou hoje :/
– 8:22 a.m.”

“Ruiva: Oh! Sério? ¬¬’ Onde é que você tá?
– 8:23 a.m.”

“Eu: Na cafeteria do meu pai
– 8:23 a.m.”

“Ruiva: Tá todo mundo falando umas coisas de vc!
– 8:24 a.m.”

“Ruiva: Tão dizendo que você atacou o Jeff, acredita?
– 8:24 a.m.”

“Eu: Acredito, ele já levantou uma multidão furiosa contra mim
– 8:25 a.m”

“Ruiva: ‘0’
– 8:26 a.m”

“Eu: Pois é...
– 8:26 a.m.”

“Ruiva: E agr?
– 8:27 a.m.”

“Eu: agr eu tô fu*ido :)
– 8:28 a.m.”

Rapha bloqueou e guardou o celular de novo no bolso e continuou tomando seu café. Pensou um pouco, mexeu com a bebida, riscou a mesa com a unha, alinhou os componentes da mesa, suspirou entediado e levantou para ir falar com seu pai, no caminho se esbarrou na velhinha e derrubou sua carteira.

– Oh Senhora! Desculpe–me – Disse Rapha e se abaixou para apanhar o objeto. – Com licença, aqui sua carteira.

A senhora não se moveu.

– Senhora. – Chamou novamente, tocando em seu ombro.

Ela continuava imóvel, sorridente. Raphael cutucou-a, mas ela parecia paralisada, deu uma olhada para o balcão e seu pai estava estátua sobre ele, segurando uma flanela, mas não se movia. O mesmo acontecia com o casal que parecia uma fotografia viva de comercial de bombom de chocolate, Rapha olhou para o fundo e o moço misterioso fitava a parede, ereto em sua poltrona, ainda como se estivesse em alerta de algo, também imóvel. Olhando pela vitrine, do lado de fora, as árvores ainda dançavam ao soprar do vento, mas todas as pessoas estavam paradas e não havia outro som se não o do choque das folhas. Rapha coçou a cabeça, confuso. Ele saiu da cafeteria e foi andando, desnorteado, atônito. O que estava acontecendo com o mundo? Por acaso ele estava fazendo isso? Será que ele controlava mesmo suas habilidades?

– Olá Raphael! – Disse uma voz distante, ecoando. – Está tudo bem!

– Quem diz isso? É você que está fazendo tudo isso? – Perguntou Raphael ao vento.

– Acalme-se! – Disse o eco – Uma coisa de cada vez!

– Onde você está?

– Bem perto de você! Olhe pra trás.

Raphael virou-se e viu, escorado numa árvore, o homem misterioso da cafeteria, com seu chapéu e seus óculos escuros. Ele tirou a cobertura da cabeça exibindo seus cabelos loiros. Não era um homem maduro, mas um jovem de mais ou menos uns 17 anos. Caminhou até Raphael que estava de frente a uma fonte, tirou os óculos revelando seus belos olhos azuis e estendeu a mão para cumprimenta-lo. Nesse momento, todos voltaram a se mover, carros estavam de novo andando, ouvia-se latido de cachorros e os pássaros voltaram a cantar.

– Você não é o único com truques Raphael! – E prosseguiu sorridente. - Prazer, me chamo Gabriel.


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Notas finais do capítulo

Ú.Ù E aí? O que vocês acham desse cara novo, o Gabriel? Qual suas expectativas pra ele? Já temos dois caras "habilidosos", o que vai acontecer agora? Não percam o próximo capítulooo '0' '0' '0' Até quinta vai estar aqui. Abç



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