Miss Right escrita por BangLoma


Capítulo 3
Tormenta




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Passos lentos, respiração calma Haru caminhava até sua casa olhando tudo em seu caminho, sentia suavemente o cheiro da chuva que já tinha passado há um tempo, as ruas estavam consideravelmente vazias talvez por causa da chuva de uma hora atrás. A chuva deu espaço para um céu limpo repentinamente a lua relutava a aparecer naquele momento, mas apareceu de certa forma com seu brilho meio ofuscado, poucas estrelas se demonstraram e aquela brisa gélida agora estava mais fria por causa da chuva.

Suas mãos ficavam encolhidas segurando as longas mangas da camisa xadrez vermelha de Ryan. Ao longe alguns olhos a seguiam a garota cada movimento, cada pulsação, cada passo que ela dava lentamente. A sensação de perseguição começou a correr pela sua pele, passando pela sua espinha, eriçando os pelos do braço.

Sentia a presença do medo aparecer, começara a andar quase correndo novamente, ela olhava para a outra calçada, mas não via ninguém, virava-se de costas andando, mas também não havia ninguém que parecesse segui-la. Em frente a sua casa ela se jogava contra o portão para abri-lo mais rápido, fechou-o e adentrou em casa.

Pegou seu celular e ligou para alguém.

–Você pode vir para cá?

–O que aconteceu Layla? –Uma voz masculina e preocupada perguntava do outro lado da linha.

–Sinto que todas as vezes que saio... Quando estou voltando alguém me segue, isto pode ficar perigoso.

–Layla, algum amigo não pode acompanha-la até em casa?

–Não quero incomodar ninguém...

–Layla você vai precisar pedir para alguém te acompanhar. Eu não posso ir agora, estou muito ocupado estas semanas, quando eu puder vou ai te fazer uma visita e verificar o que lhe ocorre, tome muito cuidado, por favor. E pede, por favor, por favor, mesmo que alguém lhe acompanhe do caminho de ida e volta da escola, ou sei lá em qualquer lugar que vá.

–Chame-me pelo primeiro nome... Não sei não gosto da ideia de incomodar alguém, mas gosto menos de ser seguida e já estou ficando com medo disso tudo.

–Tenho que desligar agora. Cuida-se Layla.

–Tchau, se cuide também...

Haru entrou em seu quarto, e abriu a janela pegou um livro e se sentou na cama, se sentia tão confortável com a camisa de Ryan que se esquecera de tira-la e apagou com o livro em mãos.

~~~~~~

As ruas sombrias e desertas, a noite profunda uma única casa no final da estrada nada nem ninguém se encontrara lá, mas o frio na espinha a acompanhava, mesmo assim se aproximara do casarão velho e abandonado, olhou para rua e em meio a ela viu um homem de preto parado a olhando friamente, seus olhos demonstravam alguma obsessão por ela, com medo a garota correu para a casa pode entrar com facilidade a porta estava aberta como se esperasse por ela.

“Se isto for uma armadilha então já estou pega.”

O homem se aproximou lentamente e entrou avistou a garota e foi andando até ela. Haru se afastava andando de costas para poder ver por onde ele vinha.

–Quem é você? O que queres comigo?

–Eu te conheço, mas será que você me conhece? O que eu quero? Você é o que eu quero.

Ao ouvir a resposta à garota correu pela casa que simplesmente virou um labirinto sem fim, a voz do homem ecoava:

–Eu vou te achar, não adianta correr de mim, eu sempre te acho.

O homem colocou a mão no ombro da garota que se encontrava ofegante e suando, se aproximou de seu ouvido e sussurrou:

–Te peguei!

“Névoa negra e noite pegajosa

Uma noite negra onde nada pode ser visto

Eu seguro no que toca minha mão

Mas o que pesou mais foi à existência louca

Se não houver problemas, apenas desapareça, para eu nunca mais te ver.

Eu não vou dormir por mais tempo

O que você vai fazer? O que você vai

Se não houver problemas, apenas desapareça, para eu nunca mais te ver...

... Pesadelo, essa noite escura me sufoca novamente.

Eu não dormirei, oh”

~~~~~~

Haru acordou ofegante e assustada, tremendo de frio, uma mistura de medo e desespero, infelizmente ainda era madrugada, decidiu tomar um banho para esfriar a cabeça e tentar aliviar a tensão.

Como não iria conseguir dormir novamente decidiu lavar a camisa de Ryan e colocar na secadora, para que até a hora de ir a escola estivesse seca e pudesse passa-la para devolver a ele em perfeito estado.

~~~~~~

Ryan estava sonhando acordado sentado em sua cama olhando para o teto.

–Flores, garota, labirinto, cheiro, familiaridade, se ao menos eu pudesse ver seu rosto... Talvez eu te conheça... Talvez seja ela, mas por quê? Qual o sentido de tudo? Oh baby you got me crazy... –Ryan deu um longo suspiro, e passou seus dedos pelo seu cabelo.

–Eu entro quando quero, saio quando quiser, eu sei quem ela é, eu conheço aquele lugar. Como? Como eu sei? Tudo bem o sonho é meu, mas é um mundo aparentemente desconhecido. Eu nunca criaria um labirinto que eu não saiba sair...? Será mesmo que eu não sei sair? Ela diz tanto que eu conheço.

“Olhe os mínimos detalhes que ninguém vê o exterior que todos veem já esta desgastado.”

–Os mínimos detalhes, detalhes, o que será que deixo passar?

“Mesmo quando acho que chego há algum lugar eu acabo não saindo da onde estava.”

–Isto é tão irônico.

É apenas mais um mistério de muitos que aparecem e poucos se importam, no qual mil e uma perguntas aparecem e nenhuma resposta aparece, você parece num gira-gira no qual você apenas gira, gira e gira, com a probabilidade de acabar no lugar inicial, você sai do brinquedo atordoado e por muitas vezes confuso, mas é um brinquedo manipulável se você não der um passo ele não gira, se você não colocar força ele mal sai do lugar. Se você coloca os pés no chão enquanto ele gira pode manipular onde e quando ele para.

Ryan desceu para a cozinha, e lá encontrou Peggy sentada no balcão.

–O que faz acordada está hora?

–Brincando de ser um zumbi, e vou comer seu cérebro se não me der comida.

–Eitta, acho melhor eu correr então. –O jovem colocou uma mão atrás da cabeça e riu.

–Não é melhor você me dar comida. –Ela correu e pulou nas costas dele. –Anda Ryan Miller.

–Ok, quer um lanche?

–Pode ser.

Peggy devorava seu lanche, e Ryan tomava um xicara de chocolate quente.

~~~~~~

Haru estava sentada em sua escrivaninha tomando café, estava com sua câmera em mãos olhava fotos antigas na qual estava com sua família, amigos, de lugares paisagens que achara bonita, algumas coisas que ninguém tiraria foto.

Ficou assim até a hora de ir à escola. Estranhamente está manha vestiu uma saia, uma regata simples e uma camisa semelhante a que emprestara de Ryan, porém está mesma era xadrez verde e em um modelo feminino. Pegou a camisa de Ryan passou e colocou numa sacola respectivamente colocada em sua mochila. Antes de sair colocou sua câmera em algum bolso de sua mochila.

Se aproximando da esquina novamente encontrara Ryan saindo de casa e direcionando-se até a esquina.

–Bom dia... Primavera. – Ele fez uma pausa ao falar, pois olhava para a garota.

–Bom dia Ryan.

–Esta muito bonita.

–Obrigada. Aquela na porta é sua irmã mais nova?

–Sim, é a Peggy. –ele respondeu enquanto caminhava e olhava para sobre seu ombro para avistar a pequena garota.

–Ela é fofa e aparentemente uma garota esperta, hiperativa e falante.

–Como sabe? Ela é exatamente assim. –Ele segurou o pulso de Haru com uma cara confusa, sua mão era quente e a pele era uma mistura de lisa como um bebe, mas havia levemente uma aspereza, apesar de segura-la seu toque era suave.

–Eu não sei, foi apenas um palpite do que ela me demonstra enquanto a observei assim ao longe.

– Foi um palpite certeiro.

–Qualquer um pode dar um palpite sobre alguém observando os olhos dela e algumas ações.

–Eu não posso, por mais que eu olhe vossos olhos castanhos claros eles são estranhamente misteriosos e confusos pra mim, como se não fosse previsível ou um código possível de decifrar, isso faz deles atraente algo vicioso. Posso apenas dizer que de certa forma é fechada apenas sei seu nome, idade, aonde mora e de onde veio e que tem um irmão mais velho. Entendo que me conhece há alguns dias e não precisa me contar nada afinal acabara de me conhecer. –Haru ouviu cada palavra atentamente e analisou cada letra do que lhe era dito.

– Apenas é desinteressante Ryan. -Eles adentraram a escola.

–Ryan e Haru, podem me dizer por que vocês vêm juntos? –Sam questionou curioso.

–Moramos perto. –Ryan respondeu.

–Bom dia Ryanzinho. - Lory disse animada, com sua voz entojada e quase pulando na garganta do rapaz.
–Bom dia. - Ele respondeu seco tirando a garota de si.
– Bom dia pra você também Lory. -Haru disse percebendo o desprezo e a ignorarão sobre si.
–Ruunf. -foi apenas isso que Lory emitiu antes de virar as costas e empinar o nariz.
– Ah OK então. -Haru riu.
–Mano preciso falar com você, você tem um tempinho agora? -Sam perguntou.
–Claro. - Disse Ryan seguindo o amigo.
– Ryan espere. - Haru disse.
–Sim? - Ele olhou sobre o ombro.
– Sua camisa antes que eu esqueça e muito obrigada.
–Não há de que.

–Oi? Como assim, ela estava com sua camisa? -Sam quase gritou.
–Ontem ela tomou aquela chuva, eu emprestei a camisa a ela pra que pudesse vestir algo seco e não ficasse doente.
–Ela mora perto, você me troco por ela no primeiro dia dela aqui, ela me deu um fora sem eu ter iniciado uma cantada, e ela estava com sua camisa. O que acontece aqui? Quem é ela Ryan?
–Eu não sei, eu realmente não sei Sam.
~~~~~
Era como uma fada da natureza, uma doce princesa que andava suavemente sobre o jardim, sentia o cheiro e prazer em estar no jardim, tocava delicadamente cada flor que relasse e fotografava o que achava interessante.
–Por que não se fotografa Haru?- Ryan questionou.
–E por que não fotografar as flores?
–Não sei.
–Imaginei.
–Você está bem primavera?
–Sim, por quê?
–Parece cansada e possui algumas olheiras.
–Apenas dormi mal, por causa de um pesadelo. Você também esta cansado, dormiu mal?
–Perdi o sono no meio da noite.
Ryan estava sentado e olhava ao horizonte com uma flor na mão e estranhamente a camisa que Haru lavara imediatamente ele tinha a vestido. Haru foi até a frente dele e o fotografou.
–Por que me fotografou? -Ryan estava confuso
–Porque era uma cena curiosa e interessante.

–Sei. –Dizia fazendo cara de desconfiado.

–Acredite no que quiser.

–Ok. Você gosta de coisas simples que para muitos não é nada, mas a você encanta os olhos certo?

–Sim, sim. Tipo esta flor que tens em mãos muitos passariam por ela e a ignorariam porque nunca pararam definitivamente pra olhar com cautela, mas se parar e observar percebe que ela é bem mais bonita do que parece de longe e ainda assim ela é algo simples, não é nenhum brilhante ou rubi, mas pode ser belo como tal mesmo sendo apenas uma flor.

–Entendo. Sendo assim vai fazer algo depois da escola?

–Absolutamente nada, por quê?

–Acho que sei de um lugar que você vai gostar de conhecer.

–Tudo bem. Iremos então.

Lory passou pelo corredor e por uma das janelas os avistou, seus olhos pareciam em fúria de certa forma a inveja a consumia, Haru olhara para a direção dela naquele segundo elas se encaravam, Lory irritada e Haru divertida.

–Acho que sua amiga não gosta de mim. –Ela deu risada.

–Quem?

–A Lory, ela me encara digamos que com raiva e acho que com um certo ciúmes e é de você.

–De mim? Por quê? E por que raiva?

–Talvez depois você entenda. Não sei o porquê da raiva, por hora esqueça isso.

–Vamos entrar então? –Disse esticando uma das mãos para ajuda-la.

–Não estou afim não.

–Anda venha, quanto mais rápido melhor.

–Ok.

~~~~~~

No final das aulas Ryan a esperava na porta, quando ela estava pronta saíram caminhando, já não havia muitos alunos, Ryan olhou pra o oeste e disse:

–Temos que ir meio rápido, mas nem tanto.

Eles caminhavam lentamente pelas ruas da cidade, entraram em um lugar parecido com um parque e começaram a atravessar por ele até as árvores ficarem para atrás e começar um breve relevo aonde se era possível ver o horizonte e a vista da cidade.

–Chegamos na hora. –Ele sorriu mostrando aquela vista com a mão.

–Que incrível. –Os olhos dela brilhavam, ela rodopiou para poder ver a vista completa.

Eles se sentaram ao chão e olhavam para o horizonte, Ryan pegou a câmera dela e fotografou a paisagem , aproveitou e fotografou-a.

“Ah olhos misteriosos, onde será que estas perdidas? Por que se refugia? De certa forma solitária e invejada, trás consigo o medo. Se fosse uma bailarina seria um ótimo cisne negro. Vamos brincar de Sherlock homes, seus olhos são a pista, você o mistério e eu o Sherlock.”

Anoiteceu o céu estava estrelado e a lua misteriosa brilhava como os olhos da garota. Ela encostou no ombro do jovem para se sentir confortável. Porém Ryan a deitou em seu colo, nenhuma palavra fora pronuncia por horas apenas alguns batimentos cardíacos descompassados e a bela vista.

–Acho que devíamos ir. –Ryan disse.

–Sim, devíamos. –Haru respondeu ensonada seus olhos estavam quase fechando.

–Esta com sono?

–Um pouco.

–Então vamos.

Eles saíram do parque, ao começarem a andar pelas ruas e se aproximar daquela esquina, a sensação de perseguição começou a percorrer pela pele de Haru, ela segurou e apertou o braço de Ryan e olhou desesperadamente para os lados.

–Esta tudo bem Haru?

–Sim.

–Quer que e acompanhe em casa?

–Não precisa.

–Você esta tensa, parece com medo eu vou com você sim.

–Ok.

Ryan a acompanhou até a frente da casa dela, uma casa grande, com longo portão de ferro parecia uma mansão antiga, mas dentro possuía um jardim muito bem feito, por ser noite era complicado de decifrar o seu formato.

–Boa noite e obrigada Ryan.

–Boa noite Haru.

–Obrigada mesmo. –Ela o deu um beijo no rosto e entrou.

Ryan voltou para casa e na sacada olhando para o céu ele balbuciou:

–Hoje eu quero sonhar contigo garota do labirinto.

“Olhos estranhos, é você

Mostre-me quem você é

Um pouco mais

Não esconda

Meus olhos em você

Olhos estranhos, é você

Você é misteriosa, cheia de segredos

Eu não consigo

Te decifrar

O que vejo não é suficiente para descobrir

É como um suspense

Com uma reviravolta

Você rouba a cena, todos te evitam

É porque estão com inveja

Então não se sinta sozinha

Você nem precisa falar nada

Seus olhos já me contaram seu segredo

Devagar, vire sua cabeça

Olhe em meus olhos

No fim, você roubou todos os olhares desse lugar

Meus olhos em você

Mostre-me quem você é

Um pouco mais

Não esconda

Olhos estranhos é você.”


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