Diversos vilarejos estavam sendo aterrorizados por duas criaturas demoníacas de aparência angelical, sedentas por sangue, de uma fome insaciável e apetite incontrolável. As belas meninas escondem sua real natureza por detrás de seus sorrisos encantadores, bons modos e vozes tão doces quanto o cantar de uma sereia prestes a afogar os marinheiros. Enganando suas presas, por onde passam deixam um rastro de dor, tristeza e morte.

Muitas das vezes matam pela simples diversão de se saber que têm o poder de decidir quando uma vida termina.

Apesar de serem extremamente inteligentes. Confiantes de mais, acreditam serem invencíveis e que ninguém possa pegá-las.

Retratos falados foram feitos e espalhados por todos os lugares, das tão temidas, denominadas “gêmeas sombrias”, Ária e Ália Blackwell. Completamente idênticas, de uma extraordinária beleza exótica, a única diferença entre as duas é a altura. Ália com um metro e sessenta e cinco, e Ária apenas cinco centímetros mais alta. De pele extremamente pálida, sobrancelhas finas, olhos verdes claro, cabelos lisos, longos e ondulados que vão até a cintura, tão negros quanto à noite, narizes pequenos e arrebitados, lábios pequenos, carnudos e rosados, sempre vestidas de preto, da cabeça aos pés.

De aparência arrebatadora, não foi difícil para que fossem localizadas e assim, logo descobrissem o paradeiro das duas, em uma casa abandonada, perto da costa.

Alguns acreditam que a gêmeas são demônios liberados para tomarem as almas que julgam pertencerem ao inferno. Temendo serem julgados pelos seus pecados e que as vampiras devoradoras de almas. Decidiram eliminar o mal da face da terra.

Sabendo que as irmãs se encontravam mais fortes à noite, ajudadas pela escuridão. Enfurecidos, os cidadãos atacaram o esconderijo ao dia. Vários morreram, mas as duas se encontravam mais fracas. Capturadas e paralisadas. Foram lhe enfiadas estacas em seus corações sem vida. Acreditaram que o mal havia sido erradicado, e que naquele dia Ária e Ália Blackwell haviam sido exterminadas. O que eles não sabiam, é que isto estava longe de se tornar realidade.

***

Ilha de San Rose

Muito valorizada por suas lindas praias que vem atraindo milhares de turistas de todos os lugares do mundo, a ilha de Santa Rosa não para de crescer. Diversos empresários estão a investir na construção de hotéis, resorts e pousadas da mais alta qualidade e extremo luxo.

Aurora herdou a livraria de seus pais, a qual vem tentando manter, mas com muitos gastos e sabendo que em breve terá que pagar a faculdade arquitetura de seu irmão Artur, apesar de não querer se desfazer do negocio da família que os veio mantendo por anos, à proposta da construtora Jackson foi tentadora demais e apesar de receosa, Aurora vendou a livraria. No lugar será construído mais um prédio de luxo.

_Artur! _Assim que entra pela porta da frente, carregando uma pesada caixa de papelão, em seguida a deixando no chão da sala, chama a procura do irmão mais novo.

_Artur, está em casa? _Grita mais uma vez. Um moreno alto de pijama desce as escadas, com os cabelos castanhos completamente bagunçados e os olhos amendoados sonolentos. Dar um longo bocejo.

_O que é? A casa está pegando fogo? _Diz em um tom ainda embriagado pelo sono. Indo até o sofá e se jogando neste.

_Pode levantar, vai lavar esse rosto e vem me ajudar tirar as caixas de livro do carro. Estou entregando a livraria.

_O quê? _Se levanta em um pulo, encarando-a chocado.

_Não acredito. Você vendeu mesmo a livraria Au? _Ela confirma em um aceno de cabeça.

_Eu quero que você vá pra faculdade. E para de me chamar de Au. Sabe que eu odeio esse apelido.

_Au, eu te amo! _Pula em cima da irmã, lhe dando um abraço apertado.

_E eu vou te socar se não me soltar agora e começar a trabalhar.

***

Muito valorizada por suas lindas praias que vem atraindo milhares de turistas de todos os lugares do mundo, a ilha de Santa Rosa não para de crescer. Diversos empresários estão a investir na construção de hotéis, resorts e pousadas da mais alta qualidade e extremo luxo.

A construtora não pode atrasar com o prazo de entrega do mais novo hotel, se não, serão obrigados a pagar uma multa altíssima, por isto, mesmo já sendo tarde da noite, os funcionários continuam a operar as máquinas, cavando e preparando o terreno para a construção do prédio.

_Martin! _Grita um dos supervisores da obra, chamando a atenção do operador da draga, que imediatamente desliga a máquina.

_O que foi?

_Vi alguma coisa. Acho que tem algo enterrado um pouco mais abaixo.

_O que esta acontecendo chefe? _Pergunta um dos funcionários.

_Mandem direcionarem mais luz, tem algo enterrado aqui.

Não demora muito para que os homens, utilizando de pás comecem a cavar a fim de desenterrar o que a terra oculta. Aos poucos, depois de retirar bastante terra, eles descobrem o que estava enterrado. Dois caixões de madeira escura, extremamente pesados. Usando cordas eles trazem os caixões pra cima.

_Não acho que seja uma boa ideia abrir isso.

_Não se preocupe David, o que estiver aqui dentro está morto mesmo. _Alguns homens riem.

_Eu sei... Talvez devêssemos chamar a policia. _Diz receoso.

_Não seja medroso. Alguém me traga um pé de cabra. _Usando da ferramenta e com a ajuda de mais um homem ele abre o primeiro caixão. O ar pressurizado, carregado de partículas da poeira e um cheiro horrível de algo podre e a muito morto sai de dentro do caixão. Imediatamente eles levam a mão ao rosto, tampando o nariz. Tentando não respirar e sentir o cheiro desagradável.

_É uma mulher. _Diz o homem que ajudou a abri. Dentro uma múmia, um corpo humano, em perfeito estado de conservação. Uma linda jovem, trajando um vestido preto, com as mãos repousadas delicadamente sobre o abdome, o longo cabelo trançado e os olhos fechados, quase como se estivesse a dormir.

_O que é isso enfiado no peito dela? _Outro pergunta logo em seguida se aproximando e retirando o objeto do peito da mulher.

_É uma... Estaca. _Todos começam a cochichar entre si. O homem que retirou a estaca do peito da mulher ao lado do caixão movimenta o objeto nas mãos.

_Ai! _Grita, assustando a todos. Ele sacode o dedo e o levando a boca.

_O que foi? _Pergunta o supervisor.

_Uma farpa entrou no meu dedo. _Todos riem.

_Droga! Esta doendo. _Ele sorrir também, mal percebendo que uma gota do seu sangue havia caído bem em cima dos lábios da múmia.

_E o David com medo. _Rir o supervisor e vários funcionários o acompanha.

_A... Atrás de você... Ela... _Gagueja David.

_Ela quem? _Questiona, sorrindo o supervisor.

_Eu acho que ele está falando de mim. _Diz à mulher que a pouco era uma múmia, com um enorme sorriso de dentes brancos. Sua expressão antes divertida se transforma em algo sombrio, seus olhos ficam completamente negros, mostrando suas presas afiadas em um sorriso diabólico.

_O que vocês acham de nós brincarmos um pouco? _Com um gruindo animal ela sai do caixão em um pulo, voando em cima do supervisor, arrancando lhe a carne do pescoço e sugando seu sangue. Todos olham paralisados de medo. Assim que termina levanta do chão, com a boca suja e o sangue escorrendo pelo seu queixo e pescoço.

_Corra se achar que pode escapar e sobreviver. A brincadeira começou. _O medo e o caos se instalam nos corações dos funcionários da construtora Brown. Não há escapatória e não importa o quanto tentem fugir, temendo por suas vidas, a morte já os alcançou no momento em que a bela dama reabriu seus lindos olhos.

***

Após matar e sugar completamente o sangue de quase todos os trabalhadores da obra, Ária segura o braço do único sobrevivente, um jovem rapaz. Afinal, se tivesse matado todos sua irmã ficaria muito irritada. Aproximando-se do caixão onde sua irmã descansa. Com apenas uma mão ela abre o caixão, retirando a estaca do peito da mais nova. Morde o pulso dele, deixando algumas gotas de sangue cair na boca da menor.

_Não! Por favor! Tenha piedade. _Suplica, completamente em pânico. Ária leva uma mão ao pescoço do rapaz, o apertando. Ele começa a torci, desesperado, usando suas mãos tenta inutilmente retirar a mão que o sufoca. Ela apenas sorrir.

_Piedade? Você é engraçado. _Rir, uma risada amarga.

_Minha irmã irá adorar você. _Sorrir. Retirando a mão de seu pescoço, empurrando-o para o chão. Ália sai de seu caixão com um enorme sorriso doce em seu rosto, se espreguiçando.

_Mana! _Ela pula em cima da irmã, fazendo-a cair.

_Sai de cima de mim Ália! _Ela rir, sentada na terra. Ária levanta-se, se arrumando.

_Que bonitinho! Ele é meu. _Afirma, abraçando e apertando o rapaz, que apenas chorar em silencio.

_Sabia que iria gostar dele.

_Você matou todos. _Sorrir, olhando ao redor, vendo vários corpos caídos ao chão.

_Mate ele de uma vez, absorva todas as informações possíveis. Quero saber por quanto tempo dormimos. _Em um aceno de cabeça a irmã concorda. Seus olhos se tornam negro, surgindo suas presas, as enfiando na jugular dele, sugando com ferocidade o saboroso sangue do rapaz, que teve a triste infelicidade de cair na garra das gêmeas sombrias.

_Em que ano estamos? _Ária pergunta curiosa. Além de serem vampiras, as irmãs Blackwell são descendentes de bruxas. Ália ao absorver o sangue de uma pessoa é capaz de saber tudo o que a vítima sabia, até os seus últimos minutos de vida. Ária também tem esse poder, mas essas informações só conseguem ser vistas por ela em sonhos.

_Estamos no ano de 2015. _As duas caem na gargalhada, rindo descontroladamente.

_Não acredito! Dormimos por trezentos e cinquenta e cinco anos. _Diz Ária sorrindo.

_Eu sou uma velha! Estou muito feia? _Reclama emburrada.

_Ália deixe de birra. Eu e você ainda estamos com a mesma aparência de antes. Bem, ainda sou a mais bonita. _Sorrir. Ália estica a mão pedindo o braço da irmã, que faz uma careta, mas entrega o braço a menor.

_A culpa é sua por ter matado “quase” todos. Desculpa mana, mas da próxima vez tente deixar mais de um pra mim.