A Jornada do Príncipe escrita por Andy


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Fala, galera! Como estão todos? :)
Capítulo novo chegando! Não sei o que vocês estão esperando desta fanfic, mas estou ansiosa para saber suas opiniões a respeito dos acontecimentos deste capítulo... Por favor, me digam o que acharam, quando terminarem de ler, tá?
E muito obrigada a todo mundo que está começando a acompanhar a fanfic agora! Sejam muito bem-vindos a esta jornada! Xoxo

P.S.: Ah sim... Eu vinha esquecendo de postar os mapas nos finais dos capítulos ultimamente... Mas me lembrei desta vez! ^^'



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A manhã já se aproximava quando eles finalmente se viram na região Norte de Ithilien. Faltava pouco para chegarem a Minas Tirith. Madlyn continuamente instigava os cavalos a irem mais rápido, e os animais pareciam dar tudo de si. O fato de que até então eles não encontraram nenhum tipo de resistência a seu avanço nos territórios de Rohan e de Gondor preocupava Legolas. Não houve sinal nem de homem, nem de orc. Tudo estava muito quieto. Quieto demais. Como a calmaria antes de uma tempestade.

Os mesmos pensamentos pairavam na mente de Gimli, acrescidos da preocupação com o amigo. Ele não fazia ideia do que havia se passado enquanto dormia, mas achava que Legolas parecia perturbado agora. Além disso, era verdade que a elfa os havia posto de volta no caminho certo, e que até então não havia lhes feito mal algum (muito ao contrário), mas ele ainda não confiava nela. Não lhe escapava o fato de que ela não havia apresentado, até então, nenhum motivo claro para querer ajudá-los. Nem para acompanhá-los à batalha.

Legolas e Madlyn estavam ambos muito quietos, perdidos em pensamentos. Ele ainda se debatia contra as histórias que havia ouvido durante sua vida inteira, tentando imaginar como Madlyn se encaixava nelas. Acima de tudo, se perguntava como a vida dela devia ter sido, durante todo aquele tempo, após a queda de Nan Elmoth. O que teria pensado quando o pai e o irmão não retornaram? Por onde teria andado durante a Segunda e a Terceira Eras? Onde estava quando o poder de Morgoth ameaçou dominar tudo o que existia? Como sobreviveu, sozinha, à escuridão da Guerra do Anel?

Ela, por sua vez, se contorcia interiormente numa autorrepreensão. “Preciso de ajuda para chegar a Gondor a tempo”, Legolas tinha dito. E eles já estavam quase lá. Agora mesmo, olhando adiante, ela já podia ver a Cidade Branca. Quando chegassem, ela tinha certeza, o elfo lhe agradeceria e se despediria. E ela não teria desculpa alguma para continuar a segui-lo. Cedo ou tarde, ele partiria. E ela estaria de novo sozinha. Tanto quanto sempre esteve. Se ao menos ela tivesse mentido! Mas havia algo naqueles olhos azuis dele que a faziam querer lhe contar toda a verdade, como não fazia para ninguém havia muito tempo. Algo que a fazia querer implorar por perdão. Algo que a fazia querer voltar para a luz da qual já havia desistido para sempre.

— Madlyn! — Legolas chamou. Relutantemente, ela olhou para ele. Ele apontou adiante: — Acho melhor diminuirmos o ritmo agora. Os portões estão fechados.

Ela olhou para onde ele apontava. Eles estavam quase diante do Grande Portão de Minas Tirith. Ela não respondeu a Legolas, mas sussurrou para que os cavalos diminuíssem a marcha, até que enfim ela se tornou um mero trote. Quando chegaram diante dos portões, os cavalos pararam.

Imediatamente, centenas de flechas foram apontadas para eles. Aparentemente, a cidade estava em estado de segurança máxima. Legolas ergueu as duas mãos acima da cabeça, no que os outros dois o imitaram.

— Quem vem lá? — O capitão-mor da guarda perguntou, em um tom autoritário.

Legolas lhe sorriu e respondeu:

— Paz, bravo gondoriano!

— Meu senhor Legolas? — O guarda perguntou, atônito.

— E Gimli, filho de Glóin! — Gimli gritou, agitando o punho no ar, irritado por não ter sido visto.

— Abram os portões! Abram os portões! — O guarda gritou imediatamente, enquanto um mensageiro disparava para ir dar as boas-novas ao rei. — Meus senhores Legolas e Gimli retornaram!

Quando o rei os encontrou no salão principal do palácio, ele praticamente se atirou nos braços do elfo:

— Legolas! — Ele irrompeu imediatamente em lágrimas, soluçando compulsivamente. Devia estar tentando se manter forte, mas desabou diante da visão do velho mestre e amigo. — G-Graças aos Valar...

Legolas o afastou, assustado, querendo olhá-lo melhor. Eldarion estava pálido como nunca, tinha duas olheiras fundas sob os olhos arregalados e vermelhos e suava frio. A coroa parecia não fazer sentido ali, em meio aos cabelos desgrenhados. Até sua armadura estava em desalinho. Ele parecia acabado. Mas, pelo que o elfo havia constatado, os orcs ainda não haviam chegado ali, então...

— O que aconteceu?

O rei agarrou as frentes das vestes dele, chorando copiosamente:

— G-Gildarion...

O elfo e o anão mal trocaram um olhar rápido, e já estavam disparando em direção ao quarto real. Madlyn os seguiu, atônita, sem fazer ideia do que estava acontecendo e sentindo-se deslocada ali, em meio àquela sombria reunião familiar.

Os gritos ecoavam por toda aquela parte do castelo, e o rei se encolhia a cada vez que ouvia um deles. Legolas e Gimli pararam na extremidade do corredor, não ousando avançar, por respeito. O elfo se voltou para Eldarion:

— O que aconteceu?

— O-ontem à noite... — Ele estava arfante agora, depois da corrida, e os soluços também não o estavam ajudando. — D-depois que o mensageiro de Rohan nos deu a n-notícia, e-ela... Ela... Eu não sei o que houve, ela... Ela entrou em trabalho de parto e... — Ele fez uma careta de dor quando outro grito veio do quarto em que a esposa estava. — E-eu sei que é normal demorar, m-mas... — Seguiu-se outro grito, e uma mulher passou correndo por eles, carregando um lençol manchado de sangue. — P-Parece ruim.

Legolas sentiu como se o mundo houvesse desaparecido de sob seus pés. Ele olhou para Gimli, e o anão parecia prestes a começar a correr em círculos, tamanho o pânico em seus olhos. Nenhum deles fazia ideia do que fazer naquela situação, e um terceiro grito de sua amada rainha apenas fez seus corações pesarem ainda mais. Legolas ainda estava tentando clarear sua mente, quando sentiu um puxão em seu braço. Ele arregalou os olhos para Madlyn.

— Eu posso ajudar! — Ela disse, com urgência.

Legolas a encarou por um momento, enquanto um turbilhão de emoções ameaçava destruí-lo de dentro para fora. Os olhos dela pareciam preocupados e urgentes, mas acima disso, eles lhe transmitiam confiança. Ele assentiu, e ela correu em direção ao quarto. Eldarion fez menção de ir atrás dela, tendo-a notado pela primeira vez, aparentemente, mas Legolas o segurou.

— Confie nela! — Ele disse, puxando o rei para um abraço, seguro de que ele confiava naquela elfa. Não importava que isso não fizesse o menor sentido.


~~ ♣ ~~

Duas horas depois, não havia mais gritos nem lençóis sujos de sangue vindo do quarto, mas também nenhuma notícia. Os três, elfo, homem e anão andavam de um lado para outro, inquietos, no pequeno hall que antecedia o corredor. O som de seus passos, que ecoavam no chão de pedra branca, enervava Gimli, que estava prestes a chutar a primeira coisa que visse pela frente, quando o mensageiro apareceu:

— Os orcs foram avistados, senhor!

Legolas se apressou em tomar a dianteira da situação, já que o rei não estava em condições de fazê-lo. Gimli correu para próximo de Eldarion, que parecia completamente desnorteado.

— Mantenham-nos lá fora por tanto tempo quanto for possível! Qual é o auxílo de Rohan?

— Eles perderam muitos homens, senhor. — O mensageiro respondeu a Legolas naturalmente, apiedando-se do rei e sabendo que o elfo era de sua inteira confiança. — Mas o mensageiro deles disse que Elfwine* está reunindo seus homens e que eles devem chegar em uma hora ou duas.

Legolas engoliu em seco. Isso era ruim. Se o exército orc fosse tão grande quanto ele pensava que era, os homens de Gondor precisariam de um líder forte para mantê-los firmes até a chegada dos reforços de Rohan. E mesmo assim, seria uma batalha dura.

— Mantenham-nos fora por tanto tempo quanto conseguirem. Os orcs não devem passar daquele primeiro portão, pelo menos não enquanto o rei não estiver em batalha, está ouvindo?

— Sim, senhor!

— Faça com que mulheres e crianças sejam levadas para um abrigo, no sétimo nível!

— Sim, senhor!

Legolas olhou para Eldarion, que o encarava como se não entendesse o que estava acontecendo. Ele olhou de volta para o mensageiro, que ainda aguardava.

— Diga aos homens que o rei está a caminho! Vá!

— Sim, senhor! — O mensageiro se afastou correndo.

Legolas esperou até que os passos dele não pudessem mais ser ouvidos para se voltar para o rei. Ele deu dois passos largos para chegar até ele e o agarrou pelos ombros, sacudindo-o:

— Eldarion! — O rei arregalou os olhos para ele. Legolas mantinha o rosto muito próximo do dele, olhando fundo em seus olhos para lhe transmitir toda a gravidade do que estava dizendo: — Eldarion, me escute! Você precisa se recompor! Você precisa se colocar em condições, ir lá e lutar! O povo precisa de você! Os homens nã... — Ele se interrompeu, seu rosto sério se decompondo em choque quando eles três ouviram finalmente o choro de uma criança vindo do quarto.

Eldarion pareceu recobrar suas forças instantaneamente. Ele se desvencilhou das mãos de Legolas com facilidade e correu em direção ao quarto. O elfo ainda estava paralisado. Gimli foi o primeiro a conseguir processar o que estava acontecendo e correu atrás do rei, sem se dar tempo para questionar se era ou não conveniente fazê-lo. Só então Legolas se apressou em segui-los.

A rainha respirava aceleradamente, muito suada, coberta por lençóis novos. Outros, ainda um pouco sujos de sangue, pareciam ter sido atirados ao chão de qualquer jeito, às pressas. Três mulheres se agitavam em torno dela: uma delas limpava o suor de seu rosto e de seu pescoço com uma esponja; a outra a abanava com um leque, e a última parecia meio sem saber o que fazer, até que viu os lençóis abarrotados no chão e se entregou à tarefa de recolhê-los, feliz por ter algo com que ocupar as mãos.

No lado oposto do amplo quarto, Madlyn, com as mãos e uma das bochechas ainda sujas de sangue, segurava o recém-nascido nos braços, tentando acalmá-lo com um sorriso nos lábios. Outras duas mulheres, atrás dela, preparavam uma pequena banheira de prata para o primeiro banho da criança. Ao ver a elfa, o coração de Legolas falhou uma batida, e depois começou a se acelerar cada vez mais. Ao notar a presença dele e do rei, ela sorriu:

— Parabéns, Majestade! — Suas palavras se dirigiam ao rei, mas era para Legolas que ela olhava.

Eldarion olhava da mulher na cama para o bebê nos braços de Madlyn, completamente embasbacado. Por fim, a rainha se moveu, gemendo baixinho, tirando-o de seu transe. Ele correu para lá:

— Meu amor!

— Não se preocupe! — Madlyn disse, tentando acalmá-lo. — Ela ficará bem. Está adormecida agora, porque o esforço foi muito grande, mas sua vida não corre risco. Nem a dela, nem a deste lindo menino aqui.

O rei se voltou para ela, parecendo ver a criança pela primeira vez. Ele se aproximou lentamente para olhar, e Madlyn sorriu para ele novamente.

— Gildarion... — Ele sussurrou, contemplando o filho, que recomeçou a chorar, agitando-se nos braços da elfa. Ela começou a balançá-lo levemente.

— Shh-shh-shh... Alguém precisa tomar um banhozinho...

Nesse momento, um estrondo se fez ouvir. O impacto, o que quer que o tivesse causado, devia ter sido muito grande, se eles conseguiram percebê-lo daquela distância. Legolas se aproximou e pôs uma mão sobre o ombro do rei:

— Eldarion.

O filho de Aragorn apenas olhou para ele e assentiu. O rei havia retornado.


~~ ♣ ~~

Legolas e Gimli esperavam pelo rei no mesmo hall em que aguardavam o nascimento de Gildarion minutos antes. Quando Eldarion enfim surgiu, parecia outro. Vestia a armadura completa agora e caminhava ereto, imponentemente, girando a espada no ar:

— Vamos, amigos! Nossa última batalha juntos! — Ele passou por eles, que sorriram e o seguiram.

— Isso sim que é uma festa de despedida, hein, Legolas? — Gimli estava empolgado.

— Sim! — Legolas ainda estava preocupado, mas mesmo assim podia sentir a adrenalina correndo por suas veias, o confortável peso do arco em suas mãos. Havia muito tempo que ele não tinha o prazer de atirar em uma ou duas dezenas de orcs. — Que vença o melhor, Gimli! — Ele mostrou para o anão sua melhor versão do sorriso sarcástico de Thranduil.

O anão apenas olhou para ele e girou o machado no ar, enfaticamente.

Os três já estavam chegando ao portão daquele nível quando ouviram passos apressados atrás de si:

— Amorzinho!

Eles pararam, e Eldarion olhou da elfa para Legolas, erguendo uma sobrancelha. O elfo imediatamente teve a certeza de que seu rosto estava mudando de cor. Quando Madlyn os alcançou, ele se virou para o rei, sem jeito:

— Ah... Podem ir na frente, eu... Eu encontro vocês lá.

O homem e o anão se entreolharam, e Gimli deu de ombros. Eldarion sorriu sugestivamente para Legolas e assentiu. O elfo desviou o olhar, constrangido:

— Eu vou deixar você começar com vantagem desta vez, anão. Aproveite!

— Ah, pode deixar! — Gimli voltou a andar imediatamente, erguendo o pesado machado com as duas mãos.

— Aproveite você também! — Eldarion piscou para Legolas, divertindo-se ao ver o velho amigo sem graça, antes de lhe dar as costas e seguir o anão.

Legolas se voltou imediatamente para Madlyn, irritado:

— O que você quer?

Ela sacou a espada e a ergueu, de forma que a lâmina ficou entre eles, à altura de seus olhos. Legolas ergueu uma sobrancelha para ela.

— Eu vou lutar. — Ela disse, calmamente.

— Não.

A negativa dele surpreendeu a ambos. Com um movimento rápido, ela deslocou a espada, segurando-a baixo agora. O golpe provocou um zumbido cortante e fez Legolas dar um passo para trás.

— Não?

Por um momento, o loiro não soube o que responder. Sequer sabia o porquê de ter dito “não”. Apenas não queria vê-la lá embaixo, com aqueles orcs.

— É... — Ele pensou rápido. — Você precisa cuidar do Gildarion.

— O bebê? Ele está bem agora. A mãe também. As damas podem cuidar deles, elas não precisam mais de mim. Eu vou ser muito mais útil no campo de batalha. — Ela já ia se adiantando no corredor, mas Legolas estendeu o braço para impedi-la.

— Não.

Ela olhou para ele:

— Por quê? O que há com você?

Legolas bem que queria saber.

— Eu não qu... Você vai nos atrapalhar. Quero dizer, você é apenas uma mulher. Eu não quero ter que ficar tomando conta de você lá.

Ela estreitou os olhos para ele. Rápida como uma flecha, ela o empurrou contra a parede, pegando-o completamente de surpresa. Antes que Legolas tivesse tido a chance de compreender o que estava acontecendo, ela tinha uma adaga alinhada a seu pescoço. Ele a encarou, trincando os dentes. Ela sorriu suavemente para ele:

— Pelo que eu saiba, amorzinho, sou eu quem vem tomando conta de você, até agora. — A voz dela era sibilante, quase um sussurro. Ela enviou um arrepio pela espinha de Legolas, e ele não sabia ao certo de onde vinha aquela reação. Ela riu de leve e se afastou, libertando-o: — Vamos. Estamos perdendo a diversão.

Legolas a seguiu contrariado. Eles passaram o primeiro e o segundo portões. Os sons da batalha tornavam-se cada vez mais altos. Estavam próximos agora. Mais um pouco, e eles seriam lançados ao caos. Legolas ouvia atentamente. Pouco antes que isso acontecesse, ele não se conteve e segurou o pulso de Madlyn. Ela se voltou para ele na defensiva.

— Você pode ir para lá, se é o que quer. — Ele fez um gesto com a cabeça, apontando na direção de onde o barulho de uma parede ruindo veio, naquele exato instante. — Mas quando tudo isto acabar... Quando a batalha cessar. — Ele engoliu em seco. — Venha conosco.

— O quê?

— Gimli e eu estamos indo para Aman**. Venha conosco.

Ela perdeu a fala por um instante, e Legolas lhe sorriu de leve. Antes que ela tivesse a chance de responder, porém, eles ouviram um estrondo e a parede veio abaixo, a poucos metros deles. Um orc imenso passou por ali e olhou para eles, um sorriso sádico se espalhando por sua cara horrenda. Legolas moveu-se rapidamente, sacando uma flecha e retesando a corda do arco. A batalha os havia encontrado.

Mapa da região de Minas Tirith, em Gondor


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Notas finais do capítulo

*Elfwine é filho de Éomer, sobrinho de Théoden, o rei que governou Rohan durante Guerra do Anel.

**“Aman” é mais um dos nomes que se dá à Terra Imortal, para onde todos os elfos foram após a Guerra do Anel.