A Jornada do Príncipe escrita por Andy


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Olha só "quem" está aqui! Mais um capítulo de "A Jornada do Príncipe", eeh! :D
Em primeiro lugar, quero agradecer muito pelo apoio de todos e pelos novos acompanhamentos! Vocês me fazem uma ficwriter muito feliz!
E em segundo lugar, tenho uma proposta a fazer: o que vocês acham de eu começar a postar semanalmente, como fazia no final de "A Razão do Rei"? Eu estava fazendo os cálculos aqui, e acho que já escrevi capítulos mais que suficientes para conseguir postar toda semana sem atrasar por um loongo tempo. Então... O que vocês acham? Se a maioria disser que "sim", daqui a 15 dias eu posto o capítulo 8 e, a partir daí, passo a postar um capítulo novo todo sábado! Por favor, deem suas opiniões! Elas são muito importantes para mim, afinal esta fanfic é muito mais de vocês do que minha!
Bom, era só isso... Vamos ao capítulo! Tem uma ceninha especial para os fãs de "A Razão do Rei" aí... ♥



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Em meio ao mar de orcs, Legolas não conseguia encontrar nem Gimli, nem Eldarion, nem Madlyn. Ao redor dele só havia caos, e ele mal tinha tempo de pensar antes de se mover, atacando ora com o arco, ora com as facas que carregava. Havia muito tempo que ele não as utilizava em batalha, mas aquele exército não era um exército qualquer. Evidentemente, eles não tinham a ordem planejada pela inteligência de Saruman, nem o reforço dos trolls e dos homens selvagens que tinham durante a Guerra do Anel, mas Legolas achava que agora os orcs estavam em maior número. Felizmente, os uruk-hai estavam oficialmente extintos havia algumas décadas. Mesmo assim, havia orcs demais ali. Legolas se perguntava como (ou onde) eles haviam conseguido reunir um número tão grande novamente.

O elfo finalmente encontrou um lugar alto de onde podia atirar com mais facilidade: uma torre de sentinelas. Estava vazia, e ninguém parecia dar atenção a ela. Foi para lá que ele se dirigiu, se desvencilhando dos orcs com dificuldade. Quando chegou lá, ele se posicionou e começou a atirar, esforçando-se para sempre matar pelo menos dois orcs com cada tiro. Depois de tanto lutar na companhia de Aragorn e de Gimli, ele tinha ficado realmente bom nisso. Os três tinham certeza de que haviam limpado aquelas terras. Pelo visto, estavam enganados.

Então Legolas a viu. Distante do ponto em que ele estava, Madlyn lutava, cercada de orcs. Ela era boa. Muito boa. Havia um círculo em torno dela, como se os inimigos temessem se aproximar do alcance de sua lâmina. A elfa girava, mantendo-os à distância. Ocasionalmente, cabeças rolavam sem que Legolas conseguisse captar o movimento responsável por isso. O estilo dela era gracioso, quase uma dança. Não matava tanto quanto outros, talvez, mas era preciso. Quem quer que ela escolhesse matar, caía. Por um momento, Legolas se permitiu apenas observá-la, esquecendo-se de agir.

Um orc que o avistara e subira até a torre quebrou o transe em que ele se encontrava. Ele agiu rapidamente, matando a criatura com a flecha que segurava entre os dedos, e se voltou novamente para olhar Madlyn. Foi então que ele viu. A alguma distância dela, às suas costas, um arqueiro orc erguia uma flecha morgul, pronto para atirar. Legolas foi mais rápido e o matou. Ao abaixar o arco, ele tremia, sem saber por quê. Nunca antes se sentira tão perturbado durante uma batalha.

Ele recostou-se à amurada de pedra, deixando-se deslizar até sentar no chão. Sua respiração estava acelerada, assim como seu coração. Uma memória do passado começava a voltar à sua mente, vindo de um lugar muito distante. Ele ainda era muito jovem, tinha pouco mais de doze anos de idade, e seu pai estava acabando com ele durante um treino de espadas...

Legolas deixou-se cair sentado no chão no instante em que o pai retirou a lâmina que segurava sob o seu queixo. Estava muito, muito cansado. Thranduil era o espadachim mais habilidoso e veloz de Greenwood, e não tinha a menor misericórdia com o filho, que ainda estava apenas começando a aprender. Era um mestre muito severo, exigia muito de Legolas, mais às vezes do que ele era capaz de oferecer. O jovem elfo sentia cada músculo de seu corpo doer e tinha um imenso arranhão no lado esquerdo do rosto. Ele respirava rapidamente. Acima de tudo, estava apavorado, mas procurava não demonstrar.

— O que foi? Já se cansou? — Thranduil perguntou, abrindo um de seus sorrisos tortos para o filho. Nem um fio sequer de seu cabelo estava fora do lugar. Os exercícios que deixaram Legolas esgotado não passavam de uma brincadeira de criança para ele.

— N-Não... — Legolas se esforçou, tentando se levantar, querendo se mostrar forte diante do pai, mas a verdade era que ele mal conseguia se mover.

Thranduil fez um gesto para impedi-lo. No fundo, ele estava orgulhoso do filho. Legolas vinha demonstrando uma habilidade muito grande, que ele mesmo não tinha naquela idade. Além disso, Syndel havia dito que ele estava se saindo muito bem nas lições com o arco. Muito melhor, sem dúvida, que o próprio Thranduil, que desistira da arma muitos anos antes. Ele embainhou sua longa espada e se sentou na grama ao lado de Legolas. Era outono e a vegetação já estava bastante seca.

— Já está na hora de eu te ensinar um pouco mais de teoria, eu acho.

Legolas assentiu, ansioso para aprender qualquer coisa que pudesse ajudá-lo. Thranduil gostava de ver a determinação nos olhos dele. Legolas era muito parecido com a mãe.

— Escute com atenção o que eu vou te dizer agora, Legolas. Essa é uma das lições mais importantes que um espadachim deve aprender. — Ele fez uma pausa. Ao continuar, estava sorrindo, lembrando-se de milhares de treinamentos que fizera muitos anos antes com uma elfa loira muito, muito teimosa: — Sua mãe já deve ter lhe falado das duas grandes desvantagens do arco-e-flecha, certo?

— Sim. Primeiro, a quantidade limitada de flechas, que limita o seu potencial de ataque. E segundo, sua pouca eficiência no que diz respeito à defesa a curta distância.

— ... Que é a razão por que estamos treinando a defesa e o ataque com lâminas, certo?

— Certo.

— Muito bem. No entanto, Legolas... — Thranduil sacou sua espada e começou a acariciar a lâmina com carinho, evitando com cuidado o fio de corte. A forma como ele olhava para ela lembrava um pouco a Legolas a forma como o pai costumava olhar para a mãe. — Não existe arma perfeita. — Ele ergueu a espada diante do filho, que a contemplou admirado. — Nem esta espada, nem a Narsil lendária... Todas elas apresentam falhas. — Ele apontou a arma para o rosto de Legolas, que olhou para ela assustado. — Quais?

— Eu não...

— Pense! — O tom dele foi ríspido e autoritário. — Também são duas as falhas das lâminas.

— A-As... A defesa a longa distância? — Legolas arriscou.

Thranduil lhe sorriu levemente e puxou a espada.

— Muito bem. É claro, você sempre pode atirar facas e adagas, mas com as espadas, isso não seria uma ideia muito boa. Não que eu já não tenha feito.

— Você...?

— Um dia eu lhe conto a história*. De todo modo, é estupidez, e eu não recomendo. Na melhor das hipóteses, você ficaria desarmado depois de fazê-lo.

Legolas assentiu.

— A segunda desvantagem das espadas é seu raio de alcance limitado, que também implica num ponto cego... — Ele gesticulou. — Às suas costas. Você não pode ver, então fica difícil golpear ali. Mas o espadachim habilidoso consegue lidar com essa questão facilmente. E eu vou lhe ensinar como, obviamente, quando você estiver preparado.

— E quando será isso?

Thranduil se limitou a olhar para o filho por um momento. Por fim, respondeu, num tom irônico:

— Quando eu disser que sim.

Legolas fechou a cara para o pai.

— Mas a questão mais importante hoje, Legolas, é a primeira. Defesa a longa distância. Qual é a melhor forma de se defender a longa distância... De um arqueiro, por exemplo, se a única arma que você tem é uma espada?

— Eu não sei, um escudo?

Thranduil concordou com a cabeça:

— Sim, um escudo ajudaria. Mas um escudo não funciona se você não tiver...?

Legolas franziu as sobrancelhas. O pai suspirou, olhando para as árvores como se estivesse decepcionado demais para continuar olhando para ele. Legolas continuava pensando, mas não lhe vinha nada em mente. Sem que ele visse, Thranduil pegou um pedregulho no chão e ficou segurando-o entre os dedos. Quando Legolas se distraiu, o pai girou repentinamente, atirando-lhe o pedregulho. Ele bateu na cabeça de Legolas.

— Ai! — O filho reclamou, levando a mão ao local. O ponto que a pedra atingiu latejava.

— Percepção, Legolas! — Thranduil exclamou, levantando-se. — Você precisa perceber que o tiro está vindo para poder desviar dele ou se defender com o escudo!

— É, mas você não precisav...

— Quieto! — Thranduil se aproximou de Legolas, agarrou uma manga das vestes dele e deu um puxão, rasgando-a. Com ela, fez uma longa tira de tecido. — Se Syndel perguntar... A culpa foi sua. Vire-se.

— Mas eu não...

Thranduil bufou, perdendo a paciência, e segurou Legolas pelos ombros, fazendo-o virar de costas para ele. Ele o vendou com a faixa verde, dando duas voltas.

— O que estamos fazendo?

— Treinando. — Thranduil já subia no pinheiro mais próximo. As árvores estavam carregadas. Ele pegou uma pinha particularmente grande e atirou no filho, acertando-o em cheio.

— Ai!

— Desvie-se! — Thranduil saltou para a árvore ao lado, tão silenciosamente quanto possível, e atirou outra fruta. Acertou de novo.

— Ai! Como, se eu não consigo ver de onde vem o ataque?

— Percepção, Legolas! Percepção!

Aquele foi o primeiro de muitos treinos que Legolas e Thranduil fizeram a fim de melhorar a percepção do jovem elfo. Com o tempo, ficar atento ao ambiente ao redor e a possíveis ataques se tornou sua segunda natureza. Em Greenwood, houve um tempo em que Legolas ficou conhecido como “O Inatingível”, tamanha a habilidade que adquiriu.

— Defesa a longa distância... — Legolas sussurrou, de seu esconderijo na torre. Ele se lembrava muito bem da mãe contando histórias sobre como ela e Thranduil se completavam em batalha: ela tomava conta da defesa a longa distância e ele, da defesa a curta distância. Juntos, de fato, eles nunca perderam uma batalha. Legolas os havia visto lutando juntos. Nada os atingia. De onde quer que o ataque viesse, eles podiam contra-atacar.

Então ele soube o que tinha que fazer.

Ele se levantou rapidamente, já retirando três flechas da aljava. Com agilidade, atingiu três dos arqueiros orc que estavam mais próximos de Madlyn, com um só tiro. Depois, se apressou em descer para correr até o local em que ela estava.

Em meio ao caos, ele levou o arco às costas e usou suas duas facas para abrir caminho. Era muito rápido e habilidoso. Os orcs mal conseguiam ver o que os estava atingindo antes de caírem. Legolas havia parado de contar havia muito tempo.

Finalmente, ele a avistou:

— Madlyn!

Ele precisou matar dois orcs para chegar até ela. Ela olhava para ele espantada, com a espada erguida e pronta. A expressão no rosto dela fez Legolas ter certeza de que ela estava de olho nos orcs, que permaneciam meio que congelados onde estavam, com medo de entrarem em seu campo de alcance. Ao mesmo tempo, Legolas estava certo de que ela não via o arqueiro orc fazendo mira a alguns metros de distância, acima da amurada...

— O que você está fazendo aqui?

Legolas não respondeu imediatamente. Em vez disso, ele atirou no orc e correu para se posicionar atrás de Madlyn, de costas para ela, como tinha visto os pais fazerem tantas vezes antes.

— Defesa a longa distância. — Ele disse simplesmente.

Ela sorriu de leve e, com um golpe rápido e dando um pequeno passo adiante, decapitou três orcs de uma vez.

— Eu pensei que você tinha dito que não queria ficar tomando conta de mim.

Legolas atirou em outros dois orcs que se aproximavam correndo.

— Vamos cuidar um do outro, sim?

Ela deu mais um golpe e se voltou para ele, com um sorriso travesso ainda dançando nos lábios:

— Tudo bem, amorzinho.

~~ ♣ ~~

A batalha já durava tempo demais quando o reforço de Rohan finalmente chegou. Legolas e Madlyn viram quando os cavalos se aproximaram e Eldarion comandou um reagrupamento das forças de Gondor para que eles pudessem se organizar. Quase ao mesmo tempo, o toque de guerra de Durin se fez ouvir. Eram os anões de Aglarond**, que chegavam liderados por seu regente. Legolas e Madlyn seguiram para lá: enquanto ela abria caminho à frente, ele rechaçava os orcs que vinham atrás, seguindo-os.

Foi assim que Legolas finalmente encontrou Gimli.

— Trinta e três! E você?

— Uh... Eu perdi a conta.

— Como assim? O que você estava fazendo? — O anão parecia irritado.

Legolas chutou um orc que se atirou sobre ele, e Madlyn o golpeou no peito.

— Lutando.

— Onde? — Gimli resmungou, ameaçando um orc com o machado. A criatura se afastou, percebendo que Gondor estava em maior número ali.

Legolas abriu a boca para responder, mas Madlyn foi mais rápida, apoiando uma mão no ombro dele e deitando a cabeça sobre ela:

— Comigo! — A voz dela era doce como a de uma criança.

Gimli olhou para Legolas como se ele o tivesse traído e se juntado à força inimiga. O elfo ficou sem saber o que dizer.

— GONDOR! — Eldarion chamou. Todas as cabeças se voltaram naquela direção, exceto a de Gimli, que continuava olhando acusadoramente para o amigo. — Rohan e Durin estão aqui! — Ele fez uma pausa, enquanto os homens saudavam os aliados. — Escutem-me! É verdade que os inimigos são numerosos, mas a força dos homens já se provou maior que a dos orcs antes! E continua sendo maior agora!

Todos os cavaleiros de Gondor gritaram em concordância. Embora seus corpos estivessem cansados, seus espíritos permaneciam fortes e dispostos a lutar em nome do rei. E a chegada dos reforços os havia animado novamente.

— Preparem-se!

A esse comando, eles responderam alinhando-se novamente em formação e erguendo suas armas. Um cavaleiro chamou a atenção de Legolas e lhe entregou um novo feixe de flechas. O elfo curvou levemente a cabeça em agradecimento e as colocou rapidamente na aljava. Os cavaleiros de Rohan se alinharam ao exército de Eldarion. Os anões permaneceram atrás, na retaguarda. Os orcs haviam se reagrupado mais adiante, mas não havia muita ordem. De fato, alguns deles estavam começando a brigar entre si. Mesmo assim, era fácil ver que eles ainda estavam em maior número. Legolas torcia para que os homens de Ithilien não tardassem em responder ao chamado do rei.

— Preparem-se! — Eldarion repetiu.

Madlyn estendeu a mão e segurou a de Legolas brevemente. Ele se assustou e olhou para ela. Ela fez um movimento afirmativo com a cabeça e sacou sua espada. Legolas sentiu-se corar levemente e preparou uma flecha no arco. Ele olhou rapidamente para Gimli, mas o anão virou a cara.

Eldarion buscou Elfwine com os olhos, e ele assentiu. Então o rei de Gondor ergueu a espada e deu o comando de ataque:

— POR GONDOR!!!

— ROHAN!!!

— DURIN!!!

Os exércitos de homens e anões correram de encontro ao de orcs. Eles tinham agora a vantagem da organização. Legolas e Madlyn se apressaram em retormar a posição de ataque-defesa que vinham adotando antes. O elfo logo perdeu Gimli de vista, em meio à confusão.


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Notas finais do capítulo

*História inventada por mim, narrada em “A Razão do Rei”, capítulo 11.

**Aglarond foi uma colônia de anões de Durin (da linhagem de Gimli, Balin e Thorin Escudo de Carvalho) que Gimli estabeleceu próximo a Helm’s Deep após a Guerra do Anel. Essa colônia se tornou uma grande aliada de Aragorn e do Reino Reunido de Gondor e Arnor.