A Jornada do Príncipe escrita por Andy


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores lindos! :3
Cá estou eu com o capítulo da semana! Espero sinceramente que vocês gostem dele!
E adivinhem? Eu saí de férias hoje! Yaaay! Obrigada, Eru, Pai de Todos! Agora eu consigo finalmente terminar esta fanfic!
Ah, sim! Essa semana eu quero desejar um feliz aniversário atrasado à Mrs Longbottom! Eu fiquei mega em dúvida quando fui postar semana passada se te dava parabéns adiantado ou atrasado. Achei que atrasado faria mais sentido (?). Então... Parabéns!! Muita felicidade, que todos os seus sonhos possam se realizar! Inclusive aqueles que você nem sabe que sonha! ;3
E quero desejar também um feliz aniversário à querida RaqCris, que comemora mais uma primavera amanhã! Feliz aniversário, Cris!! Eu espero que você seja sempre muito feliz e continue sendo essa pessoa incrível que você é! Muito obrigada por sempre me alegrar com seus comentários fofos! ♥ Eu realmente te desejo tudo de bom! Você merece! X3
Tudo bem, parabéns dados, vamos ao capítulo! Enjoy! :D



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Quando Legolas acordou na manhã seguinte, a primeira coisa que viu foram os restos da fogueira, agora apagada. Ele se ergueu sobre os cotovelos, piscando para que seus olhos se acostumassem à baixa luminosidade. O sol mal dava sinais de que estava nascendo lá fora.

Gimli estava de volta, ele notou. E dormia pesadamente, de barriga para cima e roncando alto. Quando o elfo olhou em redor, porém, não havia sinal algum de Madlyn. Ele se sentou, indeciso sobre o que pensar ou sentir com relação a essa ausência.

Ele inclinou a cabeça, levando as mãos à trança para desfazê-la. Tinha tido um sonho muito estranho. E muito pouco esclarecedor...

~~ ♣ ~~

Ele estava de volta a Greenwood e sabia que a Guerra do Anel já havia acabado, mas os elfos verdes ainda estavam na floresta. Era outono e todos estavam ocupados colhendo uvas para fazer o famoso vinho de Thranduil. Não ele, claro. Sendo príncipe, ele não fazia esse tipo de trabalho. Ele apenas andava pela floresta tranquilamente com as mãos atrás das costas, observando o trabalho dos outros. De vez em quando, alguém o cumprimentava, e ele retribuía com a cabeça.

— Legolas!

O coração dele começou a bater mais forte apenas com o som da voz dela. Ele se virou, e Tauriel sorria para ele. Ela trazia nas mãos uma bacia cheia de uvas verdes. Ele retribuiu o sorriso.

— Bom dia! — Ele disse.

— Bom dia! — Ela pegou um cacho de uvas e ergueu diante dele. — Aqui. Prove!

Ele se aproximou e pegou uma uva com a boca. Era muito doce.

— Você não acha que meu senhor Thranduil vai ficar muito satisfeito com essa safra?

— Tenho certeza de que sim. Dará um ótimo vinho.

— Espero que sim. Está dando bastante trabalho colhê-las.

Legolas estendeu os braços para pegar a bacia dela.

— Você não precisa fazer isso. Eu a dispenso.

Ela fechou a cara para ele e puxou a bacia para o outro lado, contrariada.

— Eu não estava reclamando. E nem pedindo para ser dispensada! Sou forte o bastante para fazer isso. E para carregar minhas próprias uvas!

Legolas abriu um de seus sorrisos tortos para ela, enquanto um arrepio de desejo percorria sua espinha. Era isso o que mais o fascinava na ruiva. Sua força. Sua determinação. Seu gênio.

— Tudo bem. — Ele respondeu, erguendo as mãos para se desculpar.

Então, subitamente, Tauriel largou a bacia de uvas, fazendo com que as frutas se espalhassem pelo chão. Os elfos que passavam por ali se desviaram com dificuldade, praguejando em élfico. Legolas ia perguntar o que raios ela estava fazendo, mas os lábios dela já estavam nos dele.

Ele retribuiu imediatamente, passando as mãos na cintura dela para puxá-la para mais perto de si. Tauriel o beijava apaixonada e desesperadamente, enquanto suas mãos cuidadosamente deslizavam em direção ao cinto que prendia as vestes dele. Uma parte dele se sentiu envergonhada, porque havia vários elfos trabalhadores ao redor deles. Mas ele simplesmente não conseguia se conter, erguendo as mãos para despi-la também.

De repente, a floresta em redor deles desapareceu. Eles estavam agora deitados no chão fervente de uma caverna, que entre um beijo e outro, Legolas reconheceu como sendo a caverna dos orcs. Ele se preocupou que Tauriel pudesse se queimar e a ergueu para que ela ficasse sobre ele. Só então ele percebeu que ela estava praticamente nua. Ele suava e não sabia se era por causa do calor ou...

— Amorzinho!

O grito de Madlyn fez com que ele empurrasse Tauriel, atirando-a ao chão. Ele se levantou assustado, procurando pela voz.

— Legolas? — Tauriel chamou. Ele olhou e a encontrou já completamente vestida de novo.

— Amorzinho! — Quando ele voltou a cabeça, Madlyn olhava para ele. Ela estava na penumbra, mas seus olhos elétricos brilhavam.

— Quem é ela, Legolas? — Tauriel perguntou.

Legolas queria responder, mas Madlyn pôs as mãos em seus ombros e o puxou, beijando-o.

Ele sentiu-se retribuindo imediatamente, erguendo uma das mãos para acariciar o rosto dela. O beijo de Madlyn era diferente. Não era ardente, mas calmo, sereno. Fez com que Legolas se sentisse leve. Não havia desespero. Ele podia sentir o coração batendo acelerado, mas não doía. Ele ergueu a outra mão para puxá-la pela cintura, mas o fez sem violência; ao contrário, tratou-a com carinho. Enquanto isso, ela acariciava os cabelos em sua nuca. Ele podia senti-la sorrindo durante o beijo.

E então Tauriel o puxou, separando-os violentamente.

— Quem você pensa que é, sua vadia? — Ela encarava Madlyn furiosamente.

— Tauriel! — Legolas se desvencilhou dela, surpreso. Tinha se esquecido de que ela estava ali.

Quando ele olhou, Madlyn havia desaparecido.

— Aqui, amorzinho. — Ela ronronou. Quando Legolas procurou por ela, ela estava empoleirada no galho de uma árvore, daquele jeito felino. Eles estavam na Velha Floresta.

— Por que ela te chama assim, Legolas?

Madlyn riu alto.

— Por que você acha, ruiva?

Legolas não pôde evitar um sorriso. Ele não tinha percebido antes o quanto o atraía esse tom sarcástico dela.

— Por que você está sorrindo? — Tauriel perguntou, com raiva.

— Por que você ficou com o anão? — Legolas perguntou, sem saber por quê.

— Você é meu, Legolas. — Tauriel o puxou pelo colarinho. — Meu. — Ela o beijou novamente.

Ele sentiu-se retribuir, embora o beijo fosse amargo e parte dele quisesse afastá-la.

— Eu te amo, Legolas. — Ela sussurrou, quando se afastou.

Madlyn riu alto novamente. E então ele despertou.

~~ ♣ ~~

Ele balançou a cabeça. Esse sonho não ajudava em nada com seu dilema interno. Ele se apressou em refazer a trança e se espreguiçou lentamente. Olhou de novo ao redor, como se Madlyn pudesse ter magicamente aparecido ali enquanto ele estivera distraído, mas não havia sinal dela. Ele se ergueu e, verificando que Gimli estava realmente adormecido, saiu da caverna para respirar. Estava quente, ainda que fosse muito cedo.

Fora da caverna, Legolas encostou-se à pedra, fechando os olhos e cruzando os braços. Os sons dos passarinhos que acabavam de despertar ajudaram a acalmar seu espírito. Como todo elfo verde, ele amava os sons da floresta mais do que quaisquer outros. Ele reabriu os olhos, sorrindo consigo mesmo.

Seus pensamentos não tardaram a voltar para as elfas de seu sonho, no entanto. Ele não podia deixar de compará-las. Em aparência, não poderiam ser mais diferentes. Mas elas tinham um traço em comum que ele simplesmente não podia ignorar. Sua personalidade forte. Ambas eram decididas e geniosas. E era precisamente disso que ele gostava em Tauriel. Madlyn, porém, o irritava um pouco.

Ele passou uma mão pelo cabelo, sorrindo de novo, desta vez sarcasticamente. Depois, riu baixinho ao perceber que estava sendo sarcástico consigo mesmo. “Eu estou virando o meu pai”, pensou.

E foi então que ele notou.

O sol já havia nascido plenamente agora e os olhos dele conseguiram ver com clareza as marcas no chão. As botas de Madlyn. Ele pôde sentir sua expressão se decompondo enquanto ele tentava entender o significado daquelas pegadas. Até então, ele não tinha dúvidas de que a elfa estava em algum lugar dentro da caverna, mas aquelas botas estavam saindo dali.

Ele sentiu algo se revirando desconfortavelmente em seu estômago e apressou-se em seguir as marcas no chão. Havia uma confusão mais adiante, porém, como se a elfa houvesse andado de um lado para o outro por algum tempo. Depois, finalmente, seus pés pareciam ter se decidido. As marcas desapareciam alguns metros depois da abertura da caverna, numa clareira dominada pela grama alta.

Legolas deixou-se ficar parado ali por alguns instantes, enquanto sua respiração se acelerava inexplicavelmente. Ele não havia corrido. Não estava cansado.

Foi então que a verdade o atingiu e a dor veio. Tão forte que ele, assustado, precisou levar a mão ao peito, encostando-se a uma árvore.

Sem saber por que, aquela imagem veio instantaneamente a sua mente. A memória que ele mais havia tentado reprimir. O momento em que ele viu nos olhos de Tauriel. Ela não iria com ele. E seu comando — “Tauriel.” — foi fraco e sem esperança. Ela o havia deixado. E ele nunca soube como conseguiu seguir lutando contra Bolg e os outros orcs.

Legolas apertou os olhos, tentando respirar.

~~ ♣ ~~

Quando Gimli acordou, viu Legolas em pé à porta da caverna, alisando o focinho de seu cavalo. Ele franziu as sobrancelhas confuso e olhou em direção ao lugar onde Madlyn havia se deitado na noite anterior. Não havia sinal dela. O anão se levantou e andou lentamente até onde o amigo estava.

— Bom dia. — Legolas disse, olhando para ele. A expressão em seu rosto preocupou Gimli, mas ele a recompôs imediatamente.

— Estamos de partida? — Gimli perguntou confuso, notando que Legolas tinha desamarrado os três animais e ajeitado os mantimentos restantes neles.

— Agora que você acordou, sim. — O elfo montou em seu cavalo com agilidade.

— Legolas?

O loiro respirou fundo, tentando conter sua impaciência e se voltou para ele:

— O que foi?

— Onde está Madlyn? — Gimli perguntou num tom baixo. Legolas não deixou escapar que aquela era a primeira vez que ele chamava a elfa pelo nome.

A dor voltou com toda a força e Legolas precisou engolir em seco antes de conseguir responder:

— Ela foi embora.

— Embora? Como assim “embora”? Para onde?

— Eu não sei.

— Como você não sabe?

— Eu não sei, ela desapareceu.

— O que aconteceu?

— Eu não sei! Quando acordei, ela já tinha ido.

— Como você sabe que ela foi embora? Como você sabe que ela não está lá dentro ou que não está em perigo, ou...

— Gimli! — Legolas gritou para interrompê-lo. — Ela simplesmente se foi, está bem? Vamos partir.

O elfo virou o cavalo e começou a se afastar. Ele segurava a corda da montaria de Madlyn, puxando-o consigo. Gimli bufou e se apressou em subir no pônei, apenas para não ficar para trás.

— Eu não estou te reconhecendo!

Legolas olhou para ele por sobre os ombros, irritado:

Eu é que não estou te reconhecendo! Você nunca gostou dela, do que está reclamando?

Gimli se calou diante desse argumento. Ele era orgulhoso demais para admitir que em verdade havia se afeiçoado à elfa. Os dois companheiros seguiram viagem em silêncio, rumando em direção ao Norte. Legolas achara prudente tomar aquele caminho porque poderiam parar em Fornost* para obter mais suprimentos para a viagem através das Ered Luin e, depois, para a viagem marítima. Além disso, dessa forma eles evitariam o Condado.

~~ ♣ ~~

Eles já haviam saído da Velha Floresta havia um bom tempo quando Gimli finalmente rompeu o silêncio com um pigarro alto:

— Quem é Tauriel? — Ele cuspiu na grama, completamente indiferente à maneira como o corpo de Legolas enrijeceu ao ouvir aquela pergunta.

— Como você sabe sobre ela?

— Você falou dela.

— Quando? — O elfo estava perplexo.

— Ontem à noite. Enquanto dormia.

Legolas sentiu o sangue deixando seu rosto. Ele não gostava de pensar no que podia ter dito durante aquele sonho.

— Talvez seja por isso que ela tenha ido embora.

— O quê? — Legolas olhou para ele, confuso. Por um instante, ele pensou que o anão se referia a Tauriel.

— Madlyn. Ela também o ouviu. E pareceu bastante... Emocionada.

Legolas se voltou para frente de novo. Os muros de Fornost já podiam ser vistos. Eles estavam bastante perto agora. Gimli notou que Legolas não respondeu à pergunta, mas achou por bem não insistir.

~~ ♣ ~~

Quando chegaram a Fornost, os dois foram recebidos com festa. Havia muitos amigos seus ali, inclusive anões de Erebor, que tratavam de negócios. Gimli era como um rei para eles, e eles não se deram por satisfeitos enquanto ele não aceitou se juntar a eles para dividir uma bebida e contar sobre a Batalha Derradeira, como vinha sendo chamada a batalha recém-travada em Gondor.

Legolas, por sua vez, foi cear com o regente de Arnor. O elfo ficou feliz em ter notícias de Eldarion. Pelo que ele soube, Gildarion estava crescendo forte e saudável. O Regente estava bastante animado ao falar sobre como o rei havia prometido que logo traria o herdeiro a Fornost, para que o povo de Arnor pudesse conhecê-lo.

— Talvez vocês possam esperar para vê-lo?

Legolas sorriu, mas negou com a cabeça:

— As Ered Luin não são montanhas cruéis, mas talvez sejam um pouco severas com o velho Gimli. E eu gostaria muito de que construíssemos nossa barca a tempo para partir durante a primavera. Então, precisamos nos apressar.

O Regente assentiu, mas não tentou impedir que Legolas notasse a tristeza em seu rosto.

~~ ♣ ~~

Legolas acordou no meio da noite, sentindo falta de ar. Uma brisa fresca entrava pela janela da torre em que ele se encontrava, inflando as longas cortinas brancas. O elfo se sentou e as afastou com o braço. Então ele a viu, arregalando os olhos instantaneamente ao reconhecer o azul único daqueles olhos brilhantes:

— Madlyn?

Ela não disse nada, e continuou apenas olhando para ele. Suas sobrancelhas, porém, se uniram e Legolas pensou ter visto lágrimas dançando em seus olhos.

— O que você está fazendo aqu...? Como chegou aqui?

Ela continuava quieta, sentada na cadeira que havia em frente à penteadeira do quarto. Suas mãos apertaram mais fortemente o encosto do móvel, como se ela precisasse se apoiar nele. Legolas quis levantar-se e ir até ela, mas alguma coisa o impedia.

— Não... — Ele começou, sentindo aquela dor pungente retornar a seu peito. — Não importa. Venha comig... Venha conosco, Madlyn!

— Por quê?

Quando ela falou, também havia dor em sua voz. Isso só fez com que ele se sentisse pior.

— Porque... Você não vai querer ficar sozinha.

Ela se levantou, mas não se aproximou dele, permanecendo parada ao lado da porta.

— Diga que você não quer que eu fique sozinha.

Legolas ergueu as sobrancelhas, surpreso.

— Diga que você não quer que eu o deixe sozinho, amor. — Ela disse a última palavra de um jeito vazio, como se ela não tivesse nenhum significado emotivo embutido. Como se fosse uma palavra comum como “cadeira” ou “árvore”. Doeu.

Legolas ensaiou as palavras, mas não conseguiu dizê-las. E quando ele deu por si, ela havia desaparecido com o vento.


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Notas finais do capítulo

*Fornost era uma grande cidade-fortaleza do reino perdido de Arnor. Ela havia ruído durante a Terceira Era, mas Aragorn a reconstruiu durante a Quarta Era, quando se tornou o rei do Reino Reunido de Gondor e Arnor.