A Jornada do Príncipe escrita por Andy


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Namárië! :3
Então gente, deu tudo certo com a postagem programada na semana que vem, felizmente, haha! E aqui estou eu trazendo o capítulo 12... Que talvez seja o meu preferido na fanfic inteira. Eu estou muito ansiosa para ver os comentários sobre ele. Só peço que não julguem nada (nem ninguém) antes de lerem o próximo ok? Hahaha!
Bom, antes de deixar vocês lerem em paz, eu quero fazer mais um agradecimento especial! Muito obrigada à leitora Asgardiana, que me surpreendeu escrevendo a terceira recomendação da fanfic, essa semana! Nem sei dizer o quanto fiquei feliz com ela, especialmente porque você nunca havia comentado antes... É muito bom saber que você está por aqui, e que está gostando tanto assim da história! Tudo o que você disse me motivou muito, e olha que eu estava precisando (bloqueio criativo é a pior coisa do mundo, não desejo a ninguém, viu?)! Obrigada mesmo! ♥
Ok, era isso, galera. No mais, desejo a todos uma boa leitura! E até a próxima!

P.S.: Eu continuo esquecendo de postar os mapas no final dos capítulos, ne? Ai ai...



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O sol já estava bastante baixo no horizonte quando eles finalmente chegaram à Velha Floresta próxima ao Condado. Quando Legolas voltara na noite anterior, encontrara Madlyn e Gimli adormecidos, e nenhum deles mencionou aquela conversa novamente pela manhã. O elfo se sentia mal, envergonhado por seu comportamento, mas sentia-se incapaz de dizer qualquer coisa a respeito. A viagem fora muito quieta naquele dia.

— Finalmente... Chegamos. — Madlyn falou, enfim.

— “Chegamos”? — Gimli perguntou, olhando em volta. — O que você quer dizer com “chegamos”?

— Exatamente isso... É aqui.

Gimli fechou a cara.

— Mas esta é só outra maldita floresta! Onde estão as cavernas?

— Você está acima delas, anão.

Gimli olhou para baixo, sem compreender. Legolas dirigiu a palavra a Madlyn pela primeira vez naquele dia:

— Cavernas subterrâneas? Abaixo da Velha Floresta? Impossível!

— Ah, então você está falando comigo agora? — Madlyn olhou para ele, seus olhos faiscando de irritação.

Legolas desviou o olhar, empinando o nariz, orgulhoso. Ele estava envergonhado de sua atitude infantil, era verdade, mas não ia dar o braço a torcer. Além disso, Madlyn também já havia agido de uma forma muito parecida antes.

— Ah, me poupem, vocês dois! Vamos logo, elfa! Mostre-nos a entrada!

Madlyn fuzilou Legolas com os olhos, e ele retribuiu o olhar com a mesma intensidade. Então, ela virou o cavalo, dando-lhe as costas:

— Por aqui. — disse secamente.

O terreno era bastante irregular na Velha Floresta. As árvores faziam jus ao nome do lugar. Suas cascas pareciam estar se desprendendo em vários pontos, dando-lhes um aspecto pouco saudável, embora os elfos soubessem que elas estavam perfeitamente bem. Fazia muito calor ali, devido à estação e à umidade dos últimos dias, e mosquitos enormes não paravam de atormentar os viajantes.

Já fazia um bom tempo que eles estavam andando quando os olhos de Legolas pousaram sobre uma rocha enorme, uma das muitas que ele havia visto naquele dia. Aquela, porém, parecia ter algum tipo de inscrição muito, muito gasta nela. Um desenho cuja forma era familiar a Legolas, de uma tapeçaria que Thranduil tinha em seu palácio. Mas não podia ser o mesmo desenho. Ele arregalou os olhos, aproximando-se para olhar melhor:

— Ei, isto é...?

Madlyn olhou para ele por sobre os ombros rapidamente, e virou a cara. Legolas fechou a cara para as costas dela:

— O que é? Não vai falar comigo nunca mais agora, é isso? — Ele perguntou entredentes.

Madlyn não respondeu, enquanto alguma coisa se revirava dentro dela, satisfeita por ouvir a raiva na voz dele. Gimli bufou:

— Elfos!

~~ ♣ ~~

A luminosidade já se havia reduzido aos tons azul-escuros e alaranjados do lusco-fusco quando Madlyn finalmente parou. Ela desceu do cavalo e começou a amarrá-lo a uma árvore, com agilidade. Legolas e Gimli ficaram apenas olhando para ela. Ela se voltou para eles, o rosto completamente sem expressão:

— Vocês vêm ou não?

— Você podia ter nos dito que havíamos chegado.

— Eu pensei que vocês fossem mais espertos, amorzinho.

— Ah, então você está falando comigo?

— Com o anão é que não é. — O tom dela era tão ríspido quanto o dele.

— Dá pra vocês dois pararem com isso agora? Já estão me irritando! — Gimli tinha dificuldades em amarrar o pônei. O animal, que nunca gostara do anão, estava inquieto.

Legolas e Madlyn se moveram para ajudá-lo ao mesmo tempo, e por um instante as pontas de seus dedos se tocaram. Eles trocaram um olhar rápido, e Madlyn se afastou, deixando que Legolas terminasse o serviço. Tentando ignorar o choque elétrico que mesmo aquele pequeno contato enviou por seu corpo, ela se virou em direção a uma grande parede rochosa.

— Está bem aqui. A entrada.

— Onde? — As sobrancelhas de Gimli se uniram.

— As portas são invisíveis, Gimli. — Legolas se aproximou. — Precisamos saber a senha para entrar.

Madlyn passou por ele, esbarrando levemente em seu ombro. Ela parou bem próxima à parede e disse uma frase em uma língua élfica muito, muito antiga. Legolas entendeu apenas quatro palavras: ouro, valor, harmonia, riqueza. Madlyn deu dois passos para trás, afastando-se.

Por um momento, nada aconteceu, mas logo os três começaram a sentir uma leve vibração no solo. Os animais protestaram, assustados. Então, Legolas e Gimli observaram assombrados enquanto um padrão intricado aparecia na pedra, desenhado em luz. Quando o desenho do portal estava completo, ele rebrilhou mais uma vez, antes de se apagar totalmente. O que restou foi uma porta de pedra escura. Madlyn olhou para eles, satisfeita.

— O que estão esperando? Vocês são os homens aqui. Empurrem!

Legolas e Gimli obedeceram, cada um empurrando um lado da porta. Ela não se moveu um milímetro sequer. Madlyn emitiu um som sarcástico de decepção:

— Tcs, tcs, tcs... Fracotes.

Legolas se voltou para ela:

— Esta porta é muito velha. Deve estar quebrada.

— Não seja ridículo. Portais encantados não “quebram”. — O tom dela era irônico, exatamente o mesmo tom que ela usara em Greenwood, quando eles se conheceram. Aquela mesma irritação misturada a alguma coisa que Legolas não sabia nomear o invadiu.

— Abra você, então!

Madlyn esticou os braços, como que se alongando.

— Uma garota tem que fazer tudo...

Ela se aproximou da pedra, afastando os dois, e encostou as duas mãos a ela, numa certa posição. Ela empurrou com toda a força. Mesmo com certa dificuldade, a porta se abriu com um estrondo. A elfa olhou para Legolas, batendo as mãos para se livrar da poeira com um sorriso sarcástico no rosto. Legolas trincou os dentes. Ele tinha vontade de agarrar Madlyn e... Ele não tinha certeza do que vinha depois disso.

Madlyn foi na frente, seguida pelos outros dois. A luz que vinha de fora era quase nula agora, e eles não podiam ver nada na escuridão. Gimli estava particularmente desorientado. Madlyn, cujos olhos podiam ver quase tanto no escuro quanto os de seu pai podiam, estava encantada, olhando ao redor fascinada enquanto milhares de memórias de um passado distante a invadiam. Legolas se aproximou do anão e pôs uma mão em seu ombro para não o perder nas trevas. Os dois ficaram ali parados, sem saber como agir.

— Ahnm... — Gimli pigarreou. — Estas são “as verdadeiras cavernas brilhantes”? Onde está o brilho?

Madlyn se virou para ele:

— O quê...? Ah! Ah, sim! Desculpem! — Ela se virou para a escuridão novamente e sussurrou uma palavra na mesma língua que usou para abrir a porta.

Imediatamente, todo o lugar clareou com uma luz azulada, que vinha de vários pontos diferentes nas pedras das paredes e do teto. Legolas e Gimli olhavam para todos os lados, fascinados. Madlyn sorriu, seu coração disparando ao ver a expressão de encantamento no rosto de Legolas:

— Bem-vindos a Menegroth, as Mil Cavernas!

Legolas julgou ter ouvido mal:

— O reino perdido de meu senhor Thingol(1)?

— Sim.

O elfo sentiu suas mãos começarem a tremer, tamanha a emoção que tomou conta dele naquele momento. Se o que Madlyn dizia era verdade, e tudo indicava que era, então aquele local era muito, muito antigo. E, de certa forma, sagrado, pois ali estiveram Melian e Lúthien e Beren(2) e muitos outros grandes nomes do passado.

Gimli não compreendera nada do que eles disseram, e mesmo assim olhava ao redor embasbacado. O chão sobre o qual eles pisavam era feito de pedras coloridas, que refletiam o brilho daquela estranha luz azulada. As pilastras lembravam árvores. Por todos os lados, das paredes ao teto, havia imagens de animais e de plantas em alto-relevo, simulando o ambiente alegre de uma floresta. Gimli reconhecia o trabalho dos anões em cada canto. Trabalho de alta qualidade, que ele não vira nem em Moria, nem em Erebor, e nem mesmo em suas Cavernas Brilhantes.

Madlyn se aproximou do anão, ainda sorrindo:

— Você percebe, não é, Gimli?

— Isso... Isso...

— Sim. — Ela assentiu. — Elfos e anões trabalharam juntos para construir este lugar. E o resultado... — Ela olhou ao redor com olhos saudosos e enamorados. — Foi a mais bela morada que já existiu na Terra-Média.

— Elfos e anões juntos? — Gimli perguntou, surpreso.

— Sim. Anões do extinto reino de Nogrod. E elfos sindar de Doriath. Pode parecer estranho para você, mas os dois povos conviveram em harmonia aqui durante muito tempo. Uma amizade que trouxe muita felicidade e prosperidade para os dois lados. — Ela olhou de um para outro. — Se bem que talvez não pareça estranho para vocês.

Legolas e Gimli se entreolharam, e não responderam. Eles dois sabiam que Madlyn tinha razão. Imaginar elfos e anões vivendo e trabalhando juntos era uma ideia que fazia sentido, e ao mesmo tempo fascinava a ambos. Legolas se aproximou da parede para tocar um relevo que representava um veado. A perfeição dos detalhes era impressionante. Certamente tinha sido feita por elfos.

Madlyn ficou observando-o, perguntando-se o que se passava na mente dele.

— No começo, estes salões eram iluminados por lanternas de ouro. Mais tarde, porém, minha senhora Melian(3) evocou estas luzes. Na época em que ela estava aqui, o brilho era branco como o das estrelas e iluminava mil vezes mais que agora. Quando ela partiu, por algum motivo, as luzes permaneceram aqui. Uma lembrança da benção que este lugar conheceu um dia, talvez. — A elfa falava como que para si mesma. Ela fechou os olhos, deixando que as lembranças tomassem conta. — Bom, muita coisa mudou desde aqueles tempos. Costumava haver um rio à porta, o velho Esgalduin. E havia uma ponte, que era o único meio de se chegar até aqui. O que você viu lá atrás, amorzinho, provavelmente era um pedaço da velha ponte que os naugrim(4) construíram.

— E quanto ao rio? — Gimli perguntou.

— Quando a terra mudou com o passar das eras, tudo mudou. O Esgalduin alterou o seu fluxo e se tornou o Baranduin. E a antiga Doriath passou a se chamar “Velha Floresta”... Além de ter diminuído muito sua extensão. Nan Elmoth desapareceu. Tudo mudou. Este lugar só permanece aqui porque está no subterrâneo... E porque foi muito bem construído, claro.

Os três ficaram muito quietos, contemplando o ambiente em que estavam. Era apenas o salão de entrada, mas era magnífico.

— Queria que vocês tivessem visto como este lugar era em seus melhores dias, repleto de tapeçarias, de música e de alegria...

— Você viu? — Legolas perguntou.

— Eu? — Ela abriu um sorriso triste para ele. — Eu nasci aqui, amorzinho.

Os três se acomodaram num dos espaçosos dormitórios de Menegroth. Madlyn prometeu levá-los para conhecer todo o lugar no dia seguinte, mas por ora, tudo o que eles queriam era descansar. Gimli acendeu uma fogueira no centro do ambiente e os três se sentaram para comer. Enquanto isso, Madlyn lhes contou toda a história de Doriath, de sua ascensão a sua queda (5).

— Tudo por causa de uma pedra. — Ao terminar a narração, seu rosto estava triste. — Uma maldita pedra(6).

— Você chegou a vê-la? — Gimli perguntou, tentando imaginar a pedra que havia provocado tanta dor e morte. Ele não podia deixar de se lembrar da pedra Arken, pela qual tanto sofreram seu pai e os companheiros da companhia de Thorin Escudo de Carvalho.

Madlyn assentiu.

— Ela era mesmo tudo o que as lendas dizem?

A elfa sentia o coração pesado com a lembrança. O desejo pela pedra também a havia queimado, muitos anos antes, e ainda lhe trazia desconforto, mesmo agora.

— Ela era mais. As lendas não lhe fazem justiça. Eu entendo perfeitamente por que tantos morreram por ela e por suas irmãs. Não aceito. Mas entendo.

— Você estava aqui? Quando Doriath caiu? — Legolas perguntou delicadamente. Ele percebia que as lembranças faziam a elfa sofrer.

Madlyn negou com a cabeça:

— Não. Meu pai e eu já havíamos partido há muito tempo. Ele desejou deixar Menegroth quando Melian a circundou com o Cinturão(7).

— Por quê?

Madlyn deu de ombros.

— Nós vivíamos na Floresta de Region(8), não aqui nas Cavernas. Eu vinha aqui constantemente, mas residi aqui apenas durante um curto período de tempo, quando era jovem. Nós vivíamos na floresta. Servíamos a Thingol, mas não éramos propriamente parte de seu povo, acho. Nunca entendi direito a relação de meu pai com ele. De qualquer forma, quando Melian circundou a floresta com seu Cinturão, meu pai se sentiu preso aqui. E então nós partimos.

— E quanto a sua mãe? Quem ela era? — Legolas perguntou sem pensar.

Uma careta de dor perpassou o rosto de Madlyn.

— Eu... Eu na verdade não sei. Sei que era uma sindar e que vivia aqui. Era uma serva de Thingol. Mas ela nunca viveu conosco. Eu não sei sequer o seu nome.

— Seu pai e ela...?

Madlyn balançou a cabeça e forçou um sorriso para ele:

— Pode-se dizer que eu sou um erro.

Legolas sentiu algo borbulhando dentro de si. Raiva.

— Isso não é verdade.

A elfa olhou para ele surpresa, depois lhe sorriu com carinho:

— Obrigada.

Ele sorriu para ela gentilmente.

~~ ♣ ~~

Madlyn lhes contou várias histórias e anedotas de outrora, reavivando lembranças dos tempos felizes de sua juventude em Doriath. Legolas podia ver pela forma como seus olhos brilhavam que ela amava aquele lugar e que estava feliz ali. Gimli ficou muito interessado em saber mais sobre os anões que tinham vivido ali, seus costumes, suas habilidades, as armas que sabiam forjar. Madlyn podia lhe dizer muito a respeito, porque Eöl, seu pai, fora um grande amigo desses anões e aprendeu muito com eles. Alguns nomes, Gimli conhecia, mas não sabia quase nada a respeito do tempo em que eles viveram em Doriath. A noite avançava, e nenhum dos três via o tempo passar.

Algum tempo depois, porém, o anão caiu no sono. Legolas cutucou Madlyn com o cotovelo e apontou para que ela visse. Gimli dormia sentado, com a cabeça apoiada em uma das mãos.

— Demorou a dormir, o velhote. — Legolas disse rindo de leve, sem maldade.

Madlyn sorriu para ele:

— Quantos anos ele tem?

— Ele se recusa a me dizer, porque eu nunca disse a minha idade a ele. Mas eu calculo que ele tenha cerca de 250 anos(9). — Os olhos de Legolas sorriam para Madlyn.

— Nossa! Agora eu entendo o porquê da sua pressa...

— Eu espero que eles o aceitem. Seria o primeiro, talvez o único anão da história, mas... Eu não poderia deixá-lo.

— Eu entendo perfeitamente. — Madlyn disse, levantando-se. Legolas ficou olhando para ela, que lhe estendeu as duas mãos e piscou travessamente para ele. — Venha, vamos deixar o vovô dormir.

Legolas sorriu e aceitou o apoio para se levantar.

Os dois elfos caminharam, deixando aquele dormitório para entrar num largo corredor iluminado apenas por aquela estranha luz azulada. Mas iluminado o bastante para os olhos de ambos. Madlyn andava lentamente, olhando em volta, como se andasse por andar, sem realmente estar indo para lugar algum. Legolas a acompanhou no mesmo ritmo.

— E quanto a você? — Ela perguntou.

— E quanto a mim... O quê?

— Quantos anos você tem?

Ele abriu para ela um de seus sorrisos à là Thranduil.

— Se eu não disse para o Gimli, também não vou dizer para você.

— Ah, fala sério!

Legolas apenas riu.

— Eu praticamente entreguei a minha idade para você, agora há pouco! Não é justo!

— Eu não tenho nada a ver com isso. Não perguntei nada.

— Eu... Eu... — Ela notou que ele estava imitando o tom que ela usara para irritá-lo antes. Ela não tinha percebido o quanto era realmente irritante. — Eu sei quando o seu pai nasceu!

— Então você só precisa calcular. — Ele sugeriu, rindo-se.

— Hnm... Pelos meus cálculos... Você é uma criancinha.

— Sou? — Ele parou de andar, sorrindo sarcasticamente para ela de novo. Ela percebeu que ele a estava provocando e decidiu entrar no jogo dele.

— É. E age como uma também! — Ela deu língua para ele.

— E eu que ajo como criança?

— Olha, me respeite você, viu? Eu tenho alguns milênios a mais de experiência que você!

— Ah, e por isso eu devo respeitá-la?

— É claro!

Legolas riu teatralmente:

— Qual de nós tem linhagem real aqui, hein?

— Ah não, não comece! Eu não sou sua serva!

— Foi você quem começou!

— Não fui, foi você. Por que você é uma criancinha! — Ela cutucou o peito dele e fez biquinho, depois cruzou os braços, dando as costas para ele.

Um segundo depois, os dois caíram na gargalhada. Ambos se sentiam surpreendentemente leves. A desavença de mais cedo estava completamente superada. Eles continuaram a andar calmamente, em silêncio agora. Madlyn entrou em uma sala e Legolas a seguiu.

O ambiente estava completamente vazio, como o resto do antigo reino. Mas as paredes eram particularmente decoradas ali, completamente cobertas por motivos florais, e havia muita luz, mais do que nos outros cômodos. Madlyn se aproximou de uma das paredes, passando os dedos suavemente pelos relevos empoeirados. Legolas a observava.

— É linda, não é? — Ela suspirou, contemplando admirada a parede.

— Muito. — Legolas concordou, mas era para Madlyn que ele olhava. O coração dele estava disparado.

Ele se adiantou, aproximando-se dela. Ela não voltou o rosto para olhá-lo.

— Eu não consigo me lembrar o que era esta sala. — Ela franziu a testa. — Odeio pensar que minha memória sobre este lugar é assim tão fraca. Ela nunca lhe fez justiça.

— Fazer justiça... — Ele parou ao lado dela, contemplando a parede também. Ele sentia a boca seca e um frio enorme na barriga. Fazia muito, muito tempo que não se sentia assim. Tinha se esquecido de como era a sensação. — Está aí algo que parece ser sempre complicado para nós. Elfos.

Ela olhou para ele. Ele respirou fundo antes de se voltar para ela também.

— Você sabe, não é? Que há outra razão para eu ter insistido para você vir conosco? — Ele estendeu a mão para tocar o rosto dela, que começou a queimar onde os dedos dele encostavam. Ele começou a acariciar a bochecha dela suavemente com as pontas dos dedos.

Ela arregalou os olhos para ele, não conseguindo acreditar que aquilo realmente estava acontecendo. Borboletas tomaram conta de seu estômago imediatamente, e ela sentiu as palmas das mãos geladas.

— Há...? — Ela sussurrou.

Em vez de responder, Legolas sorriu brevemente para ela e a puxou para um beijo. Ela demorou alguns segundos, devido ao choque, mas retribuiu com a mesma intensidade, enroscando os dedos aos cabelos dele. Os lábios dele se moviam sofregamente, desesperados, e ela envolveu o pescoço dele com as mãos, puxando-o para mais perto de si, tentando estreitar ainda mais a distância entre eles. O beijo durou por tanto tempo quanto eles conseguiram aguentar. Quando se afastaram, estavam ambos ofegantes.

— Legolas... — Ela suspirou.

— Não era assim que você costumava me chamar... — Ele roçava o nariz ao dela devagarzinho, fazendo carinho, mantendo os olhos fechados enquanto tentava controlar sua respiração.

— Amorzinho... — Madlyn passou a mão pelos cabelos dele, que escorriam entre seus dedos.

Legolas sorriu, virando a cabeça para beijar o pescoço dela. Começando na base da mandíbula, depois descendo e descendo cada vez mais. Madlyn sentia como se os lábios dele deixassem ali um rastro de fogo. Então ele parou, respirando pesadamente. Ele podia sentir algo despertando dentro de si, algo que havia estado adormecido durante muito tempo. Algo que ele não tinha certeza se seria capaz de parar, caso continuasse. Ele precisava se certificar de que ela também queria aquilo tanto quanto ele.

Ele ergueu a cabeça para olhá-la nos olhos e ela retribuiu o olhar intensamente. A respiração ofegante dela e o tom rosado de sua face foram a única confirmação de que ele precisou. Ele a beijou novamente, com a mesma voracidade de antes, empurrando-a contra a parede. Quando seus lábios se separaram, Madlyn atirou a cabeça para trás, deixando que os lábios dele percorressem toda a extensão de seu pescoço, enquanto as mãos dele deslizavam, explorando cada curva de seu corpo.

— Legolas... — Ela gemeu baixinho quando ele a pressionou ainda mais contra a rocha fria.

Mapa da região de Eriador, onde fica a Velha Floresta (Old Forest)


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Notas finais do capítulo

(1)Thingol foi um grande elfo do passado, parente distante de Elrond e Arwen.

(2)Beren foi o homem que se casou com Lúthien e por quem ela desistiu de sua imortalidade. Ele é bisavô de Elrond e ancestral dos homens de Númenor, dos quais descende Aragorn.

(3)Melian era a esposa de Thingol. Ela era uma Maia, uma espécie de “deusa inferior” (em relação aos Valar) da Terra-Média.

(4)”Naugrim” é a palavra em Sindarin para “anão”.

(5)Por vários motivos óbvios, eu não posso inserir essa história aqui. Para conhecê-la, leiam “O Silmarillion”, principalmente os capítulos IV, XIV, XIX, XXI e XXII.

(6)A pedra em questão é uma das Silmarils. Para saber mais sobre essas três pedras criadas por Fëanor, que durante muito tempo decidiram o destino da Terra-Média, leiam “O Silmarillion”.

(7)O Cinturão de Melian foi uma defesa que a Maia pôs ao redor das Mil Cavernas, a fim de proteger seu reino do mal. Durante muito tempo, essa proteção funcionou e Menegroth esteve protegida das trevas. Até que uma das Silmaril adentrasse seus domínios, trazendo consigo sua maldição.

(8)A Floresta de Region era a floresta que circundava Menegroth.

(9)Na verdade, de acordo com os meus cálculos (que têm GRANDES chances de estarem errados, devido ao meu baixíssimo conhecimento sobre a cronologia da Terra-Média), Gimli tinha 262 anos, nessa época. Que eu saiba, anões vivem cerca de 300 anos.