Sombras do Passado escrita por Zusaky


Capítulo 1
I


Notas iniciais do capítulo

Hey, peoples! Essa é minha primeira vez escrevendo ficção científica, mas espero fazer tudo de acordo como a "música" manda.

Esse primeiro capítulo é mais uma introdução de como serão as coisas, meio parado, I know, mas espero que gostem mesmo assim e que comentem o que acharam (ou venham apenas dizer um oi).

Boa leitura!



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Já havia escurecido quando os olhos do homem perderam o brilho; quando seu coração enfim parou de pulsar.

Ao notar o quarto finalmente ficando silencioso, a assassina sentiu um vazio inquietante dentro de si. Tal sensação não durou mais que cinco segundos, entretanto.

Olhou para o corpo à sua frente. Quando recebeu o pedido para matá-lo, Eileen não imaginava que Hugo Braxton lhe renderia bons minutos de conversa. Ele não suplicou pela sua vida em momento algum, agindo como o perfeito cavalheiro que sempre era – ao menos na frente do público.

“Tome uma taça de vinho comigo”, dissera ele, sentado no luxuoso sofá de couro de seu escritório quando percebeu a presença da assassina ali.

E então pôs-se a falar sobre seus bens materiais. E sobre suas conquistas. Falava com certa nostalgia, como se já soubesse que haviam encomendado sua morte e, dali alguns minutos, não mais pudesse usufruir de tudo aquilo que possuía.

— Posso saber quem foi que me traiu? — perguntara ele, ao ver a Assassina aproximar-se de si. Olhava para os olhos dela, escuros como a noite lá fora. Não encontrara um fio de emoção. Não se surpreendera.

— Sinto muito — ela havia respondido, falando pela primeira vez. — Não posso dizer.

— É claro que não. — Ele bebericara mais um pouco do vinho, e então a taça fora colocada sobre a pequena mesa de vidro. — Faça o que tem que ser feito.

— Já fiz.

E fitou o líquido vermelho que há pouco havia sido tomado pelo homem.

. . .

A melodia que ecoava por todo o local parecia estar agradando todos àqueles que lá estavam. O sino que ficava na entrada do Café Monmouth soou solenemente, indicando os novos visitantes.

O lugar era grande e confortável. A decoração era antiga, porém atraente. O piso era de madeira e as paredes estavam cobertas pela tinta azul que aparentava ser recente. As diversas mesas de vidro espalhavam-se pelo lado direito, juntamente com o balcão, que era onde estavam os mais variados tipos de doces e bebidas para todos os gostos. Ao lado esquerdo havia uma pequena cafeteria, e perto dela haviam duas estantes enormes, ambas cheias de livros.

Os dois cavalheiros que entraram, ambos no auge de seus quase quarenta anos, logo ocuparam uma mesa mais afastada. Usavam ternos caros, mas de cores opostas.

— E então, Nicholas? Conseguiu fazer aquilo? — indagou o de terno escuro, Mark William, cruzando os dedos rente ao rosto de tez clara. Os cabelos castanhos deslizavam até a metade de sua nuca.

Nicholas acenou com a cabeça, os olhos sendo ocultos pelo óculos de lentes escuras. Subitamente, de dentro do paletó ele retirou um pequeno pedaço de papel e pôs sobre a mesa, arrastando na direção do outro homem.

Mark pegou o pequeno papel e analisou rapidamente. Notou ser um cartão de visita que as lojas insistiam em entregar a quem quer que fosse. Franziu o cenho ao ler o que estava escrito.

“Serviço de dedetização: elimine seus problemas o mais rápido possível”? — ele disse em voz alta o suficiente para que o outro escutasse. — Você não pode estar falando sério.

Nicholas abriu a boca para responder, mas tornou a fechá-la ao notar a presença da garçonete, uma moça altiva e de belos cabelos loiros amarrados num rabo-de-cavalo alto.

— Bom dia, senhores. Já sabem o que vão pedir?

— O café mais forte que tiver — Nicholas se apressou a dizer, e antes que a moça se voltasse para Mark, ele continuou: — O mesmo para ele.

Ao encerrar o pedido, ela se afastou e Nicholas soltou um suspiro aborrecido.

— Você não queria que estivesse escrito algo tão na cara, queria? — perguntou, a ironia rodeando a voz grossa. Curvou o pescoço na direção do outro e voltou a falar, dessa vez sussurrando — Talvez algo como “Serviço de assassinato” lhe agradasse mais, não?

Mark revirou os olhos. Era como se seu colega de trabalho tivesse sempre uma resposta já na ponta da língua, apenas esperando o momento certo para ser dita. Mas ele não revidaria. As rivalidades poderiam ficar para depois que aquele problema fosse resolvido.

E quem além de nós para resolver isso?, divagava Mark, com presunção, toda vez que pensava e repensava sobre o que estavam ambos prestes a fazer.

— Eu entro em contato com ele.

Nicholas sorriu ao ouvir as palavras do parceiro.

— Não poderia concordar mais com você, meu amigo.

A conversa foi encerrada com a chegada da garçonete, que trazia consigo uma bandeja com os pedidos e um singelo sorriso, totalmente alheia à conversa dos dois empresários.

. . .

O senhor Mark William estava impaciente. Fazia exatos dois dias desde que havia entrado em contato com o assassino.

Assassino.

Seu corpo era percorrido por arrepios sempre que tal palavra vinha à mente. Mas aquilo não mais importava. Ele já havia feito o pedido e foi informado de que seria contatado dois dias depois.

É hoje.

Havia cancelado todas as reuniões outrora agendadas para aquele dia. Desde cedo que estava enfurnado naquela sala. Foi somente durante aquele tempo que ele finalmente pôde apreciar todos aqueles quadros que haviam sido colocados naquelas paredes brancas e sem graça. Não conhecia nenhum, mas tampouco fazia questão. Durante todo o tempo em que esteve ali somente se preocupou com o trabalho. Era tudo o que importava, desde o início até aquele fatídico dia.

Ele suspirou.

Não sabia de que maneira receberia uma resposta. Imaginou se o próprio homem chegaria ao seu escritório de repente, sem ao menos bater, embora aquilo fosse bastante improvável. A empresa possuía incontáveis guardas e um sistema de segurança impecável. Sua sala ficava no sétimo de dez andares. Não, ele não poderia chegar ali sem ser percebido. Talvez mandasse algum de seus capangas para fechar a negociação. Talvez ele nem ao menos se interessasse pelo caso.

Mark franziu o cenho ao imaginar esta última possibilidade. Olhou para o relógio pendurado na parede. Estava prestes a dar dezoito horas. Uma ansiedade incomum invadiu seu interior. Sentiu as mãos formigarem e a garganta coçar.

Será que descobriram algo?, pensou, a respiração mais acelerada do que nunca. E se o Nicholas...

Antes que concluísse o pensamento, sentiu seu celular particular vibrar no bolso da calça social. Ao mesmo tempo, o telefone em cima da mesa começou a tocar. Mark não hesitou ao resolver que atender o celular seria o mais óbvio a ser feito naquele momento.

— Mark William falando. — Os lábios tremeram ao atender.

Apenas recebeu um forte suspiro do outro lado da linha como resposta. A voz veio em seguida.

— É comum a vocês, empresários, sempre se apresentarem dessa maneira a alguém como eu?

Foi como um baque. Forte, grosseiro e... gélido. A voz, ele notou, estava do mesmo jeito que estivera no primeiro dia que havia feito contato. Computadorizada, ou como se fosse de um robô. Não se sabia se era um homem ou uma mulher falando, mas Mark apostava que fosse alguém do sexo masculino.

Subitamente, sentiu as palavras desaparecerem por completo. Para sua infelicidade, tudo aquilo que havia passado horas ensaiando para dizer tinha caído por terra. Contratara os serviços daquele homem, mas não era como se estivesse falando com um de seus funcionários, a quem tratava com total inferioridade.

Não posso me deixar abalar por tão pouco. Ele está apenas no telefone. Deve estar a quilômetros de distância.

— Eu... Nós temos um trato então?

— Por que atendeu ao seu celular, e não ao telefone que está em cima da mesa? — o assassino ignorou por completo a pergunta do homem.

Mark franziu o cenho. Que raios de pergunta era aquela? Do que aquilo importava, afinal?

— Imaginei que você fosse me contatar por um meio mais... particular.

— E por isso ficou o dia inteiro trancado aí? Não, você está mentindo — uma risada mordaz soou do outro lado. — Mas isso não tem importância, senhor Mark William. Eu irei fazer o que me pediu.

A cabeça do empresário doeu com tanta informação. Ele rapidamente fez uma pequena lista mental acerca daquilo.

O assassino tinha conhecimento sobre onde ele esteve o dia inteiro. Provavelmente estava perto dali. Era capaz que estivesse, naquele instante, lhe observando. Sentiu uma dor imaginária no peito ao imaginar que poderia ser morto ali a qualquer instante. Porém, antes de tudo, o mais importante: o assassino iria fazer o que ele pedira.

Mark se endireitou na cadeira e arrumou a gravata, como se estivesse sendo observado. Sentia uma inquietação agoniante crescer cada vez mais dentro de si.

— Como saberei se posso realmente confiar em você?

Uma risada abafada veio das caixas de som.

— Apenas um tolo confiaria em alguém como eu.

Mark William crispou os lábios ao receber a ousada resposta. Os dedos apertaram a ponta da mesa, num misto de raiva e frustração. Controle, era essa a palavra-chave para uma de suas maiores necessidades. Gostava da sensação de ter todos sob seu comando. Gostava de mandar. Naquele momento, porém, ele é quem estava sendo controlado.

Me disseram que ele é o melhor, pensou, se recompondo. Precisava dos serviços de um assassino. Mas não de qualquer um. Tinha que ser aquele.

Antes que pudesse falar qualquer coisa, a voz do assassino veio novamente do celular.

— Mas não se preocupe. Eu sempre cumpro minhas tarefas.

Mark sentiu um alívio imediato dentro de si.

— Qual sua taxa de sucesso? — perguntou, mas algo dentro de si já sabia a resposta.

— Cem por cento. E, sim, nós temos um trato, senhor Mark William.


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Notas finais do capítulo

Well, espero que esse minúsculo início tenha agradado alguém. Fique à vontade para me dizer o que achou, dar sugestões, fazer uma crítica, enfim.



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