Fomos o caminho todo completamente calados. Eu estava apavorada, sentia que o pior estava prestes a acontecer. De vez em quando eu olhava para trás e via Federico olhando para o nada, como se estivesse pensando alguma maneira de escapar dessa.

Em uma hora chegamos na delegacia. Federico foi levado para uma sala e me deixaram em outra, na qual uma delegada fez um interrogatório.

– Boa noite, sou a delegada Parodi. – Disse ela se sentando numa grande cadeira do outro lado da mesa.

– Boa noite. – Respondi.

– Quero que me conte o que aconteceu. Não tenha medo de esconder nada, precisamos de mais detalhes possíveis.

– Ele não fez nada! Estávamos apenas viajando!

– Se acalme senhorita. Foi ele que te forçou a contar isso?

– Não! Claro que não!

– Viajando para onde exatamente?

– Para a Austrália.

– O que iam fazer lá?

– A mulher que cuida dele mora lá.

– Sim, ela já tem ficha na polícia. Sabemos a história dele.

– O que vão fazer com ele?

– Não se preocupe, ele irá estar preso enquanto não encerramos este caso.

– Como não vou me preocupar?! Ele vai ser preso, eu não quero que ele seja preso!

– Mas ele estava sequestrando a senhorita.

– Quantas vezes vou ter que dizer que estávamos viajando por vontade própria?! – Eu disse me levantando.

– Se não abaixar o tom de voz você irá ser presa junto com ele. – Disse a delegada, fazendo com que eu me sentasse de novo.

– Por favor, não prendam ele. Ele é inocente! – Eu disse.

– Bom, aqui temos um vídeo de uma câmera de segurança do assassinato de Jéssica Martins, no qual o principal suspeito é Federico. – Disse ela me passando um tablete.

Apertei o play e o vídeo começou. Uma garota morena de cabelos bem compridos estava parada falando no telefone numa estação de metrô. O vídeo marcava que era de madrugada. De repente um garoto se aproxima e atira nela e se vira. Nesse momento a delegada pausa o vídeo e pudemos ver a cara do assassino.

Sim, se parecia muito com o Federico, muito mesmo! Eu estava completamente perdida. Era ele ou não? Ele me disse que não era ele mas agora que eu vi o vídeo, se parecia tanto... Ele não poderia ter feito aquilo. Mas e se estivesse drogado? Será que ele não se lembra de ter feito isso?

– O que me diz senhorita Ferro?

Eu não sabia o que responder. “Não sei querida. Eu estou um pouco em choque e agora não posso responder.” Tive vontade de falar com o máximo de ironia possível.

– Não é ele. – Foi a pequena frase que eu consegui dizer.

– Ele te forçou a dizer isso?

Respirei fundo. Aquele era pelo menos a décima vez que ela me perguntava aquilo e eu não poderia me exaltar.

– Olha aqui, se você me perguntar isso de novo eu dar a louca aqui nem que eu seja presa!

– Tudo bem. Vamos parar por aqui.

– Eu quero ver o Federico.

– Acho melhor não senhorita.

– Por favor me deixa ver ele.

– Certo. Me acompanhe. – Disse ela saindo da sala.

Eu fui andando atrás dela, que me levou para a parte das celas. Como assim? Ele já estava preso?! Ela me levou até um cela e vi o Federico sentado. Assim que ele me viu se levantou e veio até mim. As grades impediam o contato.

– Ludmila. Você tá bem?

Agora, olhando pra ele, parece ainda mais o garoto do vídeo.

– Sim.

– O que vão fazer com você?

– Não sei. E com você?

– Vou ficar preso.

– Por quanto tempo? – Perguntei desesperada.

– Vinte anos.

– Não tem fiança? – Perguntei para a Parodi, tendo um ataque nervoso.

– Até tem, mas é muito cara. O que ele fez foi um crime gravíssimo.

– Qual é o valor? – Perguntei.

– Ludmila é muito caro. – O Federico disse.

– Qual é o valor delegada?

– Trinta mil. – Respondeu a delegada.

Como eu ia conseguir trinta mil? Eu não poderia pegar o dinheiro dos meus pais, eles me matariam. Falando nisso, ele já deveriam ter saído do programa e já devem saber que eu estou em uma delegacia. Eles j;a devem saber de tudo.