Dois meses se passaram depois daquilo. Minhas notas abaixaram um pouco, pois eu andava com a cabeça longe demais. Me perdia nos meus pensamentos no meio da aula e era inevitável. Mas minha mãe não se importou tanto.

Me distanciei um pouco de Federico. Conversávamos um pouco no intervalo de vez em quando, mas queríamos mais que aquilo. A cada dia a vontade de estar perto era maior e a cada dia tínhamos que nos distanciar mais. Era muito difícil para mim e talvez ainda mais pra ele. O jeito era fingir que não sentíamos nada, tentar nos convencer que aquilo que acontecia entre nós não era nada. Mas sabemos perfeitamente que acontecia algo sim.

Até que hoje quando voltei do colégio encontrei minha mãe e meu pai, cheios de malas ao redor e com uma loira que eu nunca vi na vida observando tudo. Eles estavam agitados e eu estava completamente confusa.

– O que tá acontecendo aqui?- Perguntei.

– Ah Ludmila! Vamos ficar fora por dois meses. - Disse meu pai

– Como é que é?

– Isso mesmo. Vamos participar de um programa e teremos que ficar dois meses em outra cidade. – Minha mãe disse.

– Tá bom então. – Eu disse querendo pular de alegria. Aquilo ia ser muito legal!

– Nem se anime! Angie irá ficar com você. Ela sabe de todas as regras impostas. – Disse a minha mãe indo até a porta junto com o meu pai, que carregava as malas.

– Tchau Ludmila. – Os meus pais disseram ao mesmo tempo.

– Tchau. – Respondi.

Nossa! Eles nem me contam nada! Até parece que esquecem que eu existo.

A loira ficou esperando eles saírem e se aproximou de mim.

– Oi, eu sou a Angie. Vou ficar com você enquanto seus pais estiverem fora. – Disse a loira de olhos verdes se aproximando de mim e com um sorriso bem simpático. Ela era jovem e parecia um pouco nervosa.

– Oi, sou a Ludmila. – Eu disse sorrindo tentando acalmá-la.

– Sim, eu sei. Olha, não fale nada pra sua mãe, mas eu achei as regras que ela me contou um tanto absurdas então acho que vou te deixar um pouco mais liberal.

– Sério?

– Sim!

– Obrigado, obrigado, obrigado! Você é muito legal! – Eu disse a abraçando.

– É... De nada. – Respondeu ela.

– Vou fazer as lições e vou ter que sair pode ser? – Perguntei.

– Claro!

Subi pro meu quarto e fiz as lições de casa o mais rápido que pude. Depois desci e fui até a viela falar com o Federico. Ao me ver ela sorriu confuso.

– O que tá fazendo aqui? O seus pais vão te matar!

– Não vão não. Eles vão ficar dois meses fora para gravar alguma coisa aí sei lá.

– Isso que dizer que... – Disse ele se aproximando de mim.

– Não sei Federico. – Eu disse dando um passo para trás.

– Por que tem medo?

– Não é medo de você. É medo desses paparazzi idiotas que ficam rondando por aí sem nada pra fazer.

– Ludmila eu quero uma resposta agora: Você gosta de mim ou não?

– Claro que eu gosto Federico, mas...

– Então para um pouco Ludmila! Agora que seus pais deram o fora por um tempo, vamos tentar. – Disse ele me cortando e se aproximando mais.

– Eu tenho...

– Medo. – Ele completou e encostou na parede de novo.

Respirei fundo e olhei pra baixo.

– Desculpa Ludmila, mas assim não vai dar nunca. Parece que você não quer que nada aconteça. – Disse ele.

– Claro que eu quero! Mas não é tão fácil assim. Você sempre acha que é fácil.

– Você sempre enxerga o lado bom, que sempre conseguimos resolve as coisas. Mas tá parecendo que você não faz nada disso! Confia em mim um pouco!

– Eu confio em você só não confio nos outros.

– Mas os outros não importam. Eles não tem nada a ver com a gente. – Disse ele se aproximando de mim.

– Não podemos deixar essa oportunidade passar. – Disse ele bem pertinho de mim. Eu já não raciocinava direito.

– Não mesmo. – Foi o que eu consegui dizer.

– Eu amo você.

– Eu também te amo.

Ele enroscou seus dedos em meus cabelos e me beijou. Foi uma das melhores coisas que me aconteceram na vida. Era como se quiséssemos recuperar os dois meses que estivemos longe em um minuto. O que sentíamos naquele momento nos confirmou que o que nos unia era uma coisa forte, que nenhum de nós dois imaginava ser tão incrível.