O motivo

– Deixar como está? Ou seja, não fazer nada. – comentou Yumichika.

– Nada, já fiz o melhor de mim. – resmungou Ikkaku.

– Ah! É realmente você se esforçou. Sabe Ikkaku, isso é uma novidade. – debochou Yumichika.

– É melhor você não rir tanto assim.

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Os dias foram passando.

Na muralha o Tenente Kira lembrou do assunto.

– Ikkaku, tem visto a oficial Sani.

– Não. – respondeu Ikkaku evasivo.

Kira olhou para Yumichika que sorriu dizendo:

– Nem precisa vê-la. – ele disse rindo um monte.

Ikkaku ficou calado ausente. Hisagi sem entender o que estava acontecendo perguntou:

– Hã?

– Ele tem sonhado com ela. – disse Yumichika.

Ikkaku consentiu com desalento. – Tenho tido pesadelos.

– Ah! É realmente traumatizante ser preso numa árvore e torturado até sentir prazer, não é com qualquer um que acontece isso. – disse Hisagi.

– Vão debochando. – comentou Ikkaku sem dar atenção.

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Dias depois encontrou Saira sentada no mesmo banco onde se encontraram pela primeira vez. Ikkaku se aproximou e sentou ao lado sela que nem mexeu.

– Desculpe por tudo que eu disse. Não deixei que se explicasse, mas se não estiver zangada podia...

– Eu não estou zangada e nem poderia. – cortou ela. – Eu tenho asma. Quando fico emocionada tenho crise de falta de ar, mas ninguém sabe disso e eu não fico emocionada a toa.

– Isso explica muito mesmo o que aconteceu. Mais então eu devo ter sido o causador disso de algum jeito.

– É, foi sim. Não que tenha culpa, pelo contrário. Sabe, não saio por aí beijando quem eu cismo. Na verdade a única pessoa que senti vontade de beijar foi você. Por que você olha como se quisesse ver dentro da gente. Tem curiosidade do que estamos pensando e aceita as respostas sem questionar. Parecia águas tão limpa que dava pra ver o fundo. Olhar pra você me olhando daquele jeito era ver sua alma. Me apaixonei pelo que vi, enquanto estiva comigo parecia que só existia você e eu. Então quando você disse que não lembrava do sabor do meu beijo eu fiquei zangada. Por que queria muito que se lembrasse. Achei que não tinha beijado direito e queria beijá-lo de novo de maneira que nunca se esquecesse. O que eu não esperava era que você retribuísse o beijo desse jeito, então perdi o raciocínio, a noção de espaço. Comecei a ouvir meu coração tão forte que achei que fosse desmaiar, então fiquei sem respirar e se tivesse ficado mais tempo com você eu não sei o que ia acontecer. Cheguei no esquadrão com dificuldade e custei a me acalmar. Aquelas coisas que me disse no outro dia me deixaram muito triste, mesmo assim eu o entendi. Por isso mandei as pêras. Quando recebi a caixinha com os morangos fiquei tão emocionada, você se lembrava e achou um gosto.

Ikkaku ouvia tudo calado, pois nem nos seus melhores sonhos podia imaginar ouvir o que ela estava dizendo. Então ela continuou:

– Esperamos com ansiedade para amar e quando acontece ficamos sem saber o que fazer, é tudo tão lindo. Não se preocupe eu gostar de você não significa exatamente que você me ame. Para um rapaz beijar uma garota pode não ter significado algum, eu sei disso. Dizer tudo isso assim eu sei que é demais, mas eu vou mais além pra deixar claro o que quero. Eu o amo, quero me casar com você, viver minha vida inteira ao seu lado. E de você agora eu só quero uma resposta a uma pergunta. A resposta não precisa ser dada agora, você terá todo tempo necessário ou até não me responder nunca. Eu vou compreender. Quero que me ame do jeito que eu te amo e que queira se casar comigo. Não, não responda nada agora. Quero ouvir essa resposta se for sim, e se for não, nem precisa falar nada nunca. Melhor não nos falarmos mais até que um dia possa me responder um sim. – Disse isso bem próxima dele e olhando nos olhos dele, que estava ouvindo transtornado sem nenhuma ação.

Ela se afastou o olhar um instante e foi embora. Ikkaku permaneceu no lugar sem ao menos dizer um “Ah!”.

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