Ana acorda num pulo com a sensação de estar caindo e depois disso não volta a dormir. Não existe mais essa de “cinco minutinhos”, acordou tem que levantar, por suas armas e ir pra guerra, no caso, aguentar aquele sol com o Rick e fazer plantação. Ela desce as escadas afivelando o coldre nas coxas e dá um passo em falso, achando que há um degrau a mais quando na verdade a escada já acabou. Beth dá risada e Ana mostra a língua.

– Cadê todo mundo?

– Daryl, Sasha e Marie estão aqui na sala dos guardas. Rick já tá lá fora há um tempo, alguns estão no refeitório e o resto não levantou.

Ela acaricia a cabeça da bebê no colo da Greene e sorri - Okay - diz e vai para a sala, os três a olham e ela sorri - Oi.

– Oi - dizem e voltam a tomar café

– Tá tendo reunião?

– Sem o Rick? - Marie pergunta e estica um copo plástico pra ela - Senta aí.

– Valeu.

Ela serve seu copo de café que queima a ponta dos dedos e bebe um pouco - Cadê o Drake?

– SOCORRO! RICK! RICK!

Não dá nem tempo de pensar, eles só correm, Daryl tropeça na cadeira ao levantar, Marie pega as bestas encostadas na porta e joga a dele pra ele. Os quatro saem do bloco correndo.

– Beth fica aí! Pega uma arma - Marie grita antes de bater a porta.

Rick e Glenn estão lá, junto com Mika e Lizzie.

– Errantes no D! - Glenn grita e empurra as garotas pra trás

– E o C? - Rick grita de volta

– Tá limpo! Fechamos a porta!

Eles correm pra dentro do bloco, já escutam a gritaria e tiros. Logo na porta, um senhorzinho atira contra um dos errantes que avança sobre ele, Daryl toma a arma dá mão dele e Rick pega dele.

– Deixa comigo, Daryl! VOCÊ FOI MORDIDO? VOCÊ? SAIAM DAQUI!

Marie dá a volta pela escada cm a faca na mão, abraça o pescoço de um errante que se alimentava de uma pessoa no chão e enfia a faca pela orelha dele, e depois na testa da mulher.

Julia Mills.

Ana atira de um lado pro outro, ela não perdeu o jeito com as armas. Logo atrás dela, sai um homem com uma mordida entre o ombro e o pescoço, vivo ainda, Ana o olha e balança a cabeça.

– Desculpa - e atira na cabeça dele, sobe as escadas e sai atirando e perguntando se as pessoas estão a salvo ou foram mordidas - Desçam! Rick está lá.

Só assim eles obedecem ela.

Na última cela, tem uma criança, morta. Ela se aproxima e vê quem é.

Adam Kent.

Puxa a faca no cinto e faz um furo na parte de trás da cabeça.

Marie para na porta de uma cela e faz um combo de tiros, quatro errantes devorando uma mulher e então se vira com o som de um choro. Luke se arrasta pelo chão, assustado enquanto outro contaminado se aproxima dele.

– Daryl! - ela o chama, Daryl se vira e corre pra criança, pega ele no colo e dispara uma flecha no olho do morto.

É nessa hora que Drake entra, ainda descalço, um cadáver desce as escadas de modo torto e pouco antes de chegar ao pé, ele o golpeia com o facão, corta metade da sua cabeça fora. E continua correndo, passa direto pela Marie e vai para a sala dos guardas, lá ele encontra dois errantes indo pra cima de uma garotinha, Molly, ela está parada no canto com uma faquinha pra cima, ele chuta os joelhos do andarilho e enfia a faca na cabeça dele.

– Vem cá, você tava indo muito bem - ele a ergue no colo e vira pra porta, mais um, mas um tiro estoura a cabeça dele, Glenn aparece ali - Tá limpo aqui.

– TUDO LIMPO AQUI? - Rick grita

– Tá sim - Marie responde.

– RICK! GLENN! DARYL!

Rick sobe as escadas mais que rápido ao ouvir o grito da Ana, ela está parada na porta de uma cela olhando pra baixo.

– Ana! Você tá bem?

– Tô… Dá uma olhada… É o Patrick.

Rick olha o garoto, Marie surge atrás dele e fica na ponta do pé pra ver e os dois reconhecem… Eles já viram isso em algum errante antes. Sangue por toda a boca, pelas narinas e até mesmo nos olhos. O policial olha o restante do corredor.

– Já limpei todas - Ana diz - Meg, Artur, Lilly, Tony, Sue e Tim… Patrick, Adam, Julia, William. Foi mais da metade do bloco.

Marie se vira para o Patrick - Todos foram mordidos… Mas… E ele?

***************

– Sem mordida ou arranhões. Ele só morreu - Rick diz agachado aos pés de outro garoto que Ana achou preso em uma das celas.

– De forma horrível, aspiração de pleurisia - diz o Dr. Steven

– Se afogou no próprio sangue - Drake traduz para os outros

– E isso fez as marcas no rosto. Acontece por causa do aumento de pressão nos pulmões. É como chacoalhar um refrigerante tampado e abir - o médico diz - e a tampa são seus olhos, ouvidos, nariz e garganta.

– É uma doença dos errantes? - Marie pergunta

– Não. Já acontecia antes. Uma gripe agressiva.

– Alguém o trancou a tempo - Ana diz

–Não… - Daryl fala baixinho e aumenta o tom - O Charlie era sonâmbulo, se trancou pra não andar por aí. Tava comendo churrasco ontem, como se morre de gripe no dia seguinte.

– E como se espalha?

– Era passada por pássaros e porcos.

Marie e Daryl curvam suas bocas… os porcos…

– Podemos ter tido sorte e foi só aqui mesmo - Ana fala otimista - Aí acabou.

– Não vejo pessoas tendo sorte há algum tempo - Bob fala - Vírus gostam de lugares fechados, estamos numa prisão…

– Todos nós fomos expostos - Dr. S fala

Ana sente os olhos arderem. Sua imunidade nunca foi alta, tipo a da Marie, Drake tem uma razoável, mas a dela, bate um vento e ela fica mal.

Vou morrer.

***************

Marie fecha a porta do bloco C e olha em volta, a cerca está torta, muitos errantes se acumulam ali, Maggie mata de um em um com um pé de cabra, junto com Sasha, Glenn e Tyreese.. Do outro lado do gramado, Daryl termina de cavar a última cova, conversando com Rick. O pátio está vazio, as pessoas estão assustadas.

Não pegar uma gripe é comum, ter imunidade alta é comum, mas e agora…? Ela tem a imunidade alta, mas essa gripe é diferente. Ela pode estar alterada por causa dos germes e todos os gases da matéria orgânica decomposta que fica no ar por causa desses cadáveres ambulantes. Agora até respirar dá medo.

– RICK! DARYL!!!

Ela pula e olha lá pra baixo, os dois correm com Maggie para a cerca. Sem pensar muito, ela corre pra lá também. atravessa em segundos todo o gramado e no caminho pega uma barra de ferro e se junta a eles. Daryl olha atravessado pra ela, mas depois ignora.

Marie enfia a barra pelo olho de uma mulher morta e força até atravessar a cabeça do próximo, então puxa com força. Maggie repete o que ela fez.

– Ei… Você viram isso?

Todos se viram para Sasha e olham pra baixo, tem quatro ratos despedaçados ali, ainda parecem frescos.

– Estão alimentando essas coisas?

O barulho de arame se torcendo é seguido por Marie dando um pulo quando a cerca toca seu braço, todos correm gritando e tentando segurar a cerca que tomba, os ferros se torcem e os morto sobem um em cima do outro pra tentar alcança-los.

– Pra trás, pra trás! - Daryl diz.

Eles olham bem para cada errante na grade.

– Se continuar assim, eles vão entrar - Sasha fala.

Rick olha pra trás, pro chão e então ergue a cabeça - Daryl, traga a picape, seu o que fazer.

Todos se juntam para esperar Daryl chegar, Rick caminha até o cercado onde deixa os porcos e pega uma caixa grande de madeira.

– Glenn, Tyreese - o três colocam a caixa lá e Maggie, Sasha e Marie já pegam os porcos pra por lá dentro.

Daryl parece achar errado, mas é preciso. Do lado de fora, com os mortos ainda sendo atraídos para a grade, Rick espera eles ouvirem o som do motor, e quando eles se viram, e começam a vir ele pega um dos porcos, que assim que sente a presença de uma ameaça, começa a chorar.

Rick corta a lateral do corpo do bichinho pra ele não correr e solta no chão. Os cadáveres o pegam.

Daryl acelera e metros a frente, Rick pega o segundo porco, que também chora quando sai da caixa. Ele corta a perna e deixa no chão

Enquanto isso na grade, Marie, Sasha e Glenn colocam mais algumas toras contra a grade pra segurar.

E então vai o terceiro porco. A Violet. Ele reconhece. Ele pega a faca e corta, mas acerta uma artéria e sangue jorra no seu rosto.

Ana lá em cima vê a cena e sente pena dos porcos. sendo devorados assim, o que eles sentiram? A porta do bloco D se abre de novo e Gilliard sai, Ana o olha e ele tampa a boca.

– Vou ficar de quarentena a pedido do Dr. S. Acho que peguei também.

– Karen está nas tumbas…

– Eu sei - e então ele vai.

Ao escutar os passos se afastando para a quadra de basquete do A, ela cobre a boca e tosse forte.

– Ai… que merda.