A Mesma Face escrita por LelahBallu


Capítulo 15
Selfish


Notas iniciais do capítulo

Hey,
Então, finjam que me viram por aqui ontem e não fiquem com raiva pela demora, por que faz mal para o coraçãozinho de vocês. Quero agradecer as maravilhosas "Kris Hutcherson" e "OliverLariss" por suas lindas recomendações, fico feliz por a Kris mesmo sem ter contato com a série tenha gostado tanto da fic, e pela Lariss ter meio que concordado com isso ao afirmar que gostando do casal (Olicity) ou não vale a pena ler a fic. Obrigada meninas, meu "Xoxo" especial para vocês.
Desejo a todos uma boa leitura, e nos vemos em breve.



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FELICITY SMOAK

Tamborilei meus dedos sobre minha perna e segurei um suspiro impaciente.  Minha mão esquerda passou pelo suave edredom e encontrou a esfera que eu havia soltado apenas poucos segundos antes. Em um gesto automático e mal sentindo seu peso, puxei meu braço, o ato gerando mais velocidade e força quando soltei a pequena bola que após uma ligeira curva no ar, seguiu quase em linha direta para a parede branca.

Eu não devia ter me surpreendido com o som estrondoso do vidro se espatifando, mas o fiz. Assustei-me quase tanto quanto meu companheiro de quarto que se ergueu em um salto ao escutar o estranho som.

Eu me precipitei.

Perdida em meio a angustiante preocupação, distraída com meus pensamentos confusos, esqueci apenas ligeiramente que aquele era um objeto de decoração que encontrei tão logo entrei no quarto do hotel barato que Alex me forçou a ir. Não era minha bolinha vermelha, aquela que costumava jogar contra a parede quando me via em momentos assim, onde eu nada podia fazer, nada além de buscar respostas e saídas. Não, nem mesmo a isso eu tinha direito.

A maldita bola não voltou, ela foi de encontro a parede e quebrou-se em inúmeros e incontáveis pedaços. Não havia volta, não havia para onde ir. Apenas uma estúpida parede que a impediu de seguir o caminho desejado.

Eu era a maldita bola.

E Megan era a estúpida parede.

Olhei para a parede novamente, estando ciente da sombra masculina em pé me observando com atenção, mas o ignorei a raiva por fim borbulhando dentro de mim. Flashes das últimas horas indo e voltando para minha cabeça. Oliver no quarto encarando-me como se eu fosse à única mulher no mundo enquanto nos arrumávamos para aquele baile que sabíamos de alguma forma, iria mudar tudo o que estávamos acostumados, as crianças dormindo, minha ida ao banheiro e finalmente meu reencontro rápido, furtivo e um tanto quanto surpreso com Megan. 

Afinal esperava encontra-la na festa, não ainda enquanto estava na mansão. Sua entrada sorrateira facilitada por Alex, quem eu havia subestimado mais do que gostaria de admitir. Eu não sabia quando exatamente ele descobriu a verdade, duvidava que soubesse desde o começo, e não achava que devia ser tanto tempo assim, mas ele sabia que havia mis de uma Megan, que eu não era a real, e estava mais do que ansioso em se provar para a verdadeira.

Encarei o relógio na parede descascada dando-me conta novamente que fazia horas desde que eu havia deixado a mansão e olhei em volta em busca de qualquer outra coisa que pudesse jogar contra a parede novamente, procurei freneticamente por cima da cabeceira da cama, mas não havia nada de lá que pudesse aliviar minha frustação. Então em mais um ato estúpido e impensado peguei o travesseiro e o lancei, ele caiu quase sem fazer qualquer barulho, deixando-me ainda mais irritada, tornei a me virar em busca de algo mais pesado.

— Em todo esse tempo de convívio, nunca pensei que fosse louca. – Alex comentou parando ao meu lado.

— Já eu sempre achei que você não passava de um capacho. – Murmurei abrindo uma gaveta do pequeno criado mudo e me surpreendendo ao encontrar uma bíblia.

Sério?

Após cogitar se essa seria mais uma estrelinha para ir ao inferno, ignorei o pensamento ridículo e fechei minhas mãos sobre a bíblia com determinação.

— Antes um capacho do que o estepe de Megan Queen. – Comentou fazendo com que eu apertasse a bíblia com força, abandonei minha vingança contra a pobre parede e lancei a bíblia contra o rosto de Alex.

Infelizmente ele foi mais rápido e a pegou no ar.

— Você é louca? – Murmurou incrédulo.

— Achei que rezar por sua alma seria sutil demais. – Respondi tornando a me sentar sobre a cama e forcei um sorriso.

Alex brincou com o peso da bíblia, a jogando de uma mão para a outra e a ergueu com um sorriso antes de colocar sobre a cabeceira da cama.

— Isso lhe rendeu uma passagem para o inferno.  – Falou cruzando os braços e encostando-se contra a porta, seu local favorito desde que havia me empurrado para dentro do quarto, quando tentei passar por ele com o famoso quebra ovos, ele foi mais rápido e me jogou sobre a cama, ele ainda não parecia irritado, mas eu não iria confiar em seu estranho humor, estando em um quarto e sozinha com ele, preferi por hora não tentar novamente uma fuga.

— Eu não vou para o inferno.  – Falei encostando-me sobre o travesseiro restante. – Você e Megan estarão lá.

Alex meneou a cabeça segurando um sorriso.

— Você não é tão chata quanto imaginei.  – O lancei um olhar descrente. – Todo esse ar inocente no rosto de Megan me confundiu, era estranho ver a mesma mulher que não perdia uma oportunidade para seduzir, fugir de minhas investidas tão obstinadamente.

— Machuquei seu ego? – O provoquei.

— Um pouco. – Cedeu. – Felizmente a verdadeira Megan apareceu para cura-lo.

— Eu tenho nojo de vocês dois. – Falei deixando cada palavra soar como o ataque que era. Ele inclinou sua cabeça com interesse.

— Por conta de Thea. – Deduziu.

— Você se lembra? Thea, que até pouco era sua esposa, a mesma mulher que não faz muito tempo flagrei vocês dois transando? – Ergui uma sobrancelha. – Então, você dorme com Thea e logo em seguida corre para atender os caprichos de Megan?

— Ela dormiu comigo e correu para me entregar o divórcio. – Deu de ombros. – Ela me usou mais do que a usei naquele dia, não fique tão irritada comigo por Thea, ela sempre soube que eu a traia e nunca ligou para isso.

— Ela nunca ligou. – Murmurei incrédula.  – Você a traia para chamar sua atenção? – Eu não podia pensar em uma desculpa mais ridícula do que magoar alguém que ama só para que essa pessoa te note. Alex não me respondeu, seu olhar até mesmo desviou do meu por alguns instantes. Meneei a cabeça incrédula com sua atitude e voltei a fixar meus pensamentos nas peças quebradas, me negava em pensar em Alex como alguém com sentimentos escondidos, ele era um filho da puta que dedicou boa parte do tempo que passou casado com Thea, a trai-la. E sim, eu conhecia toda a história triste que provocou o afastamento dos dois, mas Thea nunca o traiu, honrou seus votos quando ele não teve nenhuma consideração por ela, ambos eram jovens, eram para amadurecem juntos, e isso ficou apenas para Thea.

— Eu vou dar um conselho para você. – O escutei murmurar após alguns segundos, o encarei confusa, não estava ansiosa para escutar nenhum conselho seu, mas estava curiosa por ele achar que eu estaria interessada em um. – Esqueça Oliver Queen. Assim que puder corra o mais longe dessa família. É complicada demais, sempre te fará se sentir inadequada, e ele jamais a amará. Ele pode se sentir atraído, e até mesmo goste um pouco de você, mas Oliver Queen não ama ninguém exceto sua família.

— Eu não estou atrás de Oliver. – Murmurei por fim. – Eu não o amo.

O sorriso em resposta me incomodou, era irônico, havia deboche no seu pequeno riso. Alex coçou a sobrancelha enquanto ainda parecia se divertir com meu comentário e murmurava um pequeno “Certo”.

— Como alguém que sempre esteve por perto observando e nunca sendo notado... – Seu tom chamou minha atenção de volta para ele. – Eu posso dizer, eu vi a forma que você olha para ele.

— Eu suspostamente deveria agir como Megan. – Falei mantendo meu olhar fixo na parede. – Quão estranho seria uma esposa não olhar para o seu marido? - Isso não afugentou Alex, escutei seus passos enquanto ele se aproximava e ficava em frente a minha linha de visão, seu rosto inclinou, me analisando com interesse, e curiosidade.

— A própria Megan poderia te dizer isso com um sorriso no rosto, e orgulho em sua voz. – Murmurou. – Ela nunca amou ninguém, ela jamais saberia encarar alguém com amor. – Pisquei surpresa pela direção que sua conversa seguia. - Desejo? Sim, certeza. Raiva, cobiça e inveja, talvez um pouco de simpatia, ou pena se preferir, mas nunca amor. Megan não sabe o que é amar, ela foi criada por uma socialite frustrada por que não conseguia dar ao seu marido porco e traidor o herdeiro que tanto queria, nada a deixou mais feliz e exultante do que lhe dar uma herdeira, não exatamente o que ele desejava, mas o suficiente para apaziguar seu humor e diminuir as constantes humilhações que ouvia quando ele lhe dizia que ela havia falhado em seu papel de mulher. A perfeita vingança. – O observei enquanto ele continuava a derramar um pouco sobre a vida de Megan,  ficava cada vez mais atônita por ser Alex, quem conhecia tão bem Megan. - Megan cresceu com um pai indiferente, uma mãe amargurada, e eles mal a viam, ela cresceu cercada de estranhos, aprendeu a manipular, encantar e conquistar, mas nunca a amar.

— Como você a conhece tão bem? – Perguntei ainda confusa. Ele deu de ombros.

— Conversa de travesseiro? – Sorriu. – Não caia no engano de achar que Megan abriu seu coração comigo, não. Ela sabe que às vezes sexo não basta, a única maneira de tirar um pouco é dando uma parcela de si, ela queria ouvir meus segredos, e sabia que eu precisaria ouvir um pouco dos seus.

— Há quanto tempo você sabe que eu não sou Megan? – Perguntei por fim.

— Eu tinha minhas suspeitas, percebia que algo estava fora do lugar. – Respondeu. – Mas era surreal demais para encarar seriamente, apenas quando a própria Megan entrou em contato comigo, uma semana atrás, que eu soube de tudo. – Seu olhar desceu meu rosto, e um resquício daquela pena que ele havia dito que Megan era capaz de sentir, refletiu-se nele. – Eu estou falando sério, você parece que caiu de paraquedas nesse drama, foi forçada a ser quem não é, e passou a sentir o que não queria. Eles só vão te fazer mal, assim que Megan der a oportunidade, pegue o dinheiro que ela oferecer e suma.

— Não é tão simples. – Murmurei antes de erguer meus olhos o desafiando. - E eu não sou você. Eu não vou me vender para Megan, não de novo.

— Nem por sua mãe? – Senti um frio subir por minha espinha, a última vez que eu havia conversado com minha mãe ela parecia bem, Helena confirmou e me assegurou disso, tinham sido poucos dias atrás, nada poderia ter mudado tão rápido assim. – Você ainda precisa de dinheiro Felicity, sua mãe ainda está doente, e ela ainda precisa do tratamento.

— Então você está aqui para fingir se importar com minha situação, e me induzir a continuar obedecendo Megan. – Observei. – Por um breve momento, eu quase senti pena de você. Do garoto que você foi um dia. – Comentei, o observei ficar tenso diante das minhas palavras, repudiando o sentimento de pena. Abriu a boca para dizer algo, mas foi interrompido com as leves batidas na porta, ele encarou a madeira com o cenho franzido quando logo após uma voz feminina e estranha soou informando que se tratava do serviço de quarto.

— Eu não pedi nada. – Respondeu não se dando por vencido. – Pode ir. – Invés de seguir sua ordem o eco das batidas tornou a ressoar pelo quarto, dessa vez mais forte e insistente. – Eu disse: Vá embora!

A porta se abriu, revelando uma garota que eu havia visto atrás do balcão na recepção, ela não parecia estar muito a vontade com a situação.  Alex avançou um passo reagindo a invasão, mas a garota deu um passo para o lado, revelando outra figura feminina.

— A cavalaria chegou. – Thea murmurou com um sorriso, ainda vestia seu vestido de festa, ao seu lado estava Sara Lance  com sua máscara na mão, e vestindo-se tão elegante quanto seu marido, Tommy Merlyn.

— Thea. – Alex murmurou surpreso.

— Olá, ex-marido. – Murmurou deixando a ênfase irrita-lo. - Fico feliz por ter assinado os papéis antes de ter que leva-los até uma prisão.

— Ele ficará bem de laranja. – Sara comentou.

— Eu não sou um criminoso. – Alex endireitou-se.

— Eu não sabia que sequestro não era mais considerando um crime. – Tommy encostou-se ao batente da porta. – A não ser que eu tenha entendido tudo errado, você está aqui por quer Megan 2.0?

Ergui o sobrecenho ao encara-lo, notando diversão em seu tom.  A cavalaria realmente tinha chegado, mas não me passou despercebido que nenhum havia entrado, era minha escolha ir com eles ou não.

Hesitei ao me lembrar do que Alex havia dito, sobre minha mãe.

Mas eu sabia que não poderia confiar em Megan, e sabia que agora, era hora de confiar neles, confiar em Oliver. Então me levantei da cama e me agachei pegando a bíblia, encostei ao peito de Alex que a segurou automaticamente.

— Eu acho que você já está no inferno. – Pisquei e então fiquei séria. – Nunca mais cite minha mãe novamente.  – Caminhei para minha cavalaria não deixava de encarar Tommy ao passar por ele. – Você pode me chamar de Felicity.

— Soa melhor do que Megan. – Assentiu.

— Para onde estamos indo? – Perguntei quando saímos do hotel medíocre e entramos em seu carro. 

— Para nossa casa. – Sara murmurou. – Te levaríamos para sua casa, mas...

— A verdadeira Megan está lá. – Thea interferiu. A troca de olhares entre Tommy e Sara me fez perceber que quando ela se referiu a minha casa, não era sobre a mansão Queen. Eles falavam de Vegas, Thea teimosa como era, tal como seu irmão, não considerou essa possibilidade.

— Eu acho que é melhor eu ir a um hotel. – Murmurei não querendo ir contra Thea agora, e sabendo que eu realmente não poderia partir até tudo ser resolvido com Megan e Oliver.

— Não. – Três vozes se ergueram e um protesto. Tommy prosseguiu. – Eu já informei a Oliver que você estaria na minha casa.

— Quando?

— Como é? – Tommy perguntou encarando-me através do espelho retrovisor.

— Quando você disse a ele? Quando vocês descobriram que eu sou na verdade Felicity Smoak, e como descobriram onde eu estava?

— Oliver me conta tudo. – Deu de ombros. – Assim que ele descobriu, basicamente. – Confessou.  – E sobre sua ida para minha casa, ele havia me feito prometer que quando você precisasse, nós estaríamos com você. E eu acho que essa é uma situação em que se classifica como “Nós estamos com você.” – Deu de ombros.

— Roy seguiu Alex. – Thea murmurou desviando minha atenção da nova informação. – Ele viu Alex na casa, e sabia que eu não estava mais casada com ele, ele estranhou, ele viu vocês saindo, e ele tinha visto você, no caso Megan, entrar no carro com a gente. Ele ficou confuso e o seguiu, mandou uma mensagem para mim, e enquanto Oliver distraía Megan na festa, eu convoquei Sara e Tommy para me ajudar a salvar sua bunda.

— Onde está Roy agora? – Perguntei intrigada. – E por que contou a ele que não era mais uma mulher casada? – Sorri. Ela me censurou com o olhar.

— Sr. Harper retornou para a mansão, ele vai entrar em contato conosco caso Ollie e Megan já estejam lá.  – Murmurou em tom formal. – Eu não quis chamar atenção de Megan mandando várias mensagens para Ollie.

— Sr. Harper, heim. – A provoquei.

— Foco, Felicity. – Thea sorriu.

— Eu estou. – Assenti. – Existe um monte de informação se perdendo nessa sua narrativa, eu quero mais detalhes.

— Mesmo eu quero saber mais sobre Sr. Harper. – Sara murmurou ganhando um suspiro de protesto como resposta vindo de Thea.

— Vocês garotas, não achem que vão me deixar longe das fofocas. – Escutei Tommy falar e o encarei divertida. Como se sentisse meu olhar, desviou seu olhar do trânsito para encarar-me mais uma vez pelo espelho.  – Nesse meio tempo temos que nos preparar para bolar um plano contra sua gêmea do mal.

— Nós não... – Abri minha boca em protesto, mas me detive, era ridículo continuar essa frase e todos ali naquele carro sabiam.

— Chega um momento em que temos que parar de ignorar a realidade. – Sara falou virando-se para me encarar. – Eu entendo, eu não gostaria de descobrir que Megan é minha irmã, mas eu certamente gostaria de entender como fomos separadas.

— Não é isso que eu temo descobrir.  – Murmurei tão baixo que era impossível que qualquer um deles tenham escutado, embora tenham captado meu humor, pois nenhum deles tentaram iniciar uma conversa. Para minha surpresa quando chegamos a casa de Tommy e Sara, que não deixava de ser também uma mansão, Thea não entrou, pensei que pediria mais detalhes sobre o ocorrido durante a troca, mas ela se limitou a me dar uma abraço rápido e dizer que conversaríamos no dia seguinte, eu imaginava que sua pressa estava em confrontar Megan  junto com seu irmão, eu não podia evitar em me sentir excluída disso, pela primeira vez em meses, eu tornei a me sentir como a pessoa de fora, a estranha, era um pensamento incoerente, sabia que agora era o momento deles resolverem o problema na família deles, eu não era uma deles, era uma peça usada por Megan, que teria voz quando fosse chamada.

Entrei no quarto de hospedes sentindo o peso do olhar de Sara em mim. Sabia que me analisava, e que até mesmo me julgava, não havíamos sido grandes amigas, não éramos próximas, sabia que ela e Tommy eram boas pessoas, e bons amigos, mas não meus. Se eu estava ali era devido a Oliver.

— Eu tentarei arranjar algumas roupas para você. – Murmurou hesitando em entrar no quarto. Sorri em agradecimento. Com a troca repentina eu vestia apenas calças jeans, blusa básica e sandálias baixas, estavam em cima da cama quando entrei no quarto do hotel, se Megan havia pensando nessas roupas era certo que tivesse mais, mas minha cavalaria chegou e saí sem sequer olhar para trás, não trouxe nada comigo. – Algo mais confortável para dormir.

— Obrigada. – Murmurei. – Sinto muito vocês terem saído da festa mais cedo por mim.

— Sinto muito por você não ter ido. – Deu de ombros. – Eu gostaria ter descoberto antes, Thea descobriu e parece ser muito próxima a você, eu por outro lado tenho te tratado com indiferença sempre que nos encontramos.

— Olhe, interpretando Megan, eu posso dizer que a forma que fui tratada por você, foi mais do que merecia. – Brinquei.  – Thea me odiava, Alex queria entrar em minhas calcinhas, Oliver não sabia o que fazer comigo e Moira ainda finge que eu não existo. – Sorri. – Fria educação por parte de você, foi o de menos.

— De uma maneira muito estranha eu me sinto bem melhor. – Confessou cedendo a um sorriso.

— Você deveria. – Assenti.

— Eu vou deixar você descansar. – Falou após alguns segundos ainda sem saber como agir. – Pode ir usando o banheiro para um banho se quiser, deixarei as roupas do lado de fora do quarto.  – Informou-me. – Amanhã acho que todos nos reuniremos, ainda há muito o que ser preenchido.

— Claro. – Concordei. – Boa noite, Sara, e obrigada.

— Não por isso. – Falou. – Descanse. – Sugeriu, eu quase conseguia escuta-la acrescentar “você vai precisar.” Eu não sabia bem qual seria o jogo de Megan agora que tudo estava tão revelado, mas sabia que eu já havia feito minha própria jogada, tomado um lado, sabia que haveria consequências para isso.  Ainda estava sentada sobre a cama, quando Sara bateu levemente na porta, reagiu surpresa quando eu a abri imediatamente, provavelmente pensou que havia seguido seu conselho e ido direto para o chuveiro, mas eu estava inquieta demais, e precisava falar com ela quando retornasse, a pedi um celular emprestado, precisava falar com Helena com urgência, Sara assentiu compreendendo meu desejo e me emprestou seu celular, fiquei preocupada quando após várias insistências minhas, Helena não atendeu, cedendo a pressão liguei para o hospital, era muito tarde, mas fui informada que minha mãe já estava dormindo e havia tido um dia tranquilo.  Inquieta e não querendo ligar para seu celular temendo apenas preocupa-la, acabei deixando de lado meus medos e entreguei o celular de volta a Sara.

Curiosamente apenas quando ela havia saído percebi que não havia pensado na possibilidade de tentar entrar em contato com Oliver. E pela primeira vez na noite de hoje, eu me dei conta que temia saber sua reação ao encontrar Megan novamente. As razões por trás disso eu não queria encarar. Com um novo suspiro ecoando no quarto decidi tentar seguir os conselhos de Sara, banho e então descanso, era isso que minha mente precisava.

Com o chuveiro aberto e a água caindo por meu corpo, eu fechei meus olhos, desejando com o ato criar uma barreira mental que proibisse pensamentos sobre Oliver e Megan dominar minha mente.

Eu falhei miseravelmente.

OLIVER QUEEN

Deixei a água correr por minhas costas enquanto relembrava de cada detalhe do que havia sido a noite infernal de hoje.

Descobrir que era Megan ao meu lado, e não Felicity foi apenas o começo. Tive que aguentar suas provocações, seus toques indesejados, suas constantes insinuações. Não ajudou ter que enfrentar tudo isso enquanto era observado por Isabel Rochev e Adrian Chase do outro lado do salão.

Aqueles primeiros segundos em que tive que me conter para não soltar Megan após a frase dita com deboche, foi torturante.

Após dizer que havia sentindo minha falta, Megan ficou me encarando, sorrindo ao notar minha busca por controle. Divertindo-se quando após uma profunda respiração eu deixei meus olhos encontrarem os seus, e exigindo uma nova onda de autocontrole forcei meus braços a atraírem para mim, estávamos em um salão de dança, eu supostamente devia estar dançando com minha esposa.

— Onde está Felicity? – Perguntei direto. Megan inclinou sua cabeça, diversão dominando seu semblante.

— Não vai perguntar onde eu, sua esposa, estive todos esses meses? – Questionou-me. Embora sua expressão demostrasse, senti certa irritação em som tom. – Não vai me encher de perguntas como: Por que você fez isso? Quando planejava voltar, por quanto tempo tinha em mente continuar me enganado? Estou decepcionada. Em vez disso, é por Felicity que pergunta.

— Chateada por não ser o centro das atenções? – A questionei deixando meu olhar correr pelos dançarinos e encontrando Thea que nos encarava com interesse. Minha discussão com ela sendo esquecida, precisando da minha irmã como aliada inclinei minha cabeça levemente indicando Megan, Thea me encarou confusa, então meneei a cabeça em negativa. Os olhos de expandiram e a observei formar o nome com a boca, tornei a menear a cabeça.

Não era ela.

Era isso o que eu queria dizer.

E foi isso que Thea entendeu.

Sem precisar nenhuma informação a mais notei Thea dar as costas ao baile e sair do salão. Sem dúvida alguma Thea iria em busca da amiga. Isso me acalmou um pouco.

Olhei para baixo e notei o sorriso no rosto de Megan. Ela não havia perdido minha pausa.

— Ao que parece eu não sou mais o seu centro de atenções. – Observou.  – Primeiro Isabel, agora Felicity, parte meu coração, meu doce Oliver.

— Você tem um? – Perguntei a encarando a espera de uma resposta que eu sabia não demoraria a vir, mas a interrompi. – Eu não vou acusa-la das coisas que desejo, nem vou fazer as perguntas que você citou antes, não agora, não aqui. Quando voltarmos para minha casa, podemos conversar, agora, eu estou a espera da única resposta que desejo ouvir no momento.

— Você realmente acha que vou facilitar para você? – Ergueu as sobrancelhas. – Que vou dizer onde Felicity está, e então você correrá para encontra-la. Talvez em uma cena emocionante você seja seu salvador, ela o abrace e juntos vocês vão enfrentar a única pessoa que atrapalha esse lindo romance, eu. – Meneou a cabeça sem ocultar seu costumeiro sorriso. – Você está enganado, meu querido.

— Eu não sei do que você está falando. – Murmurei a soltando quando a música finalmente acabou. Megan enrolou seu braço ao meu, deixando seu corpo encostar ao meu, trazendo antigas memórias. Não estávamos mais na pista de dança, havíamos recuado e qualquer pensaria que estávamos observando os casais dançando.

— Você sabe. – Afirmou. – Mas eu não sou a barreira que o impede de ficar com ela. Felicity quer apenas partir, meu querido.  – A encarei sentindo o peso que suas palavras caíram contra mim. - Você deveria ficar grato por eu ficar de olho nela hoje, ou a primeira reação dela seria fugir, voltar a sua tão sem graça vida. Ela não quer estar envolvida com você, talvez ela até mesmo goste de você, mas ela não quer isso.  Tudo o que ela quer é sua vida de volta.

— Vida essa que você tomou. – Falei entre dentes. – Egoísta e covarde como é, invés de falar que estava insatisfeita com nosso casamento , teve que envolver uma garota inocente em sua trama.

— Eu não sou egoísta. – Negou aproximando-se de mim, sua mão em meu peito enquanto sussurrava em meu ouvido. – Eu posso ser muitas coisas, mentirosa, egocêntrica, traidora, mas eu não sou egoísta, a forma como você ama é.

— Eu nunca...

— Eu não estava falando de mim. – Sorriu amplamente, ciente de como eu iria terminar minha frase. Afastou-se assumindo uma expressão séria. – O que você planeja fazer, pedir o divórcio e em seguida persegui-la? Nega-lhe o direito de dar as costas a tudo isso? De esquecer tudo isso? Felicity Smoak passa então a ser sua nova esposa, nova mãe para os seus filhos. Você está preso em um ciclo vicioso, meu querido. Não consegue estar só, e vive para achar a esposa perfeita.  Deixe a garota partir, se divertir, eu posso atuar perfeitamente como a esposa que deseja, desde que eu tenha o que também desejo, liberdade. Fingir gostar dos pirralhos não exige tanto assim. – Deu de ombros. Fechei minhas mãos em punhos ao ouvir sua última frase. Percebendo que havia atingido um ponto fraco, Megan tornou a sorrir. – Eu estou em uma festa, eu vou me divertir, seria esperto da sua parte não partir sem mim.

— Digo o mesmo. – Ela tocou meu pulso antes de se afastar.

— Para constar, eu já entrei nesse casamento, insatisfeita. – Piscou. – Isso é o quanto eu sei interpretar a esposa feliz. – A observei se afastar, sua confiança típica em cada passo, não me passou imperceptível que ao atravessar as portas ela foi seguida poucos segundos depois por Adrian Chase, nem que não havia sido o único a notar. Isabel que tinha estado perto de Chase notou cada segundo de sua retirada, e pelo sorriso que ela me dirigiu, nada a deixou mais feliz do que notar que meu casamento não sobreviveria a isso.

Ela sabia tão pouco.

Pelo resto da festa tive que fingir não me importar com a ausência da minha esposa durante o jantar, tentei ignorar as palavras de Megan sobre Felicity, e minha preocupação por onde ela estaria. Quando finalmente Megan apareceu, eu não pude evitar encara-la com nojo, ciente de que ela havia estado com seu amante, imaginado quantas vezes ela havia se afastado para se encontrar com um, e eu não havia percebido. Claro, a ausência prolongada dessa vez foi proposital, para me insultar, arrancar uma reação de mim.

Mas tudo em que eu conseguia pensar era que se Chase estava com Megan, quem estaria responsável por manter Felicity sobre controle? Quem a tinha levado?

— Você não me parece muito bem, meu querido. – Murmurou segurando meu ombro. – Algo não deve ter lhe feito bem.

— Estou cansado dos seus joguinhos Megan. – Murmurei. – Eu quero ir para casa, e eu quero saber onde está Felicity.

— E eu quero que meu marido tenha sua atenção completamente voltada para mim. – Murmurou com irritação, sua mão indo até meu rosto. – Como era antes.

— Parece que ambos ficaremos a espera de algo que não podemos ter.  – Respondi por fim.

— Você é tão mais divertido quando veste menos roupas. – Sua mão deslizou por meu braço. – Talvez tenhamos que mudar isso, nada como reviver bons momentos. – Murmurou com tom sugestivo. A encarei sem humor. – Não? Que pena.

— Eu estou indo embora, com ou sem você. – A alertei.  Ela revirou os olhos em resposta.

— Está bem, essa festa já me proporcionou o que eu queria.  – Falou dedicando um sorriso para Adrian que ainda a encarava de longe.  Resisti a vontade de revirar os olhos também e me afastei lhe dando a opção de me seguir ou não, pelo som de salto sobre a madeira eu podia dizer que ela havia escolhido a primeira opção.

Apenas quando cheguei ao carro que me virei para ela.

— Eu não acho que preciso está dizendo isso, mas... – Comecei segurando seu braço e aproximando de mim, longe de intimida-la, ela pareceu responsiva ao toque. – Enquanto estiver em minha casa, evite encontrar meus filhos.

— Apenas seus agora? – Sorriu. – Será um prazer. – A soltei e abri a porta do carro, sem lhe dedicar um segundo olhar entrei, sendo seguido por ela, que fez questão de estar o mais próxima o possível, Diggle muito discreto, manteve seus olhos fixos nas ruas, já estávamos perto de casa quando recebi uma mensagem de Thea.  Ao invés de palavras minha irmã se contentou em colocar aqueles malditos emojis, franzi o cenho demorando a entender o que significava uma coroa e o símbolo de “ok” feito com a mão.

— Ao que parece sua irmã encontrou Felicity.  Alex é realmente um inútil. – Megan falou olhando por cima do meu ombro. – Estou ofendida, Felicity nem entrou para a família e já é considera uma Queen por Thea.

Não a respondi, de fato agora que sabia que Felicity estava bem, eu não sentia nenhuma vontade de seguir falando nada mais com Megan. Então ao  invés de iniciar uma nova discussão, cheia de acusações e perguntas, resolvi adia-la para o dia seguinte, duvidava que Megan fosse sumir, não sem conseguir arrancar alguma compensação antes, ela tinha deixado claro hoje a noite, quando foi tão aberta com seu caso com Adrian que não tentaria me induzir a seguir com o casamento, Megan agora queria causar estragos, eu poderia muito bem evitar ficar sem dormir uma noite por conta disso. Quando cheguei em casa Thea ainda não havia chegado, dispensando um olhar para Megan não tive outra opção senão lhe dirigir a palavra.

— Eu vou para um quarto de hospedes. – A informei. – Faça o que quiser, só esteja aqui amanhã a tarde, para discutirmos o fim desse casamento. – Megan ergueu o queixo.

— Quarto de hospedes, não teme como isso chegará aos ouvidos das crianças? – Perguntou tentando me provocar.

— Que se foda. – Murmurei a surpreendendo, lhe dei as costas e subi as escadas, após pegar algumas roupas fui para o quarto de hospedes em questão, ao entrar no banheiro tranquei a porta, cientes que Megan não deixaria passar a oportunidade.

E foi o trinco do banheiro que me despertou dos meus pensamentos. Olhei para trás mesmo sabendo que estava trancado e observei girar mais uma vez, eu poderia imaginar seu rosto irritado diante a barreira que não estava em seus planos de sedução, podia imaginar os lábios franzidos e sorri. Contente pela pequena vitória. E após mais alguns minutos em que dediquei me trocando ali dentro mesmo abri a porta temendo encontra-la.

Felizmente não havia nenhum sinal de Megan quando saí. Desci as escadas, envolto pelas sombras e esbarrei em Thea, ela me dedicou um olhar confuso ao ver minhas roupas.

— Você está saindo. – Comentou.

— Você está chegando.  – Retruquei não entendo qual era o ponto de sua afirmação.  Thea me dirigiu um olhar irritado. – Eu não consigo ficar aqui. – Falei por fim.

— As crianças...

— Diggle. – Respondi prontamente. – O deixei sobre aviso. Ninguém saí com as crianças exceto eu ou você. – Thea acenou concordando.

— Você vai para um hotel? – Questionou-me, a encarei incerto de como responder aquela simples questão e deixei meu olhar cair nos meus pés. Sim, eu não conseguia ficar debaixo do mesmo teto que Megan no momento, e embora meu desejo fosse encontrar Felicity, as palavras de Megan me impediam, o certo era eu ir até um hotel, mas eu não queria, eu estava confuso. – Oliver?

Tornei a encara-la e com uma respiração profunda me fixei mais uma vez no que eu devia ou queria fazer, uma decisão se formando em minha mente.

— Ollie, você vai para um hotel?

— Você me conhece melhor. – Respondi sem perder o sorriso que obtive como resposta, não querendo escutar suas bobagens lhe dei as costas.

Quando cheguei à casa de Tommy entrei com facilidade, ele havia me dado o código do portão, e havia deixado à porta aberta como eu pedi por mensagem, foi apenas quando parei em frente ao quarto que ele havia me dito ela estava que hesitei.

Talvez Megan estivesse certa.

Eu devia deixa-la em paz.

Mas após tantas noites sentindo seu corpo procurar o meu enquanto dormia, eu não sabia se conseguiria dormir essa noite sem tê-la em meus braços. Eu precisava vê-la. Toca-la, precisava abraça-la. Boa parte da noite contemplei a possibilidade de não mais vê-la, após seu papel como Megan ter acabado, e eu odiei a mera ideia disso. Tomando uma respiração profunda bati levemente contra sua porta, e ao não obter resposta a empurrei.

Esperava encontra-la já deitada na cama, mas Felicity não estava lá. Por um momento entrei em pânico, pensando que talvez tivesse ido sem que Sara ou Tommy estivessem ciente, mas escutei o barulho de chuveiro, então um pouco mais aliviado sentei na cama, a aguardando.

Quando ela abriu, meus olhos se deliciaram diante a imagem, seu corpo envolto unicamente com uma toalha branca. Felicity recuou parecendo surpresa e um pouco apreensiva, quando sussurrou meu nome com sua voz suave e tom preocupado, meu autocontrole se quebrou. Eu não sabia o quanto precisava daquilo, não até esse momento.

— Foi um inferno não te ter por perto essa noite. – Confessei.

— Megan...

— Eu não quero falar sobre Megan. – Deixei meus olhos passearem por seu corpo, e senti o desejo não tão lentamente dominar meus pensamentos. Sim, havia sido um inferno não tê-la por perto, e vê-la assim e não poder toca-la era uma agoniante tortura.  Quando meus olhos voltaram a encontrar os seus, vi meu desejo encontrando o seu. E foi nesse momento que eu percebi que havia sido uma péssima ideia ter vindo até ela.  Apenas quando Felicity recuou um passo que notei que havia me erguido e ido ao seu encontro, apenas quando senti seu corpo encostando-se ao meu, que notei que havia sido meu braço responsável por isso, e apenas quando seus lábios tocaram os meus, que eu soube, conversa estava longe do que aconteceria entre nós dois essa noite.

E quando seus braços envolveram meu pescoço suas unhas arranhando levemente minha pele, e fazendo-me endurecer eu tive certeza, ela concordava comigo.

Afastei meu rosto do seu, meus olhos incapazes de deixar de encara-la, minhas mãos segurando sua face, meus polegares percorrendo sua pele. Não importava se eu já tivesse visto aquele mesmo rosto por anos seguidos, para mim, nunca tinha sido tão lindo.

— Desculpe, gatinha. – Murmurei encostando minha testa na sua. Ela me encarou confusa.

— Por quê?

— Por ser um egoísta. – Falei sem conseguir por um segundo a mais sequer, deixar meus lábios longe dos seus, mais uma vez me vi perdido no sabor de sua boca, precisando de mais, sabendo que nunca seria o suficiente.

FELICITY SMOAK

O beijo de Oliver me consome.

A urgência dele me surpreende.

Não imaginei que seria assim que terminaria essa estranha e conturbada noite, mas eu não poderia imaginar melhor lugar para estar, que não fossem nos seus braços.

Vestida apenas com uma toalha felpuda, com meu corpo colado ao dele e seus dedos roçando meu pescoço, traçando minha clavícula e delimitando a borda da toalha, eu podia sentir meu sangue esquentar, com um pequeno e leve puxão na toalha Oliver me teve nua em seus braços, seu rosto afastando-se do meu apenas o suficiente para olhar para baixo, hipnotizado pelo que havia sido revelado. A palma da sua mão encontrou ansiosa meu seio, o cobrindo e amassando antes do polegar brincar com meu mamilo, Oliver olhava seu movimento enquanto eu não conseguia afastar meus olhos da expressão em seu rosto. Seu toque na minha pele sensível arrancou pequenos gemidos de mim, e isso fez com que sua expressão ficasse ainda mais faminta e seus lábios exigentes.

Com meus lábios cobertos pelos dele, e seu corpo guiando o meu, Oliver empurrou meu corpo até a cama. Deitando-se em cima de mim, com sua boca inquieta beijando meu corpo, eu senti cada polegada do seu corpo sobre o meu, a sua roupa me atormentando ao mesmo tempo.

Em sintonia com meus pensamentos Oliver ergueu seu torso, ficando com um joelho entre minhas pernas e seus olhos dominado pelo desejo, observei Oliver puxar sua camisa e tira-la, meus olhos seguindo os movimentos. Prisioneiros do desejo que me consumia. Quando Oliver olhou para baixo com sua mão deslizando pelo meu ventre, seu corpo curvando-se para beijar outro seio e sugar o mamilo, eu percebi.

Estava acontecendo.

Eu não queria voltar atrás, mas eu não poderia seguir em frente sem antes revelar esse pequeno segredo que até então me constrangia.

Segurando sua mão que havia começado a descer, apertei seus dedos. Oliver ergueu seu rosto, seus olhos fixos em meus lábios, distraindo-me momentaneamente do que eu ia falar.

— O que foi? – Perguntou preocupado. Desejei me cobrir, me sentir mais segura, mas resisti ao ato.

— Há um motivo a mais por eu ter evitado contato sexual com você. – Comecei. Oliver deitou ao meu lado apoiando-se no cotovelo, sua respiração ainda difícil, seu corpo tenso. – Eu sou virgem. – Murmurei sentindo como se eu na verdade estivesse confessando um assassinato. Oliver piscou incrédulo. Por alguns momentos tudo o que fez foi me encarar. Eu tinha que dar um desconto a ele, provavelmente estava lento por que todo o seu sangue estava concentrado em seu pênis no momento.

Desconfortável com seu prolongado silêncio e sentindo que eu realmente deveria procurar algo para me cobrir, me apoiei no cotovelo para sair da cama. Oliver segurou meu braço me impedindo de me afastar. Suspirei, não podendo lidar com o que provavelmente iria acontecer em seguida.

— Por favor, não comece a fazer perguntas de como isso aconteceu, nem me olhe como se eu tivesse lhe entregando uma dádiva divina. – Murmurei antes que ele abrisse a boca.  – Eu não estava esperando o cara perfeito, nem a transa perfeita. Não foi por timidez, ou nenhum outro cara não me fez sentir coisas como você, só aconteceu.  – Dei de ombros. Ele assentiu puxando-me mais próxima de si. Com sua respiração tão próxima da minha, e seus olhos tão fixos nos meus, tive receio. Medo de que ele fosse recuar, de dar por encerrada a noite e sugerir que apenas fossemos dormir. E por mais que talvez essa fosse a oportunidade perfeita de me esquivar de um erro em potencial, eu não queria voltar atrás.

Do que servia continua nos privando disso?

Eu partiria em algum momento, e teria perdido a oportunidade de por pelo menos alguns poucos momentos sentir como se ele, esse homem, fosse realmente meu. E tão idiota e possessivo  quanto pudesse soar, por alguns poucos momentos, eu também queria me sentir como se fosse dele.

Então não deixei que seus pensamentos nublassem nossa vontade. Roubei a negativa e os argumentos diretamente de seus lábios, quando puxei seu rosto para o meu e o beijei.

Oliver não estava relutante, mas definitivamente seu ritmo havia mudado. Quando correspondeu ao beijo, sua mão fixando-se na base da minha coluna, foi perigosamente lento, aquecido, úmido e sim, possessivo. Sua língua roçou a minha em um toque suave, deslizando em seguida com firmeza, fazendo-me reagir ao seu beijo com igual intensidade, suas pernas ainda cobertas pelo jeans, se entrelaçaram as minhas, o tecido áspero estimulando mais do que incomodando, e quando sua boca mudou de ângulo aprofundando o beijo, seus quadris moveram-se em uma dança sinuosa arrancando gemidos que foram sufocados pelos seus lábios.

Minhas mãos afoitas correram por seus braços, desceram até suas costas, e se acomodaram no cós de sua calça, com um pequeno quase imperceptível puxão, indiquei meu desejo de que suas roupas desaparecessem, e parecendo custar muito do seu controle, Oliver recuou, sua pressa evidente em se livrar das peças.

Em todos esses meses de casamento forçado e fingido, eu tive que me acostumar com o contato de seu corpo, já tinha dormido colada a ele vestido apenas com uma cueca, e inúmeras foram as vezes em que me peguei encarando o torso nu de Oliver. Porém nada disso havia me preparado para ver Oliver completamente nu.

Por alguns momentos nada pude fazer além de encara-lo. Meus olhos roubando cada pequeno detalhe, memorizando e me acostumando, junto com a percepção de que eu o havia deixado assim, veio também à vontade incontrolável de toca-lo, mas minhas ações foram impedidas quando voltou a me beijar, seu corpo fazendo com que eu me deitasse na cama, suas pernas tornando a abrir as minhas.

Com beijos cálidos e suaves Oliver desceu seus lábios por meu queixo e pescoço, sua atenção demorando alguns momentos em ocupar sua boca faminta com meus seios. Joguei minha cabeça para trás quando sua respiração quente desceu por minha barriga, e após seus dentes mordicarem brevemente a pele sobre meu quadril, seus lábios tomaram posse da parte mais intima de mim.

Meus dedos se enredaram ao lençol precisando aperta-los, abri meus olhos e ergui minha cabeça apenas o suficiente para ver sua cabeça entre minhas pernas, a imagem erótica deixando-me ainda receptiva ao seu toque, e com gemidos incontroláveis ondulei meu quadril a cada novo golpe de sua língua. Eu podia sentir suas mãos apertando minhas coxas, podia perceber que minha pele estaria marcada amanhã devido a voracidade com que me segurava, eu sentia um arrepio subir por meu corpo, crescendo tão rapidamente, construindo uma onda de prazer, minha boca estava seca, meu corpo estava quente e a cada movimento de Oliver, percebia que estava cada vez mais perto da ruptura.

Entre gemidos e pedidos de que não parasse senti o meu corpo ser invadido por um orgasmo.

Com a respiração ofegante, e coração disparado fechei meus olhos deliciando-me com a sensação, senti Oliver subir novamente e abri meus olhos para encontrar os seus tão perto dos meus, com um sorriso mínimo sua mão acariciou meu rosto, a afeição transbordando no gesto carinhoso. Não era o suficiente, eu queria tudo.

Segurei seu pescoço em um pedido silencioso.

Oliver beijou meus lábios levemente, sua testa encostando a minha.

— Eu não posso evitar te machucar. – Murmurou, por um momento fiquei em dúvida sobre ao que ele se referia. – Mas eu prometo que tentarei fazer com que vale a pena.

— Apenas você poderia fazer com que sexo soasse como uma promessa de romance eterno. – Brinquei com sincera diversão, mas ao mesmo tempo fiquei inquieta, por que por mais que não ousasse dizer em voz alta, eu não poderia mentir que não queria que na verdade fosse exatamente isso, e eram tão perigosos, esses pequenos grandes desejos. O olhar no rosto de Oliver me disse coisas que eu não queria escutar, e quando seus lábios tocaram meus, eles passavam a emoção de palavras que eu não poderia aceitar. Cada pequeno gesto seu foi feito para reacender meu desejo que nem de longe havia sido apagado, cada beijo, cada toque foi guiado para o que estava por vir, o observei se afastar e agradeci por pelo menos um de nós se lembrar de proteção.

E quando seu corpo voltou a reivindicar o meu, tudo o que pude fazer foi sentir.

Senti sua mão movendo-se entre nossos corpos, guiando seu pênis para dentro de mim. Arfei quando o senti cada vez mais aperto, mais profundo e cravei minhas unhas tentando me adaptar a dor, quando entrou e rompeu aquela pequena, irritante e dolorosa barreira, eu não me lembrava mais como respirar.

Ele ficou imóvel seus olhos focados nos meus.

 Eu podia notar a vontade irrefreável de se mover, podia notar o quanto estava sentindo prazer em apenas estar daquela maneira, parado. Podia ver a urgência em seus olhos. Levei minhas mãos ao seu rosto, tracei seu lábio inferior e o beijei suavemente.

— Termine. – Pedi.

— Eu... – Abracei sua cintura com minhas pernas, o impedindo de protestar, Oliver soltou um gemido rouco.

— Mova-se comigo. – Ordenei. Não foi necessário repetir.

Oliver possuiu meu corpo, com sua mão entre meus seios, mantendo-me colada ao colchão, o senti se retirar lentamente, apenas para tornar a entrar, suas estocadas tornando-se mais intensas, rápidas e vorazes, a dor ainda estava ali, não tão forte, mas uma lembrança recente impedindo-me de obter meu próprio orgasmo novamente. Com suas mãos agarrando meus pulsos e colocando minhas mãos sobre minha cabeça Oliver ficou mais profundo, e com seus lábios em minha pele suada, o gemido rouco sendo abafado, seu corpo estremeceu liberando-se dentro do meu.

Ele me abraçou.

Ele me levou ao banheiro e lavou meu corpo com toques amorosos, ele me beijou, por que no momento qualquer distância entre nossas bocas parecia ser insultante.

Ele me levou de volta para cama, e puxou meu corpo para o seu, sua respiração em meu ouvido quando mais uma vez me abraçou.

— Era uma. – Sussurrou contra meu ouvido. Sonolenta demais, eu não cheguei a perguntar ao que se referia, mas meu cérebro ainda que meio desligado, registrou as palavras seguintes. – Era uma promessa, uma promessa que nunca consegui fazer a nenhuma antes, nem mesmo minha primeira mulher, e jamais a Megan. Mas que eu posso fazer tão somente a você.

Eu que não estava pronta para promessas, principalmente fazê-las, apenas o abracei mais forte, deixando minha consciência se esgueirar, permitindo-me fugir, por algumas horas das consequências do que essa noite poderia trazer.

Quando acordei Oliver já não estava na cama, o que não chegou a ser uma surpresa, não trouxe mágoas. No momento em que ele me puxou para seus braços para dormimos eu já sabia, que acordaria com a ausência dos mesmos. Oliver precisava ir para casa, precisava enfrentar Megan, Oliver precisava tirar seus filhos da influência de Megan.

Encontrei uma nova muda de roupas sobre uma cadeira próxima, e não sabendo ao certo como seria o dia que estava por vir, não vi outra opção a não ser tomar um banho, vestir-me e descer para encontrar alguma informação com qualquer um que tenha ficado na casa, Tommy e Sara seriam péssimos anfitriões se não tivesse ao menos um deles no andar de baixo. Quando desci as escadas surpreendi-me ao escutar vozes, por um dado momento cogitei voltar a subir, mas na medida em que descia a cada novo degrau as identifiquei.

Foi ao escutar a voz de Thea que desci com passos mais rápidos, feliz em ter sua presença por perto, mas foi uma voz infantil que me fez parar de imediato, alheia ao fato de que já havia me exposto completamente no penúltimo andar.

Aterrorizada encontrei meu olhar indo por todos os rostos tensos presentes na sala, e eram muitos. Sara e Tommy estavam perto das escadas, um pouco mais afastados do grupo. Thea segurava o encosto do sofá de apenas um lugar, suas unhas cravadas a este, ombros tensos, tudo em sua postura irradiava raiva, rancor, ódio. Ódio para com a mulher sentada a sua frente, pernas cruzadas, um sorriso felino em seu rosto, enquanto seus dedos acariciavam distraidamente, de maneira enganosa, os cabelos de Lexiee que estava sentada ao seu lado, todo seu corpo encostado com segurança ao da mãe.

— Aí está ela. – Megan sorriu ainda mais amplamente. Oliver que estava de costas ajoelhado em frente a William que parecia confuso e centrado no que seu pai lhe dizia, virou-se diante o tom de Megan. – Olá minha querida. Eu estava cansada de esperar por você para começar nossa reunião em família.  – Seu rosto inclinou divertida com a situação que havia criado. William olhou de uma para a outra com confusão. Lexiee franziu o cenho não entendendo o que estava acontecendo ali. – Crianças, cumprimentem Felicity, minha irmã gêmea.

— Megan. – Oliver murmurou tenso.

— Eu estava tão ansiosa para encontra-la após ter acordado, que resolvi trazer as crianças junto comigo. – Megan murmurou em tom falso.  – Saber que minha irmã estava hospedada com nossos melhores amigos, e que meu marido tinha até mesmo ido dar as boas vindas a ela? Eu não poderia deixa-la ir embora sem antes conhecer meus filhos.

A encarei com raiva percebendo o que estava fazendo, usando as crianças apenas por capricho, confundi-las como uma vingança ao perceber que Oliver havia vindo ao meu encontro. Dei um passo para frente, mas fui impedida pela mão de Sara que em algum momento havia vindo até mim.

— Vamos crianças, tia Felicity, está esperando por vocês. – Sua mão guiou Lexie a descer do sofá. Eu não poderia agir como queria sem assusta-las, então atuei como Megan queria, com um olhar tranquilizador para Oliver me aproximei das crianças e estendi minha mão, mas a recuei, limitando-se a me curvar para encontrar os olhares temerosos.

— Olá, eu sou Felicity. – Acenei. – Lexie e William, certo?  - Eles acenaram concordando. - Me falaram muito sobre vocês.

— Por que você se parece tanto com a mamãe? – Lexie perguntou curiosa.

— Somos gêmeas. Como aqueles gatinhos que nascem juntos. – Falei tocando meu rosto e lhe dando um sorriso.

— Mas os gatinhos tem cores diferentes, às vezes eles tem manchas. – Lembrou-me.

— Sim, mas não somos gatinhos, abelhinha. – Murmurei automaticamente. Ela piscou confusa.

— Tia Felicity...

— Você pode me chamar de Lis. – Murmurei. Seus olhos se arregalaram, mas temi ter sido brusca ao tê-la interrompido. – O que você ia dizer? – Ela meneou a cabeça em negativa e recuou abraçando a perna do seu pai que havia se aproximado, seu olhar foi até ele e então até mim, quando olhou para trás Megan se ergueu colocando uma mão em seu ombro.

Não me virei para falar com William, pois ele claramente estava incomodado com toda a situação. Sentia-se assustado. Ergui-me encontrando o olhar aflito de Oliver.

— Sara. – A encarei. – Você me disse mais cedo que sua cozinheira ia fazer biscoitos hoje.

— Sim. – Sara assentiu embora não tivesse falado comigo desde a noite anterior. – E eu posso apostar que não a ninguém melhor para ajuda-la do que esses dois pestinhas. – Sara piscou para as crianças. – Vamos crianças, eu preciso sujar aquela cozinha.  – Suas mãos se ergueram e William correu ansioso para segura-la, uma atitude que eu esperava de Lexiee, mas ela hesitou, seu olhar voltando para o meu.

— Vá com tia Sara, Lexiee. – Oliver murmurou em tom suave. Ela assentiu dando um passo para frente, a mão de Megan caindo no ato, quando passou por mim ela parou.

— Lis. – Inclinei minha cabeça ao seu chamado, estranhando seu tom sério. – Qual a cor do seu coração, hoje? – Pisquei surpresa com sua pergunta. Percebendo meu deslize por ter dado o apelido a ela, percebendo que a sua maneira, ela havia compreendido o que estava acontecendo, neste momento, Lexiee achava que fazia parte de um conto de fadas. Oliver se aproximou da filha, parecendo ansioso. Deixei meus olhos encontrarem os dele, sentido toda a emoção invadir meu peito.  Sem poder me conter me ajoelhei em frente a pequena menina, ela me surpreendeu ao envolver seus braços em meu pescoço, seu rostinho pressionado ao meu.

— Rosa. – Murmurei fechando meus olhos, sabendo que ela compreenderia. – E vermelho. – Falei abrindo meus olhos encontrando os de Oliver.  – Agora vá com Sara, ALexiea. – Murmurei lhe dando um beijo em seu rosto.  Ela assentiu concordando.

— Está bem, mamãe. – Murmurou chocando a todos, que tinham observado tudo com expressão confusa. Como se nada tivesse acontecendo ela saltitou até Sara, e com um enorme sorriso ela murmurou sobre biscoitos de chocolates. Apenas quando os três se afastaram que deixei meu olhar cair no de Megan.

— Comovente. – Ela debochou voltando-se a se sentar. – E irritante.  Ela era a minha preferida por assim dizer.

— O que você tinha em mente em trazer as crianças aqui? – Oliver avançou para ela que apenas ergueu um dedo o parando.

— O que você tinha em mente quando me deixou sozinha, para visitar o quarto da minha amada irmãzinha? – Retrucou.

— Você é inacreditável. – Thea murmurou.

— E você é patética. – Deu de ombros. – E desnecessária aqui.

— Megan. – A chamei. Seu olhar caiu no meu. – Por que você fez isso?

— Eu te disse. – Falou se erguendo, ergui meu queixo negando-me a recuar, com os braços cruzados Megan parou em minha frente, seu olhar foi até Oliver que estava a minha direita, afastado, mas ainda assim entre nós. Percebi que mesmo não sendo sua intenção, ele havia formado um triângulo, e tive que sufocar uma risada irônica em resposta a isso.  – Eu permiti que dormisse com ele minha querida, eu nunca dei carta branca para se que se apaixonasse.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, me digam o que acharam do capítulo e o que vocês esperam por vir.
Xoxo, LelahBallu.



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