Esfreguei meu braço e voltei pro meu armário, ele estava lá começando a se trocar, abri o armário em tempo record e me enfiei dentro dele, preferindo o fedor de queijo podre ao Cullen, quando vi que ele passou por mim indo em direção a porta peguei minha mochila, que ainda viveria depois de um bom banho e calcei o tênis, enfiei o uniforme na mochila junto com a chuteira, fiz nota mental de trazer um purificados de ar para o armário e sai sem olhar pros lados indo direto pra minha caminhonete.

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O restante do dia passou normalmente, banho, comida, deveres e finalmente cama, então na sexta-feira como prometido Edward intimou Jasper a treinar em pleno sábado a tarde e agora aqui estou eu parando a moto de Jazz em frente à escola, com vários hematomas nas pernas e um braço ralado resultados de passar a tarde anterior aprendendo a andar de moto.

Seria obviamente um erro eu aparecer na minha caminhonete hoje no treino, sendo que a caminhonete era de Bella e eu sou Jasper, e Jasper ama sua moto, sorte que a cidade é tão fria e úmida que as ruas são normalmente cobertas de uma fina camada de gelo assim ninguém estranhou minha incapacidade de passar dos 60 km/h.

Tirei a jaqueta de couro que Jazz gentilmente me emprestou e coloquei no ombro com uma pose James Dean*, olhando para os lados a procura do “Cullen do Mal”, apelido dado gentilmente pelo Jazz ao único dos irmãos Cullen que nos odeia. O seu lindo e imponente Volvo reluzia no brilho fraco do sol que tentava ultrapassar a barreira permanente de nuvens que cobria Forks a umas cinco vagas a esquerda, supus que ele já estivesse no vestiário me esperando.

Peguei o capacete, que eu tinha pendurado no espelho, ajeitei a toca na minha cabeça, já que para vir de moto o boné não serviria, e peguei a mochila que estava amarrada no banco da moto, recomendação de Jasper porque segundo ele se eu a levasse nos ombros poderia me desequilibrar com o peso a mais, e então levando a mochila e o capacete numa mão e a jaqueta no ombro fui em direção ao vestiário.

A porta estava aberta e eu fui entrando sem me dar ao trabalho de gritar pelo Cullen, virei no corredor em direção ao meu armário e o encontrei sentado no banco em frente ao seu armário amarrando a chuteira, respirei fundo, pus um sorriso na cara e andei em sua direção tentando parecer o mais simpática possível.

_Olá Edward – falei lhe estendendo a mão, ele ignorou minha mão e respondeu com um simples aceno de cabeça.

Dei de ombros tentando me mostrar indiferente e abri o meu armário sem esquecer de prender a respiração antes, abri minha mochila e tirei o vidro de purificador de ar que tinha comprado ontem no mercadinho quando vinha do treino de moto com Jasper, segundo o rotulo ele deveria matar germes e bactérias causadoras de maus odores em ambientes fechado e garantia um ótimo cheirinho de Pinheiros Refrescantes, combinando perfeitamente com Forks. Borrifei um meio vidro do aerosol e me inclinei ligeiramente inalando um pouco de ar, o cheiro de queijo podre continuava ali, mas o cheiro de pinhos o encobria quase totalmente.

_Yeah – comemorei um pouco alto demais chamando a atenção do “Cullen do Mal” que me olhou interrogativamente _O armário tava fedendo, eu só pus um pouco de purificador de ar – expliquei.

Ele me olhou intrigado e depois olhou em direção ao armário e balançou a cabeça incrédulo, com certeza me achando uma idiota por estar fazendo isso, se eu já estava com a nota negativa na escala dele, agora eu acabei de perder uns pontinhos pela frescura, dei uma suspiro e me sentei no banco para trocar o tênis pela chuteira. O Cullen ainda me encarou um pouco mais, sua expressão me dizia que ele queria falar alguma coisa, mas depois de um tempo ele bufou e saiu porta a fora, calmamente acabei de calçar minha chuteira, guardei o tênis na mochila e guardei junto com o capacete e a jaqueta no armário agora não mais fedido.

Cheguei ao campo e o Cullen já estava fazendo alongamento, me juntei a ele e terminamos em silencio, como se fosse combinado, demos mais cinco voltas no campo e obviamente o Cullen acabou primeiro, do lado do gol ele mantinha um saco de bolas, provavelmente pegas da sala do técnico, ele virou o saco perto da área e foi conferir a rede, nesse tempo eu acabei minhas voltas e fui em sua direção no gol, ele me ignorou até acabar sua inspeção e só então se virou pra mim e agiu como se não estivesse sozinho.

_Bom, então vamos fazer isso direito para nos livrarmos um do outro mais rápido – sem me dar tempo de responder ele pegou uma bola e jogou na minha direção _Chuta da forma como você sabe e então vamos ver o que temos que melhorar.

_Ok – foi tudo que respondi.

Posicionei a bola na marca do pênalti e mirei o ângulo esquerdo, recuei cinco passos e encarei Edward que me olhava com o sexy/presunçoso sorrisinho nos lábios, peguei velocidade e dei o meu melhor chute que foi parar nas mãos do goleiro.

_Você errou – zombou vindo na minha direção _Vou te mostrar como se faz, vai pro gol – me empurrou na direção do gol e se posicionou no meu lugar.

Eu já tinha atacado em alguns treinos no meu antigo time, mas nunca fui muito boa nisso e algo me dizia que o Cullen iria dar o melhor dele nesse chute, eu esperava poder voltar inteira pra casa. Sem demonstrar o receio que eu tinha coloquei a mascara de macho e me posicionei pronta pra atacar, ele mirou o canto esquerdo e o direito e olhou pra mim, sem tirar o maldito sorrisinho dos lábios, recuou alguns passos e veio com tudo, não consegui ver aonde ele iria bater até seu pé encostar na bola e meus medos foram justificados assim que ela veio diretamente em minha direção no meio do gol, não recuei, apenas me preparei para o impacto, que veio com tudo bem no meio do meu peito, fechei meus braços em torno da bola enquanto o ar fugia com uma lufada do meu peito, meus olhos se fecharam e meus joelhos perderam a força, me preparei para sentir o impacto do chão mas alguma coisa me segurou antes que eu chegasse a ele.

*

_Ei Jasper – o Cullen falava comigo.

Fui recobrando os sentidos e abri meus olhos vendo um teto sujo com algumas luzes acesas, os armários dos meus dois lados, eu devia estar deitada no vestiário, um rosto conhecido se interpôs entre mim e o teto, olhos verdes que brilhavam com preocupação.

_Você ta bem? – perguntou o Cullen, balancei a cabeça afirmativamente _ Vem, tenta sentar – apoiou meus ombros me levantando do banco, estávamos no banco em frete aos nossos armários, o Cullen sentou do meu lado e me deu uma garrafa de água que imaginei ser sua _Bebe, deve fazer bem, desculpe pelo chute, achei que você aguentaria.

_O que aconteceu? – perguntei devolvendo a garrafa depois de beber um gole.

_Você desmaiou depois do chute, acho que o ar saiu dos seus pulmões muito rápido – ele parecia envergonhado enquanto relatava o ocorrido _Eu realmente achei que você aguentaria, nunca imaginei que você iria desmaiar, quando você caiu eu te segurei antes que batesse no chão e você já estava desacordado, eu te trouxe pra cá – um pequeno sorriso cruzou seus lábios _E sentindo seu peso eu percebi o porque, você é muito leve, pouco resistente, devia malhar um pouco mais – corei ao perceber que ele tinha me carregado no colo, foi o contato mais intimo que eu tive com uma criatura do sexo masculino que não era da família.

_Eu sou o tipo rápido, se ganhar músculos perco a velocidade – dei a mesma desculpa que dei a Emmett.

Notei que o Cullen me olhava fixamente com um sorrisinho de canto, mas dessa vez não era o sexy/presunçoso de sempre, era só divertido, fazia seus olhos verdes brilharem lindamente, eu preferia esse sorriso e as borboletas em meu estomago também.

_Você corou quando se deu conta de que eu tinha te trazido no colo pro vestiário? – perguntou meio incrédulo e divertido.

_Eu não! – exclamei me levantando. Droga! Ele notou, pensei, pensa numa desculpa rápido _ Mas você concorda comigo que é constrangedor você ser carregado no colo por um cara – suspirei aliviada quando ele pareceu acreditar na desculpa.

_É realmente – meu queixo caiu, ele tinha realmente concordado comigo? – Você acha melhor deixarmos pra treinar outro dia? Acho que não é bom você se esforçar muito depois de ter desmaiado – ele parecia realmente preocupado e eu me perguntei “Onde andaria o ‘Cullen do Mal’ agora?”.

_Acho que você pode estar certo – ele levantou e abriu o armário, fiz o mesmo e dei graças por não precisar prender a respiração para abri-lo.

_Realmente funciona? – o Cullen perguntou enquanto tirava suas chuteiras e as trocava por seus tênis.

_O que? – perguntei sem entender sobre o que ele falava.

_O purificador de ar – apontou para o frasco que aparecia no bolso da minha mochila que agora estava aberta no chão enquanto eu tirava minha chuteira.

_Sim, muito melhor que o cheiro de queijo podre que tinha antes – sorri.

_Como eu nunca pensei nisso antes? – perguntou para si mesmo.

_Pega – entreguei o frasco pra ele _Acho que deve estar pela metade, tenta.

Ele pegou desconfiado o frasco da minha mão, leu o rotulo e sorriu, provavelmente vendo que cheirava a Pinheiros Refrescantes e borrifou no armário, inalou depois de uns segundos e sorriu.

_Cheirinho de Forks – falei.

_Eu gosto do cheiro de Forks – o Cullen murmurou.

_Eu também - concordei notando o quando verdadeiras eras as minhas palavras, o cheiro de Forks era...acolhedor.

Ele me entregou o frasco vazio enquanto colocava a mochila no ombro e foi em direção a porta, mirei o lixo atrás de mim e joguei o frasco, que caiu certinho dentro dela.

_Você não levou o gol – a voz do Cullen veio da porta antes da mesma se fechar _E fecha o cadeado quando sair.

Fechei o armário, coloquei a jaqueta e peguei o capacete que tinha tirado do armário e sai fechando o cadeado na saída, cheguei ao estacionamento a tempo de ver o Volvo saindo do estacionamento em direção a rodovia, subi na moto e coloquei o capacete, a mochila jazia nas minhas costas e resolvi não tira-la, abri a viseira do capacete e deixei o vento gelado refrescar minha cabeça enquanto eu ia pra casa. Sabia que teria que relatar todos os detalhes para Jazz e Alice então era melhor eu entender bem o que estava acontecendo.

*James Dean – Ator nasceu nos EUA, foi "o cara" na década de 50 e símbolo da rebeldia da juventude. Mais informações consultem o Google.