Itachi and Kisame History (Em Revisão) escrita por AnneAngel


Capítulo 29
A Finitude é Oque Torna a Vida Tão Preciosa. (Reescrito)


Notas iniciais do capítulo

Cara, eu nem sei o que dizer desse capitulo.
Foi difícil escreve-lo.
Eu comecei com uma ideia que tive, mas ai as coisas fugiram do meu controle e saiu esse capitulo, nem sei o que dizer dele...
Mas enfim...
Leiam e me digam o que acharam, okay???



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A morte pode ser tanto um naufrágio quanto um porto de embargue. Depende da forma como você a vê.

Kisame P.O.V (Point Off View).

A vida era uma grande cretina. Por isso, tudo oque seus olhos de peixe podiam capitar era o branco das paredes e o cheiro estranho de remédio com produtos de limpeza daquele estéril quarto: Encontrava-se em uma das alas de um hospital e por isso seu rosto estava um tanto sombrio, talvez estivesse até um tanto ranzinza. Seu amigo estava bem ao seu lado, tão próximo que podia tocar-lhe as mãos, mas ao mesmo tempo o Hoshigaki sentia como se o menino estivesse muito distante.

Estava em Amegakure, pois um tempo atrás emitiu um comunicado a Pain-Sama alegando que seu camarada estava em um estado debilitado de urgência e precisava de atenção hospitalar: O homem prontamente atendeu ao pedido e orientou-o a ir até a Vila da Chuva.

Agora, o mais jovem estava ali na sua frente, deitado em uma cama hospitalar, completamente inerte, como se fosse só uma carcaça doente: Os médicos alegaram que não iriam conseguir reverter o quadro, lhe disseram que o estado de Uchiha Itachi era muito grave.

Tudo aquilo parecia ameaçador, porque lembrava que o menino estava sob risco de morte. E aquela situação era difícil para Kisame porque fazia quase quatro meses desde que o outro fora internado ali: Afirmaram-lhe que Itachi estava em coma, devido a um Choque Séptico gravíssimo.

Por isso estavam na internação de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), seu camarada estava com ventilação mecânica, curativos diversos, fios e aparelhos ligados por todo o corpo, bem como os ruídos dos equipamentos, a temperatura corporal mantinha-se muito baixa e afirmaram também que os rins tinham parado (Ele teve até que fazer Hemodiálise) e precisou de transplante de Sangue (oque o azul rapidamente se prontificou a doar, já que eram compatíveis).

Tudo estava quieto demais, a sala era silenciosa e sufocante: Tudo ali tinha tons de azul ou branco, mas não conseguia paz alguma. Os sons das inúmeras maquinas cinzas faziam seu coração pular. Aquele som espaçado (bip, bip, bip, bip, bip) que indicava a frequência cardíaca dentre outros sons, era extremamente irritante e angustiante.

De todos os lugares do mundo em que podia estar, de todas as situações em que se imaginou vivendo, nunca esperou estar numa daquelas. Mas era até meio obvio, se considerasse que o estado de saúde do moreno piorava a cada segundo.

Os dias ali dentro não eram agradáveis, mesmo assim quase não deixava aquele lugar para nada, só saia para comer quando os médicos insistiam bastante. Fazia bastante tempo desde que não via a luz do sol, nem nuvens claras e passageiras, nem sentia o vento em sua face...

...A equipe médica e os enfermeiros tentavam deixa-lo o mais confortável possível, porém o ambiente hospitalar e o estado do amigo estragava o clima pacifico. Além do mais, todos tentavam consola-lo e convence-lo a aceitar o provável futuro falecimento do garoto. Por isso agia de forma cordial e educada com os profissionais, mas não conseguia gostar de nenhuma daquelas pessoas sem fé.

Além de tudo, Kisame estava bastante pensativo aqueles dias todos. Itachi entrou em sua vida amarga e deu-lhe um novo caminho, entregou-lhe uma nova motivação para viver. Ele não sabia oque faria se aquilo dito pelos médicos fosse realidade: Que Itachi lhe deixaria só, que não acordaria nunca mais, que ficaria daquele jeito até esmorecer e partir.

Acima de tudo, não queria acreditar que seu camarada iria morrer assim, não podia crer que o menino só fechou os olhos um pouco para descansar, sem saber que jamais iria abri-los novamente.

A tecnologia de Ame era de ponta. Mas mesmo assim o azul murchou um pouco, não conseguia fazer mais nada como antes: Se sentia bem impotente, ver aquelas aparelhagens todas ligadas ao amigo dava-lhe uma impressão ruim. Vê-lo ali sem corresponder a nada, fraco, magro, era a pior coisa.

A situação era tão ruim que fazia o azul se sentir tão doente quanto o Uchiha. O problema era que o tubarão não tinha certeza de quanto tempo Itachi aquentaria: O menino sempre teve a pele perfeitamente branca e leitosa, mas agora estava mais que pálido, parecia branco como um fantasma, quase sem vida.

Aproximou-se ainda mais da cama e tocou a pele do outro de forma reconfortante. Estremeceu porque o menino estava gelado e não importava o quanto enrolasse tecido em volta dele para reter o calor: A pressão arterial do moreno estava despencando, as batidas de seu coração estavam irregulares, sua respiração fraca...

...Depois murmurou fracamente: ‘’Itachi-San!?’’ Saiu um tanto baixo e tristonho, mas o tom era o suficiente para ser ouvido. Apesar disto, o outro deu poucos sinais de ter percebido algo. Mas o Hoshigaki não desistiu: ‘’Você tem que acordar, meu amigo. Vamos! Eu faço qualquer coisa se você acordar!’’.

Queria tentar ser positivo, ouviu dizer que pacientes em coma podiam manifestar reações quando escutam a voz de um conhecido, por isso o azul falava com ele regularmente e chamava-o.

Na realidade, não sabia se o outro estava entendendo e se estava ouvindo algo: A sensação que tinha era que estava sim, porque às vezes os olhos do moreno tremulavam como se quisessem se abrir. E era por isso que Kisame ainda estava ali, esperando, aguardando o momento em que os médicos ficariam encabulados em perceber que estavam errados e que o Uchiha iria sim acordar, diferente daquilo que eles previram.

Sua mente ainda estava confusa com tudo oque estava vivenciando nos últimos tempos: A provável futura perda e tudo oque poderia vir a acontecer depois dela estavam desestruturando-o. Claro que já tinha presenciado perdas anteriores, viu muitos de seus camaradas morrendo. Mas nunca antes teve alguém como Itachi em sua vida...

Queria ter esperança, queria ter forças para pensar positivo. Porém, às vezes o medo tomava conta dele. Às vezes aquela situação o fazia se sentir desesperançoso e não conseguia controlar sua angustia. Até porque, ao observar o amigo naquela situação por tantos dias, aos poucos sua fé ia esmorecendo.

Queria manter-se forte, mas nenhum dos recursos que Amegakure ofereceu até o momento estava surtindo efeito: Itachi continuava enfermo e inconsciente, se alimentando por sondas. Estava apavorado porque lhe informaram que se a atividade cerebral sessasse, iram declara-lo morto e desligariam os aparelhos.

Ele tremeu, porém, também prometeu a si mesmo que não ira se deixar amedrontar. Até onde sabia, enquanto seu camarada ainda estivesse ali e vivo, todos os seus anseios eram infundados. Kisame não queria sucumbir ao medo.

Olhou para o Uchiha com carinho, queria vê-lo acordado nem que fosse só para se despedir uma ultima vez. Era ruim depender do fio de esperança que tinha, entretanto, esperança era a única coisa que estava a seu favor no momento: Então resolveu persistir nela.

▀▄▀▄▀▄ ...Um tempo depois...▀▄▀▄▀▄

Não deveria ter pregado os olhos, mas estava tão cansado que acabou cedendo ao sono mesmo que aquela cadeira de acompanhante fosse horrível e deixasse suas costas doendo. Acordou de repente, com um barulho agudo irritante e constante em seus ouvidos, quando despertou o suficiente para compreender oque era ficou em choque.

Seu próprio coração deu um salto e parecia que ia sair pela boca, a adrenalina correu por seu corpo rapidamente, tinha acabado de acordar e já estava todo nervoso e agitado. Levantou-se num pulo e foi verificar, como se não fosse real: mas era, estava acontecendo.

Uma das maquinas começou a soar alto o suficiente para irritar sua sanidade, um ruído fino e angustiante. Sua boca secou, ao continuar a ouvir o som e ver que a maquina que produzia tal ruído indicava parada cardiorrespiratória.

Quase não pode acreditar no que estava vendo, podia ser só um sonho ruim. Porém a sensação era tão penetrante que sabia que não era tão criativo para inventar algo assim, nem em seus piores pesadelos.

O coração de Itachi... O  coração de Itachi estava parando!

O azul se aproximou da cama do menino num instante, e antes que precisasse gritar pra chamar ajuda, vários médicos e enfermeiros entraram no quarto rapidamente, apresados. Afastaram-no do moreno, pedindo espaço para que pudessem trabalhar.

Foi tudo muito rápido, só conseguia sentir seu próprio pânico, ficou paralisado por alguns segundos enquanto os médicos pegaram o desfibrilador e ondas de choque podiam ser ouvidas, enquanto o corpo de seu amigo sacudia com a intensidade.  E aquilo não parecia estar funcionando.

Por um momento sentiu como se estivesse sem ar, como se estivesse sufocando: A cena em sua frente era horrível, algo que nunca esperou ver. Estava acostumado a ver gente morrendo, mas isso nos campos de batalha, onde laminas cruzavam os corpos daqueles que batalhavam e o sangue espirrava para todo lado. Porém, aquilo? Aquilo a sua frente era outra coisa, fazia-o sentir-se impotente ao extremo.

Numa batalha era comum ver morte, o suor da exaustão da batalha, a sujeira enfincada no corpo, a dor, sangue jorrando, mãos e roupas sujas com a sanguinolência, espadas e Kunais fincadas no corpo do adversário, a expressão de dor na face do inimigo, um inimigo que tinha seus objetivos e sabia que lutou dando tudo de si, e mesmo que tenha perdido a batalha, era uma morte digna...

...Mas Itachi estava ali inerte como um boneco sem vida, não havia expressão de dor, estava mole e fraco, a vestimenta do hospital foi parcialmente retirada deixando seu corpo exposto, estava totalmente vulnerável e com um monte de médico e enfermeiros ao seu redor tentando reanimar seu corpo doente e moribundo. Uma morte patética e sem honradez. 

Mais uma carga elétrica foi desferida na caixa torácica do Uchiha, seu corpo sacudiu violentamente com a voltagem do choque. Um médico gritou com outro, e logo foi desferido outro choque. Dava para ver que a equipe estava se empenhando e fazendo de tudo para evitar o óbito do paciente, mas mesmo assim nada parecia estar funcionando.

‘’Não... Não! Ele está morrendo’’ Ouviu a si mesmo sussurrar apavorado. Depois conseguiu mais força: ‘’Vocês tem que fazer alguma coisa!’’.

Aquela situação deixava seu coração cheio de pavor, lhe fazia pensar em solidão, e por algum motivo a imagem de um caixão lhe veio à mente, agoniando-o.

Era um shinobi, não deveria ter medo e nem sentimentos: Mas, como era também um ser humano, estava sujeito a emoções. Foi por isso que sentiu um arrepio instantâneo quando abruptamente o apito tornou a soar espaçadamente: Era o coração de seu camarada voltando, ainda fraco e lento, mas tentando se agarrar a vida com todas as suas forças.

Todos olharam o monitor rapidamente, surpresos e esperançosos. Mas o barulho intenso e agudo voltou. Itachi estava morrendo, de novo.

‘’Não! Não! Não! Tava dando certo!’’ Murmurou ao vento, e os médicos tentaram novamente usar o desfibrilador.

Foi dado um choque. O corpo de Itachi sacudiu.

Esperaram. Mas nada mudou.

Outro choque.  O corpo de Itachi sacudiu novamente.

Esperaram por mais alguns segundos, mas nada aconteceu.

E mais um choque. O corpo sacudiu violentamente. Mas a maldita maquina continuava a apitar sem parar, indicando parada cardiorrespiratória.

Kisame não percebeu direito como, mas quando viu já estava rogando a alguém lá em cima que salvasse o menino: ‘’Por favor, Kami-Sama, não permita que eu perca-o assim!’’ Sussurou ‘’Por favor...’’.

Depois de quatro tentativas fracassadas com o eletrochoque, na quinta ouviu-se a maquina indicar vida. Era o coração voltando. Mas o som estava muito fraco e não era constante. O Uchiha voltou timidamente à vida, só para morrer novamente, segundos depois. E aquele barulho insuportável que aquela maquina fazia era um horror, ficaria em sua mente pra sempre.

Os médicos se entreolharam, como se fossem desistir, e o coração do azul apertou. Seu acamarada estava literalmente entre a vida e a morte. Já não sabia quantos minutos estavam ali tentado, mas mesmo assim o tubarão quase sufocou em desespero: ‘’Não parem! Ele tem que voltar!’’ Pediu, e em nome de seu pedido desesperado os caras tentaram outra vez.

Os homens de branco usaram a maquina novamente;

e de novo;

e de novo;

e de novo. O corpo de seu camarada só sacudia, desfalecido.

‘’Não adianta. Está morto!’’ Alguém murmurou ‘’Já faz mais de 20 minutos que estamos tentando reanima-lo!’’.

Kisame rosnou: ‘’Tente outra vez!’’.

‘’Alguém, faz o favor de retirar este homem daqui! Ele está atrapalhando os procedimentos, temos que desligar os aparelhos e levar o corpo ao necrotério para avaliar as circunstancias da morte e providenciar um enterro’’.

Um segurança tentou leva-lo, mas se safou dele com uma raiva assustadora. Sua postura era amedrontadora de repente, e uma aura assassina tomou o quarto. Era obvio para todos ali que se não tentassem outra vez toda a equipe morreria junto com o menino. ‘’Eu disse, tente outra vez! E eu não vou sair daqui porra nenhuma!’’.

E eles tentaram novamente.

E novamente.

E novamente. Como se suas vidas dependesse disso, e de certa forma dependia.

Aquilo parecia interminável, era como se o tempo tivesse parado. E ali se foi mais uma das tentativa inutilmente. Todos já se demonstravam abatidos e desesperançosos...

Tentaram novamente. E novamente.

...Foi quando o coração voltou e começou a se tornar constante. Mesmo a equipe parecia surpresa. Todos olharam a maquina que indicava que os batimentos tinham voltado. Vários boquiabertos e sem crer que tinha mesmo dado certo: Até o Hoshigaki parecia estupefato.

E o som foi ficando mais e mais aparente, incentivando-os a manter a esperança, mostrando que valeu a pena ter ficado ali e persistir. Ninguém podia acreditar: Afinal, eles ficaram ali quanto tempo? Uns 45 minutos? 50min?

50 minutos sem funcionamento cardiorrespiratório era tempo suficiente para considerar alguém como morto. Itachi poderia literalmente dizer que morreu e voltou pra contar a história. – (O azul lembrou-se daquela vez em que seu camarada teve uma overdose e também ficou entre a vida e a morte: Bem, ao que parecia, o menino poderia se gabar de ter vencido a morte duas vezes).

E quando pensava que não tinha mais novidades a se considerar, os olhos do garoto tremularam. Como se já não fosse bom o suficiente. Veio aquilo: ‘’Parece que ele esta voltando’’ Um dos médicos informou, sem acreditar.

Todos foram conferir e foi quando os olhos do Uchiha tremularam novamente, mostrando que era verdade.

‘’Não é possível!’’ Um dos enfermeiros murmurou olhando uma das maquinas: ‘’Os níveis de consciência e de atividade cerebral dele estão aumentando absurdamente’’ Disse admirado.

‘’É impossível!’’ Mas alguém retumbou.

Itachi iria acordar? Então, valeu a pena manter as esperanças?! ‘’Ele vai acordar?’’ Perguntou, sem ter fé naquela recuperação assombrosa. ‘’Ele vai mesmo acordar?’’ O espadachim trotou, um tanto surpreso também.

‘’Estou falando a verdade. É só você olhar para as informações daquele monitor!’’ Um dos enfermeiros indicou.

De repente ficou feliz. Seu amigo iria acorda. E mesmo que fosse perder Itachi em breve praquela doença, mesmo que o futuro ainda fosse temível e cruel, por uns instantes ele podia afastar o futuro de seus pensamentos e se concentrar só no agora: Seu amigo iria acordar de um coma de quatro meses e depois de ter três paradas cardiorrespiratórias. Aquilo por si só já era motivo para comemorações.

E assim aconteceu, os olhos tremularam novamente e desta vez se abriram para o mundo a seu redor: Piscando lentamente e tremendo, como se a luz branca e forte do local estivesse machucando sua retina.

Kisame ficou boquiaberto por segundos, como se estivesse vendo algo completamente impossível acontecer diante de seus olhos. Queria muito que aquilo acontecesse, mas não esperava que fosse ser tão emocionante assim quando enfim teve suas preces ouvidas por Kami.  Uma sensação estranha de proteção, alívio e amor encheram seu peito.

As lagrimas tomaram sua face, aguas salgadas de alegria. E assim Kisame empurrou os médicos de seu caminho e chegou ao garoto num segundo: ‘’Itachi... Itachi!’’ Chamou ‘’Ei, você acordou!’’ Disse, cheio de comoção transbordando em seus olhos. ‘’Você acordou!’’ Repetiu, como se precisasse dizer para acreditar em si mesmo.

Quando o garoto olhou-o confuso e perdido nem ligou, abraçou-o despreocupadamente. E um tempo depois o Uchiha derreteu-se em seu abraço e se aconchegou.

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Itachi P.O.V (Point Off View)

Estavam numa floresta estranha, com tonalidades acinzentadas e úmida ao extremo: Garoava levemente e o clima parecia ruim tanto físico quanto emocionalmente, algo no lugar parecia triste e desolador. Raios de sol até tentavam aparecer e brilhar, mas não conseguiam perfurar a densa cortina de nuvens espessas e da névoa.

Por um momento sentiu um arrependimento estranho tomar seu corpo, assim como uma sensação de preocupação. Não conseguia achar o motivo dessas sensações tão angustiantes aparecerem, por isso virou-se e olhou ao redor com atenção: Não importava para onde olhava, seu camarada não estava em lugar nenhum.

Chamou uma, duas, três, quatro vezes. E não houve resposta além do silencio esmagador. Sentiu-se ainda mais inseguro e, como se fosse uma criança, encolheu-se com um relâmpago cortando o céu.

Era desgostoso demais não ter seu amigo por perto, estava tão acostumado a tê-lo ao alcance que só a perspectiva de não saber sua localização já o deixava aflito.

Pareciam ter transcorrido horas naquela situação, o silencio era assustador e logo a noite caia. Tudo estava se tornando negro e sombrio. A escuridão tomava todo o ambiente, deixando-o ainda mais desolado: O temor tomou conta do Uchiha.

Chamou seu amigo mais uma vez, porém não importava o quão alto gritasse não havia retorno. Isso o deixava apreensivo e cheio de tensão: Sua expressão logo ficou amarga. Suas mãos e fecharam em punhos bem apertados, sentia a raiva e a mal estar fluírem de si.

‘’Kisame!’’ Tentou chamar outra vez, mas sua voz já parecia rouca de tanto que tentou. Já tinha perdido as contas do quanto clamou para que seu amigo aparecesse. Foi tudo em vão.

A amizade que tinham era tão complexa, o passado deles podia até ser cheio de controvérsias e erros, cheio de retaliações e perigos, mas juntos construíram seu lugar naquele mundo; ao lado um do outro.

Juntos eles viajaram, passaram por vilas e vilarejos, cachoeiras, rios, praias, bosques e florestas. Enfrentaram grandes obstáculos.

Juntos se apoiaram e se auxiliaram. E assim tudo oque fizeram, sentiram e disseram um pelo outro estava eternizado nos momentos da historia em que passaram juntos.

...Mas mesmo assim não ter seu camarada por perto era desolador, como se a vida tivesse perdido a graça e o alento...

Kisame não estava em lugar nenhum. Itachi quase caiu em desespero com essa realidade. O anseio estava comendo-o vivo e tudo ao redor tinha cheiro de morte.

Logo sentiu uma dor de cabeça muito intensa, como se alguma coisa tivesse lhe atingido de súbito e seu cérebro fosse explodir: Mas também havia uma dor intensa em seu peito. Uma dor insuportável, como se tivesse sendo eletrocutado.

Aquela sensação era tão ruim que era como se estivesse morrendo, como se tivesse tendo um mal súbito. Era agonizante. Correu para perto de um riacho que ouvira não muito longe dali. Pegou a agua com suas mãos em concha e passou no rosto, só depois notando seu reflexo no espelho d’agua.

Dali veio o susto, aquele não era ele. Sentia-se como se fosse ele, mas não era sua imagem refletida, ele não era ele: Era Kisame. Uma brisa gelada passou e congelou seus ossos.

Foi quando se deu conta, Hoshigaki Kisame estava cercado pelo nada, sozinho.

A ansiedade envolveu-o apertadamente, suas emoções se agitaram. Oque diabos estava acontecendo? Caiu em um Genjutsu? Era uma armadilha? Oque era aquilo?

Por um tempo ficou confuso. Depois compreendeu, e isso foi pior: Os dois tinham se tornado inseparáveis ao logo dos anos. Se estavam distantes, então...

...Sentiu a pele inflamar, o corpo inteiro arrepiado com a verdade, seu coração disparou em pânico: Aquele que era Uchiha Itachi de verdade estava morto. Kisame estava sozinho.

Passou a mão e limpou a cascata de lagrimas, com certa frustração. Mas seus olhos continuaram a transbordar, arderam mais e mais. Estava chorando muito como se sentisse na pele a dor do outro. Estava perdido...

Oque estava acontecendo? Que bizarrice era aquela?

Kisame estava sozinho?  Porque ele, Uchiha Itachi, tinha morrido?

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‘’Itachi-San?!!’’Alguém estava abraçando-o, e uma voz bem conhecida tocou seus ouvidos: ‘’Eu estou aqui! Respire garoto, eu estou aqui! Você acordou! Acordou!’’ Escutou a voz agradável dizer enquanto acariciava suas costas em círculos confortantes, então a única coisa que pode fazer foi chegar mais perto do outro em consolo.

Olhou ao redor tentando compreender onde estava: A sala era branca e tinha homens com jalecos igualmente brancos ao seu redor. A luz forte incomodava seus frágeis olhos, tanto que lhe dava dor de cabeça.

Tudo ainda era estranho na sua cabeça. Seu coração martelava fortemente, sua respiração estava rápida e seus pensamentos corriam tentando dar razão aquela situação, mas ao mesmo tempo sentia-se confuso demais e com uma dor de cabeça começando fortemente.

‘’Kisame?!’’ Chamou, mas sua voz parecia fraca como se estivesse muito tempo em desuso. Assustou-se, oque tinha acontecido como ele? Tentou novamente: ‘’Kisame?!’’ Sua voz soou, ainda rouca e fraca.

‘’Sim, eu estou aqui!’’ O outro se afastou do abraço para olha-lo nos olhos.

Tentou entender oque estava acontecendo. A única coisa que lembrava era de estar numa floresta esquisita, de estar no corpo de Kisame. Oque foi aquele delírio? Sua cabeça girou perdida: ‘’Kisame!’’ Chamou novamente, sua voz ganhando mais vida a cada vez que a usava ‘’Você está aqui. Eu queria tanto te ver... Mas você estava longe...’’.

‘’Estou aqui. Eu sempre estive aqui!’’ O outro argumentou.

‘’Eu estava sozinho... Não. Você... Você...  Estava sozinho’’ Disse de forma embolada, sua cabeça ainda girando confusa.

‘’Você estava em coma, Itachi-San!’’

A revelação o pegou desprevenido. Quase engasgou: ‘’Oque?! Como assim?’’.

O maior rebateu: ‘’Eu... Eu estou tão feliz por você estar acordado. Você não sabe o quanto!’’ O homem voltou a abraça-lo fortemente, como se precisasse disso para saber que era real, e ao mesmo tempo como se quisesse protege-lo do mundo.

‘’Em coma?’’ Murmurou, como se ainda estivesse tentado a acreditar que tinham lhe pregado uma pegadinha sem graça.

Não podia acreditar que estava mesmo em coma, mas a reação de seu camarada e o olhar dos médicos todos esperançosos e felizes em vê-lo acordado era a prova de que era mesmo verdade. Além disso, tinha vários médicos e enfermeiros ao redor deles, o lugar parecia um hospital muito bem projetado, e tinha várias maquinas e fios ligados a seu corpo: Aquilo era verdade, e devia estar em Amegakure.

Olhou a si mesmo de soslaio e percebeu que mal vestia um vestido azul de hospital, daqueles que deixavam quase tudo a amostra, e pra mais: A veste parecia pendurada em seu corpo magricela e boa parte de seu peito estava desnudo. Sentiu seu rosto arder em vergonha e pavor...

...Desde quando ele tinha ficado tão vulnerável a ponto de ficar inconsciente assim e precisar de auxilio médico? Foi por quanto tempo? Aquilo o deixou um pouco encabulado: ‘’Como assim eu estava em coma?’’ Murmurou mais alto, e tentou se afastar dos braços de Kisame e se colocar numa posição sentada só para ser impedido por uma dezena de mãos.

‘’Calma, Itachi-San!’’ O azul pediu.

‘’Como me pede calma?’’ A cabeça de Itachi girou novamente, a dor tomou conta de seu crânio. Ele tocou a cabeça com as duas mãos, fechando os olhos: ‘’Ainda não entendo... Eu estava... Estava num local estranhoUma floresta’’.

‘’Antes de entrar em coma, nós estávamos mesmo numa floresta. Dormiu nas minhas costas, lembra?’’ Questionou ‘’Você não acordou mais depois daquilo!’’.

‘’Era uma florestas diferente daquela!’’ Disse convicto.

‘’Como assim? Você se lembra de alguma coisa? De quando estava aí, perdido dentro da sua cabeça?!’’ Perguntou o tubarão curioso.

É claro que se lembrava, era uma sensação ainda tão nítida em sua cabeça. A principio sentiu uma timidez estranha e quis omitir aquilo, mas como era Kisame que estava perguntando e o homem ainda estava ali olhando-o e esperando uma resposta convincente, disse-lhe: ‘’Apenas de algumas partes... Um de nós estava longe e o outro estava... Desamparado’’.

‘’Eu não vou te abandonar, Itachi!’’ Argumentou. O azul sempre fizera isso, o mundo todo podia pesar que ele era um crápula endiabrado, mas sempre que estavam assim a sós (Ou quase, se você desconsiderasse a equipe médica) o homem lhe trazia conforto físico e psicológico, estando sempre a seu lado sendo seu grande amigo e confidente.

‘’Você ficou aqui por mim?’’.

‘’Sim. Claro. Eu fiquei aqui do seu lado o tempo todo!’’.

Sua cabeça continuou a girar: ‘’Mas, aquilo parecia tão real. Nós estávamos numa floresta e...’’ Sua cabeça tentou achar uma resposta pra tudo aquilo. Não era necessário ir muito longe para descobrir porque teve aquele sonho esquisito e esmagador: ‘’Enquanto eu estava dormindo profundamente... acho que eu vivia num pesadelo. E nesse pesadelo em questão não foi você que me abandonou. Eu abandonei você. Você estava sozinho e eu estava vendo tudo por sua perspectiva!’’ Informou-o cabisbaixo.

‘’Oh! Você estava em coma, Itachi! Sua mente deve ter criado isso...’’ O outro murmurou um tanto surpreso.

‘’Não pode ter sido tudo fruto da minha imaginação!’’.

Kisame parou um pouco pra pensar, logo tentando sanar suas duvidas: ‘’Mesmo que estivesse em coma, eu sabia, tinha certeza de que ainda havia alguma parte de você conectado a esse mundo. Porque eu estava mesmo me sentindo tão sozinho aqui. Eu estava tão... Solitário’’.

‘’Como assim? Oque isso tem haver com eu estar numa floresta estranha?’’.

Murmurou o grandão: ‘’Você estava dormindo, mas de alguma forma deve ter sentido isso que eu estava passando e por esse motivo teve essa vivencia estranha em seus sonhos, sei lá. Eu estava triste, e você deve ter sentido isso. Nós nos tornamos muito conectados um ao outro. E tem coisas que não tem explicação nessa vida!’’.

‘’Não sei... Isso tudo é tão estranho!’’ A cabeça do Uchiha ainda estava doendo, tentando processar as informações.

Alguém além de Kisame tocou seu ombro gentilmente: ‘’Acabou de acordar de um sono profundo, é normal estar confuso’’ Um dos médicos afirmou tentando transpassar calma. ‘’Precisamos que se mantenha sereno, vamos fazer uma bateria de exames para saber suas condições atuais!’’.

‘’Mas eu já não posso ir embora?’’ Resmungou, tentando colocar os pés pra fora da cama.

‘’Claro que não!’’ Os médicos se aproximaram e seguraram-lhe no lugar. E por mais que tentasse se soltar deles, sentia-se tão fraco que era patético: ‘’Você acaba de sair de um coma de quatro meses, depois de sofrer três paradas cardiorrespiratórias’’ Um dos médicos lhe explicou.

‘’É quase um milagre estar vivo e falando. Mas não pode se agitar assim, não sabemos se há danos ou efeitos colaterais ao estado anterior. E você ainda deve estar muito doente!’’ Um enfermeiro rebateu.

‘’Em todos os efeitos, ainda esta com uma septicemia grave’’ Outro explicou.

Kisame só riu: ‘’Esses médicos estúpidos disseram pra eu não ter esperança porque era improvável que acordasse, mas... Eu sabia que estavam errados. Você é forte, mais forte do que todos eles pensam!’’ Disse feliz, transpassando verdade em suas palavras. ‘’Foi difícil acreditar que você ficaria aí deitado definhando até a morte’’.

‘’Eu fiquei aqui por quatro meses?’’ Disse em pânico.

‘’Como dissemos, vamos fazer uma bateria de exames pra saber suas condições atuais de saúde. E sim, já se passaram quatro longos meses sem termos quaisquer contado com você’’.

‘’Isso de refazer os exames é legal!’’ Kisame afirmou ‘’Pode ser que algo tenha mudado, pode ser que ele tenha melhorado!’’ Disse de conluio e o Uchiha deixou-se se afundar na cama, bufando.

‘’Seu tubarão tolo’’ O enfermeiro de branco trotou, e depois revelou de uma vez: ‘’Ele provavelmente ainda vai morrer, o estrago é muito grande para existir alguma melhora real do quadro clínico. Mesmo que tenha acordado deste coma’’.

‘’Mas pelo menos vocês vão poder se despedir, dentre outras coisas’’ Um médico tentou reconforta-lo inutilmente: ‘’Há não ser que você acredite em milagres!’’.

▀▄▀▄▀▄ ...Um tempo depois...▀▄▀▄▀▄

Os médicos saíram pra aprontar as coisas e os tais exames ao qual submeteriam o Uchiha. E o garoto mal acordou e já estava ficando impaciente naquele hospital: ‘’Eu quero ir embora daqui. Eu tenho que ir!’’ Murmurou o menino pela enésima vez, um tanto sem sentido.

O azul estremeceu um pouco com um tanto de raiva, esteva feliz por ver o amigo acordado, mas ao mesmo tempo o cabeça-dura do Uchiha lhe dava nos nervos.  Cruzou os braços e olhou-o, dizendo com firmeza: ‘’Não, Itachi-San. Se partirmos agora você não vai durar. Aqui é nossa melhor chance!’’

Um sorrisinho mórbido escoou pelos lábios pálidos do moreno, tão perfeito que contrastava com sua situação: ‘’Você sempre se preocupa muito comigo’’.

O espadachim não viu a graça e se zangou: ‘’E como eu não me preocuparia?’’.

Itachi lhe deu um olhar seco: ‘’Você não ouviu os médicos e enfermeiros? Eu posso ter acordado, mas minha hora vai chegar e rápido. Posso sentir em minhas entranhas, eu estou cada vez mais perto do precipício. E eu quero ir embora, nada que irão fazer aqui surtirá efeito!’’.

A amargura explodiu no maior, suas unhas fincaram nas palmas das mãos e seus dentes trincaram: ‘’Pois pra mim você já tomou decisões por essa dupla mais doque o suficiente. Eu tomo as rédeas agora, e se eu digo que vamos ficar, é porque vamos ficar’’ Avisou, ríspido demais.

‘’Vamos, Kisame!’’ Clamou o moreno ‘’Não seja infantil justo agora. Você sabe que eu não vou durar muito... Nem mesmo aqui. Este lugar não vai conseguir manter minha vida por muito tempo, mesmo com a melhor das instalações. Não há ninguém no mundo que possa me salvar agora. Então deixe-me ir rumo a batalha contra Sasuke!’’.

‘’Você não está em condições ideais para uma batalha, nem mesmo contra seu irmãozinho de merda!’’ Rebateu, como se tivesse falando com uma criança malcriada.

Itachi estalou a língua desgostoso: ‘’Tudo bem!’’ Disse, sua voz cheia de ironia. ‘’Deixe que eu arranjo uma forma de sair daqui sozinho. Está bem!?’’.

‘’Ah, tá bom então’’ O azul sacaneou-o, cheio de escarnio na voz: ‘’Você vai sair daqui sozinho, é gênio? Você se acha foda demais, né?! Acho que ainda não se deu conta do próprio estado físico!’’

‘’Vou sair custe oque custar! Eu já fiquei aqui por quatro malditos meses e nada vai me impedir de sair e batalhar contra meu irmão, nem você!’’ Grunhiu.

Kisame rosnou alto, mas depois o sentimento de desilusão e amargura recaiu sobre ele: ‘’Mas você não tem jeito. Quando você estiver morto, talvez, Itachi-san? Será o suficiente pra você e suas sandices então?’’.

Pela primeira vez o outro recuou: ‘’Não fale assim...‘’.

‘’Você acorda é já começa a mirabolar um monte de ideias de merda. Eu gosto de você, muito. Mas é difícil pra mim deixa-lo partir depois de tudo oque vivemos juntos, é difícil deixa-lo ir rumo a morte depois de tudo oque eu fiz pra você, depois do tanto que eu me preocupei, depois do tanto que me sacrifiquei...’’

‘’Kisame... Eu não queria deixa-lo assim...’’.

‘’Mas deixou, não percebe que esta estraçalhando meu coração?’’ Resmungou fracamente.

Ambos se olharam profundamente, os olhos do Uchiha já ficando um pouco marejados. Tentou limpa-los só para acabar deixando ainda mais evidente seu pranto: ‘’Kami-Sama, olhe para nós agora?! Quem diria que essa parceria estranha fosse se transformar nisso, não é?!’’ Murmurou um pouco triste e deslumbrado ao mesmo tempo.

O azul assentiu: ‘’Sim. Depois de tanta solidão, tanto sofrimento, depois de todo o vazio e todas as cicatrizes que a vida nos deixou ela nos deu um ao outro, isso foi bom, hein!’’

Itachi sorriu levemente, algo que não chegava aos olhos: ‘’É... Isso foi bom...’’.

‘’Quer dizer, foi bom até agora!’’ O Hoshigaki corrigiu ‘’Porque agora você quer me deixar!’’.

‘’Kisame... Não dificulte as coisas. Eu vou morrer de qualquer jeito. Sinto muito faze-lo sofrer assim, mas...’’.

‘’Você sente isso agora’’ Respondeu ‘’Você não vai se lembrar de nada disso porque estará morto. Quem ficará aqui será eu... Sozinho e sofrendo’’.

‘’Como no meu pesadelo!’’ Itachi admitiu angustiado ‘’Mas, você tem que tentar seguir em frente, meu amigo!’’.

‘’Não sei como!’’.

‘’Eu sei. É natural isso, dado o tempo que estamos juntos’’ Suspirou tristemente ‘’Mas escute, quando eu for... Não quero que fique só. Isso foi horrível no meu pesadelo. Eu sei que vai sentir minha falta, mas não quero que se mantenha sozinho!’’.

 ‘’Oque?’’ O outro resmungou assombrado.

‘’Arrume um outro amigo. Há tantas pessoas no mundo sozinhas, quando podem fazer companhia e preencher as vidas uns dos outros. Eu não quero que arranje alguém que me substitua, porque sei que isso nunca vai acontecer. Mas encontre alguém legal!’’.

‘’Nenhuma chance de deu arranjar outro parceiro de equipe! Nem fodendo!’’ Rosnou raivoso ‘’Muito menos ainda um amigo!’’.

O mais novo suspirou: ‘’Com essa atitude, temo que você vá se afogar na solidão e na desesperança quando eu partir’’.

 ‘’Eu não preciso de outra pessoa, tá bem?! Eu tô legal’’ Grunhiu ‘’Deixe-me lidar com sua morte quando ela realmente chegar, inferno! Você mal acordou e já está me azucrinando com esse papo depressivo!’’.

Alguns minutos se passaram tensamente entre eles. Até que o Uchiha quebrasse-o: ‘’Você ainda terá as recordações. Por mais que minha vida se finde, as coisas que vivemos juntos ficarão em sua mente!’’.

‘’Essa porcaria é oque todo mundo diz. E essa é justamente a pior parte, pois todas as recordações estarão aqui comigo, menos você!’’ Rosnou ele torcendo o rosto ameaçadoramente. ‘’E... Não sei oque vou fazer depois. Você acabou se tornando minha fuga do mundo exterior, o único lugar onde posso ser eu mesmo e não o ‘monstro da névoa oculta’, não tenho mais Clã, mas você se tornou como uma família para mim, um lugar no mundo para estar. E quando você partir, nunca mais as coisas serão as mesmas!’’ Revelou-lhe verdadeiramente.

O silencio se fez presente por vários minutos. Kisame estava chorando. Itachi estava chorando também...

‘’Ei, Kisame!?’’ Chamou devagarzinho, quase timidamente.

‘’Que?’’

‘’Eu já disse que... Te amo?! Como eu poderia não te amar depois de tudo oque passamos juntos? Quer dizer, digo isto porque eu vou me arrepender eternamente se eu partir e não lhe dizer nada sobre como me sinto em relação a você!’’.

‘’Eu também te amo, pirralho. O amor do tipo mais puro possível. E se alguém descobrir isso, minha carreira como Shinobi cruel estará arruinada, certeza!’’.

‘’Você me ama, eu te amo. Não há nada de errado nisso, e mesmo se tiver, não é como se tivéssemos que dar explicações sobre nossos sentimentos ao resto do mundo, não é?’’.

‘’Não. Não temos que contar pra ninguém’’ Resmungou o grandalhão, fungando. ‘’Mas, mesmo me amando, ainda sim vai me deixar?’’.

Itachi suspirou pesadamente. ‘’Eu só estou esperando pelo meu irmão. Minha morte já está premeditada há muito tempo e você sabe disto!’’

‘’Você sempre foi um maldito pirralho suicida!’’ O azul o encarava incrédulo e indignado, como se o menino sempre estivesse falando um monte de bobagens.

Mas o moreno só suspirou cansado: ‘’Eu já não temo a morte Kisame, então não a tema por mim. E você já sabe faz tempo que estou indo rumo à morte’’.

Aquilo era verdade. Ele sabia que o menino iria morrer hora ou outra, já estava muito doente. ‘’Eu sei. Mas essa sua volta milagrosa do coma acabou me deixando esperançoso demais. E por um momento eu pensei que fosse verdade, eu pensei que você poderia ficar aqui do meu lado pra sempre, eu pedi a Kami que lhe ajudasse e ela me atendeu. Achei que por pelo menos uma vez pudéssemos ser felizes...’’.

‘’Eu não acho que Kami iria me conceder tal perdão e muito menos milagres, Kisame. Somos assassinos apesar de tudo...’’.

O espadachim bufou: ‘’Verdade. Mas por instantes eu tive fé!’’.

‘’Não sabia que era um homem religioso!’’

Kisame quase riu, mas também não chegou aos olhos: ‘’E eu não sou. Olha oque você fez comigo, seu pirralho idiota!’’ Trotou, mas dava pra ouvir o carinho em sua voz.

O silencio tomou conta dos dois por vários e vários minutos. Até o moreno o quebrar: ‘’Oque fazemos agora, Kisame? Vai me ajudar a sair daqui?’’.

Os olhos do espadachim estavam molhados de novo, mas mesmo assim tentou ser forte: ‘’Eu não quero que vá. Mas já vi que sua determinação é forte. E além disso, está cada vez mais perto, não é? Essa doença está te comendo vivo, a morte está em seu encalço... Vou sentir sua falta’’ Ele sussurrou a ultima parte.

‘’Eu sinto muito te fazer passar por isso’’.

‘’Poupe suas palavras quanto a isso. Você não sabe oque está fazendo comigo, não sabe o quanto vou sofrer...’’.

‘’Sei sim... Eu já tive um outro grande amigo. E ele me deixou cedo demais. Eu não estava pronto pra ficar sem ele, mas tive que seguir em frente mesmo assim’’ Informou, com mais lágrimas nos olhos: ‘’Eu sei exatamente como você vai ficar! Quando eu digo que sinto muito, não são meras palavras vazias. Eu não queria fazer você sofrer assim, muito menos com algo que doí tanto!’’.

O grandalhão só pode suspirar: ‘’E... Você não pensa em acabar com sua vida de uma forma mais tranquila? Sabe, ainda deve haver opções melhores... Mais acolhedoras!’’.

‘’Oque quer dizer?’’

‘’Você não precisa ter uma morte lenta e com grande sofrimento. Uma batalha mortal irá lhe desgastar muito e será tão doloroso. Porque você tem toda essa obstinação em lutar contra Sasuke nessas condições tão incongruente? Será uma luta desleal. Você está morrendo e ele...’’ Trincou os dentes, resumindo: ‘’Não é justo!’’.

‘’Sou um guerreiro, Kisame. Eu fui criado para ser um grande Shinobi e é isso que eu sou. Ou pelo menos, é isso que eu quero morrer sendo’’.

‘’Como assim?’’.

‘’Nós ninjas comumente morremos em campos de batalhas, e quero partir assim; numa batalha épica e sangrenta. Pra um ninja é uma honra morrer lutando, principalmente se for por aquilo que acredita. Não quero morrer sendo subjugado por uma doença terrível, como um moribundo indefeso, definhando em cima de uma cama de hospital sem que eu possa fazer nada a respeito’’.

Engoliu em seco, mas não podia negar a verdade: ‘’Acho que tem razão. Foi horrível ver você quase morrer dessa forma. Eu quase não aguentei!’’

‘’Então, porque não me ajuda a sair daqui?’’ Questionou.

‘’Porque... Você está morrendo e eu não sei oque pensar... Nem sei oque fazer. Eu só penso no que eu deveria fazer pra tentar mudar isso. Dá pra mudar?’’.

‘’Não, não dá Kisame. Minha saúde vai piorar cada vez mais até não sobrar nada de mim’’ Alertou-o.

‘’E oque eu faço?’’.

‘’Não permita que eu morra em cima de uma cama de hospital, gemendo de dor, perdendo a lucidez, ligado a varias maquinas que ajudam meu coração a bater, meus pulmões a se encherem de oxigênio e que farão o trabalho de meus rins, não me deixe ligado a sondas alimentares, nem receber medicação intravenosa. Porque essas coisas não vão estar prolongando minha vida. Vão estar adiando as coisas, minha doença é terminal e isso tudo só estará prolongando minha morte. E ela vai chegar, você querendo ou não, então não me deixe aqui definhando lentamente até meu fim!’’.

‘’Mas Itachi...’’

‘’Por favor, Kisame!’’ Suplicou ‘’Eu estou morrendo e tenho o direito de por fim a minha própria vida da forma como acho melhor, então não tire isso de mim! Eu tenho capacidade de discernimento o suficiente para compreender minha situação, e eu tenho maturidade afetiva e emocional o suficiente para aceitar o meu caminho de morte da forma como estou premeditando’’.

‘’Você não sabe oque está dizendo!’’.

‘’Eu sei sim!’’ Afirmou ‘’E sei mais. Eu sei oque eu quero. E sei também oque eu não quero.  Eu não quero ficar aqui nesse quarto, nesse lugar. Eu sei que já estou muito debilitado, mas não quero ficar aqui esperando a morte bater na minha porta outra vez. Eu vou morrer lutando, custe oque custar!’’.

O outro só pode suspirar e ceder à vontade do mais novo: ‘’Está certo, vou fazer conforme deseja. Vou ver oque posso fazer quanto a isso... Deve haver algo que lhe ajude a se fortificar até chegar a hora da batalha!’’.

‘’Isso, sonde os médicos... Deve haver algumas medicações uteis. Do contrário, eu juro que posso me manter vivo só com minha força de vontade. Vou lutar não importa oque aconteça!’’.

‘’Itachi... Você tem cada uma!’’ Resmungou balançando a cabeça, seus olhos transbordando ‘’E mesmo assim eu ainda dou corda pra essas suas sandices. Mas como dizem por aí, aquilo que se faz por amor, está sempre acima do bem e do mal’’.

‘’Eu nem sei como te agradecer. Não sei oque seria de mim sem você, grandão’’ Admitiu.

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Kisame P.O.V (Point Off View)

Enquanto seu camarada estava passando por uma sessão de exames de todos os tipos, o azul tentava anotar o máximo de informações uteis possíveis pra depois surrupiar a área medicamentosa do hospital e levar de lá coisas que o menino pudesse usar pra se manter vivo até a batalha.

Foi quando de repente ouviu passos se aproximando de si, eram firmes e decididos. O salto alto cintilava e ecoava pelo chão branco. Foi assim que a mulher se aproximou dele ligeiramente, entrando no local sem ser convidada a entrar.  

O azul só suspirou e resmungou: ‘’Você por aqui, Konan-sama?’’ Questionou-a sem se dar ao trabalho de levantar do assento onde estava. Toda aquela situação com Itachi lhe deixou exaurido tanto físico quanto emocionalmente.

Ela lhe lançou um olhar afiado: ‘’Só vim averiguar o estado do Uchiha, soube que ele acordou’’.

‘’Acordou. E eu vou esperar pra saber qual é o estado de saúde de meu parceiro do crime, se tudo estiver certo, então poderemos voltar à ativa, não se preocupe’’.

‘’Acha que sou desprovida de inteligência, Kisame?’’ Jogou-lhe sisuda ‘’Você está aqui há meses. E esta perto demais do menino para serem considerados apenas camaradas de trabalho’’.

‘’Já que chegou a essa conclusão sozinha, esta falando isso para mim só para mostrar que é sabichona?’’ Murmurou como quem não quer nada, mas sabendo que a outra estava ali com segundas intensões.

‘’Só queria entender a natureza dessa aproximação!’’

‘’Somos parceiros de equipe há muito tempo!’’ Disse, somente.

A mulher de cabelos azuis andou pelo perímetro do quarto como se fosse uma tigresa astuta, deu uma volta completa na cadeira onde ele estava sentado, ela parou um pouco a sua frente e observou-lhe as expressões atentamente, a face dela permaneceu vazia e sinistra enquanto o estudava: ‘’E quando foi que vocês se tornaram tão amiguinhos assim? Eu vi o quanto se preocupou com o estado dele aqui. São só amigos mesmo ou tem algo mais aí?’’.

A única coisa que o espadachim conseguiu fazer foi esboçar um pequeno sorrisinho sacana. Depois explicou: ‘’Lembra-se quando me apresentaram Itachi? Lembra-se daquele dia em que o garoto entrou pra essa organização criminosa e colocaram-no como meu parceiro? Naquele dia você me disse que eu acabaria gostando dele, recorda-se? Disse também que nós dois tínhamos muito em comum e que por isso teríamos uma boa dinâmica!’’.

‘’E oque isso tem haver com minha pergunta?’’.

‘’Tem haver porque você estava certa’’ Murmurou ‘’Mais certa do que jamais poderia imaginar. Nós dois nos damos muito bem juntos. Mas daí você vir aqui só pra começar a fazer perguntas indiscretas sobre minha vida pessoal não soa bem!’’.

‘’Mas vocês são amigos então?’’.

‘’Mais como melhores amigos!’’.

‘’Melhores amigos com benefícios?’’ Ela murmurou, levantando uma sobrancelha inquiridora.

Kisame lhe lançou um olhar afiado: ‘’Não é da sua conta, mulher!’’ Rosnou.

‘’Tem razão, sua vida intima, isso não é da minha conta. É só que eu estava pensando aqui e...’’ Ela parecia perdida naquilo que falava, mas depois se recompôs: ‘’É melhor eu ir direto ao ponto!’’

‘’Ótimo, porque eu já estou a ponto de detestar essa sua conversinha fiada!’’.

‘’Mas tem que admitir que essa sua relação com o Uchiha é bem intensa, não é Hoshigaki?!’’ Questionou esgueirando-se: ‘’Eu não sei oque rola entre vocês dois. Não sei que tipo de relação vocês tem, só sei que é algo forte. Mas sabe oque eu me lembro?’’.

‘’Oque?’’ Grunhiu, sem realmente querer saber a resposta.

‘’Você deveria tê-lo espiado para nós. Tempos depois nos disse que não havia nada demais no comportamento do garoto e quanto às suspeitas de traição que tínhamos contra ele, você alegava nunca encontrar veracidade’’.

Então era por isso que ela estava ali? Engoliu em seco: ‘’Se quer me acusar de algo, diga de uma vez!’’ Resmungou acido.

‘’Não me importa qual a natureza de sua afeição por Itachi. Tão pouco me importa que tipo de relação tem com ele’’.

‘’E oque importa então, Konan?’’.

‘’Oque importa é que vejo que falhou em sua missão, falhou porque não fez conforme o que lhe foi pedido. Você se aproximou dele para espiona-lo, era pra fingir demonstrar interesse só para se aproximar dele e ser nosso informante. Porém, seu interesse pelo garoto deixou de ser uma farsa e se tornou real. E percebo que acabou sendo dominado por seus sentimentos!’’.

‘’Se você se refere ao fato de termos nos tornado tão próximos ao longo do tempo, sim, é verdade!’’ Murmurou ‘’Mas não faça disto uma tempestade em copo d’agua. Nunca traí a Akatsuki!’’.

‘’Eu faço disto oque eu quiser. Porque já percebi as consequências desta afeição que existe entre vocês. Pode não ter nos traído. Mas até você já deve saber que seria capaz de nos trair sim, por ele!’’

‘’E porque está me trazendo este assunto? Se desconfia de mim, de nós, porque só não nos assassina de uma vez?’’ Questionou um tanto intrigado.

‘’Acha que eu vou mata-los?’’.

‘’E porque outro motivo está aqui me acusando?’’ Murmurou dando de ombros ‘’Não seria muito difícil, Itachi acabou de sair de um coma e esta fraco, por isso não poderá se defender. E por mais que eu tente, não conseguiria lutar contra você, estou em seu território e por isso estou tão vulnerável quanto meu parceiro’’.

Ela fez uma careta: ‘‘Pode haver uma doença comendo Itachi de dentro pra fora, é certo que ela provavelmente vai sucumbir, mas ele despertou para seu ato final!’’.

‘’Que história é essa agora, mulher?’’ Atirou ‘’Ficou louca, é?!’’.

Ela suspirou, pela primeira vez demonstrando alguma emoção: ‘’Pain ainda não confia totalmente no Uchiha, e há uma ameaça recente frente a nós. Há alguns dias atrás recebemos um forasteiro de Konoha em nosso território, alguém que está espiando-nos!’’.

‘’Quem?’’.

‘’Um dos Três Sannin Lendários, Jiraiya!’’

Uma luz acendeu na cabeça de Kisame: ‘’Já entendi tudo, vocês sempre desconfiaram do menino. E o líder acredita que com Itachi acordado, mesmo debilitado, poderá passar informações para Jiraiya. E sendo nós dois tão próximos, eu não ficaria contra o Uchiha, pelo contrário. Eu ficaria de conluio!’’.

‘’Exatamente!’’ Ela afirmou ‘’Itachi nos trairia, porque essa sempre foi a função dele nessa organização, e você o acobertaria porque o ama, se é que já não o acobertou outras vezes!’’.

Kisame levantou uma sobrancelha: ‘’E porque está me contando isso?’’.

‘’Porque sei que esse sentimento que você tem por Itachi não tem valor nenhum que o compre, Kisame. Mas acho que o coração de Pain ficou tão duro com os anos que ele já se esqueceu oque o amor à um amigo pode nos levar a fazer!’’ Murmurou, como se estivesse presa em seus pensamentos. Depois ela balançou a cabeça afastando as lembranças e olhou-o intensamente: ‘’Em suma, eu sei que se Itachi lhe pedir você facilmente virará as costas pra Akatsuki!’’

‘’E é agora que você lança seu ataque sorrateiro e me mata? Matará nós dois?’’.

‘’Não’’ Ela murmurou ‘’É agora que eu lhe dou um alerta. Eu posso fechar meus olhos e fingir que não sei de nada. Posso fingir que não vi o quanto vocês se importam um com o outro. Em nome do sentimento que existe entre vocês, eu me calo e me finjo de burra. Mas não deixe que Pain descubra a quem você e seu coração servem!’’ Avisou.

Agora ele estava surpreso. Sua boca caiu em descredito: ‘’Oque está dizendo, mulher?’’.

‘’Estou dizendo que vou acoberta-lo quanto a seus sentimentos pelo Uchiha. Mas Pain não seria tão gentil se compreender até onde você iria por aquele garoto. Então não lhe de motivos para descobrir, pois do contrário a ira dele cairá sob vocês!’’.

A mulher se virou para partir. Mas o azul a impediu: ‘’Espere. Porque está nos ajudando?’’.

Ela não se virou para ele, mas respondeu mesmo assim: ‘’Porque eu também tenho uma pessoa que é especial pra mim tanto quanto o Uchiha é para você, nos conhecemos na infância. Essa pessoa era um rapaz bom que queria o bem para o mundo. Mas a vida foi amarga com ele e seu coração se tornou duro. Mesmo não concordando com tudo oque ele faz, eu sei que ficarei ao lado dele não importa oque aconteça. Assim como você ficará ao lado de Itachi!’’

‘’Você está se referindo ao Pain, não é?’’

‘’Sim!’’.

‘’Mas, se sua lealdade pertence à Pain. Enquanto que minha lealdade pertence ao Uchiha. Nós dois, eu e você, não deveríamos ser inimigos agora?’’.

‘’Sim, deveríamos’’ Afirmou ‘’ Mas eu conheço bem esse sentimento de devoção que tem pelo Uchiha, pois sinto o mesmo por Pain. Eu faria qualquer coisa por ele, se ele descobrir e mandar-me matar vocês dois, eu farei. E você fará qualquer coisa por Itachi, mesmo que isso lhe leve a trair a Akatsuki.  E, além de inimigos declarados, esse sentimento de afeição e lealdade por quem amamos também nos faz iguais’’.

‘’Compreendo!’’

‘’Mas eu não vim aqui para mata-los porque não recebi essa ordem. Assim como você não traiu a Akatsuki, porque Itachi ainda não te pediu! Sem crime, sem morte!’’ Ela informou ‘’Eu só estou aqui para lhe alertar!’’.

‘’Obrigado, Konan!’’.

‘’Não me agradeça. Eu sei perfeitamente que o amor da amizade é o mais puro que existe dentre todos os amores que existem. Uma vez me disseram que a amizade, depois da sabedoria, é a mais bela dádiva feita aos homens. E é em nome disto que eu lhe presto esse alerta!’’.

‘’E eu lhe ouvi bem. Não vou deixar Pain saber a quem meu coração serve!’’.

‘’Isso. Faça isso por tudo oque há de mais sagrado. Ou a ira dele cairá sob vocês dois!’’

‘’Ainda sim, sinto que devo te agradecer, mulher!’’.

Ela fez menção de que iria embora, mas depois virou a cabeça levemente na direção dele e tinha em sua face uma expressão curiosa: ‘’Sei que Itachi já está doente há muito tempo, os exames indicaram isso. Você veio pra cá num ato desesperado, ultima alternativa pra salva-lo. Mas porque não procuraram-nos antes? Temiam que fossemos desconfiar dessa amizade de vocês? Ou achavam que iriamos matar o garoto, por ser um fardo adoentado?’’

Kisame bufou: ‘’Nenhum dos dois, eu acho’’.

‘’Então oque foi? Mesmo que o Uchiha tenha entrado pra ser um espião, se tornou parte da equipe ao longo do tempo. Cada um dos membros dessa organização tem seus defeitos, mas mesmo assim isso não me impediu de lamentar suas mortes. Vou ficar triste quando esse garoto partir.  Mas, se tivessem vindo quando isso começou, talvez ainda pudéssemos salva-lo’’.

O azul olhou para baixo, consternado: ‘’Acontece que o Uchiha já desistiu de manter a própria vida há muito tempo. O fardo é muito pesado pra ele carregar, muito sangue em suas mãos ainda tão jovens’’.

Ela entendeu. ‘’Muitos de nós entramos nessa vida cruel que é ser um Shinobi sem querer realmente fazer parte desses conflitos e guerrilhas. Se o menino sente tanto pelas almas que roubou, então ele deve ser apenas alguém gentil que acabou dentro desse palco terrível de mortes e assassinatos’’.

‘’Sim...’’ Confessou-lhe.

Ela lhe lançou um olhar de compaixão: ‘’Que bom que você estava do lado dele, então. Você é um bom amigo, Kisame!’’ E assim a mulher se foi, da mesma forma que chegou.

▀▄▀▄▀▄ ...Um tempo depois...▀▄▀▄▀▄

Não queria deixar sua mente aterrada em preocupações e nem cair em abatimento ou depressão, mesmo que tivesse mais problemas do que uma pessoa sã pudesse suportar.

Primeiramente, Konan estava mais do que certa, aquela mulher era mesmo muito sagaz; afinal Uchiha Itachi descobriu rapidamente que havia um ninja de Konoha em Amegakure. Assim, o menino resolveu enviar cartas anônimas e codificadas à Jiraiya. E claro, eles tiveram que partir de Amegakure depois de realizarem o ato de traição, não era nem um pouco seguro ficar lá.

Mas sua cabeça estava tão imersa em outros anseios que que não sabia dizer quanto tempo ficou ali pensando bobagens. Não se preocupava se as cartas anônimas tivessem sido interceptadas ou que suas ações fossem descobertas posteriormente. Pensar em como aceitar a futura perda de seu amigo parecia ser o mais importante no momento...

.

Estavam num quarto pequeno todo forjado em madeira: A luz era fraca demais e a janela estava claramente emperrada de forma que não dava para fecha-la completamente. Porém, isso não era problema. Estavam bem acomodados, tinham duas camas de solteiro em cada extremidade de parede, um guarda roupa com edredons, travesseiros e cobertas, uma poltrona, lareira e duas mesas de cabeceira próximo a cada cama.

O calor emanado pela lareira era muito bom, queria aproveitar aquela situação da melhor forma: Estando ali com seu camarada envolvidos naquela afeição mutua, ambos observando as chamas dançantes, abaixo de cobertas e mantas quentes, como se o mundo não estivesse em seus encalços.

Pensando bem, aquela amizade duradoura que pairou sobre eles era como uma dadiva, era um tipo de junção que logo se tornou extremamente forte e persistente. Algo que não mereciam, mas receberam mesmo assim.

Quem diria que tal coisa aconteceria justo com um monstrengo como ele? Ninguém devia imagina-los como camaradas tão próximos, mas tudo bem, ninguém também jamais saberia o quão complexa era a conexão dos dois porque era algo que quase não dava pra explicar ou por em palavras exatas.

Houveram altos e baixos em sua relação, assim como qualquer outra; Entretanto, desde que se conheceram detiveram muita importância na vida um do outro. E agora era estranho tentar se despedir, o azul não sabia exatamente como fazer isso e por esse fato estava postergando o adeus.

Por isso queria aproveitar aquele tempo junto ao seu camarada, aquele moreno acabou que deteve um papel central em sua vida desde que se conheceram.

Tentou não se perder em seus sentimentos internos, queria ficar atento ao ambiente e desfrutar do pouco tempo que tinha ao lado do outro. Da janela vinha um cheiro bom de chuva e terra molhada, bem como o cheiro de pinheiros e arvores (Estavam alojados perto de um bosque e tinham uma rota segura de fuga caso fossem encontrados).

Ficou calado por um tempo consideravelmente longo, pensando em tudo. Sabia que não era o mesmo de antes, não era o mesmo homem de oito anos atrás: Tanta coisa tinha acontecido. Por fora parecia o mesmo, mas por dentro não. Antes era só um Shinobi, uma maquina de combate, uma arma. E agora descobriu ser alguém cheio de sentimentalismo e capaz de amar.

Sim, de amar. A criação que teve no passado não lhe ensinou isso. Mas foi com Itachi que descobriu que o amor podia ser incondicional verdadeiramente, antes do menino ele não tinha nem uma vaga noção do que era afeto. Mas hoje sabia que era um homem capaz de se doar, de cuidar do próximo, de ajudar quando necessário, de tentar ser compreensivo, descobriu que amar nem sempre significava fazer tudo oque a outra pessoa queria.

No começo aquele sentimento era apenas um grão de areia bem pequeno em seu coração, depois aquilo foi crescendo sem que ele pudesse controlar, e quando se deu conta já era um mar inteirinho de sentimentos bons com relação ao outro. E com o tempo ele se viu doando-se cada vez mais.

Não foi de uma hora para a outra, aquilo aconteceu nos pequenos detalhes dos anos que compartilharam juntos. Lá fora Hoshigaki Kisame ainda era um temido e cruel espadachim, porém, quando estava com o moreno podia por momentos escapar daquele mundo pernicioso e destrutivo em que vivia. Naqueles momentos podia baixar sua guarda.

Com Itachi tudo era diferente. Ter aquele menino em sua vida lhe trouxe boas e más surpresas, lhe fez perceber que nem tudo na vida acontecia como queria, mas que isso não o impediria de continuar lutando para conquistar oque desejava.

Com todas as coisas novas que percebeu em si mesmo, queria poder ser grato a tudo oque lhe tinha acontecido. Queria ser grato ao fato de Uchiha Itachi ter entrado em sua vida e ter trazido tantas mudanças de perspectiva.

Olhou pra cama onde o outro estava descansando; olhou o jovem que o tinha ajudado a ser uma pessoa melhor, mesmo que só nos bastidores daquela história (Pois ninguém de fora saberia o quanto de carinho nutria pelo outro, apesar de tudo oque o mundo cruel lhe ensinou a ser). 

Cuidar do moreno lhe trouxe ao seu ápice como pessoa, lhe fez alguém capaz de demonstrar empatia e afeto: Com o menino ao seu lado ele pode mostrar-se como um ser humano, não um Shinobi cruel, não o Monstro da Névoa que foi criado para ser. Ao longo daquela amizade de incríveis oito anos, finalmente pode ser alguém. E não uma reles arma a ser usada.

O azul só conseguia olhar para aquela cama, ver seu melhor amigo, e ter seus olhos banhados pela agua salgada que insistia em cair por seu rosto. Foi aí que ouviu uma voz soar levemente ao lado e teve que sair do torpor em que se encontrava: ‘’Oque há Kisame?’’ o moreno questionou.

Olhou levemente o rosto questionador do Uchiha: ‘’Só estou tentando processar isso tudo, Itachi-San!’’ afirmou.

Não queria naturalizar a morte do menino. Porque morrer de velhice é uma coisa certa, é a lei mais indubitável da natureza. Mas na idade do Uchiha? Aquilo era sacanagem. Nem sempre a vida é justa e racional. E por mais que parecesse antinatural, havia pessoas jovens morrendo as pencas no mundo, um número realmente alarmante. E...

Morrer jovem é como interromper uma música. É como cortar um filme ao meio, rasgar as páginas de um livro pra não se saber o final. É roubar de cena um ator em seu momento mais fantástico, em seu grande ato, sua cena mais brilhante.

Morrer jovem é injusto. Injusto com as leis da natureza. Injusto com os que partem. Muito mais injusto com os que ficam. Pois saudade é morte lenta (...).

Morrer jovem é não aparecer no compromisso, é marcar a reunião e não ir. É fazer todo mundo de bobo. Dar um drible nos amigos, nos parentes, no cachorro. Morrer jovem é faltar a tudo que estava na agenda e se perder no ar.

Fica aquela sensação de poder ter feito mais. Poder ter dito mais. É contar os abraços que deixou de abraçar, os beijos que não deu, as obras que não realizou, os sonhos que não viveu(...)

Morrer jovem é uma traição da vida em conluio com a morte. É um deboche abominável.

.

Mas não queria pensar muito nisso, queria aproveitar o tempo que tinha ao lado do outro. Sabia que o jovem ia morrer, porém queria aceitar isso somente quando chegasse a hora. ‘’Itachi?’’ Chamou com uma voz afável.

‘’Sim?’’

‘’Vamos seguir caminhos diferentes, eu em direção à vida e você à morte. Quem está indo pra um destino melhor? Eu não sei. Estou triste por você ter que ir!’’.

‘’Eu posso perceber, Kisa!’’.

‘’Só me prometa uma coisa!’’ Pediu com intensidade. 

‘’Oque?’

 ‘’Se houver alguma coisa depois da morte, promete me encontrar no final Itachi-San?’’.

A face do outro se iluminou: ‘’Claro. Eu prometo!’’ Respondeu-lhe seguro ‘’Mas não aprece sua vida por minha causa. Viva tudo oque tem que viver. Faça tudo oque quer fazer, vá atrás de seus sonhos. Lute pelo oque acredita. E só depois, só depois conte-me como foi, quero ouvir boas historias. Eu vou estar te esperando!’’

 


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Notas finais do capítulo

Então??? O que acharam????
Eu estou querendo mostrar a fundo o que Itachi e Kisame eram de verdade.
Ah, eu não acredito... O ''Momento'' esta chegando... Mas calma galera, segurem seus corações ai, e mantenham seus olhos grudados na tela, okay???
Beijos, até mais...



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