Itachi and Kisame History (Em Revisão) escrita por AnneAngel


Capítulo 28
Capitulo 27 – Situações difíceis constroem pessoas mais fortes (Reescrito)


Notas iniciais do capítulo

Oiii gente...
Não me matem, kkkk, eu sei que demorei... Mas enfim chegou um capitulo novo...

Atenção: O conteúdo tá bem emotivo e as vezes vai parecer que está perto do fim, MAS, fiquem sabendo que ainda falta uns 14 capítulos até o fim, ok?
Espero continuar prendendo a atenção de vcs até o final, apesar de tudo! Cruzando meus dedos aqui!

OBS> Esse cap tem trilha sonora novamente: Never Be alone - do Shawn Mendes!

Espero que gostem!



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Todos no mundo podiam crer que eram camaradas anônimos que apenas seguiam juntos naquela vida de foragidos. No fundo entendia que, sobre os dois, ninguém jamais saberia tudo. Era aquela coisa encoberta, mas muito bem praticada: A nobre arte de tentar tornar mais fácil a vida daqueles que agente ama.

Itachi P.O.V (Point Off View).

Às vezes ouvia seu camarada praguejar e reclamar baixinho, irritadiço. Apesar de o homem estar disposto a não deixa-lo perceber ou ao menos tentava não deixar tão transparente. Mas o garoto percebeu.

O homem maior estava mais quieto que o normal, às vezes sua face se enrugava e encrespava. Estava sisudo, sem denotar sua personalidade rotineira: Durante aquele dia inteiro, não viu Kisame rir, nem ao menos sorrir. Não teve qualquer vislumbre de seus dentes pontiagudos.

A responsabilidade de acalma-lo quanto a seus anseios recaia sob os ombros de Itachi. Mas nunca conseguia conversar com seu camarada sobre aquele assunto tão temido de forma aberta, perdia toda a coragem quando o olhava: O grandalhão estava mais quieto ao seu redor, oque andava se tornando comum e estranho. Entendia que o outro ainda estava tentando se acostumar a sua futura ausência, passaram muito tempo juntos e deveria ser difícil para o outro imaginar uma vida sem ele.

Seu tempo estava se esgotando. Dessa forma, a perspectiva da separação e perda estava deixando o espadachim desamparado: Era como se seu camarada estivesse vivenciando tudo aquilo de antemão e estivesse sendo aniquilado pelos sentimentos ruins. E ver isso estava deixando o Uchiha preocupado e desesperado por não saber oque fazer para aplacar os anseios do amigo.

Sempre que tentava tocar no assunto encontrava relutância e pedidos como: ‘agora não’; ou ‘não neste momento’. E não havia muito oque fazer, não adiantaria insistir, pois suas palavras caiam sempre em ouvidos teimosos.

Ainda sim tentou novamente, em vão. Não sabia como, mas estavam novamente dentro daquela mesma discursão novamente: ‘’Mas vai acontecer você querendo ou não. Então, não acha que é melhor colocarmos as coisas em pratos limpos antes? Eu não quero morrer sabendo que deixei você para trás cheio de duvidas, desconsolado e sozinho. Já basta oque farei com Sasuke!’’.

O azul parou no exato instante e observou-o irritadamente: ‘’Sabe, pare de ficar antecipando o resultado como se você já tivesse partido, pare com isso, não quero pensar em como será quando não estiver mais ao meu lado’’ Disse o outro exasperado.

Vendo o rosto atordoado do amigo, não queria seguir adiante naquela conversa. Era tudo muito novo e recente, dessa forma falar da tristeza e desconsolo que enfrentará devia ser complicado para o maior. Talvez por isso Kisame só quisesse seguir em frente, sem pensar muito no que aconteceria e buscava concentrar-se nos aspectos positivos das coisas...

... Entretanto, aquilo não duraria. E podia ver que seu camarada iria desmoronar. Era por isso que queria poder falar com o espadachim, queria que seu amigo se abrisse e compartilhasse seus temores, seus pesadelos e seus anseios sobre oque estava por vir.

O Uchiha olhou-o com pesar: ‘’Dói-me saber que estou fazendo você sofrer. Até hoje a única pessoa viva que eu fiz passar por momentos sofridos foi Sasuke, mas ele está longe de mim de forma que eu não vejo sua dor. Com você é diferente, porque você está bem do meu lado e posso vislumbrar a todo instante sua melancolia, posso ver o quanto está abatido, caindo em tristeza e prostração.  Você está se tornando indiferente as coisas boas, eu nem vejo mais seu sorriso costumeiro’’ Seu coração apertou mais ‘’Eu queria poder ter algo para lhe dizer e lhe acalmar. Mas não sei bem oque lhe dizer... Não sou bom nisso! Desculpe-me!’’.

O moreno sempre pensou que tudo oque é novo assustava um pouco, dava aquele embrulho no estomago e uma ânsia estranha. A morte era uma dessas coisas novas, algo misterioso e desconhecido: Por isso lidar com a perspectiva de encara-la estava sendo como desbravar um mar como marinheiro de primeira viajem...

...Bem, seu camarada azul certamente era um grande marinheiro de primeira viagem naquele assunto e o Uchiha não sabia como abordar o tema com ele sem parecer superficial.  Kisame estava evitando aquele assunto fazia dias, pois era quase insuportável para ele falar sobre a futura morte do mais novo. E o moreno já não sabia mais como conduzir aquela conversa, como conversar sobre o assunto antes que fosse tarde demais?

‘’Kisame, sei que não quer falar sobre, mas precisamos mesmo que isso machuque. Precisamos conversar sobre minha partida; não digo isso para irrita-lo e sim porque me preocupo com você!’’ Murmurou, tentando se manter neutro, mas era como se o azul rejeitasse totalmente a ideia só em escuta-lo dizer aquilo.

‘’Não. Nós não precisamos, Itachi-San!’’ Disse de antemão.

‘’Mas-‘’

‘’Não, não agora Itachi!’’ Suplicou inquieto.

Olhou-o fixamente tentando ser firme: ‘’Quando então? Talvez numa outra hora?’’ Questionou-o ‘’Eu sei como isso funciona, essa outra hora nunca chega!’’.

‘’Não há nada para conversarmos, Itachi!’’ O outro rosnou, querendo fugir do assunto.

‘’Pelo contrário. Essa sua irritação, seus momentos de silencio atípicos, essa sua preocupação exacerbada e expressão séria que emite ultimamente... Tem tudo haver comigo e meu estado. Eu sei disso. Não minta pra nós dois!’’ Esclareceu.

‘’Não agora, tá bem?! Não vamos falar disso agora!’’ O outro repetiu aflito. E o moreno não pode continuar pressionando-o ao ver sua face torturada.

Compreendia a raiva e dor do grandão, afinal, estava degenerando-se na frente dos olhos do outro. Sua situação só piorava e logo não teria serventia, assim, sua luta contra seu irmão teria que ser o quanto antes e sua morte estava diante dos dois: A cada passo que dava, estava mais perto.

O mais novo suspirou resignado: ‘’Certo, se você não quer, não vou insistir nisso. Numa outra hora então!’’

Hoshigaki soltou uma respiração aliviada: ‘’Isso. Numa outra hora, Itachi-San!’’

O Uchiha preferiu não rebater, não era bom continuar naquele assunto. Sabia que aquela situação estava sendo estressora e geradora de angustia para o azul, entendia e teria que dar tempo para seu camarada reorganizar sua mente e se adaptar: ‘’Tudo bem. Acho que você tá certo. Só estou tentando dar abertura para a comunicação, se não quer falar sobre isso, podemos não falar. Apesar de eu ainda estar preocupado...’’.

‘’Comigo? Isso deveria ser uma de suas ultimas preocupações, dado às circunstancias’’ Grunhiu o espadachim meio encabulado.

‘’Besteira!’’

‘’Porque diz isso?’’

‘’Porque oque diz não vai mudar oque sinto’’.

‘’Sei que não. Mas estou um pouco surpreso por saber que se sente assim. Com tantas coisas na sua cabeça... E você ainda fica imaginando oque será de mim! É um pouco surpreendente, mas eu já devia esperar algo assim de você. Só você, Itachi-San!’’

‘’E porque eu não me preocuparia com você? Justo você, meu amigo. Fez tanto por mim...’’.

‘’É, eu fiz né?!’’ O outro murmurou abobado, quase sorrindo um pouco, quase.

‘’Sabe de uma coisa?! Você é meu companheiro de longa data e por isso fico triste quando você está triste, pois és importante pra mim. E este é o significado de ter um parceiro certo? Nós cuidamos um do outro. Nós protegemos um ao outro. Nós apoiamos um ao outro e nós nos preocupamos um com o outro. Desculpe-me se minha partida fará você sofrer!’’.

‘’Não se desculpe!’’ murmurou. Depois disso o maior só ficou quieto, refletindo profundamente e perdendo-se em seus próprios pensamentos.

O espadachim claramente estava mal em perde-lo futuramente e o mais novo estava ficando angustiado pela maneira como seu camarada estava lidando com a situação, nunca quis que Kisame tivesse que passar por aquilo, mas estava acontecendo. ‘’Eu só queria saber como lhe consolar’’.

‘’Esse assunto não tem nada haver. O momento não condiz!’’ Disse de forma um pouco ríspida, evitando TOTALMENTE o assunto anterior porque o deixava inconsolável e revoltado: ‘’Vamos nos movimentar?’’ Mudou o rumo da conversa bruscamente, como se nem tivessem entrado naquele tema.

O mais novo aceitou aquilo com um leve suspirar. Não forçou seu amigo com aquela conversa que tanto o angustiava, deu-lhe espaço.

Assim, o garoto olhou ao redor, mesmo do lado de dentro da caverna onde estavam dava para ver que a floresta estava calma e silenciosa: ‘’Claro, ficamos bastante tempo nessa localização. Melhor mudarmos de ambiente!’’ Entrou na onda do tubarão e mudou de assunto abruptamente...

...Era uma verdade, livraram-se da atenção do time de Konoha num par de dias atrás, parecia que os adversários estavam rastreando-os pelo faro de animais, supuseram. No entanto, não durou muito tempo e a equipe do loirinho não foi capaz de encurrala-los porque despistaram-nos rapidamente.

Agora já haviam se passado dias, estavam distantes de seus caçadores e por isso diminuíram o ritmo e estavam indo mais devagar meio sem rumo e até tinham parado para descansar naquela caverna onde estavam naquele momento, dividindo-se em turnos de vigília alternados. Entretanto, era hora de sair dali.

▀▄▀▄▀▄ ...Um tempo depois...▀▄▀▄▀▄

Saíram do local anterior pulando de arvore em arvore e passaram-se uns bons minutos fazendo aquilo em silencio total. Movimentar-se e se exercitar não estava sendo uma atividade agradável, pois costumava ser algo para o qual sempre detivera bastante destreza: Era veloz e sagaz, sempre observava o ambiente onde estava e analisando com cuidado. Mas agora...

...Estava diferente, como se estivesse gasto: Seus olhos estavam pesados, focados em uma realidade que só ele podia ver. Seus braços pendiam frouxamente ao lado do corpo, rosto mais pálido que o comum. Uchiha Itachi sempre se orgulhou de ser uma figura imponente e elegante, mas agora sentia-se quase frágil, dolorosamente pequeno, magérrimo demais como se o mais suave sopro de vento pudesse acabar com qualquer vestígio de sua existência e aquela era uma experiência horrível.

Seus olhos estavam doloridos demais, mesmo com o Sharingan ativado em sua forma básica de três tomoes estava demandando esforço: Mas sua habilidade de enxergar estava prejudicada e por isso não podia se dar ao luxo de desligar os infames olhos vermelhos que levavam a fama de seu Clã. Sem aquela técnica mal podia enxergar, isso o frustrava porque não queria analisar a extensão de sua perda visual, mas a cada dia quando desligava seus olhos via que ficava visivelmente pior e logo estaria cego.

A paisagem não mudava muito a cada passo dado, seu ritmo ia ficando mais lento que o normal e não havia uma constância em seus movimentos, sua doença vinha trazendo vários reflexos em sua vida. Estava um bocado exaurido, apesar de não ter mencionado isto em voz alta por questões que passavam desde orgulho a pesar. Quando mais novo era capaz de ir a longas jornadas de campo o mais rápido que seu corpo alcançasse por horas a fio: Agora, chegava a ser degradante o quanto estava debilitado.

Seu amigo notou, é claro! A desvantagem em ter um camarada de equipe que o entendia tão bem, era que Kisame não deixaria sua postura cansada passar batida, iria notar aquilo e entender o orgulho de Itachi queimando em suas veias para não falar absolutamente nada; e como o bom parceiro que era, o azul não permitiria deixar a situação assim, iria interferir hora ou outra de forma reativa...

...Como aconteceu: ‘’Itachi, por que não podemos parar em uma vila por apenas uma noite? Ninguém vai notar’’.

Com um simples trocar de olhares ambos passavam informações significativas um ao outro, ele agradecia em silencio o compadecimento e o grandalhão sabia disso, ao passo que entedia também que o Uchiha não cederia tão fácil. Era uma questão tácita: O moreno sabia plenamente a noção de estar adoentado e abatido. Porém, sempre tinha uma resistência a aceitar ajuda alheia, mesmo que viesse de seu companheiro...

...Primeiramente porque não suportava o fato de não ser capaz de realizar aquelas tarefas que antes eram tão comuns em sua vida, era horrível ter aquela doença como um obstáculo que o impedia de realizar seus afazeres. Sentia-se embaraçado com aquele impedimento, muitas vezes ficava raivoso com suas novas incapacidades que pareciam surgir a cada instante. Segundo porque detestava ser um estorvo para o Hoshigaki, ainda que sentisse que estes momentos de fraqueza iriam aumentar e precisaria do apoio do outro com frequência continua: Aquela sensação de impotência era angustiante.

Desta forma, sua postura continuou estoica e sua voz não se abateu: ‘’Essa ideia esta fora de questão. Estamos sendo caçados e é um erro ficar próximo a quaisquer civilizações porque podem nos reconhece e denunciar ou podemos ser facilmente encontrados’’ Murmurou calmamente.

Depois olhou para o horizonte, observando o crepúsculo, seu rosto não saindo da monótona expressão vazia, mas logo em seguida suspirou e voltou a andar lentamente.

Viu o questionamento na ponta da língua do azul, mas o espadachim conteve-se; focou em dar liberdade ao moreno, deixando-o tomar as decisões como sempre. Além disso, o Uchiha percebeu que seu camarada estava acompanhando seu ritmo vagaroso sem fazer alarde disto. Agradeceu-lhe silenciosamente mais uma vez: Era ruim demais saber de suas próprias limitações, quem dirá ter alguém apontando-as.

Queria ser grato ao silencio e beneficência do Hoshigaki naquele momento. Mas não conseguia, afinal, sabia o motivo do homem estar assim tão quieto. Kisame estava tão pra baixo. Queria apenas poder consola-lo, mas como? Queria explicar ao amigo que não deveria tratar sua morte como um Tabu.

Claro que ninguém estava preparado para lidar com uma coisa assim, mas naquele momento queria que seu amigo pudesse tratar o assunto de maneira natural: Afinal de contas, porque o nascer era um momento tão festejado, cercado de cuidados e atenções enquanto que o fim da vida era visto essencialmente ligado à perda, à impotência e à derrota? Assim como se trata o nascimento de um novo ser com naturalidade, deviam trata a morte, já que ela era a única certeza que tinham na vida.

Mas não podia forçar seu amigo a entender aquilo, compreendeu que a maneira como o azul lidava com a situação era apenas uma reação natural e esperada à perda: Ele mesmo demorou um pouco pra processar sua situação de vida e seu tempo contado.

Então entendia porque o espadachim estava abruptamente isolado, tinha que dar tempo para seu camarada elaborar o que estava acontecendo para que então se desse conta dos fatos tais como eles eram. Queria que o azul pudesse superar aquele sentimento doloroso, assim como ele, mas isso demandaria algum tempo. Assim como demandou para o Uchiha, que agora já estava se desprendendo das coisas da terra, já havia aceitado aquela situação.

Sinceramente, Uchiha Itachi já tinha conseguido se desvincular de suas experiências negativas e estava tranquilo com relação ao caminho a sua frente. Mas não conseguiria ir totalmente para seu leito de morte sem que o outro entendesse aquilo também.

Por isso se angustiava. Sabia que aquela doença também estava acabando com Kisame. Não fisicamente, mas a resiliência do azul estava se esvaindo aos poucos como se notasse que agora faltava pouquíssimo tempo para o moreno. E embora o azul tenha dito que iria lidar com aquela ‘situação’ quando chegasse o momento: Na realidade ele já estava desolado e só não queria admitir.

 Itachi via que o tubarão estava apreensivo com tudo aquilo: Tanto com o sua morte próxima, quanto com sua condição debilitante de saúde.

▀▄▀▄▀▄ ...Um tempo depois...▀▄▀▄▀▄

Não notou quanto tempo passou, mas só sabia dizer que perdeu-se em seus pensamentos. Como seu camarada azul também estava muito quieto ao seu lado, horas e horas se passaram desde a ultima vez que trocaram palavras, ambos imersos em si mesmos...

...Mas apesar de tudo, aquela amizade estranha e diferente que mantinha com o grandalhão sempre forneceu uma excelente companhia porque era simplesmente acolhedor estar um ao lado do outro: Algo certo. Como duas peças de um quebra-cabeças montado de forma correta.

Era como se estivessem plugados na mesma rede neural e ambos estavam em benfazejo um pelo outro: ‘’Ei, Itachi-San’’ Chamou o azul vagamente, com preocupação estampada na face ‘’Deveria desligar esse Sharingan!’’ Disse como quem não quer nada.

Era uma verdade. Entretanto, não queria sobrecarregar seu camarada ainda mais com novos problemas. Então apenas murmurou: ‘’Preciso dele e não é como se me demandasse tanto Chakra quanto o Mangekyou. Você sempre se preocupa demais!’’ Resmungou sem se alongar muito.

O espadachim não se conteve, rebateu de forma irritadiça porque aquela situação estava deixando-o reativo e com uma tendência a resmungar: ‘’Eu me preocupo porque é necessário. Sua saúde esta cada vez mais frágil!’’ O tubarão argumentou, mas logo bufou compreendendo que o menino não queria entrar naquela conversa.

‘’Hn’’ O menor só murmurou, não lhe dando contra-argumentos claros.

Uma coisa entre ambos era que não ficavam forçando os assuntos maçantes, era uma questão de respeito e de saber os limites um do outro: ‘’Então... Para onde vamos?’’ O maior mudou de assunto novamente.

Foi quando Itachi parou e olhou ao redor calmamente, podia notar certa semelhança daquele lugar onde estavam com uma de suas lembranças: Sim, ambos haviam parado naquele lugar para descansar alguns anos antes, no inicio de sua parceria, quando teve aquele desejo de morte motivado pela ‘Maldição do Ódio’ e correu para próximo de uma cachoeira.

Já fazia tanto tempo desde aquilo, balançou a cabeça, tentando se livrar da lembrança. ‘’Pra qualquer lugar longe daqui!’’ Grunhiu.

Pensando sobre isso, desde que fora lançado naquela vida de Nukenin, depois de toda a tragédia que ocorreu em Konoha, o Uchiha mal podia suportar aquilo tudo; Via agora oque era aquele sentimento e porque desejava a morte. Naquela época quando pensou varias vezes em suicídio não entendia, mas hoje sabia que quem decide morrer não o faz por falta de amor à vida, mas porque o sofrimento se tornou insuportável.

Agora sua situação era totalmente diferente, não estava indo em direção à morte porque o sofrimento tornou-se insuportável, e sim por causas biológicas mesmo. Lutaria com Sasuke porque era o momento de findar toda aquela jornada.

O grande problema era que tinha se apegado ao espadachim...

Imediatamente pôs-se a caminhar novamente, saíram rapidamente do local: Precisava disso. Ficou mais aliviado quando voltaram a pular de arvore em arvore para longe dali, pois aquele local lhe trazia um sentimento estranho de pesar, afinal naquela época estava tão próximo do Hoshigaki, compartilhavam seus destinos juntos; porém não soube aproveitar isso corretamente.

Chateava-se porque desperdiçou todo aquele tempo com desconfianças e temores desnecessários, afastou o outro de sua vida por alguns anos. E agora que queria tanto estar ao lado de seu amigo, estava morrendo.

Kisame era seu amigo, um amigo de verdade: E só foi admitir isso e ver oque na realidade isso significava quando já era tarde demais. Mesmo que ninguém no mundo inteirinho acreditasse que ele tinha um amigo de verdade, seu coração rosnava que estavam todos errados. Por isso doía deixar esse amigo tão fiel para trás como se não fosse uma parte crucial e importante em sua vida.

Às vezes era surreal pensar naquela parceria que manteve com o ex-Kiri-nin: Ficaram tão próximos que era até estranho nomear corretamente oque tinham um com o outro. Parecia uma amizade. Às vezes, parecia MAIS doque uma simples amizade...

... E outras vezes o Uchiha se perguntava se Hoshigaki Kisame era mesmo real ou se era um amigo imaginário falso que sua mente jovem criou para suportar aquela vida de Nukenin.

Olhou para seu camarada por um momento, realmente considerando a ideia dele ser só uma ilusão de sua cabeça. Depois revirou os olhos: ‘’Não. Essa doença está me deixando louco’’ Sussurrou para si mesmo, depois olhou o homem tubarão mais um pouco ‘’Além disso, eu não sou tão criativo!’’.

‘’Disse algo?’’ O outro resmungou.

‘’Nada demais... Eu só estava-‘’

‘’Falando sozinho?! Isso é coisa de velhos ranzinzas, Itachi!’’

‘’Então deve ser por isso que sempre senti como se tivesse uma alma velha!’’ Rebateu fazendo uma careta meio engraçada.

Kisame finalmente sorriu um pouco, porém durou míseros segundos e aquilo em seus lábios esmoreceu rapidamente. O ar frio das montanhas fizera-o estremecer com a realidade cruel, assim o azul observou-o com olhos atentos e tristes: Como se seu coração estivesse sendo arrancado de maneira intensa, como se aquela fosse a ultima vez que o veria e precisasse guardar a imagem em sua mente fixamente. Mas o grandalhão não sabia como colocar aquilo em palavras... Ainda.

▀▄▀▄▀▄ ...Um tempo depois...▀▄▀▄▀▄

Já não sabia oque fazer, ver seu amigo assim era uma dor terrível. Queria poder retirar aquilo dele e faze-lo compreender de uma vez. Mas cada coisa tinha seu tempo, infelizmente. Não queria que seu amigo ficasse daquele jeito quando enfim partisse, pois nada era mais prejudicial a saúde doque uma vida infeliz: Sabia disto em primeira mão.

I promise that one day I'll be around

(Eu prometo que um dia estarei por perto)

I'll keep you safe

(Te manterei a salvo)

I'll keep you sound

(Te manterei seguro)

Right now it's pretty crazy

(Agora as coisas estão meio loucas)

And I don't know how to stop or slow it down

(E eu não sei como parar ou diminuir o ritmo disso)

Dava para ver pela expressão agoniada que o outro fazia: O homem estava se martirizando, afinal, havia sacrificado tanto para ajudar o menor; e mesmo assim o garoto acabaria morrendo. Os círculos sob os olhos do grandão se tornavam cada vez mais escuros a cada dia, fruto de noites sem dormir onde o azul ficava mergulhando em um mar de vazio. E o sorriso aberto que mostrava sempre estava se apagando com o vislumbre da perda futura.

Quando deram uma pequena pausa para descansar, foi quando não aguentou mais: ‘’Talvez você esteja enganado e não precise morrer assim tão cedo!’’ Tentou esperançoso ‘’Agente pode ir para um lugar longe dessa loucura que nos cerca, pra bem longe. Pode ser que essa sua doença não melhore 100%. Mas cuidarei de você, pirralho!’’.

De novo aquele papo? O garoto suspirou: ‘’Não vou melhorar Kisame. E nós já falamos sobre essa questão de ir para bem longe, no fundo você sabe que não dará certo!’’ Quando mencionou isso o outro desinflou imediatamente.

Depois de alguns segundos teve coragem de abrir a boca novamente: ‘’É verdade. Talvez eu esteja mentindo para mim mesmo. Mas acontece que...’’ Ele parou um pouco, parecendo pensar no que iria falar. Passou as mãos pelos cabelos azuis nervosamente.

Hey

(Ei)

I know there are some things

(Eu sei que existem algumas coisas)

We need to talk about

(Que nós precisamos conversar)

And I can't stay

(E eu não posso ficar)

So let me hold you for a little longer now

(Então me deixe te abraçar um pouco mais, agora)

‘’Fale’’ Incitou o Uchiha ‘’É melhor falar do que guardar. Eu disse que é melhor colocarmos isso a limpo’’.

‘’É... Bem...’’ Começou, mas não pode prosseguir ‘’Já vi muitas pessoas morrerem. Já matei muitas pessoas. No entanto... Agora é você!’’ Rosnou, mas logo o lampejo de raiva diminuiu pouco a pouco, deixando um vazio horrível e arrasador, fazendo o de cabelo azul olhar para o nada por longos minutos.

Quando começou a ficar estranho: ‘’Kisame?’’ Chamou-o, mas não obteve resposta imediata. ‘’Kisame!’’ Chamou mais uma vez, vendo nada mais que olhos lacrimejantes. Nunca viu seu camarada assim, o homem era forte e destemido, não tinha medo de batalhas e parecia pronto pra enfrentar oque viesse. Mas o Uchiha estava errado. Como disse na primeira vez que se conheceram: Ele não era um peixe, era só humano. E estava partindo seu coração, vê-lo sofrendo assim.

‘’Desculpe, não estou tornando isso fácil pra você, não é?’’ A garganta do outro desentupiu.

‘’Bem’’ O menor pigarreou ‘’Considerando que eu também não estou tornando isso fácil pra você, então estamos quites... Vamos, conte-me oque está acontecendo!’’.

‘’Oque está acontecendo? Bem... Você está aqui, tão próximo de mim’’.

‘’É, estou!’’.

‘’Porém, isso não durará e ao mesmo tempo que está perto, sinto que está longe. E, talvez, eu esteja me agarrando a um fino fio de esperança porque não quero seguir em frente nesse mundo insano enquanto você fica pra trás e apodrece’’ Falou de uma vez.

Aquelas palavras doeram. Por um instante não soube oque falar, sua garganta seca. ‘’Nunca foi minha intenção arrastar você para o meu abismo e afogá-lo’’ Murmurou, sem nem notar que tinha falado.

‘’Ou então...’’ Kisame começou, parecendo perdido em seus próprios devaneios ‘’Pode ser que eu esteja sendo egoísta, sei que você tem que partir e não é algo que eu possa mudar, acho que é isso que dói mais. Antes, tudo era um inferno, minha vida social era praticamente inexistente e eu estava enraivecido com a vida. Foi quando entrei para a Akatsuki e arranjei um novo rumo. E então eu o conheci, e você me levou a uma direção totalmente nova. Eu só não queria perder isso que temos!’’.

Foi ouvindo tais coisas que o Uchiha viu seus próprios olhos ficarem marejados e brotarem uma agua com gosto salgado, percebeu assombrado que estava chorando. Tentou se manter contido, sem mostrar som algum, mas o azul viu mesmo assim e esqueceu o assunto anterior para verifica-lo com proteção: ‘’Oque foi? Sente-se mal, Itachi-San?’’.

‘’Não... Não é isso!’’ Pronunciou confusamente. Logo se readequando a situação e contornando o momento atípico de sentimentalismo exacerbado. Estar assim tão perto da morte estava deixando-o um molenga chorão e sentimental e isso estava ficando meio bizarro. Procurava não deixar transparecer muito, mas às vezes era inevitável e não conseguia fazer sua mente parar de girar entorno de assuntos de tamanha comoção e afeto, pois eram sentimentos que o envolviam de tal forma que quase não conseguia se desvencilhar deles.

‘’Tem certeza que não é nada?’’

‘’Tenho... Acontece que suas palavras me pegaram desprevenido’’ Murmurou ‘’Essa situação tem deixado nós dois meio estranhos!’’.

‘’Sim’’ Admitiu ‘’E como eu não estaríamos? O problema é que está chegando o momento da despedida e eu não sei como dizer-lhe adeus, Itachi-San!’’.

Take a piece of my heart and make it all your own

(Pegue um pedaço do meu coração e o faça seu)

So when we are apart

(Então, quando estivermos separados)

You'll never be alone

(Você nunca estará só)

O coração do Uchiha apertou fortemente, e assim ele se aproximou um pouco mais do outro em busca de algum amparo: ‘’Sei bem oque é isso. Eu também não sei como me despedir!’’

E como saberia? Quando Shisui morreu, jogou-se daquele penhasco sem aviso prévio, assustando o moreno e deixando-o sem saber oque fazer. Até tentou segura-lo e impedir sua queda, mas no fim foi em vão: Não se despediu de Shisui.

Quando matou seus pais, também não se despediu devidamente porque só o fato de ter que abate-los já doía demais.

E Sasuke, apenas assustou-o e largou-o para trás: Também não disse-lhe adeus.

Então, como dizer adeus a Kisame? Como por um ponto final naquilo tudo de forma cordial? Como fazer isso depois de tudo?

When you miss me close your eyes

(Quando sentir saudades feche seus olhos)

I may be far but never gone

(Eu posso estar longe, mas nunca fui embora)

When you fall asleep at night

(Quando você adormecer à noite)

Just remember that we lay under the same stars

(Lembre-se que nós deitamos sob as mesmas estrelas)

Percebeu então que dizer aquela simples palavra: Adeus; era um grande gesto de coragem. Afinal, parecia ser bem mais fácil afastar-se em silencio, sem nada dizer. Mas não faria isso. Não com seu amigo azul.

Quando fosse a hora, teria que arranjar forças para dizer algo para ele pela ultima vez. Mas aquele NÃO era o momento AINDA!

Foi por isso que deixou a calma se estalar entre ambos, depois se levantou do chão perto de uma arvore onde descansava, antes de dizer: ‘’Vamos continuar? Já paramos por um tempo considerável... Temos que achar abrigo!’’ Afirmou, deixando o momento passar e aquela monotonia e tristeza para trás.

▀▄▀▄▀▄ ...Um tempo depois...▀▄▀▄▀▄

A dupla estava a pular facilmente por entre as árvores quando Itachi repentinamente sentiu uma vertigem e bambeou para os lados perdendo o equilíbrio, seus olhos doendo e tudo ao redor se tornando opaco e com vultos sombrios. Foi tomado por uma náusea repentina.

Estava realmente mal e estava piorando ao cair da noite. Tudo ao seu redor estava girando, seu sangue ficou frio sob sua pele; E abruptamente sentiu-se desorientado. O Uchiha caiu, mas antes de bater no chão aquele homem que ele conhecia tão bem havia o segurado.

Viu o choque no rosto do outro, afinal sua pele estava fria tanto quanto estava pálida, dessa forma a pele de Kisame parecia MUITO quente contra a sua cadavérica. O Hoshigaki até não deveria ser assim tão quente, com aquela pele meio áspera de peixe, mas naquele momento era como se estivesse irradiando calor como o sol: ‘’Você... Está tão quente!’’ Murmurou o menino sem sentido.

‘’É você que está frio demais!’’ Disse o outro sombriamente.

Seu parceiro ajudou-o a se apoiar contra uma arvore levemente, o menor não resistiu a soltar maldições e praguejar contra aquela maldita condição de saúde, enquanto que o azul sensibilizou-se com a situação e apenas orientou-o a se acalmar: ‘’Droga’’ Murmurou ‘’Não é uma boa hora para uma de minhas crises...’’.

‘’Não seja tão duro consigo mesmo!’’ Aconselhou-o. E assim o mais novo suspirou, tentando se acalmar. Tentou regular sua respiração e sentiu uma melhora, apesar do azul ainda o encarar preocupado ‘’Você pode continuar ou devemos levantar acampamento?’’ O espadachim perguntou em voz baixa.

Itachi não pode responder, pois tossiu languidamente espalhando sangue em suas mãos e ao redor. Foi o singelo toque que Kisame ainda mantinha em seu braço que o acalmou: Sua mão quente estava tão viva sobre sua pele extremamente pálida e desbotada. O azul irradiava calor e vida, estava em toda a sua gloria física e mental enquanto o mais novo sentia-se repentinamente com o aspecto de um cadáver...

...Aquilo o assustou um pouquinho. Tentou provar-se que ainda não era um peso morto, tentou afastar as mãos do outro e se apoiar sozinho, mas seus joelhos cederam mesmo que segurasse na arvore: Novamente, o outro facilmente o pegou a tempo e com segurança em seus braços.

‘’Acho que preciso de meus medicamentos... Minha pressão está caindo drasticamente, da pra sentir. Preciso pelo menos aumenta-la’’.

O outro olhou-o desgostoso, mas não impediu-o de tomar as medicações. Depois, logo se posicionou: ‘’Eu vou leva-lo, pelo menos até essa medicação aí fazer algum efeito útil. Você claramente não está em condições agora!’’ murmurou rapidamente e o Uchiha até queria protestar, mas como? Realmente não tinha como seguir em frente. Então cedeu, a contra gosto.

A espada do grandalhão abriu espaço e o mais novo arrastou-se para os braços do outro como uma criança faria. Dessa vez, o azul estava levando-o de uma forma mais intima. Isso o remeteu aos momentos em que Shisui carregava-o também, quando era mais novinho. Costumava entrelaçar seus dedos no cabelo desgrenhado de seu primo e percebeu acanhado que estava fazendo isso com as madeixas azuis do Hoshigaki.

Deixou as lembranças nostálgicas sumirem de sua mente, pois já tinha coisas tristes demais rondando sua mente. Olhou para cima, para o céu: As nuvens estavam se tornando bastante cinzentas, iria chover novamente. Ao se acomodar nas costas firmes do outro, perguntou-se por que sempre chovia nas horas mais inoportunas.

‘’Hey, ‘Tachi-San ’’ O mais velho chamou-o ‘’Não estamos muito longe da civilização, sei oque pensa sobre isso, mas a ideia de ir para aquela vila me veio à cabeça e eu realmente não quero esquece-la’’.

Queria protestar. Mas considerava que suas opções não eram muito boas porque entendia que ir para uma vila podia atrair atenção indesejada, porém ficar na floresta também era perigoso: Nada impedia que alguém os achasse ali. E se Kisame tivesse que lutar contra inimigos e defender um Itachi vulnerável certamente era improvável que saíssem ilesos.

O menino ajeitou-se calmo e confortavelmente na coluna do grandalhão, a ideia de discutir lhe parecia longe agora, sentia-se sonolento de repente, efeito dos remédios. Prendendo-se firmemente no outro, inclinando-se mais perto para aquele calor vital que o tubarão esbanjava, cedeu: ‘’Tudo bem. Vamos para a vila mais próxima, a menos que achemos uma caverna no caminho...’’.

Mal seu amigo começou a andar, ambos bufaram quando uma chuva fraca começou a cair: ‘’E mais essa agora’’ Rosnou seu camarada, irritadamente.

E mais essa agora. A frase colou na cabeça do moreno: Não era para ele ter tomado aquilo com tamanho pesar, mas a carapuça serviu. A reclamação ofendeu-o, pois estava claramente inapto a seguir em frente e dependia do outro.

Isso era angustiante, sentiu-se pior com aquela frase porque era como se a pequena reclamação transformasse-se em um grande insulto vociferando em seus ouvidos rudemente. ‘’Desculpe-me. Eu não queria ser um fardo pra você!’’.

‘’OQUE?’’ O outro bradou, logo se sensibilizando com os sentimentos do menor ‘’Não tem nada haver. Não se culpe desnecessariamente. Aquela frase não foi pra você, pelo amor de Kami-Sama, não me entenda mal! Você não é um fardo para mim Itachi’’ Disse de uma só vez.

‘’Que bom. Porque às vezes eu sinto que sou!’’.

Sem titubear e seguro doque falava, o maior prosseguiu: ‘’Estar ao seu lado valeu a pena! Valeu todas as situações que a vida cruel nos impôs, valeu o sacrifício e dificuldades que passamos, valeu tudo. No fim das contas foi positivo...’’.

‘’Não... Nem tudo foi positivo!’’

‘’Do que está falando?’’ O outro jogou levemente, tentando faze-lo falar a verdade ‘’Oque está havendo, Itachi?!’’.

Olharam-se por minutos intermináveis, mil e uma coisa passando por seus olhares, medo, apreço, carinho, confusão(...). Tinham uma compreensão tão profunda um do outro, tanto que o moreno mal conseguia descrever em palavras a força naquela conexão. Mas por fim expos seu anseio: ‘’Eu vou morrer e vou deixar você!’’ Disse fracamente.

O outro fez uma careta irritada: ‘’Ah, é esse assunto novamente? Porque insiste tanto nisso? Já disse que não faço ideia de como lhe dizer adeus!’’.

‘’insisto por que...’’ Murmurou, pausando um pouco para organizar suas ideias. Depois jorrou tudo de uma vez: ‘’Porque desde que segui nessa vida de Nukenin premeditei morrer pelas mãos de meu querido Otouto, mas me aproximei irremediavelmente de você e agora já não sei exatamente como me afastar e deixa-lo assim. E não falar sobre isso está me sufocando, Kisame!’’.

‘’Acha que tem problemas? Obvio que a iminente perda doí em mim também. Acha que é fácil ver você e suas habilidades deteriorando-se frente a meus olhos? A cada dia a inadequação e incapacidade se apoderam de seu corpo e eu não estou lidando muito bem com isso. Você não sabe o quanto esta sendo difícil para mim aceitar essa realidade insuportável. Eu não queria perder você, mas eu vou e isso é horrível!’’.

‘’E eu... Bem, não sei oque lhe dizer’’ Grunhiu ‘’Só agora conheço muito bem quem você é. Posso dizer que reconheço-te, esse cara com espada nas costas, sorriso pontiagudo feroz, com essa personalidade tão bem construída e seus maneirismos, esse cara que tanto me ajudou e orientou nessa vida errante que levávamos. Você foi o único que escolheu ficar ao meu lado e dar-me sua lealdade nesse mundo cruel e sem amor. Só você, Hoshigaki Kisame, não teve medo de se afogar nos meus gigantescos problemas, pelo contrário, está ao meu lado mesmo nos momentos mais sombrios... E oque eu disse antes é verdade. Não queria ter te arrastado pra isso! Desculpe-me!’’.

‘’Itachi...’’ O outro sussurrou também comovido.

‘’Sabe, Kisa. É tão ruim saber que estou machucando tanto a mim mesmo quanto a você, meu companheiro’’.

‘’Hey...’’ O outro titubeou, mudando ligeiramente o assunto: ‘’Você se lembra de quando fez seu primeiro grande amigo? Aposto que teve vários, você tem cara de ser popular!’’ Brincou levemente.

A mente do moreno correu para Shisui e várias lembranças vieram à tona de uma vez... ‘’Não. Eu tive só um’’ Depois sua mente correu para Izumi rapidamente: ‘’Talvez dois! Mas doque isso importa? Eles estão mortos agora e desde então eu passei a ser mais desconfiado e temeroso em confiar!’’.

‘’Mas nos tornamos grandes amigos também, certo?’’

‘’Sim, Kisame. Eu já lhe disse, és muito importante para mim, camarada!’’ Trotou suavemente, depois se aproximou mais do calor que o azul emanava: ‘’Céus... Olha onde isso nos levou’’ Sussurrou o moreno, mas sua tristeza era evidente também na entonação.

‘’Sim’’ O espadachim ronronou, confortável com o menor se inclinando para mais perto dele. ‘’Olhe onde isso nos levou, não é mesmo!?’’ Disse suavemente, mas dava para ouvir também o penar e o sentimento de desgraça e sofrimento em sua voz.

Foi assim que olhos do menor arderam bem mais do que já estavam, seu rosto todo ficou tenso e dolorido. Como aquilo doeu realmente.

Sentiu uma fisgada em sua cabeça acompanhada de dor intensa, seus olhos foram tomados por uma dor excruciante que ia desde a base, passava pelo nervo óptico, cruzava sua cabeça e chagava até seu lobo Occipital. Só havia sentido aquilo algumas poucas vezes em sua vida e todas estavam relacionadas ao Sharingan, só uma emoção poderosa, uma condição estressante ou emocional demais podia desencadear aquele tipo de dor.

Não havia mais nenhum estágio de seu Sharingan que fosse possível liberar, já tinha o Mangekyou. Mesmo assim, aquela corrente de chakra atravessou sua cabeça, fruto de seus sentimentos intensos. Aquilo era a prova do quanto Kisame era realmente importante para o Uchiha.

‘’Itachi...’’ O homem parou sentindo um rastro quente tocar seu ombro onde a cabeça do Uchiha estava alojada, ao mesmo tempo ficou assustado e preocupado: ‘’Seus olhos estão sangrando! Nunca sangraram na forma normal, pelo menos eu nunca vi!’’ Afirmou arrepiado, sem saber exatamente oque fazer.

Sentiu a cascata quente descer por suas bochechas de ambos os lados, marcando sua face de vermelho brilhante. Era uma verdade solene, estava mesmo chorando sangue. Tentou limpar com o antebraço, afastando a sanguinolência: Mas só conseguiu espalhar ainda mais por seu rosto e manchar o manto do tubarão.

Merda. O homem maior olhou-o com feição preocupada e o menino se sentiu culpado. ‘’Não é nada demais, esquece isso!’’. 

‘’Desligue esse Sharingan. Não há a menor necessidade dele no momento’’ Informou ‘’Descanse, levar-nos-ei a um local seguro!’’.

‘’Certo’’ Rebateu se acomodando novamente de forma confortável nas costas do outro, passando os braços em volta do companheiro e ajustando a posição permitindo que descansasse mais facilmente.

And hey

(E, ei)

I know there are some things we need to talk about

(Sei que existem algumas coisas que precisamos discutir)

And I can't stay

(E eu não posso ficar)

So let me hold you for a little longer now

(Então me deixe te abraçar um pouco mais, agora)

Assim, pensou profundamente sobre aquele espadachim. Para o mundo todo aquele homem era só um foragido da lei cruel, mas o mais novo sabia melhor: Sentia-se maravilhado em poder afirmar que conhecia o azul melhor doque qualquer um.

Seus olhos foram se fechando contra sua vontade e dormir logo se tornaria fácil. Sabia que no final podia contar com seu camarada azul, assim como podia se permitir ser tão vulnerável ao lado daquele homem...

...Porque Uchiha Itachi confiava em Hoshigaki Kisame.

E porque amava Kisame...

E porque sabia que Kisame o amava de volta.

‘’Está seguro comigo. Cuidarei de você enquanto dorme e farei vigília. E quando acordar estarei ao seu lado, meu amigo’’ Sussurrou o tubarão honestamente ‘’Até o final!’’

Enquanto colocava sua cabeça para além da gola do manto da Akatsuki de seu camarada, tocando a pele azul do outro, disse-lhe já sonolento: ‘’Leve-me então, eu confio em você!’’.

So when, Take a piece of my heart and make it all your own

(então, pegue um pedaço do meu coração e o faça seu)

So when we are apart

(Então quando estivermos separados)

You'll never be alone

(Você nunca estará só)

 


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Notas finais do capítulo

Acho que lá vem os questionamentos: Mas é amizade ou amor? – Acho que é um sentimento ambíguo.
Enfim... isso ficou bem Yaoi, confesso! Apesar de não ser o foco da fic! Sei que tem um pessoal aqui que curte Kisaita, e outros que não curtem muito. Qual a sua opinião?
Eu já disse várias vezes que o foco é AMIZADE, e eles são bons amigos, só isso. Mas... quantas caixas de lápis de cor eu terei que usar para colorir essa amizade? Me respondam, hahahaha...

Beijos, tchau, fui❤

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Link da Música: https://www.youtube.com/watch?v=N7VCLNBNJQs



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