Itachi and Kisame History (Em Revisão) escrita por AnneAngel


Capítulo 14
Capitulo 13 – Analisando a vida. (Reescrito)


Notas iniciais do capítulo

Mais um capitulo.
Aproveitem.



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Não existe nada mais gratificante do que ser correspondido, nada melhor e mais cativante do que ter a certeza da reciprocidade.

Itachi P.O.V (Point Off View)

Fazia apenas oito dias desde o encontro entre Kisame e ele nos arredores de Konohakure no Sato. Aquilo tudo tinha sido um caos que ele não premeditara: Depois do ataque dos ANBU ele foi para longe e se ausentou de mais problemas porque sentiu que estava com os nervos muito a flor da pele. Não sabia exatamente oque queria para o futuro, não sabia nem se queria um futuro. Continuar naquela vida parecia angustiante e ele não sabia oque fazer.

Ninguém precisava dele realmente: Konoha estava em paz, Sasuke estava seguro, a Akatsuki iria continuar existindo muito bem sem ele. (E Kisame arrumaria outro parceiro melhor que ele, certeza). Ou assim pensava ele.

Mas queria ter certeza do que fazer. E ele não se sentia seguro para tomar decisões que podiam ser ainda mais catastróficas.

E depois. O que seu parceiro lhe disse não saia da mente: Será mesmo que ele valia mais do que terminar com uma morte miserável? Como o tubarão ousava dizer que ele era merecedor de ter uma morte melhor que aquela?

Aquele homem estava confundindo-o. Ele queria ter certeza sobre suas ações, mas também não era um ignorante: Tinha que admitir que Kisame era mais velho que ele e, por tanto, deveria ter mais conhecimento sobre a vida. Se um assassino como o espadachim acreditava naquilo, oque ele poderia dizer? O cara certamente matou tantas pessoas quanto ele, se não mais, obviamente deve ter refletido sobre o sentido de sua vida naquele mundo também, devia ter seus próprios motivos para estar naquela vida de merda e suas justificativas para se manter vivo naquele mundo sem amor e cruel. Mas o azul não sabia nada sobre ele, nada da sua história, então como alegar com tanta certeza que ele valia mais que uma morte daquelas que premeditava?

Pela primeira vez parou para meditar acerca de sua própria vida, tinha tão poucos anos de vida, mas sentia-se como se já tivesse presenciado tragédias demais. Nunca tivera antes coragem para esmiuçar a sua situação de vida. Mas já haviam se passado dois anos e talvez já estivesse pronto para tal. Talvez a angustia que sentia melhorasse se conseguisse pensar coerente e logicamente sobre a situação, não é?

Sentiu-se um tanto incomodado ao tentar traçar os rumos que sua vida traçou desde que era pequeno. Mas foi em frente mesmo assim: Determinado a se colocar de frente com sua própria realidade de vida e suas decisões nesse percurso.

Onde deveria começar? Pensou no mundo em que vivia quando pequeno e na vida de seus pais: Sempre quando nasce um bebe costuma ser alegria para todos na família. Porém sua realidade sempre fora muito distinta da de um reles civil. Quando nasceu, não foi só felicidade para Fugaku e Mikoto, seus pais. Não foi só motivos para o clã comemorar também, mas todos eles também deram um suspiro coletivo de alívio, pois agora tinham um herdeiro se algo acontecesse com o chefe.

O mundo em que nasceu não era fácil de viver e nem seguro de se manter.

Percebera bem cedo que nasceu dentro de um clã Shinobi privilegiado: Um dos quatro clãs nobres de Konohagakure, que também tinha a fama de ser o mais poderoso da vila. Porém, nem tudo eram flores, eles eram um típico clã de guerreiros talentosos e orientados para batalha. Então um inocente bebe como ele só descobriria muito mais tarde que desde pequeno se transformaria num soldado de elite que dedicaria toda a sua vida à defesa militar da sua pátria e se poria ao comando de seu clã como líder, num futuro próximo.

Quando veio ao mundo, os tempos eram bem difíceis: Estava prestes a eclodir a Terceira Grande Guerra Ninja e o clima era tenso.

Ele sempre soube que foi por isso seus pais tiveram que se casar rapidamente. Era normal no clã Uchiha casar-se com os próprios integrantes do Clã para preservar a linhagem, mas o casamento foi às pressas, sua mãe tinha só 22 anos quando se uniu com seu pai, de 27 anos. Devia ser um orgulho ser a matriarca do clã, mas mesmo assim, eles não podiam perder tempo, tinham que ter um herdeiro legitimo de primeira linhagem para dar seguimento ao Clã caso o líder morresse na guerra. Fugaku, seu pai, não tinha muito tempo para família porque sua posição de líder do clã e capitão da Policia Militar demandava muito trabalho, principalmente em tempos de guerra. Mas é claro que ambos queriam muito um herdeiro, e o fato de ser um menino deixou-os todos mais contentes e orgulhosos.

Mas ele tinha que admitir para si mesmo: Apesar de ser um Uchiha e ter toda a pressão de ser aquele que deveria futuramente ser o líder de seu clã, sua vida não teria sido assim tão puxada se ele não tivesse demonstrado sinais de genialidade tão cedo. A questão era que Itachi aprendeu a ler com dois anos, praticamente sozinho. Ele era um bom filho e muito inteligente e seu pai começou a se interessar em seus estudos quando ele ainda era bem jovem, compelindo-o a treinar para aquela coisa de estudo acadêmico.

Ambos os pais estavam admirados com os feitos do pequeno gênio e logo o clã descobriu sobre o progresso de Itachi, pois seus pais se gabavam disso, e elogiaram seu herdeiro gênio. Lembrava-se de seu pai, Fugaku, muito animado com tudo oque ele fazia e assim começou a esperar muito progresso em seus estudos e sua mãe ainda assegurou-lhe que Itachi tinha muita destreza acadêmica.

Ele não era um santo, claro que ficava sempre muito presunçoso sobre quando superava as expectativas de seus pais. Sempre aprendeu muito rápido. Mesmo com três anos e meio, mas ele também era bem agitado: Via os outros membros do clã treinar e dizia que um dia seria um grande ninja. Isso deixava ambos os seus pais orgulhosos. Mal sabia ele naquela época oque aquilo tudo exigiria dele, era um pequeno inocente e tolo que seria informalmente doutrinado pelo clã e formalmente pela vila e oficialmente se tornaria o herdeiro de Fugaku quando tivesse a idade necessária, bem como seria um Shinobi da Vila da Folha.

Oque mais aconteceu depois? Lembrou-se de treinar em casa arduamente. Quando completou quatro anos, Fugaku decidiu passar mais tempo junto a ele para treiná-lo para ser um verdadeiro Shinobi, para algum dia assumir a liderança quando seu velho renunciasse ou morresse. Era comum em clãs Shinobi que seus herdeiros começassem a treinar desde muito cedo. Seria vergonhoso vir de uma família renomada e ser um fracasso na Academia Ninja.

A realidade que sempre notou ao seu redor: Todos sempre esperavam grandes feitos dele, e por sua vez, ele queria treinar muito para um dia ser um grande ninja e superar as expectativas de seu clã. Ele era um ingênuo que não sabia que ser Shinobi era como ser uma arma: Era uma criança afinal, não sabia nada da vida. Mas a realidade veio logo: Ele tinha quatro anos quando a terceira grande guerra ninja estava em seu ápice.

Ele viu os corpos dos mortos e feridos, viu quando bombardearam casas, ouviu os gritos de pessoas que foram pegos no fogo cruzado. O céu que sempre parecia escuro. Eles nunca sabiam de onde o ataque poderia vir, de acima ou do solo. Pessoas que chamavam de amigos poderiam vir a ser traidores. Traidores que sacrificaram a vida de seus vizinhos e amigos para salvar sua própria pele.

Itachi podia se lembrar de tudo como se tivesse sido ontem: O horror persistente e constante no ar durante esse tempo e durante meses após o fim da guerra. Ninjas em todos os lugares, pessoas foram mortas apenas porque estavam na rua na hora errada e no lugar errado. Ele ainda podia se lembrar das explosões, quando casas eram bombardeadas, muitas vezes sem qualquer seleção. A única coisa que ele pensava era. ‘Qual dos meus vizinhos morreu dessa vez?’.

Essas experiências traumáticas para um gênio de quatro anos de idade tinham mudado a sua visão do mundo para o resto de sua vida. Não havia nada que Itachi desprezava mais que guerras. Ele sempre acreditou que havia uma maneira melhor para resolve os conflitos. Ele não entendia por que as pessoas simplesmente usavam a violência em vez de palavras. ‘Por que usar armas, quando podemos entrar em acordo usando nossa boca?’ Pensava. Seu pai chamou-o de ingênuo por não entender isso. ‘‘Às vezes, a violência é a única saída, filho’’ lhe disse Fugaku uma vez. Mas Itachi não conseguia entender.

Guerra não é uma solução. Vidas perdidas, as famílias destroçadas, órfãos chorando. Não é uma solução. Um país instável, sem dinheiro, sem comida, sem escolas, sem um líder, não é a solução. É um terror... ’ Pensava o pequeno Uchiha, ele aprendeu isso em uma idade muito jovem: ‘A guerra é um trauma sem vencedores.’ E ele estaria preparado para tudo em prol da paz, nem que fosse da maioria. Ele prometeu a si mesmo que lutaria apenas pelos motivos que trouxessem paz.

Depois da guerra, tudo era incerto, e ele era mais um garoto completamente traumatizado. Mas ai sua mãe ficou gravida novamente e lhe trouxe um novo motivo para sonhar com a paz: Sasuke.

Todos eles carregaram o sonho de um mundo de paz profunda: Um mundo seguro. Mas isso não era só mais uma ideia tola da inocência de uma criança? Quem realmente almeja a paz mundial e acredita que essa utopia é real? Quando seu irmão mais novo nasceu lhe trouxe-lhe fé, com se um mundo assim pudesse ser real.

Mas claro, seu treinamento continuou, e ele era cada vez melhor no que fazia, seu pai tinha cada vez mais orgulho dele e de seus feitos prodigiosos. Fora formalmente doutrinado pela academia ninja da vila de Konoha, seguindo seus princípios de lealdade extrema e obediência absoluta a seu Kage e sua vila: Ele se tornou ninja e seus avanços continuaram deixando todos do local boquiabertos com tamanha inteligência.

Lembrava-se do preço de ser exímio no que fazia: Ele era um jovem muito ocupado e tinha muitas obrigações, além disso, não queria desapontar ninguém. Foi compreendendo bem de mansinho que ele era um Shinobi de apenas sete anos, um mini adulto soldado de sua vila e ainda tinha as obrigações para com seu clã. 

Além disso, ele sempre aprendeu as coisas muito rapidamente, por isso estava sempre avançando de nível, isso o deixava cada vez mais longe de conquistar o apreço de jovens com mesma idade. Cada vez mais ele estava entre ninjas adultos e cada vez mais experientes. Claro, sempre havia descrença em suas habilidades, era um fardo que todo gênio tinha que carregar. Por isso, talvez, ele não tenha tido muitos amigos. Podia lembrar-se claramente de quando era criança, até tentava se aproximar de outras crianças, mas eles pareciam não acompanhar sua mentalidade sempre avançada e não o entendiam. Por isso preferia estar sozinho, ou com pessoas mais velhas. Não sabia muito bem se isso foi realmente bom ou ruim para seu desenvolvimento. Por um lado ele se tornou forte, por outro ele não tinha muita habilidade social com pessoas de sua idade.

Lembrava que ele tinha cada vez mais obrigações e pouco tempo para si mesmo e para seu irmão Sasuke, que sempre lhe pedia atenção. Mais foi doloroso quando descobrira que era apenas uma arma, tanto para sua vila quanto para seus familiares. Sua vila o queria como uma ferramenta leal e seu clã, embora fosse sua família, também pensava em como poderiam se aproveitar das habilidades de seu gênio. Ambos estavam sempre tentando tirar proveito ou se beneficiar de seus talentos.

Ele não era burro ou ingênuo agora, podia ver isso claramente: Os pequenos Shinobis eram tratados como adultos em miniatura, não havia infância para os jovens ninjas e muito menos para ele. Itachi não teve infância: Cada fase de seu crescimento fora de forma intensa e voltada para se tornar um ninja de elite de Konohakure e futuro chefe de seu clã.

Bufou ao pensar nisso tudo. Agora, já estava cansado disso tudo, de ser uma reles ferramenta ou arma. Cansado de fazer coisas em prol de Konoha e cansado de fazer coisas em prol da Akatsuki também. Às vezes ele ficava pensando: Qual a diferença entre a Akatsuki e as Vilas Ninja, afinal? Ele continuava sendo usado. Continuavam usando suas habilidades para benefícios próprios. Ele ainda era uma ferramenta.

A Akatsuki era um grupo mercenário de Shinobis foragidos. Mas antes do Sistema de Vilas Ninja ser formado, na Era Dos Estados Combatentes, os Shinobis eram só clãs de ninjas que ganhavam a vida como mercenários, igualmente a Akatsuki. E depois, já com o sistema de vilas definido, ainda era um sistema onde as crianças e adultos eram enviados em missões para levar dinheiro e honra à sua aldeia.

Ele meditou. Mas no que isso era diferente? Eles transformavam crianças em jinjurikis, para manter selado as bestas com caldas para si, tinham divisões especializadas em tortura, e fizeram-no aceitar cometer o massacre dos Uchiha: Um genocídio. Sendo assim, as vilas ninjas e seus governos também cometiam crimes para proteger seu controle sobre os cidadãos e ganhar mais poder e dinheiro e fazer a vila prosperar. Sendo seus ninjas usados ​​como nada mais do que ferramentas pela aldeia para cumprir os benefícios dos Lordes Feudais. E como isso pode ser melhor do que servir a Akatsuki? Era um sistema de ganhos e lucros da mesma forma, da aquisição de poder e status. Era tudo a mesma merda. A difereça era que a organização era formado por um grupo de rebeldes foragidos.

Não havia tanta diferença entre ser ferramenta para Konoha e agora ser ferramenta da Akatsuki.

Ele tinha conhecimento disso: Desde o começo ele assassinara seu clã inteiro para proteger o sistema corrupto em que vive.  Mas seu clã também fazia parte daquele sistema corrupto.

Não era de todo contra o golpe que seu clã tramava. Afinal, oque os superiores de Konoha esperavam? Que os Uchiha se sentassem e aceitassem ser maltratados, discriminados e empurrados para a periferia da vila, sendo vigiados como criminosos, sem qualquer tipo de retaliação? Queriam que eles simplesmente aceitassem a opressão de Konoha (e do sistema em geral)?

Era claro que seu clã iria se opor aquilo tudo, o golpe de estado planejado era uma prova disso. Mas seria mesmo uma revolução? Duvidava muito, afinal revolução de verdade é mudar a estrutura organizacional de uma sociedade, e os Uchihas não fariam isso. Eles queriam poder, mas não mudariam nada na forma de exercer o poder, se é que não ficasse ainda pior do que o governo corrupto já era. Todos os outros habitantes da vila odiavam-lhes e quando eles se opusessem ao comando da vila uma guerra civil se instalaria, e talvez uma guerra mundial surgisse depois disso. É tudo para que, se nada iria realmente mudar? Haveria outra guerra para nada. Seu clã estava com o ego e a honra ferido, eles não pensavam com clareza. Embora sua revolta fosse justa, os meios utilizados não os levariam a nada melhor do que já existia. O golpe de nada mudaria a sistemática da vila afinal, os shinobis continuariam sendo usados como ferramentas, as crianças continuariam sendo treinadas como mini soldados e os lordes feudais continuariam a ganhar com isso e enriquecerem com o rabo sentado sem fazer nada. A revolta dos Uchihas só traria mais caos e guerrilhas, nada mais.

Mas apesar disso ele não era iludido. Ele não era um herói: Era o responsável pela morte de seus familiares. Era tudo culpa dele, ele os traíra amargamente, pessoas que confiavam nele, era nada mais do que um soldado de merda que ficou contra até mesmo sua família em prol das autoridades de sua vila natal, um genocida que fez exatamente oque o governo queria dele: Cedeu ao radicalismo de Danzou e dos demais superiores da vila, que esperavam dele obediência absoluta, inquestionável e cega à autoridade. Submeteu-se à vontade dos seus senhores até o fim, cedeu e deixou que eles controlassem todos os aspectos de sua vida pública e privada, até finalmente se submeter completamente a ser usado como uma arma, uma ferramenta, contra sua própria família.

Mas ele sabia porque fez isso: Ele sabia que na vila havia trevas, e ele sabia que quando assassinou seu clã havia ficado do lado das trevas da vila. Mas também havia coisas boas que era preciso proteger...

Quando foi há oito dias atrás aos arredores de Konoha, viu como os civis estavam em paz. O Sistema Shinobi era cruel e maquiavélico assim como todos que faziam parte dele, mas ao menos aqueles que não faziam parte daquela realidade estavam em segurança agora. Como aquelas pessoas estariam hoje se o golpe tivesse acontecido e o País estivesse instável por conta da guerra civil? Como ele viveria naquela vila hoje se tivesse deixado o golpe ocorrer? Ninguém ia aceitar aquilo de bom grado, mesmo que derrubassem os lideres da vila, os outros ninjas iriam se revoltar contra eles posteriormente: Os Hyūga, os Aburame, os Akimichi, os Inuzuka, os Nara, os Sarutobi, os Shimura, os Yamanaka. Esse povo todo não ia aceitar calado, e os Uchihas iam fazer oque, matar todo mundo? Implantar uma Ditadura Militar? E até quando isso ia durar até dar merda?

Apesar de ter essa logica de pensamento: O peso de sua escolha o mataria. Ele jamais esqueceria oque aquele sacrifício custou, estava condenado a se martirizar para sempre.

Ele não era cego como costumavam pensar dele: Sabia que Konoha era composta de um monte de hipócritas que faziam parte de um sistema perverso. Mas apesar disso, ainda que existissem sombras na vila, também havia seu lado bom. E ele queria acreditar que ele lutou e matou por essas pessoas, e apenas por elas e não por seus superiores de merda.

Ele não queria outra guerra. Guerras eram terríveis para todos os envolvidos. E os civis estavam seguros agora, mas ele sabia que não era um herói, longe disso. Ele era um assassino vil e frio, assim como fora trainado para ser, treinado tanto por seu clã quanto pela vila: No fim, matar sua família foi como um dano colateral de seu treinamento árduo e de tantas crenças cruéis que aprendera com ambas as instituições (Família e Vila): Ele foi ensinado a matar (ensinado por seu pai, ensinado por sua vila) e foi isso que fez.

Nunca conhecera uma nação que não tenha sido erguida de conflitos, traições, guerras e sangue. Ele queria ser um pacifista, mas os caminhos tortos e a maneira como fora doutrinado não lhe permitiram seguir por essa ideologia. Por isso merecia a morte, com certeza ele era um ser abominável.

Sasuke, seu irmão mais novo e única pessoa que não foi capaz de matar, com certeza se vingaria dele. E ele mereceria.

Quando eles eram crianças percebeu que seu pai não dava muita atenção para Sasuke e sempre ficava comparando os feitos do pequeno com os do irmão mais velho, isso preocupou Itachi. Afinal ele sabia que Sasuke também era incrível, o garoto era o melhor da sua turma, e mesmo que ele não fosse um gênio, sabia que tudo tinha seu tempo e que o irmão iria ser um grande ninja algum dia.

Mas seu irmão menor se sentia rejeitado, chegou a uma época da vida que queria competir com Itachi em tudo, até na luta. Ele não sabia o porquê, mas doeu-lhe quando seu irmão encurralou-o na varanda e disse que queria derrota-lo, pois assim o pai deles daria mais atenção a ele. Lembrava-se daquele dia: disse-lhe que sempre estaria lá para o irmão mais novo, mesmo que fosse só como um empecilho para ele passar por cima.

Ele não esperava o que o destino o aguardava. Ele tentou mudar a decisão do clã com palavras, ele realmente tentou, mas foi ai que entendeu as palavras de seu pai: Sim ele entendeu. ‘Às vezes a violência era preciso’, e quando não havia mais alternativas, Itachi decidiu cumprir com a promessa que fez, ele lutaria pelo bem maior. A decisão que tomou foi para impedir uma guerra, ele massacrou seu clã para impedir uma guerra, embora ele soubesse que podia haver um jeito melhor de resolver tudo sem violência nenhum dos dois lados estava disposto a negociar.

Bufou. Ele nunca se perdoaria pelo que fez: Pensava que merecia morrer lenta e dolorosamente. Já estava pagando o preço pelo que fez, afinal, ele foi afastado de tudo o que amava de uma só vez.

Ele podia entender o ódio do irmão, ele podia entender o ódio de todos, afinal ele não merecia ser amado, não mais. Se Sasuke matasse-o, seu clã seria vingado pela barbárie que cometera. A culpa era dele, ele era um genocida. Matara pessoas que confiavam nele, que criaram ele, que, de certa forma meio que perversa, amavam ele e esperavam grandes feitos dele.

Sabia que devia ter somatizado tudo aquilo. A culpa o dilacerava e por isso sabia: Estava doente. O constante uso do Mangekyou Sharingan e também toda aquela agonia e estresse psíquico estava acabando com ele. Ele havia percebido a diferença em seu corpo, respirar às vezes era difícil, como se estivesse com asma ou bronquite, muitas vezes cuspia sangue também, havia sangue até em sua urina, notara manchas azuis clarinhas que acompanhavam as veias e formavam linhas em sua pele,  seus olhos apresentavam inflamações e ele não tinha certeza de era só por causa do uso do Mangekyou, e também sentia-se muito, muito cansado às vezes.

Mas tudo voltava ao idiota azul; Kisame certamente o entendia, havia um grau de entendimento entre eles, havia algo mutuo entre os dois: Como o próprio espadachim lhe disse quando se conheceram, ele também matou pessoas que confiavam nele. Era realmente uma sensação indescritível. Os dois, ainda que por motivos distintos, tinham entendimentos iguais sobre aquele mundo corrupto e cruel em que viviam.

Mas então, como o azul podia afirmar que ele merecia uma morte melhor que a de um moribundo? Se eles se entendiam nesse nível, ainda que o lugar onde cresceram tenha suas parcelas de culpa pelo oque eles se tornaram, eles não eram santos: Eles também agiam em suas vidas, tomavam decisões e escolhiam e seguiam seus caminhos. Não eram só vitimas do sistema ou algo assim. Eles também fizeram escolhas. E ali estavam eles!

A única diferença notável entre Kisame e ele era que o moreno não via mais motivos para continuar naquele situação de vida...

▀▄▀▄▀▄ ...Um tempo depois...▀▄▀▄▀▄

Não queria ficar pensando e se culpando em demasia pelos eventos fatídicos de sua miserável vida. Então se colocou em movimento: Estava caminhando ha duas horas.

Kisame, de alguma forma, contraiu uma infecção no ombro machucado e como ele era o responsável Pain ordenou que fosse ajuda-lo. Engraçado, apesar de eles serem nukenins o líder prezava pela boa convivência entre seus membros, apesar de nem sempre dar muito certo. Pensou que se o líder o convocou por sua forma astral, com o jutsu Gentoshin, era porque o negocio era serio. Apresou-se para auxiliar seu companheiro temendo o pior.

Iria de qualquer forma, nunca se perdoaria se algo acontecesse ao homem: Afinal ele salvou-o. Embora Itachi tenha ficado aborrecido com isso, não podia ignorar o fato. Estava estressado, porque sentia que estava se aproximando mais do que era necessário do tubarão. Mas oque podia fazer? O outro estava tentando com tanto afinco se aproximar dele que não estava conseguindo afasta-lo como deveria. Porque maldição eles tinham que se entender tão bem?

▀▄▀▄▀▄ ...Um tempo depois...▀▄▀▄▀▄

Chegou ao parceiro o mais rápido que pode, não fazia muito tempo desde que invadiram Kumo e agora ainda tinha a ANBU de Konoha que estava em alerta por causa deles e seria uma fatalidade se algum desses encontrassem o Hoshigaki antes dele: Não demorou muito para encontrar o espadachim, estava em uma caverna próxima a um riacho.

Quando Itachi chegou ele estava dormindo, ou desmaiado, ele não podia saber qual dos dois. Kisame estava sem a capa da Akatsuki, por isso dava para ver o ferimento. O garoto chegou bem perto e ativou o Sharingan para analisar: Parecia péssimo. A pele estava escura e saia pus pra todo lado, era nojento também.

Fechou a cara. Estava incomodado não com o ferimento do outro, mas sim em como ele estava deixando evidente todas às coisas sobre si. O azul estava certo, ele não era tão indecifrável como gostaria de ser e sentia agora que seu parceiro sabia mais de si doque deveria. Além disso, estava com raiva por saber que o espadachim estava certo: Mesmo que tivesse que mata-lo no futuro, aquilo não estava premeditado desde já, porque ele não tinha motivos para isso. E ele estava certo em alegar que Itachi temia ter que fazer isso no futuro por algum motivo. Ele não queria matar mais alguém que estava tão próximo a ele.

Estava se envolvendo demais. Não gostava disso. Estava ali para ajuda-lo e sabia que isso já significaria muito para ambos. E isso porque nem viajavam juntos, imagina se ele...

‘’Ahh... ... Você chegou, Itachi-San’’ Falou Kisame finalmente despertando de um leve sono, se sentando. ‘’Por que demorou tanto?’’

Fez a cara mais vazia que pode, querendo demonstrar menos possível o quanto a situação o deixava desconfortável e vulnerável. ‘’Eu não demorei. Além disso, como foi que essa ferida infeccionou? Você como ninja não deveria saber um mínimo de cuidados sobre ferimentos?’’

‘’Como você espera que eu saiba sobre ferimentos? Eu não costumo me ferir em minhas batalhas...’’ Falou abrindo um sorriso cheio de dentes pontiagudos.

O moreno só evirou os olhos. ‘’Parece ruim’’ Murmurou observando.

‘’Mas você sabe como proceder, não é?’’

‘’Depende’’

‘’Como assim, depende? Um ninja não deveria saber um pouco sobre cuidados com ferimentos?’’ Repetiu Kisame divertido fazendo o Uchiha olha-lo cético.

‘’Uma ferida esta infeccionada quando esta excessivamente vermelha, ou esta mais vermelha que antes, se a coloração estiver se espalhando a partir do centro, quer dizer que esta infeccionada. Mas sua ferida esta com uma cor muito escura... ’’ Divagou Itachi. ‘’Há quanto tempo esta deste jeito?’’

‘’Sei lá, uns três dias?’’

Tentou demonstra menos afeição e ser o mais analítico possível: ‘’É um tempo muito curto para ter se espalhado tão rapidamente ao ponto de ter evoluído tanto. Você só se machucou há oito dias...’’ Divagou novamente. ‘’Claro que a forma como se trata a ferida influencia muito.’’ Olhava a ferida com atenção. No centro estava negra, depois passava para uma coloração esverdeada, depois amarela, e ai sim vermelha. ‘’A infecção deve estar muito forte, para ter chegado a uma coloração escura dessa forma. Além disso, esta crescendo de tamanho muito rápido. Geralmente uma ferida infectada é quente, inchada e vermelha, talvez possa apresentar coceira, além de emanar pus. Mas a sua esta em um estagio muito avançado. Vamos precisar de um medico! ’’ Chegou à conclusão final.

Kisame suspirou, ele não parecia imaginar que seria tão sério. ‘’Acho que não é preciso, você trouxe antibióticos? Deve ser suficiente.’’

‘’Não há estudos que provem que aplicar antibióticos na pele ajudem com uma infecção como essa.’’

O espadachim suspirou, não tinha jeito eles teriam que procurar alguém... ‘’Conheço uma mulher que vive nas montanhas. Ela é uma ninja medica que desertou. Se você julga tão necessário nós podemos ir lá’’ Disse finalmente.

Itachi assentiu. ‘’Você pode andar?’’

‘’Claro, a infecção é no braço, não nas pernas afinal.’’

O moreno revirou os olhos novamente. ‘’A infecção não é no braço, Kisame, a infecção é no ombro. É perigoso ter uma infecção tão grande próximo das vias respiratórias. Então é bom nos apressar. Você tem certeza que só tem essa mulher? É muito longe e não quero ser interceptado por ninjas inimigos no caminho’’

‘’Olha, Sasori tem seus subordinados, mas acredito que não nos disponibilizaria algum, além disso, ele é um boneco, pra que iria precisar de ninjas médicos ao seu lado? Tem também o Kakuzu, mas esse eu não estou a fim de ver, imagina se ele me retalha todo? Ou decide me exterminar e ficar com meu coração, ou me da um bote e usa minha cabeça pra uma recompensa, o cara é ganancioso, mesmo se ele ajudar vai cobrar o olho da cara, nem seu Sharingan pagaria aquele velho, ou imagina se...’’

‘’Eu já entendi.’’ O Uchiha murmurou azedo. Olhou o outro de soslaio: ‘’Se você sabia dessa mulher, porque precisou eu vir aqui para você chegar à conclusão de que precisava ir até ela?’’

‘’primeiramente, eu não sabia que tava tão ruim. Ah, e como você disse, pode ser que alguém nos encurrale no caminho e seria bom ter alguém comigo. E depois a culpa desse ferimento é em parte sua, então o mínimo que você podia fazer era retribuir o meu zelo pela sua pessoa.’’

‘’Voce não tem zelo nenhum, só estava bisbilhotando minha vida, e depois, eu podia perfeitamente te largar ai, não pedi para arriscar a vida por mim.’’

‘’Mas você não me largou aqui.’’ O outro assegurou com firmeza. ‘’Esse é você. Eu sabia que viria.’’

O Uchiha sempre sentia que falava pouco ao redor de Kisame, mas parecia que sempre que abria a boca revelava mais do que era necessário sobre si mesmo. Às vezes, nem precisava abrir a boca. Maldito homem que o entendia tão bem!

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Demoraram cerca de três horas para chegar até a ninja medica das montanhas. O dia era nublado, mas a temperatura era boa. Lá em cima era mais frio, no entanto.

A ninja era uma velha senhora que os acolheu de bom grado, já estava acostumada a receber forasteiros estranhos. Era seca e direta: Repreendeu-os por terem demorado tanto tempo para procurar ajuda. Itachi não estava a fim de ouvir alguém brigando com ele, afinal aquilo era tudo culpa de Kisame. Mas ele ficou dentro da caverna só para ver o que o parceiro tinha arrumado no ombro, sempre fora curioso e aquilo podia servir para conhecimento futuro.

A velha lhes ajudou. Algumas horas depois a senhora disse que o azul poderia ter perdido o braço, por amputação, se tivesse demorado mais e isso ainda seria uma coisa boa, pois ele poderia ter morrido se não buscasse ajuda.

Pela primeira vez Itachi se surpreendeu: O negocio era bem sério. Por algum motivo sentiu-se mais aliviado em saber que a coisa toda estava controlada e Kisame ficaria bem em questões de semanas. E por outro lado, sentia-se um tolo por estar se deixando afeiçoar tanto pelo abestalhado azul.

Aquele merda tinha razão. Ele imaginou que nunca se aproximaria de alguém de novo e olha ele ali. Claro, ele respeitava o outro, como shinobi. Mas tinha que admitir que não era só isso: Ele tinha que se adaptar aquele mundo e parte disso lhe fazia estar com o espadachim, eles supriam as necessidades um do outro quando necessário, principalmente a necessidade de segurança, e percebeu agora que isso estava sendo importante para sua sobrevivência naquela vida de nukenin, não só em questões físicas como subjetivas também. Veja: O ex Kiri-nin era praticamente a única alma viva com quem ele socializava nos últimos tempos, então tinha um certa importância nesse quesito também.

Claramente a preocupação um com o outro era um tanto reciproca e isso lhe assustava, eles não deveriam se importar um com o outro. Mas tudo que envolvia aquela parceria era fora do comum. Uma prova disso: Eles ficaram lá por dois dias, pois o azul estava fraco e quando ele pudesse sair dali, talvez Itachi ficasse com ele só para garantir. Talvez.

Era absurdo. Não entendia porque estava se deixado importar tanto, mas quem manda nos próprios sentimentos? Ele poderia tentar mentir para si mesmo e alegar que era completamente indiferente ao outro, mas não era isso que ocorria e era mais que obvio para os dois.

Tentou focar no presente e menos em como se sentia com relação aquela estranha camaradagem: Pain não gostaria nada de saber que um de seus membros não estava apto para trabalhar por conta de uma irresponsabilidade sua.

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Foi no inicio do terceiro dia, quando Kisame já estava se sentindo melhor, a mulher deu-lhe os medicamentos necessários e disse que eles podiam ir. ‘’Obrigado.’’ Disse educadamente, prontamente arrumado e apto para sair, afinal a mulher era um tanto gananciosa e o preço por ajuda-los e ainda não entregar seu paradeiro para outros fora alto (Não tanto quanto Kakuzu provavelmente cobraria, mas ainda sim não foi pouco). Além disso, não aguentava mais ficar naquele local, não que fosse ruim, mas ele não queria ficar lá por mais nem um minuto se quer. Aquele cheiro de gente velha, cheiro de medicamentos e ervas, mofo e a própria umidade da caverna lhe irritava.

‘’Ei, espera, Itachi-San.’’ Murmurou. ‘’Eu velha, meu amigo ali esta com um problema, você não podia verificar, já que estamos aqui? Agente paga!’’ O Hoshigaki perguntou a senhora, que disse que sim prontamente quando ouviu falar em mais dinheiro.

‘’Não é preciso.’’

‘’Claro que é. Já estamos aqui Itachi, por que adiar mais?’’

Cerrou os dentes e se aproximou de Kisame para que só ele escutasse. ‘’A vida é minha. Quer parar de se meter? Nem estaríamos aqui se você não fosse um enxerido.’’

‘’Ah, não começa com isso de novo.’’ Suspirou. ‘’Nos ajudamos mutuamente, não dá só para você aceitar isso de uma vez sem ficar em desacordo?’’

O moreno estreitou os olhos, mudou de estratégia. ‘’Às vezes eu canalizo muito chakra através de meus olhos por isso não consigo enxergar muito bem. O Mangekyou trás danos a visão com o tempo, mas para evitar isso basta que eu use com mais cautela.’’

‘’Ótimo, mas ainda prefiro verificar. Pode ser que tenha algo mais sério acontecendo’’  Murmurou. ‘’Você sabe, perder você vai ser um grande transtorno para mim. Líder-Sama vai ter que me enquadrar com outro imbecil e isso seria péssimo porque já me acostumei com a nossa eminente camaradagem mutua.’’

Itachi fechou os olhos pensando. Ultimamente ele estava apresentando sintomas muito estranhos mesmo, ele sabia que estava mal, a questão era, ele realmente queria saber oque era? Pra ele não fazia diferença. Mas, como sempre, sua curiosidade falou mais alto. ‘’Está bem. Mas eu vou logo avisando: Quem procura acha’’

Agora foi a vez de Kisame revirar os olhos. ‘’E você não gostaria de saber se estivesse doente, ou algo assim?’’

‘’Não realmente, não é como se fosse fazer alguma diferença.’’ Falou trincando os dentes. ‘’Não me importo com minha saúde. Eu não tenho mais pelo que lutar, já perdi tudo o que mais prezava na vida’’ Falou enquanto caminhava até o fundo da caverna da velha novamente, dessa vez para ser examinado.

‘’Sempre há algo pelo que lutar nessa vida, acredite em mim’’ Falou o espadachim antes de Itachi se submeter aos testes.

Pensou novamente em sua vida e analisou se Kisame tinha razão ou não. Chegou à conclusão que a resposta era ‘não’, pois ele não tinha mais nenhum apreço pela vida que tinha, não tinha mais nenhum sonho ou meta e ninguém realmente precisava dele. Mas aquela estranha reciprocidade na parceria que tinha com o azul era algo que lhe deixava na expectativa para saber no que aquilo poderia dar futuramente. Talvez o Hoshigaki tivesse razão, talvez ele devesse lidar melhor com o fardo que carregava e devesse aceitar os riscos que viessem a surgir e, assim, se permitir suportar mais um pouco naquela vida.

Estranho como ele sentia que havia uma relação de trocas significativas naquela camaradagem. Maldita reciprocidade.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Beijos, até o próximo capitulo.
Tchau.



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