Você pode negar, pode ficar triste, pode ficar com raiva e pode tentar rogar a alguém lá no céu que tudo de ruim que vive passe de uma vez, mas no fim a aceitação virá. Aceitação é, afinal, ter maturidade para viver com aquilo que não se pode mudar.

Itachi P.O.V (Point Off View)

A luta contra o loiro não durou muito tempo, o Uchiha desafiou o rapaz para uma luta sem volta e se ele perdesse teria que se juntar a Akatsuki, mas se ganhasse poderia fazer o que quiser da própria vida. O garoto era orgulhoso de mais para recusar.

O especialista em explosões de alto nível acreditava que a sua técnica era uma ‘arte’ e que era uma potencia perfeita de destruição, achava que era imbatível. Talvez por isso ele não tenha ficado muito feliz quando o moreno prendeu-o em seu Tsukuyomi antes da realmente luta começar, assim como havia feito com Orochimaru anteriormente.

Deidara não gostou nada daquela luta, não admitia que alguém tivesse uma técnica tão poderosa. Ele queria revanche, queria provar que podia fazer melhor, mas o moreno recusou e disse que o outro havia perdido de forma justa e teria que ir com eles, ou se não seria levado a força.

O bombardeiro claramente não gostou de como Itachi era monótono e indiferente a sua arte e jurou que iria se vingar dele. Mas  de qualquer forma foi com eles, de mal grado, mas foi.

No fim, recrutar aquele menino estranho e esquentadinho não fora tão complicado. Não precisou ficar muito atento no outro, pois o rapaz logo começou a conversar com Sasori sobre arte. Ouviu um pouco, embora parecesse que estavam discutindo, estavam calorosamente brigando: Eles tinham ideias muito distintas sobre arte, o loiro achava que a arte era uma coisa passageira que mudava com o tempo, mas o ruivo pensa que a arte era algo fixo que duraria muito tempo.

Itachi não estava muito interessado no que eles achavam de arte, mas estava agradecido por eles terem começado aquela conversa. Afinal o bombardeiro irritante saiu do pé dele. Para ser sincero, até achou que aqueles dois estavam se dando bem (Apesar da discursão), e isso fez ele lembrar da conversa com o azul: No fim, ter um parceiro que pensava de forma homologa ou similar era consolador.

Ele pensou sobre os vários membros daquela organização e sentia-se grato por estar com o azul afinal das contas. Kisame era fácil de conviver, afinal. O cara de Kirigakure, um dos sete espadachins da Nevoa era forte, gostava de uma boa luta e ainda parecia ser um companheiro leal ao seu grupo. No tempo em que estiveram juntos sabia que ele tinha liberação agua, terra, vento e fogo. Era um ninja Nukenin Rank- S de 24 anos com enorme capacidade e Chakra. Ele aprendeu a ter respeito pelo outro, suas técnicas combinavam e complementavam as suas próprias perfeitamente. E além daquilo tudo, o outra era mais cortes, educado e atencioso do que ele poderia ter imaginado. Quem poderia dizer que o monstro de Kiri era tão afável no fim das contas? (Bem, pelo menos ele era assim com ele! Sabe-se lá por que.).

Olhando pelo lado positivo ele não estava numa dupla com Hidan. O jovem era um cara estranho e desrespeitoso com as regras e ele sabia por experiência própria que o ‘combo zumbi’ (Como Kisame chamava) se odiavam, mas trabalhavam bem juntos. Hidan seria uma péssima companhia para si, estava bem agradecido por não estar fazendo dupla com ele, pois o comportamento do outro beirava a insanidade. E Kakuzu era outro cara estranho também do qual ele provavelmente não gostaria de estar junto, ganancioso e avarento, que pensava apenas em dinheiro acima de tudo.

Bem, tinha Sasori. Não parecia uma má ideia tê-lo como dupla: Um marionetista mestre de 35 anos. Ele era como um imortal, pois tinha transformado-se em um boneco e por isso parecia mais novo. Itachi ficou sabendo que o ruivo também se tornou Genin com sete anos, assim como ele mesmo. Se estivessem juntos teriam uma parceria estritamente profissional. Mas o outro era especialista em ataques a longa distancia e o Uchiha não era muito favorável a realizar ataques corpo a corpo, haveria algum desequilíbrio em suas técnicas se lutassem em conjunto.

E agora tinha Deidara, ex-ninja de Iwagakure, 19 anos: um terrorista bombardeiro, elemento Terra. Itachi não tinha muito o que dizer sobre ele, só que era um garoto imprudente e orgulhoso, barulhento, irritante(...) Sem contar que fogo e terra não era a melhor combinação, e o moreno curtia ser discreto: Com todas aquelas explosões não daria certo.

Dos outros ele não sabia quase nada. Tobi ou Madara (Vai saber), parecia mais um pirulito irritante com idade mental de uma criança de cinco anos. Escondendo sua real personalidade atrás daquela mentira. Ele era um Uchiha também, ajudou-o no massacre. E ele começou a achar que talvez o estranho fosse o homem mascarado que atacou Konoha anos atrás, aquele com quem o Quarto Hokage lutou e se sacrificou. Se seus pensamentos estivessem corretos, Tobi era um cara perigoso e muito esperto. Decidiu ficar de olho nele. Mas tê-lo como dupla parecia ruim, assim como ele devia estar desconfiando do homem, o outro devia estar monitorando-o também.

Zetsu era um mistério, além de ser muito estranho. Konan também era muito discreta e não parecia estar afim de sair do lado de Pain e vice-versa. 

No fim das contas Kisame era sua melhor opção. Mas ainda achava que tinha que se afastar do homem era melhor. Deveria haver alguma explicação plausível para que o azul quisesse passar tanto tempo com ele e ser tão amigável. Talvez passar  informações dele para outros.Assim, era uma boa ideia se afastar dele, e poderia finalmente começar a seguir seu rumo e traçar suas novas metas.

‘’Ei Itachi. Eu já disse que você está muito pensativo hoje?’’ Perguntou o espadachim novamente se fazendo presente.

Itachi olhou-o distraído. ‘’Sim, você já disse’’.

O tubarão parecia meio aborrecido, não sabia se era porque ele não teve uma boa luta com o loiro ou se foi pelo fato de Deidara ter dito que ele não devia ter muita fama com as mulheres pelo fato dele ser azul. De qualquer forma não importava para o Uchiha.

‘’No que esta pensando?’’ O outro se intrometeu na sua vida novamente.

‘’Em nada que te interesse’’ Respondeu friamente, não ligando para o outro.

Kisame ficou meio abalado com a resposta. ‘’O que aconteceu com você? Não parece o mesmo menino de antes. Esta muito mais frio e distante. Que bicho te mordeu, garoto? Por acaso esta passando pela ‘Aborrescencia’?’’ Bufou irritado.

O Uchiha não se deu ao trabalho de responder.

▀▄▀▄▀▄ ...Um tempo depois...▀▄▀▄▀▄

Não demorou muito para que Pain aparecesse em sua forma espectral. Ele ficou satisfeito com o novo recruta, Kisame e ele foram dispensados, mas o lider ficou ainda conversando com o ruivo e com o loiro.

Agora Itachi estava do lado de fora, estavam novamente naquele lugar onde se apresentou como membro da Akatsuki, sentado na beira do deck de madeira observando o mar como fez da primeira vez.

Ele sabia que estava confuso. Gostava de omitir suas emoções e sentimentos, mas ele era só humano e sentia tudo aquilo. Não estava surpreso com isso, só estava desconfortável porque não tinha muito controle do que estava sentindo agora. Estava com tanta raiva de tudo aquilo! Com tanta raiva de estar onde estava e de estar vivendo aquilo...

Finalmente compreendeu que o que estava vivendo era real e que, gostando ou não, teria que encarar aquela situação. E junto a isso estava com uma angústia causada pela incerteza quanto ao próprio futuro e ainda havia todo o sentimento de culpa e ressentimento pelo que fez com sua família. Era angustiante viver com aquele sofrimento e sua ansiedade estava elevada a níveis exorbitantes. 

Não conseguia dormir direito dado ao terror noturno que tinha devido seus pesadelos. Ficava em alerta constante e isso o deixava fadigado e desanimado com a vida que tinha agora. Não comia direito, estava deprimido e só o cheiro de comida lhe fazia ter ânsia de vomito.

Não conseguia deixar de pensar no passado. Imagens em sua mente pareciam repetir o mesmo filme, lento e doloroso até a exaustão: Sua katana descendo e dilacerando qualquer vida, seu clã sendo abatido friamente...

Ficava também recordando conversas que tivera com Shisui, com Sasuke e com outros próximos a si, naqueles momentos em que eles eram felizes. Às vezes ficava pensando nisso como se não houvesse mais nada no mundo em que se pensar, como se isso fosse a única coisa que restasse do que um dia ele foi. Agora estava em frangalhos e restava apenas pedaços de si.

E acima de tudo sentia raiva: Raiva de tudo oque estava vivenciando e experienciando. Sentia muita raiva de tudo oque aconteceu, do que estava acontecendo e também de tudo e todos ao seu redor. Não sabia explicar ou controlar, só sabia sentir. As vezes ficava completamente ameaçador e hostil; e como Kisame era aquele ao seu lado, caia tudo nele, toda a frustração.

Ele resolveu que não fingiria mais que não estava doendo: Doía ainda mais fingir que não doía. Estava sofrendo e não faria bem para si mesmo continuar fingindo que não.

De repente percebeu que não estava sozinho, o espadachim estava bem atrás dele. Itachi não levantou e nem esboçou reação. 

Estar ao lado daquele homem foi bom por um tempo, mas sabia que estava precipitando-se demais com relação aquela parceria. Entendia que todo o interesse do espadachim em estar no seu entorno era por conta de uma verdadeira desconfiança, era nítido. Aqueles Nukenins da Akatsuki deviam estar temerosos quanto a sua entrada na organização e estavam usando Kisame para sonda-lo.

Passou muito tempo perto daquele azul e sentia que tinha deixado transparecer muitas de suas verdades ocultas, mais doque deveria ter se permitido mostrar em tão pouco tempo. compreendia que seu erro era devido a um estado fragilizado que estava enfrentado, ainda era difícil engolir tudo oque aconteceu em seu passado, o sangue de seus familiares ainda estava bem vívido em suas memorias, ainda era muito recente e tudo era muito bagunçado e angustiante para si. Por isso acabou não percebendo as intenções distorcidas do tubarão, que queria só arrancar informações uteis dele.

Estava na hora de acabar com aquela loucura. Estava na hora de ser mais uniforme perante aquela situação toda, aprender a lidar de uma forma melhor e voltar a ser o Shinobi inteligente que sempre foi, aquele prodígio que se perdeu em algum lugar, tinha que reencontra-lo, tinha que aceitar que sua vida era aquela agora: E não podia permitir que Hoshigaki Kisame permanecesse incansavelmente ao seu lado, 24h por dia, tirando vantagem de si e de seus problemas.

Era obvio para si que tudo oque aconteceu em sua vida, aquele massacre horrendo e hediondo, aquilo lhe deixou amargo e em muito sofrimento. Mas não podia continuar deixando isso tão transparente quanto fez em todos esses meses desde que se juntou aquela Organização de Nuvens Vermelhas: estava na hora de se reerguer, de tentar suprimir sua dor, ser mais frio e contido, mais ríspido e severo. Aquela vida de Nukenin exigia aquilo dele, tinha que se adequar.

Tinha que ficar sozinho para por as coisas em ordem em sua cabeça, tinha que tentar achar um equilíbrio. Precisava arranjar uma forma de subsistência mesmo com toda aquela dor e angustia que sentia, queria  uma  forma autônoma e que afirmasse sua independência perante os rumos que traçava: E para isso aquele espadachim precisa ficar longe. Era seu momento, só seu. Seu momento de solidão e retiro.

‘’Então... Já tem sua decisão?’’

‘’Sim’’

‘’Ainda é a mesma?’’

‘’Sim’’ Disse determinado e kisame bufou.

‘’Tem certeza? Você não parece bem, dá pra ver isso, não quer mesmo reconsiderar?’’

‘’Hn’’ Soava como um não. Também não esboçava reação ainda. Nem sequer olhou para o outro.

‘’Bem, você quem sabe! Se é disso que precisa.’’ Kisame falou baixo. ‘’É uma despedida meio triste, já que ficamos bem em sintonia.’’

‘’Isso não é uma despedida Kisame. Não dessa vez. ’’ Estava olhando para a grande lua cheia no céu agora e sentia-se triste e depressivo. A noite estava bonita e estrelada, costumava gostava de estrelas, mas não mais de luas cheias. Afinal, foi em uma assim que assassinou sua família. Olhou para a água do mar que refletia o céu e também parecia estrelado, além disso, o mar estava calmo, e a brisa era fresca. Era pra ser uma boa noite, mas ele sentia que os fantasmas de seu passado iriam lhe atormentar. Não pregaria o olho aquela noite, sabia disso.

‘’Eu sei que não é uma despedida. Mas... Acho que até foi uns tempos interessantes estes que tivemos em conjunto. Mas enfim, se é isso que vai lhe fazer mais calmo e em paz. Até a próxima missão então...’’

‘’Hn’’ Só murmurou.

‘’Ah, já ia me esquecendo. Eu queria te dar algo. ’’ Falou Kisame incerto. O mais novo olhou para ele pelos cantos dos olhos, curioso. ‘’Aqui, tome’’ Disse o espadachim estendendo a mão com um colar na ponta dos dedos.

O Uchiha olhou-o intrigado, mas pegou o colar incerto. Pela primeira vez virou para olhar o outro: esperava uma explicação. ‘’Que isso?’’

‘’Não é nada, apenas vi você observando isso numa vendinha que passamos estes dias e acabei comprando.’’

‘’Por quê?’’

‘’Tava junto com aquelas tranqueiras que prendem sonhos ruins... E como eu não acredito muito nisso, peguei essa coisa aqui. Sei que prendedores de sonhos ruins são diferentes desses. Mas você parecia interessado, então comprei. Não leve pro pessoal, eu não tenho muito com oque gastar mesmo, então não foi um grande problema.’’

Itachi parecia chocado por alguns instantes. ‘’E por que esta me dando? Você podia usar.'' Murmurou.

Ele fez uma careta. ‘’Não gosto de colar, nem de nada em volta do meu pescoço. Você pelo contrario, parecia interessado nele: Então, só fique com isso, esta bem? Se não joguei meu dinheiro fora.’’

‘’Certo.’’ Disse sem jeito.

‘’Até mais ver. Se cuide, Itachi-San.’’ Disse Kisame antes de se virar e começar a caminhar para longe calmamente.

O garoto permaneceu sentado, sua face ainda levemente chocada. Ele observou o azul desaparecer entre a vegetação densa e depois olhou para o colar que ele lhe dera incerto.

Pensava que, se Kisame comprou aquilo para ele, quer dizer que ele se preocupava com os pesadelos constantes de Itachi o suficiente para tentar fazer algo a respeito, mesmo que sutil. Sem contar que ele era um bom observador, com notou o interesse de Itachi no colar? Isso deixou-o abalado.

Ele se perguntava se foi mesmo a melhor opção se livrar de Kisame, talvez tivesse sido precipitado. Mas de certa forma, se sentia aliviado por largar do homem um pouco. Ainda estava angustiado com tudo o que aconteceu em seu passado, queria repensar sua vida, queria refletir, e precisava ficar só para fazer isso.

Além disso, ele mal conhecia o Hoshigaki e nenhum deles estavam naquela organização para serem 'amiguinhos'.

Uma vez ele teve a chance de viver uma vida normal, com uma família, avós, tios, primos, amigos e tudo o que ele tinha direito, mas agora não havia tempo e nem motivação para isso. Além do mais, ele nunca foi de ter amigos e manter laços afetivos. Isso foi até um trunfo, pois quando foi obrigado a tomar a decisão catastrófica de aniquilar seu clã ele não sentiu tanto medo quanto deveria sentir...

...E era melhor continuar assim, até porque sua vida era muito incerta agora, não só a sua, mas as das pessoas a sua volta também. Era melhor ele não se tornar amigo de Kisame, pois seria péssimo: Eles eram Nukenins, se Kisame morresse e ele não pudesse fazer nada a respeito ou pior ainda, se ele tivesse que trai-lo ou mata-lo em breve, era bom não se tonarem tão próximos, não suportaria ter que assassinar outra pessoa que confiasse nele...

Ele já teve pessoas para confiar e para confiar nele de volta, mas ele as traiu: Seu clã. Não queria estar nessa posição outra vez.

E ele já teve um amigo. Era de partir o coração o destino que ele teve: Itachi não queria sofrer de novo. Não queria se afeiçoar a mais ninguém, isso só lhe traria mais dor. E ele estava cansado de sentir dor.

Tinha cinco anos quando conhecera Shisui. Estava treinando para a academia ninja. Ele tinha um pai, uma mãe amorosa, um irmãozinho recém nascido, cujo nome era Sasuke. Ele amava seu irmão.

Os eventos que ocorreram na guerra há alguns anos atrás, quando ele tinha quatro anos, perturbaram-no, mas pode entender que ser Shinobi era lutar pelo o que era certo.

Entendia que existia uma certa resistência das pessoas contra seu clã na vila, pois eles temiam-nos. Queria ser o primeiro Hokage do clã Uchiha e provar para todos que ser Uchiha não definia o que ele era, o que definia o que era só podia ser seu caráter e ações.

Seu primo queria ser seu subordinado direto, assim eles poderiam proteger a vila e quem amavam provando ao resto de Konoha que dois Uchihas podiam ter vontade do fogo.

Trincou os dentes: Como eles eram bestas, ele e Shisui! Idiotas tolos e infantis por crer que os sonhos ajudariam a trilhar o caminho para que um dia eles se tornassem reais.

As lembranças de seu amigo Shisui ecoavam na mente te Itachi. E ele começou a chorar quando lembrou dos planos que tinham e como suas vidas mudaram tragicamente, ele se lembrava o quanto era ingênuo e seus planos tolos, mas a verdade é que a vida era cruel, e um dia você acaba percebendo isso.

Não! Ele não queria ser amigo de Kisame. Ele não iria ser tolo e ingênuo novamente. Ele não queria sonhar para depois dar de cara no chão com a dura realidade, e acima de tudo, ele não queria sofrer mais do que já estava sofrendo.

Olhou para o colar que Kisame lhe deu. Aquilo era uma mentira, o espadachim não podia realmente se importar com ele. Não havia motivos para tal coisa. Ele levantou no deck, estava bem na pontinha.

Segurou o colar de forma que era bem claro que ele iria arremessa-lo longe, para se perder nas profundezas do mar. Ficou parado, sem coragem de arremessa-lo de verdade.

Lagrimas ainda escorriam pelo seu rosto e ele teve a impressão que a noite hoje seria terrível. Talvez fosse uma boa ideia manter o colar, pelo menos por aquela noite, ele pensava. Um colar que prende sonhos ruins pode ser útil, afinal. Bufou levemente e colocou-o no pescoço. No fundo só queria que aquele tormento passasse...

▀▄▀▄▀▄ ...Dois anos depois...▀▄▀▄▀▄

Estava olhando a agua do rio fluir, mas ele não estava realmente prestando atenção: Perdido em pensamentos e preocupações, era assim que estava. As coisas pareciam mais calmas anos depois, mas ele ainda se sentia meio perdido com a situação toda.

A dor não diminuiu com o tempo. E não foi apenas isso...

Ele tocou levemente o colar que Kisame lhe deu anos antes. Não havia funcionado como um apanhador de sonhos ruins, embora ele se manteve com ele por um motivo: As três rodas lembravam a representação do Sharingan, além disso, simbolizavam também a família que ele perdeu: pai, mãe e irmão (Fosse Shisui ou Sasuke).

Era muito estranho: Ele não esperava que ficar longe de Kisame lhe causaria mais tormenta. Não tinha percebido o quanto ansiava por atenção, o quanto precisava de alguém para lhe fazer companhia e livrar sua mente de pensamentos angustiantes. Mas não voltaria atrás em sua decisão, imaginava. No final ele era tão orgulhoso quanto o resto de seu clã, não daria o braço a torcer.

Depois percebeu uma coisa importante, os eventos da luta contra Orochimaru lhe fizeram abrir os olhos: Sasuke não estava tão protegido como ele pensava, se aquela cobra não conseguiu ficar com ele, logo iria descobrir sobre seu irmãozinho e quando descobrisse não mediria esforções para pega-lo. Seu otouto não tinha poder suficiente para se defender ainda, Itachi teria que ficar de olho.

No fim das contas, depois de se livrar do azul, espaireceu e refletiu e tratou de enviar uma mensagem a Konoha, para o Hokage: O velho homem lhe prometeu que iria proteger seu irmãozinho, não só de Danzou, mas como de qualquer um que tentasse machuca-lo. Além disso, Hiruzen Sarutobi deixou um espaço vulnerável na vila de proposito para que assim ele pudesse observar seu irmão de longe.

O velho disse lamentar pelo o que ocorreu e parecia com remorso, mas o Uchiha não queria saber muito de suas lamentações ou qualquer coisa assim. Também lhe disse que o Uchiha mais novo estava determinado a vingar seu clã matando ele, mas que todos estavam tentando reverter esse comportamento. Confessou-lhe que Danzou tentou lhe convencer a matar o garotinho Uchiha, pois disse que se algum dia descobrisse a verdade sobre o massacre, todo o ódio que tinha pelo irmão mais velho iria se voltar contra Konoha. Mas ele discordou da ideia de imediato e disse que se alguém tocasse em Sasuke, seria responsabilizado e retirado do conselho da vila.

O terceiro também lhe disse estar mais aliviado ao saber que ele, Uchiha Itachi, não sucumbiu ao lado da escuridão. Acabou que passou as informações que sabia sobre a organização, poucas, ainda sim o velho agradeceu. Não se sentia feliz com isso. O fato é que ele estava agindo como um espião duplo novamente. Novamente ele estaria favorecendo alguém e traindo outros...

Além disso, seu irmãozinho, que outrora o amava incondicionalmente e o admirava, agora tinha um ódio tremendo dele: Ele não desistiria até matar o responsável pelo massacre de seu clã.

De certa maneira o Uchiha, agora com 15 anos, estava dividido em emoções: Ele sabia que o ódio de Sasuke seria útil, pois assim o garoto teria que treinar o suficiente para derrotar o irmão mais velho e isso queria dizer que ele ficaria forte, mas isso também significava que iria viver uma vida sofrida e lamentável por causa do ódio...

...Além disso, Itachi não imaginou que fosse tão ruim ser odiado por alguém, mas esse alguém era seu irmão mais novo e isso lhe doía tremendamente. Já não bastasse o que ele teve que fazer, agora ainda tinha isso.

Estava se corroendo por dentro: Pensava que talvez fosse melhor ter matado Sasuke e poupado o garoto de tanta dor. Mas se ele não teve coragem antes, quem dirá agora. E ele tinha prometido a seus pais que o protegeria sempre.

Ele suspirou e resolveu parar de pensar naquilo tudo. Lembrou-se do agora: Nos últimos dois anos Kisame e ele completaram o maior numero de missões na Akatsuki e a fama deles começou a se espalhar: Assassinatos, torturas, escoltas, infiltração, espionagem, acerto de contas em nome de alguém Etc(...)

Eles eram imbatíveis, a dupla perfeita com certeza! O garoto não se importava com as missões que fazia ou as pessoas que prejudicava, afinal, não era tão diferente do que ele fazia na ANBU de Konoha.

Kisame com certeza adorava lutar, parecia sentir-se desafiado. Para o moreno eram só missões, para o azul eram desafios. Tanto faz o nome que davam e em nome de quem lutavam. Era tudo a mesma coisa no fim das contas!

Pegou o cantil de agua e foi enchê-lo. Afinal era para isso que ele estava ali. Ele estava em uma missão secreta para Konoha: Sozinho, e só o Hokage sabia disso. Enfim, ele só pensou que seria bom ocupar a cabeça com missões, fosse pra Konoha ou fosse pra Akatsuki.

Até algum tempo atrás ele rogou aos céus que fizesse aquilo parar, que tudo voltasse a ser como era antes. Ele barganhou o tanto que pode com Kami-Sama, mas ninguém iria ouvi-lo...

No fim teve que aceitar: Aquela era sua vida!