A Resposta vem dos Céus escrita por JustMe


Capítulo 2
Um




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Londres, 1985

Talvez fosse apenas coincidência. Mas foi incrível como tudo acontecera. Os Ryan haviam acabado de comprar uma casa magnífica, num bairro nobre de Londres. Era uma verdadeira mansão branca e majestosa, incluindo uma casa nos fundos, para os criados – que se resumiam em Roger e Clarissa Robston –, um extenso pomar, e jardins invejáveis. Os Robston eram casados há quase cinco anos. No início, só Roger trabalhava para os Ryan, como caseiro, mas três anos depois se casara com Clarissa, uma mulher latina muito simpática. Como eram muito pobres, os Ryan deixaram que ela trabalhasse na casa, como empregada. Com o tempo, passara a ser governanta, mostrando-se fiel e confiável aos Ryan.

Os Robston eram pessoas bem agradáveis. O Sr. Ryan, que conhecia Roger há muito tempo, tratava-os como bons amigos, e sempre dava um jeito de ajudá-los, além de suas obrigações. Uma vez, comprou-lhes uma geladeira, e um sofá-cama. E agora que compraram aquele casarão, os Ryan fizeram questão de tirá-los do bairro pobre em que viviam e colocá-los na casa dos fundos, que por sinal era bem melhor do que a cabana na qual eles viviam antes.

Semanas depois, naquele mesmo inverno de 1985, Clarissa anunciou sua gravidez aos patrões. Fizera isso meio temerosa. Não queria ficar desempregada. Dissera isso ao Sr. e Sra. Ryan, quando foi falar-lhes.

– Tem certeza que isto não vai atrapalhar sua gravidez? – perguntou Elena Ryan, fitando Clarissa nos olhos. Era possível notar que ela realmente queria continuar servindo-os durante a gravidez, só de olhar em seus olhos.

Clarissa assentiu, mordendo o lábio.

– Tenho sim, senhora.

– Pense bem, Clarissa. Podemos dar-lhe uma folga... – começara Hugh Ryan, ajeitando os óculos.

– Não vão me demitir, vão?

– É claro que não, Clarissa! Aliás, estamos a sua disposição. No que precisar, é só falar comigo ou com Elena. Nós ajudaremos. Só queremos ter certeza de que você e seu filho estarão bem.

Clarissa suspirou de alívio. Como aquele casal era gentil!

Elena então sorriu com vivacidade, estendendo as mãos para a governanta.

– Mas e então, Clarissa... É menino ou menina?

A mulher segurou as mãos da outra, tentando conter parte da felicidade que sentia.

– Não sabemos ainda. De qualquer forma, acho que é menino. Eu sinto isso, sabe? Se for mesmo menino, se chamará Prince.

O Sr. e a Sra. Ryan se entreolharam, contagiados pela felicidade de Clarissa.

– É um belo nome – comentou Hugh. – Roger está feliz com a noticia?

Clarissa riu, assentindo.

– Ele está tão empolgado! Conversa com o bebê toda noite, depois que fiz o exame... Acho que é coisa de pai de primeira viagem. Ele só estava um pouco preocupado com o que vocês fariam quando soubessem.

– Quanto a isso, não se preocupe – disse Elena, ganhando apoio do marido, que assentiu. – Vocês e o bebê terão toda a comodidade que pudermos oferecer. Afinal, essa casa precisa mesmo da alegria de uma criança.

– Obrigada!

Meses depois, Elena Ryan acordara enjoada em uma manhã tranquila de março. No inicio, pensara que fosse apenas alguma virose. Não se importou muito. Foi ao médico fazer alguns exames e pegar receitas de remédio. Por insistência do seu médico, Andrew Carver, fizera um teste de gravidez. Mas achava que o fato de estar grávida fosse improvável, pois tomava anticoncepcionais.

Quando foi receber o resultado do exame, Elena descobrira que estava realmente grávida. Á primeira vista, ficou muito assustada. Clarissa estar grávida era uma coisa. Ela, Elena Ryan grávida, era outra. Mas, em seguida, o que houve fora pura alegria.

Alguns meses depois nasceram Prince Robston e Caleb Ryan. Prince, o filho dos empregados de uma família rica, e Caleb, o bebê que nascera num berço de ouro.

Desde o início, os Ryan permitiram que seu filho se relacionasse bem com o filho dos Robston. Dividiam o mesmo chiqueirinho, e deixavam-nos discutir em sílabas incompreensíveis... Acreditavam que seria bem melhor para ambos que crescessem como dois grandes amigos, do que como “o patrãozinho” e “o filho dos criados”.

De qualquer forma, a diferença física entre eles era enorme. Prince era uma criança morena, de cabelos e olhos intensamente negros. Era bem mais forte que Caleb – o menino pálido, de cabelos claros e olhos grandes, de tom azul glacial. Apesar disso, os dois meninos se adoravam.

Desde as primeiras palavras aos seus primeiros anos de vida, Prince era como um mestre para Caleb. Em tudo que ele fazia, Caleb o seguia. Foi só Prince começar a andar, que Caleb veio logo em seguida. E assim foi com as primeiras palavras, e outras tantas coisas.

As duas crianças estavam sempre brincando e rindo juntas, enchendo a casa dos Ryan e Robston de alegria. Se fosse isso que queriam, naquela época, conseguiram em dobro.


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