Mudando de vida escrita por Pollux


Capítulo 3
I see fire




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"Oh, should my people fall, then surely I'll do the same"

(Oh, se meu povo cair, certamente eu vou fazer o mesmo)

Era o dia de voltar à escola. E eu não estava preparado. Veja bem, eu era popular na escola. Tinha a namorada mais gata, os amigos mais descolados, era convidado para as festas mais top's e tinha ma cambada de nerds sustentando minha nota lá no alto. Mas acredite em mim, quando uma coisa muda sua vida é difícil até pensar em voltar pra coisa antiga novamente. Você quer um pouco de normalidade, voltar à rotina mas sabe que isso não vai acontecer.

Pois bem, cheguei na escola e começou a mesma coisa que eu vi quando estava no enterro: olhos carregados de pena. Nunca gostei dessa droga. quebrei a perna uma vez jogando futebol, e enquanto sentava no banco vendo a galera jogar eles me davam esse olhar. Só que como eu perdi meu pai, esse olhar é muito mais intensificado. Quer saber? Fodam-se todos eles.

Passei direto sem olhar para nenhum deles, e fui direto pra sala. Sentei no fundo como sempre e esperei pela minha galera. A mesma que foi no enterro do meu pai e não aguentaram ficar nem 10 minutos. As pessoas iam entrando na sala e os olhos convergiam diretamente para mim.

Deitei a cabeça na mesa e só a levantei quando senti uma mão nas minhas costas, e ao levantar a cabeça, uma menina baixinha estava me oferecendo um sorriso de canto de boca, me estendendo um pedaço de papel. Foi só eu estender a mão para pegar o papel, meio confuso, que ela se sentou na parta da frente da sala e minha galera entrou.

– Quem era aquela, baby ?- Ana Clara me perguntou, se sentando na cadeira do meu lado.

– Não sei.

O papel estava apertado em minha mão, e eu não tinha a menor intenção de olhar, provavelmente era uma admiradora. Não me olhe assim. Eu era um babaca mesmo. As meninas caíam em cima de mim até eu ficar com Ana Clara. Para mim essa era só mais uma. Então eu dei de ombros e joguei o papel dentro da bolsa.

A aula passou do jeito de sempre: devagar. Quando estávamos saindo para o refeitório, a professora, senhora Darcy, 50 anos me impediu.

– Dominic, posso ter uma palavrinha com você.

Meu pessoal me olhou como se esperasse instruções, e eu de de ombros e disse que alcançava eles depois.

– Dominic, eu só queria dizer que sinto muito pelo que aconteceu e que qualquer coisa que você precisar, você pode me dizer, tudo bem? - Lá estava o olhar de pena de novo - E eu passei um trabalho enquanto você não estava aqui mas que vale 40% da nota. Desse modo você deverá fazer e me entregar em até duas semanas. O trabalho é em dupla, e só uma pessoa ficou sem dupla, que foi a Alice Simmons, eu já conversei com ela e ela concordou em fazer dupla contigo se você não quiser fazer sozinho. Acredito que vai ser um pouco difícil se acertar com ela, mas acredito em você. É isso.

Dando de ombros, saí da sala e me dirigi até o refeitório pensando. Alice Simmons? Nunca ouvi falar dela. Deve ser alguma aluna nova. Ana Clara não vai gostar nem um pouco, mas pensando de outra forma, por que ela não disse que iria fazer o trabalho comigo?

Chegando no refeitório, olho pra minha mesa de sempre e vejo minha galera. Deixa eu explicar quem são. A única menina é Ana Clara e a conquista da vez de Mateus. Daí tem o Rafael, que eu já falei dele: muitos músculos e pouco cérebro. Assim como Ana, loiro dos olhos azuis. Além deles dois tinha também os gêmeos, Mateus e Marcos. Dois caras que também estavam na equipe de futebol da escola. Fortões, cabelos castanhos, olhos escuros. Iguaizinhos fisicamente, mas com personalidades totalmente diferentes. Mateus tinha orgulho de ser popular e ficar com todas as meninas da escola ( E a ruiva praticamente no colo dele que concordasse com isso) , já Marcos sempre foi calado na dele. E Mike, que eu já mencionei mas não falei dele. Mike é meu melhor amigo desde a infância, porque minha mãe conheceu e estudou coma dele na escola. Negro, de cabelo raspado estilo militar e de aparência simples, ele nunca foi de se exibir para ninguém como eu fazia. O cara mais gente boa que eu poderia conhecer.

Rafael e Ana Clara estavam separados da mesa e parecendo discutir. Franzi a testa pensando em que assunto eles poderiam estar falando já que Ana Clara estava vermelha e batendo o dedo no peito de Rafael. Ao chegar lá perto, eles se separam e ela se senta bufando no banco.

– O que foi? O que estavam discutindo? - pergunto me sentando ao lado dela e jogando a mochila em cima da mesa.

– Nada. Rafa pode ser bem idiota às vezes.

"Rafa"?

– Certo... qual é que é a parada do trabalho Ana Clara? Por que você não falou que iria fazer comigo?

Ela olhou para mim sem jeito.

– Rafael já tinha pedido para fazer comigo já que os gêmeos fariam juntos. E como eu não sabia que você precisaria fazer o trabalho, eu aceitei. Me desculpa, baby. Se quiser eu peço para trocar de dupla.

– Deixa pra lá.

Dei de ombros. Pensei em perguntar se ela conhecia a tal de Alice, mas decidi ficar quieto já que ao olhar no rosto dela percebi que ela fuzilava Rafael do outro lado da mesa. E eu não estava gostando nem um pouco disso.

– Vou sair mais cedo. Vou visitar minha mãe. - Anunciei me levantando.

– Quer que eu vá com você Nic?

– Não. Valeu. A gente se vê amanhã.

Fui pro meu Jeep e joguei de qualquer jeito a mochila no banco de trás que se abriu toda, derrubando tudo que tinha dentro.

– Caralho.

Me curvei para pegar as coisas e o papel da menina chamou minha atenção. Não custava nada rir um pouco ao ler o quando ela estava afim de mim. Mas ao abrir o papel, o que estava escrito numa caligrafia cuidadosa mudou meus planos:

"Dominic,

Creio que a professora já tenha falado com você do trabalho. Caso não, ou você faz sozinho ou você fará dupla comigo. Não vou aceitar fazer sozinha e só colocar o seu nome já que tem que pesquisar pra caramba. Amanhã às 15 horas estarei na biblioteca para começar. Apareça por lá se decidir que quer fazer em dupla.

Alice Simmons

P.S.: À propósito, sinto muito pelo seu pai. "

Devo te contar caro amigo leitor, que nenhuma risada escapou da minha boca.


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