Cisne Negro escrita por Gerome Séchan


Capítulo 1
A Canção do Fiador


Notas iniciais do capítulo

Numa noite, Rumplestilskin recebe a visita de um cisne com um desejo que promete trazer sua destruição.
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Personagens
Dark Emma | Rumplestilskin
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Minha primeira fic de OUAT. Espero que gostem!



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Nas catacumbas de um castelo antigo, enquanto manipulava muito calmamente sua roda de fiar, um homem solitário de silhueta magra – se é que ainda se podia chamar de homem um ser consumido por longos e longos anos pela ação das trevas – contava uma história em forma de canção, cantarolando bem baixinho. Despreocupado, ele desafinava algumas notas, sabendo que ninguém exceto por ele iria escutar sua estranha melodia. Pois a canção contava a peculiar história de um cisne branco que havia sido corrompido e se tornado negro:

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There was once a white swan

In a village far away from here

She was the hero who would come

And fulfill the prophecy

.

When time once stood still

With her presence, the clock ticked again

Once forsaken, the hope for happy endings

Was no longer in vain

.

But fear took hold of her heart

And darkness flooded in

What was once pure now became

Filled with malice, hatred and sin

.

For nothing makes you go quite insane

Like the fear of losing the ones your hold dear

For t’was such fear that turned the white swan

Into a monster who delights in others’ pain

.

Who can now tell me whose name

Has replaced mine in the dagger?

What hero will stand up to evil?

Whose hand shall be the one to stab her?

.

Um riso cheio de malícia ecoou pelas catacumbas e o fiador interrompeu seu trabalho. O monstro havia chegado.

— Ao contrário de você, eu escondi minha adaga muito bem...

A mulher se aproximou das barras da cela e seu rosto se tornou reconhecível graças a um facho de luz.

— ... Rumplestilskin. – ela pronunciou seu nome com impecável perfeição.

O fiador abriu um sorriso sardônico em resposta, e seus dentes amarelos e falhos surgiram por detrás de seus lábios.

— Eu pensei que você tivesse se esquecido de mim, Ó Rainha das Trevas. – ele respondeu a saudação, fingindo ter saudades dela.

Sua visitante fez uma careta de dúvida e desgosto.

— Não sei se gosto desse título. Regina era a Rainha Má. Não quero nada que me compare a ela.

Rumple se levantou e começou a caminhar em sua cela, gesticulando enquanto repetia uma longa lista de títulos, um mais pomposo e sombrio do que o outro.

— Imperadora das Trevas, Encarnação do Ódio, Ruína da Humanidade, A Treva Suprema, A Calamidade Final...

— Está bem, chega. – ela interrompeu, achando que aquilo já estava ficando ridículo – Eu não vim aqui para ouvir você me bajular.

— Então como posso servi-la, Ó Rainha das Rainhas? - ele disse, fazendo uma mesura polida, curvando-se quase até o chão.

Ela aproximou seu rosto das barras, encarando o homem com olhar intenso.

— Você tem uma coisa que eu desejo...

— Imagino que não seja meu senso de humor. – ele retrucou.

A mulher apenas o encarou de volta sem dizer nada. Ele sabia muito bem por que ela tinha vindo.

— Ah. Sim. De que adianta ser As Trevas Encarnada se você não tem uma habilidade fundamental? Uma que, digamos, lhe garanta vantagem absoluta sobre seus inimigos? Uma que faça todas as suas ambições triunfarem, não importa quais obstáculos o destino ponha em seu caminho?

Um sorriso se abriu no canto de seus lábios, vermelhos como o sangue.

—Você me entende muito bem. –ela o elogiou.

— É claro que entendo. Eu quis esse poder pelas mesmas razões.

Ela inclinou a cabeça para o lado com expressão de falsa ingenuidade.

— O que quer dizer?

Rumple pareceu hesitar.

— Eu pensei que você quisesse o poder para salvar seu namoradinho. O pirata. Ainda lembra-se dele?

Por uma fração de segundo, uma centelha de dúvida surgiu nos olhos dela. Mas tão rápido quanto ela veio, ela se foi, sendo substituída pela reconfortante certeza que as trevas lhe davam.

— Hook é uma página virada do meu passado. Regina pode mantê-lo como refém pelo tempo que quiser. Eu não me importo. Não há lugar reservado ao lado do meu trono. Além disso, ele ficaria em meu caminho. Não há lugar para romance na minha nova vida. Ainda há muito que precisa ser feito. Planos a serem executados, inimigos a serem eliminados... você sabe. Você foi o Senhor das Trevas. - ela concluiu.

Mas a frieza dela não convencia o gnomo. Ele sabia o que era ser o Senhor das Trevas. Não importava o quanto a escuridão preenchesse cada fibra de seu ser com desejos negros e ambições pérfidas; seu amor por Baelfire, a única coisa que preservou sua sanidade naquele período louco de sua vida, nunca foi corrompido pelo poder sombrio.

Em todo caso, Rumple parecia desapontado.

— Eu preferia você quando você ainda era apenas aquela loira enxerida. Agora você se tornou, não sei... chata. Sem graça. Previsível. Poder por poder... todo vilão quer sempre a mesma droga. Qual a graça nisso? Não sei se as trevas lhe caem bem, querida. Tem certeza de que quer isso mesmo?

A mulher projetou seu poder contra as barras, fazendo-as sacudir uma vez com força. Um brilho perigoso cintilava em seu olhar assassino.

— Eu estou avisando, gnomo, eu não tenho paciência para brincadeiras!

Rumple deu uma risadinha incômoda, daquelas que o faziam parecer menos humano aos olhos de uma pessoa normal.

— E quem está de brincadeira? Se você acha que eu vou deixar você chegar perto de mim, você está... bem, de brincadeira. –ele concluiu com outro sorriso.

A mulher finalmente perdeu a paciência e desfez a proteção mágica da cela. Mas as barras eram impossíveis de quebrar. Ela então esticou seu braço como se fosse um elástico e tentou agarrá-lo de tudo quanto era maneira.

Rumple dava pulinhos para os lados, tentando se evadir das garras dela como se estivesse se divertindo às suas custas até que sua mão se fechou sobre seu braço e ele foi puxado com força, chocando-se com violência contra as barras.

— Agora, me dê o que eu quero!

Ela prendeu sua cabeça entre as mãos e lançou um feitiço, tentando sugar seus poderes...mas a imagem do gnomo se desvaneceu em pleno ar.

Ele ressurgiu em pé dentro da cela, a vários metros de distância e de braços cruzados, fitando-a com expressão de reprovação.

— Tsc, tsc, tsc. Você realmente acha que eu, o ex-Senhor das Trevas, cairia num truque básico desses?

A mulher o encarava de volta incrédula. Aquele não era o gnomo real. Somente uma imagem projetada com um sofisticado feitiço.

— Como é possível? Que truque é esse? O que você fez? –ela gritou.

— Ora, é muito simples, querida. Eu simplesmente vi você no futuro invadindo minha casa e usando um feitiço que eu reconheceria em qualquer lugar para me transportar a esta cela imunda. Lógico que me antecipei às suas pérfidas intenções e tomei providências. – ele esclareceu com uma risadinha satisfeita.

Os lábios dela tremiam de raiva. Não havia como roubar sua habilidade. Enquanto Rumplestilskin pudesse ver o futuro e ela, não, ela jamais teria vantagem sobre ele.

— Se você quer ver o futuro, terá de usar uma bola de cristal! Ah, me lembrei! Acho que Regina ainda tem uma. Só não sei se ela estará a fim de te emprestar!

Sua raiva havia ultrapassado os limites de toda razão e ela gritava com toda força de seus pulmões contra aquela criatura odiosa.

— Seu miserável, filho da mãe, desgraçado! EU TE ODEIO! VOCÊ OUVIU? EU TE ODEIO, RUMPLESTILSKIN! MALDITO SEJA SEU NOME! EU VOU TE ENCONTRAR! EU VOU TE ENCONTRAR E VOU DESTRUIR O QUE VOCÊ MAIS AMA NO MUNDO! EU VOU MATAR BELLE E DEPOIS VOU MATAR VOCÊ! ESTÁ OUVINDO?

O gnomo se afastava cada vez mais da figura da mulher, que se agitava contra as barras da cela, vociferando maldições acompanhadas de seu nome.

— Eu tomaria cuidado com as minhas ameaças, querida. Você nunca sabe se o seu inimigo tem um ás na manga. – ele disse, retirando uma certa adaga de lâmina torta da manga da camisa, contendo o nome dela inscrito em seu comprimento.

A mulher repetia ofegante que não era possível, atormentada pela visão do gnomo possuindo a adaga que ela protegera com a pior das maldições...

Com um aceno de mão que simbolizava um adeus, ele caminhava passo após passo para trás em direção à parede de rocha maciça.

— Au revoir, querida, e espero que eu NUNCA te veja novamente...

Sua imagem ostentava de volta aquele eterno sorriso debochado que nunca deixava seus lábios. Tal qual uma ilusão de ótica, o gnomo desapareceu em meio à rocha meros segundos após pronunciar o nome de sua nova rival:

— ... Emma Swan.


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Notas finais do capítulo

O poema foi escrito por mim especialmente para essa pequena one shot. Rumple costuma brincar com as palavras e fazer poesia, como no episódio em que os heróis procuram sua ajuda para derrotar Zelena. Caso algum leitor deseje que eu faça a tradução, basta pedir nos comentários. ♥



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