Mentir assim é uma droga! escrita por Andie Jacksonn


Capítulo 4
I’m holding every breath for you


Notas iniciais do capítulo

Gente!! Voltei, e decidi deixar a quarta-feira como o dia oficial de postar "Mentir assim é uma droga", beleza??
Esse cap super especial tem mais de sete mil palavras, e o motivo de tantas páginas é a festa de aniversário do Scorp. Muita coisa vai acontecer, e não tive coragem de dividir o capítulo.
Boa leitura.



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He stands there, then walks away
Ele fica lá, depois vai embora.

 

A Lils me acordou, e parecia que eu havia fechado os olhos por apenas alguns minutos. Quero dormir mais.

— Levanta logo, Rose – mandou Dominique, quase gritando no meu ouvido. – Não vou chamar de novo.

Sussurrei para a Lily:

— Fico com dó dos futuros filhos dela. Ou dos futuros subordinados.

Ela riu e deu uma volta para eu ver a roupa. Ela está usando uma bota de salto, marrom, e uma saia preta rodada, uma blusinha branca justa e com mangas bufantes. Um colete marrom de couro, delineando as curvas da minha prima de apenas 15 anos. Os olhos dela estão delineados e esfumaçados. O cabelo dela está solto e liso, como sempre, mas ela está usando um lenço vermelho e um chapéu na cabeça. Maravilhosa, mas eu gosto de ser estraga-prazeres:

— Eu acho que os piratas trouxas não se vestiam assim, não. E ficavam meses sem banho.

Ela fingiu uma risada.

— Como você é hilária, priminha...

— Eu estou falando sério, Lily.

— Deixa de ser chata, querida – falou Dominique, – e vai se vestir.

A minha prima loira parece que saiu de um anime japonês. Ela é uma maid no sentido mais literal da palavra. Ela prendeu parte o cabelo, deixando os cachos, que ela fez, caírem, porque o cabelo dela é lisíssimo.

Eu peguei a ex-calça do James e a blusa branca e vesti. Coloquei a gravata, vermelha cor de sangue e vesti o colete, cinza como o short e o blazer. Todas as peças foram diminuídas pela Dominique. Depois eu me sentei em uma cadeira, de costas para o espelho e a meninas começaram a tal “transformação”.

Ninguém merece.

Nossa, eu tenho certeza que já são mais de 22:00, ainda bem que o Al não estava contando comigo porque a festa obviamente já começou e ainda estou aqui. A Dominique falou:

— Bom, Rose, terminamos. Agora você está linda para o aniversariante. O Scorpius vai adorar.

Eu me levantei rapidamente sem olhar para o espelho e me virei para a Lily nervosa:

— Eu não acredito que você contou para ela!

— Mas eu não disse nada – retrucou a minha prima mais nova e eu quase não acredito, mas a Nick me virou para ela e disse:

— Eu só disse que o loiro ia gostar porque o Al disse que nós, as meninas, deveríamos nos arrumar para ele, lembra? O que é bem retardado, porque temos que ficar lindas para nós mesmas. Então eu estava brincando, mas agora não estou mais. Desembucha, Rose, você está a fim do sonserino?

O silêncio que me denunciou porque eu travei. Logo nesse momento que eu estava escondendo tão bem.

— Droga! Daqui a pouco a escola inteira vai saber menos o Malfoy – reclamei.

— Então por que você não conta para ele, gata? Você sempre fez o tipo que não liga para quem deve tomar o primeiro passo mesmo. E todo mundo sabe que você não liga para a opinião pública, se não, não se vestiria tão mal.

— Obrigada, Nick – ironizei.

— De nada – respondeu ela sorrindo. – É sério, Rose. O cara te adora, se bobear ele até gosta de você também.

A Lils concordou, mas eu retruquei.

— Olha, eu até posso não ser expert no assunto relacionamento...

— Mas você é boa com figuras de linguagem, porque a sua última sentença foi o eufemismo da década – interrompeu Nick.

Eu nem respondi, só continuei:

— O que eu queria dizer é que presto tanta atenção no loiro, dane-se, admito, então eu teria notado a diferença se ele me tratasse de uma maneira especial, às vezes ele acha que eu sou o Albus.

— Isso é porque você age só como amiga, e agora você não pode culpá-lo – falou Dominique e dessa vez eu quase concordei com ela. Mas é triste, então como ela pôde dizer isso? Humph!

— Rose, você não vai se olhar no espelho, não? – perguntou Lily, acho que para mudar de assunto.

Antes de me virar para o espelho, dei mais olhada nas minhas primas. E a Dominique tinha razão, os colegas do James vão morrer para ficar com elas.

Eu me virei, não para o espelho da penteadeira, mas para aquele de corpo todo que as meninas colocaram aqui no quarto ano passado. Eu não me reconheci inicialmente, sério.

A bota de couro preta vai acima do meu joelho, eu obviamente estou mais alta, devo estar da altura do Scorp, legal. Essa roupa está toda ajustada nas partes certas, e o meu cabelo nunca pareceu tão vermelho, mesmo com o chapéu jogado de lado, cobrindo-o. A Lils passou um blush clarinho, mas não é como se eu precisasse usar maquiagem para ficar com as bochechas vermelhas. A sombra esfumaçada deu mesmo um destaque aos olhos castanhos que eu herdei da minha mãe. O coque mal feito que a Lils fez ficou perfeito, e me deu um ar totalmente...

— Você está maravilhosa. Se eu já não estivesse comprometido com a Alice, eu dava em cima de você hoje à noite – comentou James, encostado no umbral da porta, como um galã de filme americano para adolescentes.

— Esse meu primo não é lindo, gente? – falei sorrindo para ele – Cara, nunca vi um jogador do United tão bonito.

Lily fez gestos como se estivesse vomitando, e a Nick revirou os olhos, dizendo:

— Que exagero.

— Você é a única que gosta de mim por aqui, Rose – falou Jay fazendo drama e entrando no quarto. Ele parou em frente a Lils e a analisou de cima a baixo e disse: – Você não acha que essa saia está um pouco curta, maninha? Mas só um pouquinho de nada?

Lily revirou os olhos, virou-se para a penteadeira e passou um batom vermelho.

— Como você entrou aqui, James? Não dá para passar pelas escadas – perguntou Nick.

— Até parece que um feitiço simples como aquele consegue me segurar, querida prima. A verdade é que eu queria acompanhar a Alice, mas ela já foi.

— Você queria é pegar a Longbottom em um momento constrangedor, em que visse mais do que deveria – acusou Dominique e eu acho muito injusto, entretanto eu nem falei nada porque o James contrapôs:

— Que tipo de homem você acha que eu sou, cara pálida? Você acha que Alicinha vai querer ficar comigo se eu fizer uma coisa dessas?

— Não é como se mudasse alguma coisa, ela já não te suporta de qualquer jeito.

James se jogou na minha cama e bufou.

— Alice é uma boba se não vê o que está perdendo – falei, sentando-me ao lado de James, e ele sorriu para mim.

— Florzinha, você é o máximo, o cara...

— Tudo bem, já sei, eu sou tipo um brother para você, a Nick já falou que eu ajo como garoto.

James sentou-se na cama, segurou o meu rosto e sorriu:

— Brother? Rose, eu ia dizer que o cara que você escolher vai ser um sortudo, não existem muitas garotas assim.

Eu fiquei vermelha, mas sorri.

— Ainda bem que não existem mesmo porque se não o mundo seria bem pior. Se todas as mulheres fossem como a Rose, não existiria batom, nem salto alto – Dominique disse, calçando um scarpin preto e depois apontando a varinha para as botas que eu estava usando e murmurando um feitiço inaudível – Agora você vai se sentir como se estivesse de tênis.

Eu me levantei e tive que agradecer. É verdade.

E eu acabei de ter uma ideia para chegar chamando atenção do jeito que a Nick gosta.

— Será que eu poderia acompanhá-las, senhoritas? – sorri para as minhas primas e amigas malucas.

— Eu acho melhor não – começou Dominique. – Você vai ofuscar o meu brilho e eu não estou interessada nisso, mas valeu.

Eu fiquei sem saber o que dizer. Ofuscar o brilho dela? Que brega.

— Obrigada, mas eu vou sozinha. O Hugo já deve estar me esperando na entrada da Sala Precisa, e vocês não sabem da maior: Ele finalmente terminou com a aguada da Clarisse – falou a Lils quase pulando, e eu posso estar enganada, mas estou sentindo que a minha prima e o meu irmão podem ser mais que amigos, e logo.

— Eu vou entrar como uma rainha, portanto não preciso de acompanhante – falou Nick ao pegar uma bolsinha.

— Você vai entrar como uma rainha, vestida de empregada? – questionou James, com os olhos pregados nas páginas da edição de aniversário de As Aventuras de Martin Miggs, o trouxa pirado, minha série de história em quadrinhos preferida. Eu herdei todos os gibis do meu pai e a minha coleção é maravilhosa, dá até para conseguir uma grana nela, mas todo mundo sabe que a gente vende a família, mas não vende nossas HQs.

Dominique fuzilou James com os olhos, mas ele nem estava prestando atenção.

— Vamos, loirinha – chamou Lily. – Eu espero você entrar e aí entro com o Hugo pelo cantinho, sem chamar atenção.

— Eu acho ótimo – concordou. – Rose, fica aí mais uns 15 minutinhos com o James falando sobre os seus joguinhos e depois se vira, ok?

Eu concordei, peguei um gibi e sentei-me na cama, empurrando o Jay para o lado.

Em menos de cinco minutos, as meninas saíram, eu fui até o malão e peguei um embrulho com o meu presente e uma caixa um pouco maior que um cubo mágico trouxa que havia chegado pelo correio mais cedo.

— Você vai dar dois presentes? – perguntou meu primo atrás de mim.

— Por quê? Ciúmes?

— Se você me der um presente que tenha o preço de dois, eu não vou me importar.

— Eu vou pensar no seu caso – respondi, sorrindo.

— Ou você pode me dar aquela edição especial do trouxa pirado, sai ainda mais barato para você.

— Vai sonhando.

— Eu tive um sonho onde você me dava todas as suas revistinhas uma vez, foi muito bom, eu nem queria acordar – comentou James, nostálgico e sorridente.

Eu só ri, ás vezes esse meu amigo é tão bobo.

— Você comprou alguma coisa para o Scorpius?

— Rose, querida, a minha ilustre presença é mais do que suficiente, e se não for o bastante, o que eu duvido, o vale de 100 galeões na Emporium das Vassouras que eu entreguei para o Malfoy hoje de manhã adianta de alguma coisa.

Eu sorri, concordando com ele.

— Podemos ir? Será um imenso prazer acompanhá-la, milady.

— Sério? – perguntei – Por que quer ir comigo? Por um acaso você acha que vai fazer ciúmes na Alice?

— Quero te acompanhar porque você está linda e eu gosto de andar com pessoas bonitas. Mas não acho que a Alice vai sentir ciúmes, ela não liga muito para as coisas que eu faço.

— Você gosta mesmo dela, não é?

— Eu nunca me senti desse jeito por ninguém, eu estou totalmente caído por ela. Mas também me passa pela cabeça que talvez eu só comecei a me interessar porque ela foi a primeira garota a me dar um fora e...

James e eu nos esquecemos que assim que um garoto pisa da escada do dormitório feminino, ela vira um escorregador e a Dominique vai me matar se eu tiver conseguido rasgar a minha roupa. Espera aí, quem disse que eu ligo?

Acho que todo laquê que eu respirei afetou o meu cérebro.

— Tudo bem, Rose? – Jay perguntou.

Balancei a cabeça afirmando, e retomei o assuntou sobre a Longbottom:

— James, foras formam caráter.

— Você acha? – disse ele, rindo. – A Alice está trabalhando muito em mim ultimamente, então.

— Ela quer te transformar num príncipe encantado, querido primo, e só depois ficar com você. A Longbottom é uma mulher das antigas.

— Mas eu achei que os príncipes só fossem ricos e bonitos, e eu sou.

Eu ri.

— E é humilde também.

— Viu, Rose? Eu sou perfeito.

Nós rimos juntos e fomos para o sétimo andar, mudando a conversa para quadribol. Já deu para notar que é um de nossos assuntos favoritos.

A entrada para a Sala Precisa está totalmente visível, talvez o Albus tenha desejado isso para essa noite. As portas estão abertas e dá para ver a pilha de presentes do lado esquerdo. Do lado direito tem um conjunto de três sofás, e o ambiente é muito bem iluminado. Em um dos sofás tem um casal se agarrando, nem dá para ver quem é quem.

— Bom, percebe-se que a festa já começou – comentou James.

Eu concordei enquanto ele me oferecia o braço para entrarmos juntos. De frente à entrada tem uma escadaria, e música saída de lá ainda não está exageradamente alta porque o Jordan está anunciando todos que descem as escadas e comentando suas fantasias. A Dominique deve ter adorado isso, todos os olhares sobre ela e... Espera, eu não quero isso, não.

— Jay – chamei meu primo. – Será que não tem como fugirmos disso?

Ele nem respondeu, mas senti o braço dele apertando-se ao redor do meu. A escadaria é enorme e larga, depois da descida, tem alguns sofás dispostos de frente um para o outro no lado direito junto de alguns conjuntos de mesas e cadeiras, o bar está do lado esquerdo e a mesa de comida também. E o Jordan, também conhecido como DJ hoje à noite, está de frente de quem entra. O meio da Sala provavelmente vai virar a pista de dança mais tarde.

Droga! Não tem mesmo como eu fugir.

— E agora quem entra é o capitão do time de quadribol da Grifinória! Vestido como jogador profissional e quem é essa gata que está com você, James? – perguntou Jordan fazendo graça porque ele sabe que sou eu e agora todos estão olhando. – Parece que não é ninguém menos que Rose Weasley. Queridinha, se tiver um concurso de mais incrível, acho que você leva, ainda mais agora me fuzilando com os olhos. Já mencionei que adoro gatas perigosas? Desculpa, mas você sabe que o que é bonito é para se olhar, e eu falo mesmo. Essa roupa de gangster trouxa caiu perfeitamente em você. Se quiser acabar comigo é só dizer que a gente se encontra mais tarde.

Eu terminei de descer as escadas, e tive que rir junto com o James.

Jordan é mesmo um bobo.

Albus aproximou-se de nós, dessa vez eu o vi chegar, e Scorpius estava atrás dele conversando com uma colega, ainda que um pouco distante de nós. Ele sorriu para a garota se despedindo, e bom, queria vê-lo sorrindo assim para mim.

— Que roupa é essa, Al? – perguntei desviando a minha atenção do aniversariante e segurando um sorriso, ele estava vestido como um cientista trouxa maluco, com o cabelo mais arrepiado que de costume, e uma espécie de óculos protetor pendurado no pescoço. A calça dele é de um jeans escuro, ele está usando luvas de borracha rasgadas, a camisa por baixo do jaleco branco é verde clara e os botões estão todos abertos. Eu cheguei mais perto do Al e coloquei a mão no abdômen dele.

— Esse tanquinho é seu mesmo? Eu nem sabia que você fazia exercícios – questionei, zoando.

Ele bateu em minha mão, e disse:

— Tem muitas coisas sobre mim que você não sabe.

— E prefiro não saber, não é, Jay? – olhei para o lado, mas o James já tinha sumido. Onde ele se meteu?

— A Alice acabou de passar aqui, vestida como Rowena Corvinal, e ele a seguiu – disse Scorpius ao lado de Al, e não segurei um sorriso ao ver a roupa dele. Estamos iguais.

Ele também está vestido de gangster, mas a cor cinza da roupa dele é mais clara e ao invés do colete, ele está usando um coldre para arma e um suspensório.

Sufoquei um gritinho, coisa que não é típica de mim, mas é que ele está perfeito. Ficou muito melhor nele que em mim, parece um cara saído dos anos 1940.

Acabei de me apaixonar de novo.

— Vocês combinaram de vir assim? – perguntou Al.

— Não – respondemos ao mesmo tempo, um olhando nos olhos do outro.

— Você está incrível, Rosinha – disse meu primo, antes de me dar um beijo na bochecha e sair por aí.

— Acho que incrível seria diminuir um pouco a verdade – falou Scorpius se aproximando de mim.

— Você também não está nada mal – devolvi, dando um passo na direção dele.

— Finalmente encontrei você, Rose! – gritou Dominique, me pegando pelo braço, e me puxando para o outro lado da sala. – Desculpa aí – gritou ela para Scorpius.

— O que foi? – rosnei.

— Você tem que ver isso! – exclamou ela.

Eu olhei para onde ela estava apontando e vi meu priminho Jay completamente molhado e com uma rodela de laranja na cabeça. E a Rowena sorria triunfante pelos risos das pessoas ao redor.

— Bem feito, não é? – falou Nick e não falei nada.

Aproximei-me do casal e perguntei o por quê da Alice ter feito isso.

— Ele me beijou! – exclamou ela.

— E por que você não quis aproveitar a oportunidade? – perguntei, tirando a rodela de laranja do cabelo do James, que riu depois do meu comentário.

— Ai, faça-me o favor, Rose. Até parece que eu ia ficar por livre e espontânea vontade com esse traste que você chama de parente – retrucou a Longbottom, mas eu posso jurar que as bochechas dela ficaram vermelhas.

— Vamos, Jay – puxei o meu primo dali, enquanto ele mandava um beijo na direção da Alice, e depois piscava para ela.

Arrastei James até o banheiro, e prefiro fingir que não sei por que o Al desejou à Sala Precisa banheiros mistos.

— E aí? Como foi? – perguntei.

— Ela jurava que ela queria, Rose, prometo. Eu não ia forçar ninguém – falou o Potter mais velho, sentando-se na pia.

— Sei disso, James. Mas ela deixou você beijá-la por dois segundos, depois retomou a consciência, pegou a bebida que estava tomando, e virou na sua cabeça?

— Como você sabe? – perguntou James fingindo surpresa, e nós dois rimos.

— Você não existe – falei ao pegar a minha varinha, e usar um feitiço inaudível para tirar o que quer que a Alice tenha jogado no meu primo sem deixar a roupa dele melada.

Jay pulou da pia e me agradeceu. Olhou-se no espelho para dar uma mexida no cabelo, metido, e comentou:

— Legal o Albus ter colocado os banheiros mistos, não é?

Eu revirei meus olhos e disse:

— Será que dá para você não se meter em encrenca, principalmente com a Alice?

James deu de ombros ao responder:

— Vou pensar.

— Qual é? Deixe-a em paz. Ela não vai cair de amores por você hoje, cara. E sabia que eu estou com saudades do James Potter que arrasava na pista de dança?

— Ah é? Pensei que eu era um imaturo egocêntrico nessa época.

— Ano passado – corrigi.

Ele me ignorou.

— Tudo bem. Talvez eu devesse apenas de divertir, e parar com essa fixação pela Alice, que só me dá o fora.

Nós saímos do banheiro e eu concordei.

James me deu um beijo na testa e se perdeu na multidão novamente. E você deve estar pensando que eu fui atrás do Scorpius, não é?

Bom, errou. Eu fui andando em direção ao bufê porque estava morrendo de fome, eu sei que o Scorp vai me achar aqui.

E ele achou, só que sinceramente, não pôde conversar muito comigo. Toda hora algum colega dele vinha lhe dar os parabéns, ou comentar sobre a festa. O loiro agradecia, dizia que foi tudo organizado pelo Albus, e dava os créditos, muito merecidos, ao meu primo.

Eu peguei uma cerveja amanteigada no bar, enquanto o Scorpius era abraçado por gêmeas loiras sonserinas. Também peguei um prato de salgadinhos de todos os tipos, me levantei do banco em frente ao balcão onde eu estava sentada e cruzei a pista de dança. Olhei para trás, e o Scorpius estava rindo e sendo puxado para algum canto pelas tais gêmeas.

Direcionei meu olhar para a pista para não pensar besteira, e consegui ver James dançando com a Lily, os dois faziam passos de dança engraçados, que é coisa entre irmãos mesmo. Vi também que a Alice Longbottom estava dançando com um menino que eu não conheço, entretanto ela desviou mais de uma vez o olhar para o JS e a Lils, sorrindo. Eu queria tanto que eles ficassem juntos, afinal meu primo mais velho merece uma garota decente, e que vai fazê-lo mais responsável.

Eu encontrei o Victor Smith, irmão gêmeo da Susan (do time da Sonserina) e Corvinal, que me elogiou, e me chamou para dançar, mas recusei. Ele é um fofo, mas não quero mais nada com ele, foi bom enquanto durou.

Eu avistei meu irmão sentado em um dos sofás do lado direito, o mais distante possível de todos que dançavam. Ele estava sozinho com um tablet na mão, e eu estranhei porque o Hugo, apesar de ser estranho e cheio de manias de trouxas, nunca foi antissocial.

Eu caí no sofá ao lado dele, e só assim o garoto levantou os olhos para mim.

— Por que você não pode apenas se sentar como uma pessoa normal? – perguntou.

— Porque eu não tenho nada de normal, seu chato.

— Disso eu não posso discordar – resmungou Hugo.

Eu dei uma cotovelada nele.

— Grossa – disse ele, enquanto massageava o lugar onde eu havia batido.

Tive que rir.

— O que está fazendo aqui? – perguntei.

— Eu estava olhando uns carros, os modelos desse ano estão incríveis.

Olhei para ele, descrente.

— O quê? – perguntou Hugo – Você sabe que eu amo carros.

— Mas nós estamos em uma festinha. E você não está tomando cerveja, ou enfiando a cara em docinhos, muito menos dançando com a Lils.

— Com a Lils? Eu poderia dançar com qualquer pessoa, por que você está falando isso?

— Porque você sempre dança com ela ou comigo, lembra? – perguntei para que meu maninho não percebesse que eu percebi que ele ficou nervoso quando mencionei a Lily.

Hugo balançou a cabeça e murmurou um “claro”, e depois voltou os olhos para o tablet. Fiquei com vontade de arrancar aquele troço da mão dele, e esconder, mas eu também não queria sair dali. Eu deitei minha cabeça no ombro de Hugo, que apenas disse:

— Só não dorme, porque não quero que você babe na minha roupa.

Sorri e depois de um tempo olhei para a roupa de vampiro do meu irmão. Camisa social branca manchada com algumas pequenas manchas vermelhos, terno preto, e uma capa, preta por fora, vermelha por dentro. Eu levantei a cabeça e os olhos do meu irmão não estavam azul claro como água, que é o normal, mas estavam escuros. O rosto de Hugo também parecia pálido, e tinha dois pingos vermelhos próximos ao canto direito da boca dele.

— Isso é sangue, ou geléia de morango? – tive que perguntar.

Hugo sorriu, e pude perceber os dentes caninos afiados. Ele tirou a varinha do bolso interno do paletó e com um feitiço inaudível, o tablet encolheu ao tamanho de uma bala de caramelo. Depois guardou o tablet e a varinha de volta no bolso, e respondeu:

— É calda de cereja.

Nós rimos.

— Eu comecei a perceber que uma pessoa que eu conheço mudou muito, Rose. E acho que não vou me acostumar – disse Hugo, explicando porque ele estava ali, excluído da sociedade. – Mas por que você está aqui?

Eu dei de ombros.

— O Scorpius está muito ocupado? – perguntou ele, com um sorriso.

— Nem me fale. Eu sei que ele foi criado para ser o anfitrião perfeito, coisa dessas famílias sangues-puro, mas como ele pode estar se divertindo apenas em conversas fiadas, e agradecimentos?

— Se está tão preocupada com ele, vá lá e tire-o para dançar. Ou simplesmente beije o cara – aconselhou meu irmão.

Eu revirei os olhos.

— Não seja idiota.

— Ah, Rosinha. Eu sei que você gosta mesmo dele, mas para se sincero, não gosto de te ver suspirando em uma festa como essa.

— Eu poderia dizer o mesmo para você – falei.

Hugo fez língua para mim, e disse:

— Eu estou apenas comentando que você está sendo boba se acha que o Malfoy vai aparecer aqui, ainda mais com tantas garotas dando em cima dele...

— Quem você viu? – perguntei nervosa.

— Você quer em ondem alfabética ou cronológica? – perguntou meu irmão, e quando disse isso, percebi que ele estava me zoando.

Bati no braço dele de novo.

— Você é um chato.

— Você já disse isso – falou Hugo. – Mas como eu estava dizendo, o Malfoy não vai vir...

Meu irmão foi interrompido pela Lils, que estava bem próxima de nós.

— Finalmente achei vocês! Por que estão excluídos aqui?

— A gente estava só conversando – comentei.

— Péssima ideia, Rose – disse Lily. – O Scorpius está doido atrás de você. Mas tem tanta gente aqui, que ele deve ter achado que você foi lá fora pegar um ar. Eu o vi subindo as escadas.

Eu tenho certeza que meu sorriso ia de orelha à orelha depois de ouvir minha prima.

— Você devia parar de incentivar isso – falou Hugo, de braços cruzados.

— E você devia deixar a sua irmã se divertir um pouquinho. O Malfoy é legal, e você sabe – retrucou a minha prima e ao ver a cara feia do meu irmão, continuou: – Vamos dançar, porque você está muito lindo para ficar se escondendo por aí. A Clarisse vai morrer de inveja.

Eu e Hugo franzimos a testa para ela. Lily gaguejou:

— Eu quis... Eu estava falando...

— Que ela vai ver o que perdeu, certo, Lils? – eu disse, salvando a pele dela.

— É isso aí – concordou minha prima, com um pequeno sorriso de agradecimento.

Ela nem deu tempo para o Hugo falar qualquer outra coisa, só pegou uma das mãos dele, e o puxou para a pista de dança.

Eu tive que sorrir. Quando esses dois vão perceber que estão à fim um do outro?

My God, if I could only say
Meu Deus, se ao menos eu pudesse dizer:

I'm holding every breath for you
Eu estou segurando cada respiração para você

 

Eu bebi mais um pouco de cerveja amanteigada e me dirigi às escadas. E tinha gente se agarrando até ali. Fala sério, o Albus colocou os sofás para isso. Ninguém merece.

Scorpius estava de costas para mim quando cheguei à entrada da Sala Precisa. Eu queria ter mais coragem de grifinória para dizer para ele tudo que eu penso, que ele é lindo, que o vigio secretamente com o olhar, e que eu espero por ele, que eu espero que a gente... Balancei minha cabeça negativamente, e voltei à realidade.

— Conferindo se todos trouxeram presentes? – perguntei ao loiro, ao vê-lo mexer na montanha de coisas que são para ele.

— Rosely. Eu só estava... – começou ele e parou – Não é nada.

— Não tente me passar para trás, Malfoy – falei, aproximando-me e comemorei por estar quase da mesma altura que ele, eu sou boba por ficar reparando essas coisas, mas não ligo. – Eu te conheço.

— Rosely, a cada dia que passa você fica ainda mais linda e mais estonteante.

Eu sorri, sentindo o sangue subir para o meu rosto, mas se ele acha que vai me distrair está muito enganado.

— Já me disseram isso – comentei e parei de fitar os olhos dele antes que eu saísse do ar e começasse a falar que ele é que é lindo e cheiroso e que ás vezes eu uso a camisa dele para dormir quando estou em casa e...

— Quem falou isso? – disse Scorpius, às minhas costas, soando meio nervoso.

— O quê?

Eu estava olhando para a pilha de presente e procurando o meu.

— Quem disse que você estava bonita?

Eu dei de ombros.

— O Jay, o Albus, você ouviu o Jordan e mais um pessoal aí.

— Quem? – perguntou Scorpius, se aproximando de mim.

Olhei para ele sem entender, mas respondi:

— O Victor também disse.

— Smith? O seu ex-namorado?

— A gente só saiu por uns dois meses, Scorpius – falei, revirando os olhos. Eu nunca considerei o Victor realmente meu namorado, nós apenas saíamos e nos beijávamos. Mas para quê isso agora? Será que o Malfoy está com c... Balancei a cabeça negativamente.

Será?

Não.

— Scorp? – chamei. – Você está incomodado?

— É claro, não gosto desse Smith, Rose.

— Ciúmes?

— Não me julgue, é normal sentir essas coisas quando você... Quando você...

Scorpius virou-se para mim e eu estou de braços cruzados com um sorriso convencido no rosto.

— Não acredito que eu disse isso – falou ele, piscando duas vezes. – Sobre o quê a gente falava mesmo?

Eu levantei as sobrancelhas e o meu sorriso se alargou.

— Você está se corroendo de ciúmes por causa do Victor Smith e eu estou me divertindo horrores.

— Não estou com ciúmes, sua chata – retrucou Scorpius. – Eu só não gosto dele.

— Tudo bem, entendi – falei sem sorrir, mas feliz porque o Scorp tinha ficado incomodado com o elogio do Victor. – Então, o que você procurava?

— Eu queria saber se uma pessoa me mandou uma lembrança, ou dinheiro, sei lá – admitiu o meu Malfoy. É, eu sei, estou ficando possessiva, e o cara nem é meu namorado.

— Seus avós?

Ele negou.

— Bom, você pode usar um Accio— dei a dica. – Dá menos trabalho, sabia?

Scorpius sorriu e pegou a varinha no bolso.

Accio presente do Draco ou Astoria Malfoy.

Nada veio flutuando até o loiro, e eu percebi que os ombros deles caíram um pouco.

— Talvez você não esteja procurando corretamente.

— Até parece – falou Scorpius, cínico, mas meio decepcionado. – Eu acho que eles devem ter confundido o fuso horário.

— Ou talvez eu deva tentar – tirei a minha varinha do bolso também e disse: – Accio presentes da Rose.

O embrulho e a caixa vieram até as minhas mãos, e entreguei o que é realmente meu primeiro.

— Abra – mandei.

O loiro revirou os olhos, mas rasgou o embrulho e tirou uma camisa vermelha com o escrito: GRIFFINDOR ROCKS.

— Ótima piada, Rose – disse o Malfoy.

— Na verdade vai ser bastante útil quando nós ganharmos, e o seu time precisar usar camisas como essas por uma semana inteira.

Ele só revirou os olhos.

— E esse outro?

Eu apertei a caixa junto à mim e perguntei:

— Será que não tem um lugar menos barulhento para gente conversar, não?

— No fim desse corredor tem uma sacada, talvez nenhum casal tarado esteja lá.

— Nesse frio eu acho difícil ter alguém ali.

Nós andamos até a tal sacada. Scorpius usou a varinha para tirar a neve de cima da murada e estamos sentados, de costas para os jardins embaixo e a Floresta Proibida.

— Esse presente não é bem meu, sabe? Eu o recebi hoje de manhã, e pediram para te entregar pessoalmente.

— Não é nenhuma pegadinha do meu primo Teddy?

— Se fosse, você acha que eu diria?

— Claro que não. Você ia deixar eu me dar mal. Você é uma amiga muito desnaturada, Rosely.

Entreguei o caixa e o Scorpius tirou um laço e a abriu.

Sentei-me mais perto para ver o que tem dentro, e é exatamente o que eu imaginei. Um relógio de pulso. Scorpius tirou e desdobrou um bilhete que estava pregado na tampa pelo lado de dentro, e leu em voz alta: “Scorpius, há tradições que devemos manter, você sabe. Seu avô ganhou do pai e eu ganhei dele. Agora o relógio é seu. Feliz 17º aniversário. Você fez tudo valer a pena (essa parte foi a sua mãe que mandou eu escrever, mas não é uma inverdade). Estaremos em Hogsmeade no sábado. Draco.”

“Querido, nós te amamos — estava escrito no fim do bilhete, com outra letra – Você é a pessoa mais importante do nosso mundo. Mamãe.”

— Que lindo, Scorp.

— Eu sei – Scorpius dobrou o bilhete de novo e guardou no bolso, voz dele estava embargada.

— Deixe eu colocar o relógio em você. Posso? – pedi, e estiquei a mão para a caixa. Tentei tirar a mão dele para que eu pudesse pegar o relógio, mas o loiro segurou a minha por um momento. Ele girou o anel que a minha mãe me deu no ano passado e que eu nunca tiro do dedo. Senti um arrepio muito bom, e tenho certeza que eu estou com uma cara de retardada no rosto.

Scorpius parou de repente, e pareceu que ele saiu de algum devaneio.

— Desculpe – pediu ele, – mas você sabe que se você quiser mesmo ser jogadora profissional de quadribol você não vai ter essas mãos macias mais, não é?

Ok, esse loiro maldito acabou com qualquer coisa boa que eu estava sentindo. E eu achei que estava rolando um clima entre a gente agora. Nossa, como eu sou burra.

Tirei a minha mão direita de perto dele, desci da murada e disse:

— Eu nem sei se eu quero jogar quadribol profissionalmente. E não ligo para esse negócio de mãos macias. Por Merlin, Malfoy! Que ridículo. Bom, o presente foi entregue, e é melhor nós voltarmos para festa.

Eu nem olhei na cara dele quando saí. Mas eu estou com mais raiva de mim do que dele. É isso que dá se apaixonar pelas pessoas.

 

And I don't think it ever crossed his mind

E eu acho que isso nunca passou pela sua mente

Ninguém merece.

Admito, por um momento, eu achei que, realmente pensei que ele pudesse estar a fim de mim.

Pronto, falei.

Que raiva!

Eu entrei no Salão de festas de novo e fui direto aos lanches e bebidas. Acabei esbarrando em um casal que estava em um amasso como se não houvesse amanhã. Olhei para os dois para pedir desculpas, e não é que o Al conseguiu agarrar a ruiva sonserina?

— Foi mal, valeu? – falei e continuei andando.

Albus segurou o meu braço e me virou para ele.

— Você vai deixar a garota sozinha, ficou maluco? – perguntei.

— Ela vai superar – disse ele, dando de ombros. – Você entraram separados só para ninguém desconfiar? Porque eu acho besteira.

— Isso não é jeito de tratar uma garota que você gosta, Albus. E do que você está falando?

— Você e o Malfoy, é claro – disse a tal garota do meu lado.

Eu fuzilei meu primo com os olhos e falei:

— Você vai morrer.

— Calma, Rosinha. Não fui eu.

— Ninguém precisou me contar, Weasley – Por que essa ruiva enjoada não volta a beijar o meu primo, e some daqui? – O Malfoy não está conseguindo esconder muito bem o que ele...

— Olha, garota – falei sem paciência, – não quero saber. Curte a festa aí, valeu?

— Você sabe ser grossa, hein, Weasley?

— Ela aprendeu com o meu tio Ron – disse Al e eu revirei meus olhos.

— Rose – Scorpius apareceu não sei de onde, pegou meu braço e virou-me para ele. – Olha, eu...

— Não estou interessada... – falei, trocando essas pessoas estressantes por salgadinhos.

Eu vi Albus falando algo para o Malfoy e gesticulando, coisa que o meu primo só faz quando está nervoso.

Não ligo.

Peguei um refrigerante e continuei comendo, enquanto isso, eu pude ver pelo canto do olho que Scorpius sentou-se ao meu lado, mas tentei ignorar. Tentei com todas as minhas forças, só que cara nem piscava.

— Rosely – ele tocou minha mão direita e eu olhei para ele.

— Não fala nada. Eu nem sei porque fiquei nervosa. Aposto que era a fome, então agora já estou melhorando.

— Mas eu...

— Ainda não se acostumou com essa amiga louca que você arranjou aqui? Eu estresso sem sentido constantemente, e desconto em quem estiver mais perto. Você não fez nada, nem disse nada demais, Scorpius.

E eu fui sincera ao dizer isso, agora que eu comi e clareei as ideias, percebi não posso culpar o cara por não estar apaixonado por mim.

— Exatamente – concordou o loiro.

— O quê?

— Eu não fiz nada. – Scorpius falou tão baixo que não tenho certeza de que ele disse isso mesmo.

Quando eu ia mandá-lo falar mais altoque não estava entendendo nada, o DJ começou a tocar a música preferida do Scorpius.

— Galera, ouvi dizer que I Don’t Know What To Do é música preferida do nosso aniversariante, por isso, caras, peguem a gata mais próxima, e venham para pista. E o mesmo vale para você, Malfoy!

Scorpius olhou para mim, e eu neguei:

— Não mesmo. Vai ficar muito cheio de gente.

— Você ouviu o que ele disse. E você não é só a garota bonita perto de mim, é a garota mais incrível da festa. Então nós vamos dançar agora.

— Scorpius, você é fofo e tudo mais, só que eu...

— É o meu aniversário, Rosely. Por favor.

Eu balancei a cabeça, negando.

Scorpius pegou a minha mão, ficou de pé ao meu lado e disse quase ao meu ouvido:

Rosely. Por favor. Por favor.

— Olha, se eu pisar em seu pé, não reclame – falei tentando não ficar vermelha, porque aí seria o cúmulo do ridículo.

— Não se preocupe com isso – respondeu ele entrelaçando os dedos de nossas mãos.

Eu sorri e fomos para a pista.

Vi que o Al estava dançando com a sonserina, e quando ele me viu, deu uma piscada nada discreta. Ainda bem que o Scorpius estava olhando para outro lado.

Ao invés de soltar a minha mão, o loiro puxou-me para mais perto, e cá entre nós, ele deve ter percebido que o meu sorriso aumentou, mas na hora eu não liguei.

Ele tinha me escolhido para dançar com ele uma de suas músicas preferidas, então decidi aproveitar o momento.

Nós giramos e rimos e gritamos a letra da música e no fim dela, o Scorpius me puxou para perto dele de novo, e os nossos rostos ficaram praticamente da mesma altura.

O Malfoy sorriu para mim e, ai meu Merlin, eu acho que ele vai me...

— E aí, galera? Todo mundo se divertindo? – gritou James com a varinha escostada no pescoço, ao lado da mesa do DJ, fazendo que eu e o Scorpius nos sobressaltássemos.

Argh!

Um dia, eu ainda vou matar um dos meus primos.

Nós nos viramos para o James, assim como todo mundo na festa, e dava para ver que ele estava adorando a atenção.

— No último feriado, uma aposta entre o time da Grifinória e da Sonserina foi realizada.

A gritaria começou na pista, e meu primo teve que pedir silêncio para continuar.

— E agora, eu gostaria de chamar os dois times aqui perto da mesa, onde todo mundo vai poder ver à mim e ao Malfoy oficializarmos na frente de nossos respeitáveis colegas.

Scorpius deu um sorriso superior de lado, e começou a cruzar a pista de dança. O negócio é que ele não queria soltar a minha mão enquanto fazia isso, e é claro que todo mundo estava olhando.

O time dele estava tomando posição em frente ao nosso, que já estava quase todo em pé de atrás do meu primo Jay.

— Eu não sei se percebeu, Malfoy, mas eu estou com o James – falei, afinal já estávamos na roda que se formou em torno dos dois times.

— Rosely – disse Scorpius, levando as costas da minha mão até seus lábios antes de soltá-la. – Sua lealdade à Grifinória é o seu único defeito.

Eu revirei os olhos e ri porque, só para variar, não soube o que dizer.

Eu ainda estava sorrindo quando fui para o lado do meu primo, mas infelizmente vi o idiota do Zabini, e percebi que não estava na hora para os meus devaneios românticos, era hora de quadribol, e Scorpius era o inimigo.

James contou que quem ganhasse a Taça naquele ano vencia a aposta, e ninguém ficou muito surpreso, afinal apostas como essa era comuns mesmo que não envolvessem o time todo, como era o caso. Entretanto quando o Malfoy explicou que a comemoração seria no salão da Casa rival, e que os jogadores deveriam usar camisas do time adversário durante uma semana inteira, todos foram à loucura, e bom, vi que as apostas entre o pessoal da festa tinha começado.

Foi divertido ver todo mundo entusiasmado com essa ideia.

Scorpius e James deram um passo á frente, e deram as mãos.

— Que vença o melhor, Potter – disse o loiro.

— É isso que vamos ver, Malfoy – respondeu meu primo.

Aí o Jordan tomou a palavra de novo e disse que ia colocar músicas bem animadas para todos se acabarem na pista de dança, e os dois times se afastaram, cada um para um lado. Eu fiquei conversando com o pessoal do time, e fomos sentar numas mesas, comer alguma coisa, beber cerveja amenteigada, falar sobre quadribol...

Depois de um tempo, eu fui em direção à mesa de lanches para pegar mais para o pessoal, e nesse momento a música que estava tocando era uma valsa lenta, claro que meus colegas não estavam valsando, estavam mais balançando no mesmo lugar, mas não que isso fosse da minha conta. Eu ainda estava olhando para os casais quando avistei Hugo e Lily na pista. Eu peguei uns lanches e me sentei em um dos bancos de frente ao bar para vê-los. São tão fofos juntos...

— Rose, não me diga que você está encarando o Smith e a Brown – comentou Scorpius meio mal-humorado, aparecendo do meu lado, claro que não foi de repente como o Al, mas é que dessa vez meu foco era outro.

— Tudo bem, não vou dizer. – falei.

— Rose! – chamou ele.

Eu revirei meus olhos, peguei o queixo dele e virei na direção do meu maninho.

— Seu irmão e a Lils estão juntos? – perguntou ele.

— Infelizmente, não. – suspirei. – Fazer o quê?

Scorpius olhou para mim com uma cara estranha.

— O que foi? – questionei.

— Você, agindo como uma menininha, toda romântica – falou ele, meio rindo, e eu me virei, séria.

— Estranho, porque eu pensei que era uma menininha, Malfoy.

Ele deu uma risadinha e continuou:

— Menos quando joga quadribol, não é?

Eu desci do banco onde estava sentada, cruzei meus braços e pedi uma explicação.

— Quer dizer que uma garota não pode jogar bem quadribol a menos que aja como um cara?

Scorpius olhou nos meus olhos, e percebeu que tinha falado besteira.

— Não foi isso que eu quis dizer, Rose.

— Então, refaça a sua frase, Malfoy – mandei.

Eu estava nervosa, porque ninguém merece. A Nick fala que eu ajo como garoto só porque não gosto de maquiagem e vestidos, o que é ridículo, mas sei que ela não é a única a pensar assim. Geralmente não ligo para o que as pessoas pensam, porque meu pai e minha mãe sempre falam que eu sou linda do meu jeito, e eu sei que é verdade. Além disso, eu me sinto muito bem comigo mesma para fazer qualquer tipo de mudança. Mas o Scorpius não é qualquer pessoa, e não acredito que veio com essa de que menininhas são bobas e não sabem praticar esporte.

Eu sou uma menininha, só não gosto de rosa.

— Rosely, eu não pensei... Quero dizer, você entendeu errado... Droga! – dizia ele enquanto não parava de passar a mão pelo cabelo.

Eu não falei nada, só esperei. Não era possível que estivesse apaixonada por um cara que realmente acreditava naquela ideia batida que menininhas são sonsas e fúteis.

Ai, Merlin!

— Rose – chamou ele. – Eu sou um idiota. Eu admito. Você tem toda razão em estar com raiva, porque o que eu disse não passou de um esteriótipo machista e de um preconceito estúpido. Me perdoa.

Eu abaixei a cabeça, porque um sorriso começou a aparecer no meu rosto, e bom, acho que não estava enganada sobre ele ser legal. Scorpius continuou:

— Por favor. Como seu amigo, eu sei o quão incrível você é em tudo que faz, especialmente quadribol. É uma garota maravilhosa, e eu adoro isso.

Eu olhei para ele e disse:

— Até que você sabe se desculpar, Malfoy.

— Eu estou falando sério, se a minha mãe tivesse me escutado falando algo do tipo, ia me dar uns cascudos.

— E muito bem merecidos – eu falei.

— Sei disso. Ai, Rose, desculpa – pediu ele de novo, fazendo uma cara de cachorro sem dono que eu acharia engraçado se não achasse o idiota um fofo de marca maior.

— Malfoy! – chamou a Susan, goleira da Sonserina – O pessoal do time está te procurando.

— Já vou – respondeu ele, e depois perguntou para mim, segurando as minhas mãos nas dele:

— Posso ir atrás eles com a certeza de que você não me odeia?

Eu fingi pensar por uns dois segundos e balancei a cabeça, num sim.

— Obrigado, Rose – disse ele antes de me dar um beijo na bochecha que demorou mais do que normalmente deveria para amigos, como ele tinha acabado de dizer que nós éramos.

E se perdeu no meio de tanta gente.

E eu?

Eu estou aqui, tentando descobrir como eu sempre acabo gostando cada vez mais dele.

xxx


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Notas finais do capítulo

Pois é, pessoas, espero que tenham gostado desse capítulo especial, e espero que não tenham me largado. Rolou uma tensão no final, mas foi só para mostrar que, sim, nós ás vezes temos certos esteriótipos na cabeça, e nem percebemos, afinal está dando para ver que o Scorp gosta da Rose, do jeito dela, e ainda assim, pode deixá-la nervosa com esses papos de que meninas não são tão boas quanto meninos em determinados esportes. Eu, pessoalmente, acho que o Scorpius se saiu bem nas desculpas, e foi sincero. E bom, ninguém é perfeito.
Beijos e deixem reviews, que eu adoro.
Até quarta que vem!!



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