— Entre! — Natanael Scherave, o rei de Illéa disse, após ouvir algumas leves batidas na porta de seu escritório. Ele estava sentado em sua poltrona revestida em um couro preto falso, analisando alguns papéis. seu semblante estava sério, mas se engana quem acha que ele é sempre assim, ele tem pulso forte, mas com sua família e amigos é totalmente descontraído.

— Com licença, majestade. Vim lhe trazer o jornal, e avisar que o café será servido em dois minutos. — uma das criadas do castelo, cujo nome é Margô, trazia o jornal ainda lacrado em um plástico transparente em cima de uma bandeja prateada. A moça fez uma reverência e esperou o rei pegar o jornal.

— Obrigado Margô — respondeu o rei, se preparando para abrir o pacote.

— Majestade. — a moça cheinha e de cabelo laranja fez outra reverência e saiu.

O rei terminou de abrir o pacote e logo deu de cara com uma notícia que não lhe agradou em nada.

— Nathan! — esbravejou, dando um soco na mesa de marfim marrom. Natanael se levantou e deixou seu escritório, levando o jornal consigo.

— Bom dia, papai! — era Éllina, a segunda mais velha, que vinha passando pelos corredores em direção a sala onde o café seria servido. Éllina encanta todos que a conhece, por sua beleza e bondade, porém não se deixe enganar, a garota não é ingênua, ela é decidida, sabe o que quer e não deixa ninguém controlar o seu destino. A princesa está prometida para o príncipe da França, que tem apenas 17 anos, contudo ela não quer se casar, tem outros planos em mente.

— Bom dia, querida. — ele beijou-a na testa.

— Tudo bem? Parece meio nervoso — perguntou.

— Problemas com o Nathan... Ah, não é nada demais, não quero que se preocupe.

— Ah... Pai, pegue leve com ele, o.k.? — pediu. — Ele só queria se divertir!

— Não se preocupe. — o rei deu outro beijo na testa da filha e se retirou, indo em direção ao quarto de Nathan. Ao chegar lá, entrou sem bater. — Nathan, seu irresponsavél! — esbravejou, e ao ver que o filho ainda dormia resolveu acordá-lo. — Acorde imediatamente! — exclamou e jogou o jornal sobre o garoto, fazendo-o acordar confuso.

Nathan é o mais velho e talvez o mais irresponsável. Ele tem espírito aventureito e por conta disso nunca está satisfeito em redescobrir o castelo, ele ama mesmo é descobrir o que há fora dos muros do palácio, ama sair e se divertir com Thomas, seu melhor amigo, que também é filho de Harrison Campbel, melhor amigo e conselheiro direto do rei.

— O que houve? — perguntou, olhando para Natanael que estava de braços cruzados, e ao perceber o jornal, pegou o mesmo, já imaginando que ali estaria algo sobre sua noitada de ontem, sempre está. — Ah, isso. — disse, analisando o jornal. — Não é minha melhor foto, mas até que sai bonito. — brincou, deixando seu pai ainda mais nervoso.

— Estou farto dessas suas atitudes e falta de responsabilidade, você sai as escondidas do castelo no meio da noite, sem seguraça nenhuma, mesmo sabendo dos ataques que vem ocorrendo. — esbravejou o rei.

— Pai, relaxa. — se levantou e foi em direção ao seu guarda-roupa. — Não aconteceu nada comigo, aconteceu?

— Mesmo assim Nathan, você está ciente do quanto você é irresponsável? O povo de Illéa está preocupado, porque o próximo na linha de sucessão é uma criança irresponsável e imatura que só pensa nele mesmo.

— Eu não quero ser rei, coloque Éllina para governar.

— Por favor, Nathan. — disse impaciente. — Você sabe que sua irmã está prometida ao príncipe da França e logo se casará.

— Contra a vontade dela, Éllin não quer se casar. — pegou uma peça de roupa e jogou sobre a cama. — Ainda mais com uma pessoa um ano mais nova que ela, e o garoto é uma peste.

— O assunto aqui é você, não Éllina.

— Foi o senhor que começou mudando o assunto para ela.

— Aah Nathan... — ouviram batidas na porta e logo a rainha Ezobel adentrou o quarto de Nathan, ela estava deslumbrante como sempre, vestindo um simples vestido azul e o cabelo solto como de costume. Ah, Ezobel! É ela que manda e desmanda nas regras da família, é dela que Éllina puxou a personalidade forte e decidida. Ela tem um grande coração, apesar da pose de durona e faz o que acha justo, foi por essa e outras qualidades que ela se tornou a preferida da Seleção e do rei.

— Bom dia! — se aproximou do rei e pousou sua mão sobre o ombro do marido.

— Bom dia, mãe. — Nathan sorriu.

— Bom dia, querida! — Natanael beijou a mão da esposa, delicadamente.

— O café ja vai ser servido, vamos. — chamou a mulher.

—Amor, estamos tendo uma conversa... — respondeu o rei.

—Vocês conversam depois do café. — sorriu Ezobel.

— Mas... — a rainha o interrompeu.

— Amor, se eu disse que vocês conversarão depois do café, vocês conversarão depois do café.

— O.k. querida — respondeu o rei.

—Te esperamos lá embaixo, não demore querido. — Nathan assentiu e Ezobel segurou no braço do esposo, se retirando do local.

(...)

— Bom dia! — disse Nathan, ao se aproximar da mesa do café onde já estavam todos a sua espera. Bagunçou o cabelo da pequena Evelyn, que resmungou.

— Nath! — Evelyn é a mais nova da casa, junto de Noah, seu gêmeo. Eles tem apenas seis anos, porém já fazem uma dupla do barulho, é difícil segurar esses dois.

— Demorou princesinha. — disse Eloise ironicamente. Ela é uma princesa meio diferente, a garota ama aprontar com todos do castelo, prega peças em tudo que se move, até seu pai sofreu com uma de suas pegadinhas, por ser muito paciente e amável com seus filhos. Mas se engana quem acha que o rei é sempre assim, ele sabe ser firme quando precisa. A única pessoa com quem ela não se mete a "besta" é com a rainha Ezobel.

— É Nath, meu estômago já estava nas costas — disse Elleanor, ela é aquela que sua irmã Eloise julga como "estranha", a garota tem TOC ( Transtorno obssesivo compulsivo), tem mania de limpeza consigo e com os outros. Ela vive pegando no pé dos gemêos por eles gostarem de brincar no jardim e viverem sujos de terra.

Nathan sentou-se ao lado de Éllina e se serviu de leite com café. O café da manhã era servido em dia de semana das 09:00hrs as 10:00, e aos finais de semana das 10:00hr as 12:00. Harrison e sua família moram no castelo e por tanto fazem suas refeições junto da família real. Eles vieram morar no castelo por pedido do rei, Harrison era guarda e Natanael decidiu torná-lo seu conselheiro direto.

O café seguiu com brincadeiras e conversas, todas as refeições da familia real eram sempre descontraídas. Depois de terminarem o café todos foram a seus afazeres, o rei e Harrison seguiram para uma reunião do conselho. Eloise, Elleanor, Evelyn, Noah e Dylan foram para a sala de estudos. Ezobel e Katie foram para o salão das mulheres relaxar e descontrair um pouco, Éllina e Genevive seguiram para biblioteca e Nathan e Thomas foram caminhar lá fóra.

— Cara, meu pai ficou furioso porque saiu no jornal a nossa saída de ontem. — Nathan disse ao amigo.

— Claro né Nath, ele se preocupa com você, ele não que acordar e descobrir que o filho dele foi capturado por um desses rebeldes. — Thomas disse, encostando em uma árvore.

— Eu entendo a preocupação dele, mas eu não vou deixar que esses rebeldes me poupem da diversão, você sabe eu odeio esse lance de realeza. — o amigo deu de ombros.

(...)

— Majestade, o povo de Illéa está preocupado com os ataques que vem ocorrendo, eles não entendem o motivo de tanta rebeldia. — disse um dos conselheiros ao rei. — Eles já estão preocupados com o futuro, se preocupam com o Nathan, eles acham que se ele age assim agora, com tanta irresponsabilidade, não será um bom rei.

— Nathan realmente está passando dos limites, eu já nem sei mais o que fazer. — respondeu o rei, passando a mão em seus fios de cabelo dourados.

— Majestade, se me permite, acho que tenho a solução para isso. — outro conselheiro deu sua opnião.

— Continue. — pediu o rei.

— Acho que podemos recorrer a Seleção, isso atrairia toda a atenção do povo de Illéa, assim eles esqueceriam um pouco dos ataques e manteria Nathan dentro do castelo. — o rei ficou pensativo e outro conselheiro cujo nome é Daniel prosseguiu.

— Vossa Majestade, eu concordo que a Seleção poderia ser a chave, o povo ama a Seleção, ficariam em festa por dias e deixariam de pensar um pouco nesses ataques e Nathan teria em sua responsabilidade 35 garotas lutando pelo seu coração, talvez isso seja diversão suficiente.

— Hum... — balbuciou Natanael. — O que acha disso, Harrison? — perguntou, virando para sua direita.

— Majestade, acho que seria bom arriscarmos a Seleção, aliás Nathan vai fazer 20 anos em breve, não acha que seria bom ele ter alguém ao seu lado? Alguém que ele devesse respeito e lealdade?

— Obrigado a todos desta sala, ja tenho uma decisão, a reunião está encerrada.

(...)

— Mandou me chamar, pai? — perguntou Nathan, entre a porta.

— Entre Nathan. — ordenou o rei, assim ele fez e se sentou a frente do pai.

— Estou aqui para terminarmos a nossa conversa de antes? — perguntou.

— Não, você está aqui para um comunicado importante. — Nathan assentiu. — Eu estive em uma reunião mais cedo onde um dos assusntos era você, conversamos e chegamos a uma decisão. — o filho ouvia o pai com atenção. — Nathan, você terá uma Seleção.

— O quê? Por quê? — indagou espantado. — Eu não quero ter uma Seleção, eu não quero me casar, eu não quero ser rei, eu quero ser uma pessoa normal e fazer coisas de pessoas normais, tipo se divertir.

— Mas você não é uma pessoa normal, o.k.? Você é Nathan Schreave, futuro rei de Illéa.

— Mas não é isso que eu quero! — esbravejou, se levantando.

— Nathan... — o rapaz interrompeu o pai.

— O que a mamãe acha disso? Aposto que se ela dizer que não concorda a Seleção não ocorrerá.

— Já conversei com ela e ela aprova. — a mãe de Nathan era sua única saída, mas com ela aprovando tudo isso ele não tinha escolha.

— Tá, se por acaso eu aceitar essa tal Seleção, quem me garante que o amor da minha vida estará entre essas 35 garotas?

— Você vai encontrar alguém, eu pensava como você, porém encontrei sua mãe, a Seleção foi uma das melhores coisas que me aconteceu.

— Mamãe é diferente, pai... Esqueça eu não quero uma Seleção.

— Está decidido Nathan, haverá uma Seleção.