Não sei dizer por quanto tempo cavalgamos, mas só percebi que havia adormecido quando os sonhos vieram; os mesmos tipos de sonhos daquele que eu tivera quando Lothar tinha ido embora.

Dessa vez, as cenas vieram mais precisas, como se eu estivesse presenciando-as.

A garota de olhos dourados, que já havia aparecido em meu sonho estranho anterior, estava em uma espécie de Grande Salão discutindo com um homem que tinha os mesmos olhos dourados.

– Não pode me obrigar a isso, pai! – a voz dela estava forte, mas parecia que não era a primeira vez que ela dizia aquilo ao pai.

– Basta desta discussão, Astrid! – ele se virou para ela erguendo a mão – Você tem deveres para com seu reino, assim como seu irmão! Por muito tempo tolerei suas teimosias em relação a casamentos, mas não mais! Casará com Dorshian e não aceito que me conteste.

– Não! – ela ergueu a voz.

– Eu disse BASTA! – seu pai gritou, mas pareceu se conter – Não estou pedindo como seu pai, estou ordenando como seu rei! Irá se submeter as minhas ordens, Astrid, e esta discussão está encerrada.

– Como queira, meu senhor. – o tom dela foi duro, e saiu do Salão.

O sonho mudou assim que Astrid saiu pelas grandes portas do Salão.

Agora eu via um cara, que parecia ser um pouco mais velho do que eu, treinando esgrima em um amplo pátio. Ele tinha os cabelos ondulados e olhos cinzentos e frios. Parecia uma pessoa perigosa e ágil; o tipo de pessoa que você não gostaria de irritar.

– Ainda treinando, Cadan? – um homem gritou do outro lado do pátio – Está treinando faz três horas. Como se precisasse...

– A pratica leva a perfeição, Walyn. – o cara, Cadan, respondeu, embainhando a espada – Se eu parar de treinar, serei um espadachim medíocre e com certeza encontrarei em batalha alguém capaz de me derrotar...

O sonho mudou novamente. Outra vez vi Astrid, mas agora ela estava de pé em uma colina e encarava um rapaz de olhos sérios e longos cabelos negros.

– Nunca duvide de meu amor por você, Astrid. – a voz do rapaz era terna – Mas entre nós nunca poderá haver nada. Você é uma princesa, e eu um soldado.

– Não... – a voz dela vacilou – Você também, não! Não me diga que também acha que devo me casar com Dorshian! É você que amo, Cedar!

O rapaz avançou até ela e a abraçou forte.

– Também a amo, Astrid dos olhos dourados. – ele sussurrou e ela riu – Já lhe disse o quanto amo seus olhos? – Cedar perguntou, segurando o rosto de Astrid entre as mãos.

Astrid sorriu.

Senti-me sendo tirada de meu sonho, até acordar lentamente nos braços de Brandan.

***

Astrid: